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Ideologias:
São ideias convertidas num projeto político de busca pelo poder.
As ideologias nascem das ideias. [IDEIAS > Ideologias]
Ideologias são uma componente social que tenta conquistar o poder através
dessas ideias. As ideologias são formatadas diretamente para um grupo.
Doutrinas:
Doutrinas correspondem aos princípios e valores, que ou
fundamentam a direta intervenção política ou constituem as bases gerais de
futuros programas políticos. São habitualmente apresentadas como
supremas e imutáveis, sendo em muitos casos identificadas pelos seus
proponentes e defensores como possuidoras de uma lógica dogmática e não
suscetíveis de discussão.
Conceções:
Adriano Moreira “conceções políticas são a sistematização, explicação,
generalização, e previsão dos factos, matéria própria da sociologia em
geral, e da ciência política em particular”.
2. Sólon
3. Péricles
A lei é igual para todos – ninguém, seja qual for a sua condição
económica ou social está acima da lei.
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4. Platão
Platão foi um idealista. As suas ideias estão na génese daquilo a que se veio
chamar de “ideias comunistas”. Deu o pontapé de saída na realização do
estado totalitário, que era racional e construtivo.
Platão reconhece um só critério, o interesse do Estado. Assim tudo o que
favorece o estado é bom e justo, tudo o que o ameaça é mau e injusto. Assim
as ações que servem o estado são morais, as ações que o põem em perigo são
imorais.
Desde logo o código moral de Platão é utilitário. Quer isto dizer que primeiro,
é um utilitarismo coletivista ou político; segundo, o critério de moralidade é o
interesse do Estado, ou seja, Platão põe o interesse do estado acima de tudo;
terceiro, o interesse do estado como um fim em si e por último, que os meios
justificam os fins.
Platão olha para a realidade e considera-a errada, e parte dela para a
construção de uma nova sociedade, a Cidade Ideal. Para Platão a cidade tem
a sua origem no facto de cada um de nós não ser autossuficiente, mas ser
necessitado de muita coisa. Partindo disto, como pode ser a cidade
organizada?
Cidade Ideal
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Em suma, a ideia de cidade ideal seria uma cidade em que o bem-estar
coletivo e a ausência de interesses egoístas individuais, tendo em vista
alcançar a justiça social, que consiste em dar a cada um a função social que
merece pelo conjunto das suas qualidades físicas, intelectuais e morais.
Tudo isto conduziria a uma sociedade inigualitária e igualitária.
Inigualitária porque era uma sociedade dividida em classes, mas ao mesmo
tempo igualitária, porque todos estão orientados para o mesmo fim.
Igualdade tanto nos objetivos quanto nos fins. Aqui a educação tem um
lugar de destaque e por isso ele funda uma escola, a chamada Academia.
Formas de Governo
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Platão defendia que a Monarquia se iria degenerar, se deixar corromper e
vai-se transformar em Tirania, ou seja o rei deixa de ser rei e passa a ser
tirano. A Tirania é o governo de um só que só teria em conta os seus próprios
interesses e não os do povo.
O mesmo acontece com a Aristocracia, que com o tempo se vai degenerar e
se vai transformar na Oligarquia. A Oligarquia é o governo de poucos, que
pretendem enriquecer, preocupados apenas com os seus interesses, excluindo
o povo, os mais pobres. Platão diz que a Oligarquia, que provinha da
degeneração da Aristocracia, como é o governo de poucos e de muito ricos,
portanto de uma minoria, que governa contra a maioria, que são os pobres,
essa maioria mais cedo ou mais tarde vai-se revoltar, vencendo e instaurando
a Democracia, que é o governo de muitos e dos pobres.
Cidade Ideal:
- Uma cidade com 3 classes: guardiões ou governantes (ouro),
defensores ou militares (prata); artífices (ferro ou bronze).
- Os cidadãos tinham de agir em função da felicidade e do bem de
todos, com o objetivo de alcançar o bem comum e a justiça social,
mediante as qualidades físicas, intelectuais e morais de cada indivíduo;
- Sociedade inigualitária, mas igualitária;
- Cultura e o saber- elementos fundamentais para a governação (elites).
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§ Formas de governo:
Sãs: Degeneradas:
Aristocracia Oligarquia
Monarquia Tirania
Democracia que leva a Anarquia
5. Aristóteles
Defende que tanto a cidade como a política surgem como algo natural na
existência. Diz que os homens têm tendência natural para se agruparem, para
viverem em conjunto e para formarem uma cidade. Começando pelas famílias
que se foram agrupando, constituindo aldeias, as aldeias cresceram e
transformaram-se em vilas, as vilas cresceram transformando-se em cidades e
as cidades cresceram e transformaram-se em estados. O Estado existe porque
é isso que é natural, o estado tem uma origem natural, pois é uma associação
de pessoas que querem viver juntas e que vão definir entre si que regras
precisam estabelecer para conviver.
Aristóteles dizia que as pessoas se associavam naturalmente e que depois
realmente poderiam realizar contratos entre elas. (casamento, surgia da
vontade pessoal).
Para Aristóteles, o habitante da cidade, aquele que tem o direito de participar
no governo da cidade e tem estatuto de cidadania, chama-se cidadão. Ou seja,
no fundo o cidadão tem o direito de participar nas deliberações que vão
conduzir à existência das regras que imperam na própria cidade. Devemos a
Aristóteles essa ideia de que ter o estatuto de cidadania equivale a ter a
capacidade de participar nestas decisões, através do voto. Este estatuto de
cidadão era atribuído apenas a determinados tipos de pessoas, excluindo-se
por exemplo as mulheres e os escravos. Para este, toda a sociedade era por
natureza uma sociedade política, não havendo distinção entre sociedade
política e sociedade civil, porque todos os cidadãos são membros da sociedade
e por isso todos eles têm não só o direito, mas também o dever de participar
nas deliberações da cidade. Essa ideia de dever de participação política
conduziu mais tarde à teoria do voto obrigatório. Sendo assim o homem não
era apenas um ser social, era também um ser vivo político.
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Sobre a família e a propriedade privada
Aristóteles tinha outra ideia fundamental. Tal como Platão, considerava uma
sociedade só com pobres ou ricos muito perigosa, e que para haver uma
sociedade equilibrada é preciso haver um maior número de cidadãos da classe
média. Considerava que uma sociedade onde apenas conviviam ricos e pobres
era uma sociedade sujeita a conflitos e desordens. Sendo assim, a classe média
é uma base essencial à manutenção da paz social e da ordem.
Na ótica de Aristóteles, os cargos deviam ser rotativos, porque quem se
mantivesse muito tempo num cargo tornava-se degenerado e corrupto. A ideia
de perpetuidade de cargos era errada, não deveria haver cargos vitalícios; era
esta a forma de evitar a corrupção. Além disso, se todos têm o dever de
participar na vida política, então tem de haver rotatividade. Segue a lógica de
que a melhor forma de contruir uma cidade é todos nós termos um contributo
para essa mesma, portanto não há esta lógica de “os políticos” e “os
governados”. Temos o dever de trabalhar para esta cidade, não temos apenas o
direito, é um dever cívico.
Tal como Platão, Aristóteles tinha 3 formas de governo boas (sãs) e três
formas de governos más (degeneradas).
Também ele considerava que a Monarquia, o governo de um só, era uma boa
forma de governo, na perspetiva que o rei trabalha para o bem comum.
Considerava também, tal como Platão, que a monarquia, quando se perpetua
por bastante tempo transforma-se em Tirania, forma de governo má em que o
tirano só olha para o seu próprio interesse.
Considerava que a Aristocracia, o governo dos poucos, era um bom governo,
que apesar de ser uma minoria, era uma minoria que trabalhava para o bem
comum. Igualmente se este durasse muito tempo, iria transformar-se numa
Oligarquia, que é o governo de poucos e ricos, que só se preocupavam com
as suas vontades próprias, não no bem comum.
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Vai haver, entretanto, uma distinção muito grande entre Aristóteles e Platão.
Para Aristóteles há uma forma de governo boa chamada Regime
Constitucional. Aristóteles é o primeiro a defender um regime constitucional,
que é o governo de muitos, mas que pensam em todos, ou seja, governo da
maioria que não esquece a minoria. Governam de acordo com a lei. Esta
forma de governo podia-se degenerar numa forma de governo mau chamada
Democracia.
Na democracia à partida somos todos iguais, mas à chegada não somos. Por
exemplo na democracia a escolha é feita através do voto. Diz Aristóteles que o
voto é uma escolha, é uma seleção, e portante se eu estou a selecionar, estou a
dizer que um é melhor que o outro, ou seja estou a diferenciar. Portanto pode
haver uma igualdade à partida, mas não há uma igualdade à chegada. Segundo
Aristóteles, neste aspeto a democracia vai-se aproximar da Aristocracia, ou
seja, o povo vai continuar a selecionar aqueles que considera melhores.
Poderia haver então verdadeira democracia? Ou seja, igualdade à partida e
igualdade à chegada? Sim, se a escolha fosse feita por sorteio.
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- As classes médias eram algo crucial para o bom funcionamento da
sociedade;
- Muito tempo num cargo político levava a corrupção;
- Distribuição em 3 poderes: magistraturas deliberativas, executivas e
judiciais.
6. Cícero
Apesar de se considerar que foi Maquiavel o primeiro a falar da palavra Estado
(com E maiúsculo), a criar essa ideia de Estado, na realidade, aquele que lança as
bases para que mais tarde se venha a falar de Estado é Cícero, quando faz uma
distinção entre o Estado e o Governo. Cícero vem explicar que os governos
passam, mas o Estado continua sempre. (EX: clube de futebol, uma coisa é o
clube, outra coisa é a direção ou o presidente do clube. Estes, por muito
importante que sejam, podem acabar amanhã, mas o clube mantém-se.)
Cícero diz que o Povo não é um ajuntamento qualquer de pessoas. Cícero veio
dizer que a palavra Povo pressupõe para além dos laços linguísticos, culturais e
históricos. Só podemos falar verdadeiramente de um povo quando há um vínculo
jurídico entre cada um dos cidadãos que constituem um grupo (esse vínculo pode
ser a cidadania). Esta perspetiva de ligação jurídica, mais do que cultural até, é a
ideia relevante e inovadora no pensamento de Cícero. Daí a ideia de o Estado
garantir essa identidade jurídica do povo.
A terceira ideia, é que Cícero por fazer a distinção entre o Governo e Estado,
vem falar de algo chamado a Res Pública. Esta perspetiva de que há a coisa
pública que se distingue do bem particular e que deve se exigir a qualquer
Governo preservar a coisa pública. Esta não esta sujeita à vontade individual de
cada um, esta pertence a todos e a cabe ao Governo geri-la. Há um governo que
tem como função reger o povo, a cidade e a coisa pública.
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Cícero refletiu sobre o exercício do poder político. Qual deve ser o
comportamento de um governante? O governante deve sempre governar através
de leis justas, leis que devem privilegiar o bem comum e não apenas o individual.
Em segundo lugar, Cícero entendia que ninguém devia exercer duas vezes o
mesmo cargo sem um intervalo de dez anos. Que um bom governante não deve
exercer o mesmo cargo duas vezes seguidas.
Em terceiro lugar, Cícero entendia que um governante devia de dar sempre o
exemplo, um líder não pode exigir aos liderados um determinado comportamento
se ele não der o exemplo. Um governante não deveria também nem receber nem
oferecer presentes, para não gerar vícios ou difundi-los a outros.
Santo Agostinho era um bispo e notabilizou-se pela sua obra ‘’A cidade de
Deus’’ onde distinguia a cidade de deus e a cidade dos homens. foi dos primeiros
a considerar que o homem era mau por natureza. Foi um dos primeiros
pensadores cristãos da Idade Média.
Principais ideias:
A propósito da origem do poder, se acredita que é Deus que cria o mundo, para
este é também deus que cria o poder, e Santo Agostinho vai ter nesta perspetiva
uma ideia fundamental. Para ele, o poder vem de Deus que o cria para o rei. É
Deus que determina quem é o rei, ou seja, um rei distinguido pela sua força e
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capacidade, é assim porque Deus determinou. Se eu quiser contestar as decisões
do rei, estou a contestar Deus. Ou seja, o rei é rei, não porque os homens
decidiram, mas porque Deus o decidiu. Foi Santo Agostinho que fundamentou e
consolidou as bases do poder do absolutismo, ou seja, eu sou um rei absoluto por
vontade de Deus, e quem protestar contra mim, protesta contra Deus.
Esta era a sua ideia de direito divino providencial – ideia de que tu és o que és
porque Deus assim o decidiu, e não se pode discutir a vontade de Deus, tu és rei
porque Deus assim decidiu. Durante muitos séculos, esta ideia do direito divino
providencial permitiu que os reis pudessem justificar a ideia de que nunca
poderiam ser contestados. É a perspetiva de que tudo o que acontece é fruto da
vontade divina que eu não posso contestar.
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8. São Tomás de Aquino
São Tomas de Aquino provoca uma autêntica revolução ao nível do pensamento
face àquilo que tinha sido defendido por Santo Agostinho. Vai-se inspirar em
Aristóteles, agarra se às suas ideias e converte-as ao Cristianismo.
Este vem procurar conciliar a fé, um dogma, aquilo que não se discute, com a
razão, aquilo que se discute, e vai dizer que não é impossível discutirmos sem
pormos em causa o dogma principal, que Deus existe, que Deus criou o mundo,
mas a partir desse dogma não é impossível que eu discuta que raciocine, que
questione as ideias que resultam dessa minha convicção. Ou seja, ele admite, que
se discutam as ideias, mesmo que estas ideias tenham a mesma fonte que São
Agostinho, que era Deus.
Ao aceitar esta discussão, ele vai iniciar uma escola, a chamada Escolástica, uma
escola baseada precisamente nesta dialética em que as pessoas são ensinadas não
a acreditar naquilo que lhes é ditado, mas são ensinadas de facto a refletir sobre
aquilo que lhes é ensinado.
Origem do poder:
S. Tomas de Aquino também diz que o poder tem origem divina, mas enquanto
Santo Agostinho dizia que o poder vinha de Deus para o rei, e aquela pessoa é rei
por vontade divina, São Tomás de Aquino vem dizer que Deus criou o poder,
mas não o entregou ao rei, ele entregou o poder ao povo, e o povo é que vai
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transmitir o poder ao rei. A ideia de soberania popular, segundo vários autores
tem a sua origem em São Tomás de Aquino, este é o 1º a defender que o poder
pertence ao povo. O povo pode questionar o rei, pois Deus deu o poder
diretamente ao povo. O rei pode ser deposto caso se vire contra o povo. Há aqui
um rompimento total entre o detentor de poder e o destinatário do poder.
Fim do poder:
Enquanto para Santo Agostinho o fim do poder era garantir a paz e preservar a
ordem, para São Tomás de Aquino, o fim do poder é apenas instituir uma vida
boa para a comunidade e trabalhar para o bem comum do povo. O governante
deve dirigir os seus principais esforços tendo em vista proporcionar uma vida boa
àqueles que governa. Acrescenta ainda que o rei tem que trabalhar para servir o
povo e para que essa vida boa seja conservada e que progrida.
Em Aristóteles, tudo começa com o povo, em São Tomás de Aquino, começa
com Deus, uma vez que ele criou o mundo e daí o poder.
Em suma,
- São Tomás de Aquino sustenta que o poder tem origem em Deus, mas que o
poder vinha do povo para o rei. Ou seja, Deus transmite o poder ao povo, e o
povo transmite o poder ao rei. O povo pode contestar o rei.
-Admite que se discutam as ideias, mesmo que ponham em causa a existência de
deus.
9. Maquiavel
Maquiavel foi um filosofo, historiador, poeta, diplomata e músico de origem
florentina do Renascimento. É reconhecido como fundador do pensamento e da
Ciência Política moderna, pois deu um contributo muito decisivo para a
existência da mesma. É para muitos o grande criador da ideia de Estado como
dimensão política.
Surgimento do Estado
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Maquiavel, desde logo, separa o poder da moral. Maquiavel acredita que não é a
correção que o faz ganhar na vida, mas sim a conquista de poder.
Na sua obra, o Príncipe, aconselha o príncipe a não olhar a meios para alcançar
os fins que tenha em vista. A sobrevivência no mundo político exige, ou pode
exigir, atitudes que isoladamente consideradas chocam, ou podem chocar, quem
as observa. Admite que estamos perante a ideia de que os líderes políticos devem
ser avaliados pelos resultados, independentemente dos caminhos trilhados para os
alcançar. Os fins justificam sempre os meios, e como tal, a mentira, a mudança
total de posição face ao que tinha sido previamente dito e prometido, não deverão
nesta perspetiva merecer qualquer tipo de censura ou condenação, desde que o
sucesso seja atingido. Os líderes não devem temer ser criticados pelo mal que
pratiquem e pelas traições que cometam, desde que os seus objetivos sejam
atingidos. Assim, justifica a violência, compreende a tirania e abre as portas à
existência de ditaduras. Tudo o que for necessário para manter o poder, é
legitimo e deve ser feito independentemente de ser ou não moral.
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Em suma:
Maquiavel defendia:
- Primeira ideia de Estado-Nação
- O poder como um fim
- Os meios justificam os fins
- Nada é imoral se for para manter o poder
- O poder é um fim que busca outro fim que é a construção do Estado
O rei é o único detentor do poder político, e está todo concentrado no rei (poder
absoluto) e este tem em posse os 3 poderes: legislativo; executivo e judicial.
Se é o rei que faz a lei, ele tem que se submeter à lei, mas se é ele que a faz,
amanhã pode alterá-la.
Bodin considerava que o rei apesar de ser soberano absoluto, tinha limites na
ação política, ou seja, ele não podia fazer tudo o que quisesse. Ele devia estar
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sujeito a limites, as leis divinas, a perspetiva de que Deus criou o mundo para que
o homem não sofra, logo o papel do rei, mesmo que seja absoluto, deve ser o de
seguir essa regra de Deus, trabalhar para o bem comum.
Bodin veio introduzir a ideia que o rei obedece aos poderes divinos, respeita as
ideais de Deus, mas não deve obediência ao Papa – respeita o. “Uma coisa é
respeitar a Bíblia outra é ter que fazer o que o Padre diz”.
Importa refletir se a ideia de soberania tal qual foi sustentada por Jean Bodin se
mantém ou não atualmente. Portugal faz parte da União Europeia, integra uma
organização internacional regional sendo que essa organização tem poderes que
lhe foram delegados pelos Estados membros. Se essa organização tem poder vai
buscar poder a alguém, ou seja, aos próprios Estados que criaram a organização.
Estes Estados partilharam a soberania que tinham sozinhos com uma organização
internacional.
Assim, o velho conceito de soberania associado ao estado nacional defendido por
Jean Bodin já não tem hoje na maior parte dos casos tradução objetiva e prática.
Temos que perceber que o conceito de soberania já não tem a mesma aplicação e
tradução prática no séc. XX e XXI.
Em suma:
- A soberania é o poder mais importante num Estado, não é dependente de
ninguém e ninguém manda mais que o soberano num território;
- O rei (soberano) é o detentor de todos os poderes, mas apesar disso tem limites
na ação política- os limites de Deus;
- Hoje em dia a soberania dos Estados está comprometida por organizações.
11. Thomas Hobbes
Thomas Hobbes viveu na guerra civil inglesa no momento em que escreveu a sua
grande obra, “A Leviatã”.
Origem do Homem
Thomas Hobbes afirma que o ser humano nasce livre e vive num estado natural,
um estado em que cada um de nós é totalmente livre de fazer o que quiser sem
qualquer tipo de limites, o chamado ‘’estado selvagem’’ Concetualiza que o
“estado selvagem” é de maior liberdade, mas ao mesmo tempo de maior
confusão e insegurança, tornando essa liberdade inútil. Na sua ótica, num estado
selvagem, como não existem limites à liberdade, não dá para existir a ideia de
posse, nem de propriedade privada, uma vez que não há lei e ordem, porque
assim pode interferir na liberdade do outro.
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Hobbes veio dizer que num estado natural onde cada um é livre de fazer o que
quiser, essa liberdade vai-se virar contra nós, pois nós não podemos ser
verdadeiramente livres se não houver segurança. Ele tinha uma visão pessimista
do homem e que ele usava a sua liberdade para defender exclusivamente os seus
interesses, que era egoísta.
Hobbes viveu num estado caótico e considerou que a liberdade não lhe serviu de
nada porque vivia em insegurança; ou seja, entre a liberdade e a segurança
escolhia a segurança.
O Estado e a segurança
Thomas Hobbes veio a colocar a questão da segurança, e de que nós sem
segurança nunca podemos beneficiar da liberdade.
Thomas Hobbes procurou transmitir-nos uma ideia clara e simples: o Estado é
necessário e é útil, é necessário porque se não existir e cada um de nós for dono
de si próprio e fizer aquilo que nos apetece em nome da liberdade, a liberdade
vai-se virar contra nós próprios. Tu não podes viver com liberdade sem
saberes que estás seguro. O valor da segurança é por isso um valor importante,
e quem dá a segurança é o Estado. É uma perspetiva de que o Estado é necessário
para garantir a minha própria vida. A segurança só aparece quando se passa do
estado selvagem para o estado de sociedade, e isto acontece quando um soberano
(rei) toma o poder.
Hobbes vem dizer que é o Homem que cria o Estado, e cria-o porque o Estado é
necessário e útil, porque se eu não tiver Estado, não tenho segurança, e por isso
não sobrevivo. Dizia também que para termos segurança, temos de vender a
liberdade.
Hobbes diz que tem que existir Estado para o nosso benefício, porque se cada um
fizer o que quer, ninguém irá conseguir viver. Ele constrói um raciocínio que nos
leva a perceber porque é que precisamos de ordem.
Em suma:
- O Homem nasce livre, num ‘’estado selvagem’’, onde a sociedade é perigosa
porque onde há muita liberdade há insegurança;
- Segurança como valor mais importante;
- O Estado é necessário para garantir a segurança de todos;
- Hobbes influenciou muitos líderes autoritários (Salazar, Mussolini).
- ‘’É preferível viver em Ditadura do que em Anarquia’’.
12. John Locke
Filósofo e Liberal Inglês, viveu durante o século XVII. O valor fundamental para
si era a liberdade.
Origem do Homem
John Locke contraria Hobbes quanto à origem do Homem. Enquanto Hobbes
dizia o que o Homem era um ser que em estado natural era egoísta e
individualista, Locke dizia que no estado natural podem existir homens maus,
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egoístas e individualistas, mas apesar dessa existência o normal e racional é que o
homem seja social e racionalmente queria respeitar os direitos dos outros para
que precisamente os seus direitos sejam respeitados. Locke dizia que os homens
nascem bons e maus, não existe uma regra geral.
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feita pelas mãos próprias. Locke, nesse sentido, defendia a separação de poderes
da seguinte maneira:
Estado
Locke afirmava que o Estado tinha que ser criado com o intuito de defender a
liberdade das pessoas. Tinham que haver regras, sim, mas que servissem para
defender a liberdade e os direitos individuais de cada um.
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independência dos Estados Unidos manifestou a insatisfação dos colonos com a
política exploratória imposta pela Inglaterra a partir da segunda metade do século
XVIII.
Contexto
A Colonização Britânica da América começou a formar-se no princípio
do século XVII, através das 13 colónias na América do Norte, que foram a
origem dos Estados Unidos da América. A colonização inglesa na América
assentava na exação do trabalho, a dominação etno-racial, no patriarcado e na
imposição do etnocentrismo na subjetividade inclusive.
Causas da Revolução
- Guerra dos 7 anos (disputas coloniais entre França e Inglaterra);
- Contestação ao sistema de exclusividade do comércio;
- Insatisfação pelo lançamento de impostos sobre o chá, açúcar e papel selado;
- Confrontos com o exército inglês;
- Ausência de representação das colónias no parlamento inglês;
- Sobrecarga fiscal
Principais acontecimentos
- Os colonos, descontentes, reagiram a estes acontecimentos com a chamado
Boston Tea Party (1773). Os colonos disfarçados de índios assaltaram, em
Boston, alguns navios que se encontravam carregados com chá e lançaram a
carga ao mar. Deram assim inicio à Revolução Americana;
- Em 1774, no Congresso de Filadélfia, são exigidas as
mesmas liberdades e direitos que a Metrópole, bem
como o fim da exclusividade colonial. Forma-se um
exército liderado por George Washington;
-No dia 4 de julho de 1776, realiza-se o 3.º Congresso
de Filadélfia: a Declaração de Independência. Escrita
por Thomas Jefferson, Samuel Adams e Benjamin
Franklin, foi inspirada nos ideais iluministas.
- Seguem se várias batalhas com os ingleses (batalha de
Lexington, batalha de Saratoga, etc)
Consequências
- Tratado de Versalhes (1783): a Inglaterra reconhece a
independência das 13 colónias;
- Fim da dependência inglesa;
- Formação da primeira república democrática;
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- Aprovação da primeira Constituição liberal (1787) que definia como
princípios:
§ A garantia dos direitos e liberdades dos cidadãos;
§ A soberania da nação;
§ A separação entre a Igreja e o Estado;
§ A separação tripartida de poderes.
Influência de Locke
A revolução Americana de 1776 é claramente influenciada pelas doutrinas
de Locke: princípios de igualdade, direitos naturais do homem, soberania do
povo e direito de revolta da população. Os direitos naturais aos quais Locke se
refere são o direito à vida e o direito a propriedade privada – presentes na
declaração da independência americana. Foi baseado nestes e nos princípios
supracitados teorizados por Locke que os emigrantes a residir na colónia
britânica se revolucionaram e ergueram a atual maior potência. Estes princípios
deram à Revolução Americana uma ideia de superioridade moral que se
conjugou com uma teoria do governo em liberdade.
14. Montesquieu
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Montesquieu veio a seguir a Locke, sendo um grande admirador seu e também de
Aristóteles. Montesquieu inspira-se muito nas ideias de Aristóteles e vai dar
ainda um passo em frente em relação ao que Locke tinha defendido.
Montesquieu parte também do pressuposto que existem direitos naturais que não
podem ser ultrapassados. Além disso, concorda com a ideia de que a liberdade
individual é um valor que não pode ser posto em causa pela parte de nenhum
poder político.
Montesquieu vem autonomizar o poder judicial. Vem dizer que o poder tem de
ser repartido em três:
§ o poder legislativo, ou seja, o poder de fazer as leis,
§ o poder executivo, o poder de as executar;
§ o poder judicial, que tinha de ser autónomo e independente dos restantes.
Aquilo que nós hoje conhecemos como uma das trave-mestres dos estados de
direito – a separação de poderes – vamos buscá-la, essencialmente, apesar de não
exclusivamente, a Montesquieu. Devemos ter os três poderes e os tribunais
devem ser independentes de quem legisla e de quem governa.
A ideia essencial (“correta”) é que temos direitos que nos são inerentemente
naturais. Mas temos que lutar para que estes direitos sejam reconhecidos pelo
direito político, para que sejam assegurados no seio da sociedade.
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Rosseau vem contrariar bastante as ideias do pensamento liberal clássico. Jean
Jacques Rousseau introduz em termos muito objetivos as bases daquilo que mais
tarde será defendido e sustentando por muitos dos precursores dos pensamentos
comunistas.
Origem do homem
Rousseau reconhece a existência de um estado natural. Mas, ao contrário de
Thomas Hobbes, diz que o homem é bom num estado natural. A sociedade é que
o vai perverter. O Homem, na sua iniciação, está habituado a ser bom, está
habituado a partilhar, está habituado a ter tudo em comum.
Propriedade privada
Rousseau não concorda com a ideia de que o homem nasce com direito à
propriedade. Afirmava que no estado natural a tendência do homem é a de
partilhar, como se fazia nas tribos antigas. É o homem que inventa a propriedade
privada, quando decide construir um muro para delimitar o seu território.
Considera que os homens, quando nascem, não tem diferenciação, pois não tem
propriedade privada. Quando a ideia de propriedade privada nasceu é que se
originaram as desigualdades entre os homens. Rousseau dizia que a partilha é a
essência natural dos homens.
Democracia direta
Rousseau vai construir uma tese dizendo que, se o homem é bom e a sociedade o
perverteu, nós temos a obrigação de lutar para a construção de uma sociedade
que crie o homem-novo, uma tentativa de ir ao encontro do homem bom que a
sociedade perverteu. Com base nestes pressupostos, Rousseau vai defender o
regresso à democracia direta. Rousseau não acreditava na delegação de poderes,
não acreditava no sistema representativo. Enquanto Locke e Montesquieu dizem
que o poder do rei tem de ser dividido pelos três poderes, Rousseau diz que a
soberania tem de ser do povo – soberania popular (convocaria assembleias,
aquilo que hoje chamamos de referendos). Se o povo quer manter o poder, não o
pode delegar.
A verdade é que todos estes pensadores abraçavam se na ideia de que aquilo que
é comum pode e deve ser mais relevante do que aquilo que é individual, uma
ideia iniciada com Cícero.
Rousseau era, então, um defensor da democracia direta, como ela existia na ágora
da Grécia Antiga, onde os cidadãos se reuniam para deliberar e decidir.
Rousseau defendia que a partir do momento que se realiza uma vontade
maioritária, a vontade da minoria desapareceria e seria englobada pela vontade da
maioria. Uma vez expressa a vontade da maioria, seria a vontade geral
“Governo do povo, pelo povo, para o povo”
Mas a Revolução Francesa foi muito diferente - e mais radical - do que as outras
duas, em vários aspectos essenciais:
1) Foi vivida e sentida pelos Franceses, após mil anos de monarquia
aristocrática e depois absoluta, como um ato de repentina libertação
individual de cada súbdito transformado em cidadão
2) Na sua primeira fase, liberal, a Revolução Francesa produziu documentos de
significado e alcance universal, sobretudo a “Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão”, de 16 de agosto de 1789, que foi sendo repetida por
toda a Europa e, a seu tempo, no resto do mundo;
3) Nesta fase moderada – reconhecimento de direitos e liberdades individuais,
Constituição escrita, separação dos poderes –, a Revolução francesa foi
saudada em toda a Europa (com exceção da Inglaterra) como um “momento
ímpar” da História Universal: nesse sentido se pronunciaram de imediato, na
Alemanha, nomes tão geniais como Göethe, Kant e Hegel;
4) Foi a Revolução Francesa, bem como os seus continuadores diretos que
estabeleceu as bases do atual Direito público e privado europeu continental
(nas áreas do Direito Constitucional, Administrativo, Civil e Penal);
5) A Revolução Francesa gerou, e instalou duradouramente, o dualismo ou
bipolarização políticos em cada país - direita/esquerda,
conservadores/radicais, moderados/radicais, individualismo/coletivismo, via
eleitoral/via revolucionária, paz interna/terror;
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6) A Revolução Francesa - com os seus ideais, princípios e normas, alastrou a
toda a Europa: primeiro, em consequência de invasões militares (Itália,
Bélgica, Espanha, Portugal) e, depois, mediante contágio ideológico
(Alemanha, Áustria, Suíça). Do nosso continente seguiu para a América
Latina e, de fevereiro a outubro de 1917, procurou instalar-se na Rússia. Em
Portugal foi revivida, emocionalmente, por três vezes: com a Revolução
liberal (1820), com a Proclamação da República (1910) e com o 25 de Abril
(1974);
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17. Revoluçã o Americana e Revoluçã o Francesa
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18. Revoluçã o Industrial Inglesa
Contextualização
Maiores transformações
Os trabalhadores
Em pouco tempo e como uma resposta a toda uma massa responsável pela
produção de riqueza na era industrial, surgiram novos ideais. Vivenciando bem
essa época, Karl Marx e Friedrich Engels atuavam como importantes
pensadores sobre as contradições que marcavam a sociedade burguesa.
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Paralelamente, vários trabalhadores aglomeravam-se em pequenas sociedades,
interessadas na luta contra a miséria e na desigualdade de sua própria classe.
O Manifesto Comunista
Pontos principais:
O Estado nasce dos antagonismos entre as classes, sendo que para a classe
burguesa o Estado constitui se em prol dos interesses dela e sobrepõe-nos
aos do proletariado. (‘’Os capitalistas criaram o Estado para se defender e
estão se nas tintas para os direitos dos trabalhadores’’).
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