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INSTITUTO SUPERIOR DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

VENÂNCIO DE MOURA

CURSO: RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Introdução ao Estudo do Direito

DOCENTE: PhD. Eugénio de Jesus Wilson de Carvalho


Lic. Kialanda Sungu (Assistente)
Lic. Teodor J. da Silva (Assistente)

Luanda-Angola
2021
PROGRAMA LECTIVO
 CAPÍTULO I - A ORDEM SOCIAL E ORDEM JURÍDICA

 1.1.- Noções gerais. A Natureza Social do Homem (Aspectos Históricos do Surgimento da Humanidade
(Criacionista/Darwinista) /Desenvolvimento e Integração da Sociedade (Família, Clã, Horda, Tribo, Cidade
Estado, Estado (Reinados, Repúblicas, Federações)) /Teorias Filosóficas sobre o surgimento da Sociedade –
Naturalista/ Contratualista)
 1.2.- As Ordens Sociais Normativas (Ubis Societas Ibis Jus – “Onde há Sociedade há Direito”) (Ordem
Normativa Social da Moral, Ordem Normativa Social da Religiosa, Ordem Normativa Social da Etiqueta e ou
do Trato Social/Ordem Normativa Social Jurídica e Aspectos Comparativos à outras Ordens)
 1.3.- Conceito de Direito. Valores e Acepções do Termo Direito (Conceitos:-Direito/Direito Natural/Direito
Positivo/Direito Objectivo/Direito Subjectivo /Direito Substantivo ou Material/Direito Adjectivo)
 1.4.- Caso Prático (Opcional)
 CAPÍTULO II - O DIREITO E A SOCIEDADE
  
 2.1.- Direito e Estado. (Noção e Coo relação) (Conceito. Elementos do Estado – Território;
Povo; Soberania-Poder Político)
 2.2.- Direito e Política. (Noção e Coo relação) (Conceito. Poder Constituinte; Direitos Políticos
na CRA 2010 – Legislação Avulsa)
 2.3.- Direito e Economia. (Noção e Coo relação) (Conceito. Leis Objectivas da Economia)
 2.4.- Direito e Sociedade. (Noção e Coo relação) (Súmula de Todos – vide Capitulo anterior)
 2.5.- Caso Prático (Opcional)
 CAPÍTULO III - AS FONTES DE DIREITO
 
3.1.- Noções de Fontes (Conceito) (Sentidos das Fontes (Histórico Sociológico- Causal; Político-
Orgânico; Instrumental ou Material; Técnico Jurídico - Formal) / Enumeração e Enquadramento
Prático das Fontes – Lei/Costumes/Normas Corporativas (Directas ou Imediatas);
Jurisprudência/Doutrina/Assentos (Indirectas ou Mediatas))
3.2.- A Lei. (Características/Sentidos/Elaboração e Feitura/Requisitos de Validade e de Eficácia/
Cessação da vigência (Caducidade e Revogação – Tácita ou Automática; Expressa – Por
Compreensão; Parcial ou Derrogação; Absoluta ou Abrogação – Por Extensão) /Hierarquia da
Lei)
3.3.- O Costume, Normas Corporativas, Jurisprudência, Doutrina e Assentos. (Tipologia e Noção
de Costumes/Noções de Normas Corporativas – Associações de Beneficência (Casa da
Misericórdia/ Cruz Vermelha) - Ordens (Dos Advogados; dos Engenheiros; dos Médicos; dos
Enfermeiros; dos Arquitectos); e Aplicabilidade das Fonte de Direito)
3.4.- Caso Prático (Opcional)
 
CAPÍTULO IV - DIVISÃO DO SISTEMA JURÍDICO (RAMOS DE
DIREITO)

4.1.- Noção de Sistema Jurídico. Unicidade e Divisão do Sistema Jurídico.


(Ordenamento Jurídico/Noção de Unidade)

4.2. - Conceitos e Critérios de Distinção dos Grandes Ramos de Direito. (Ramos


Direito Privado – Civil, Comercial, Trabalho, Família, e Ramos do Direito
Público – Constitucional, Administrativo, Penal, Financeiro - Economico;
Processuais, Caracterização/Noção de cada Ramo de Direito/Hierarquia
Superior do Direito Constitucional)

4.3.- Caso Prático (Opcional)


CAPÍTULO V - A RELAÇÃO JURÍDICA

5.1.- Conceito de Relação Social e Jurídica. Estrutura da Relação


Jurídica.(Tipologia/Sujeitos/Objecto/Facto Jurídico/Garantia Jurídica)
5.2.- Elementos da Relação Jurídica (Sujeitos e o Conteúdo da Relação)
5.3.- Caracterização da Personalidade Jurídica (Conceito/Início/Termo/Pessoa Singular/Pessoa
Colectiva).
5.4.- Capacidades Jurídicas (Gozo/Exercício).
5.5.- As Incapacidades de Exercício de Direito das Pessoas Singulares (Menoridade – 18 anos /
Interdição – (Grave - Anomalia psíquica; Surdez/Mudez; Cegueira) / Inabilitação – Menos
grave - Anomalia psíquica; Surdez/Mudez; Cegueira; Prodigalidade; Abuso de uso de
Alcoolismo ou Estupefacientes) /Incapacidade Temporária – Incapacidade de entender,
ausência de livre vontade – Notório e conhecido)
5.6.- Órgãos de Suprimento ou Institutos Jurídicos (Emancipação/
Representação/Assistência /Procuração/ Tutela Jurídica).
5.7.- Caso Prático (Opcional)
CAPÍTULO VI - A CONSTITUIÇÃO ANGOLANA

6.1.- Definição e Objecto do Direito Constitucional/Constituição CRA.


6.2.- Aspectos evolutivos – históricos do processo constituinte Angolano (1975
a 2010)
6.3.- Abordagem à estrutura e conteúdos da Constituição Angolana (Descrição
– Índice VS Conteúdos/ Principios Gerais – Direito, Liberdades e garantias / A
Organização do Poder Político em Angola)
6.4.- Caso Prático (Opcional)
CAPÍTULO I – A ORDEM SOCIAL E A ORDEM
JURÍDICA
1.1 – Noções gerais: A Natureza social do Homem
Nesta primeira parte do presente capítulo, procura-se entender a natureza social do homem,
lógico que não bastará entender as razões da sociabilidade humana, o motivo de o homem
não realizar-se em si próprio, mas em sociedade; propõe-se inicialmente, a temática dos
aspectos históricos do surgimento da humanidade.

Para se entender o Direito, não basta saber as leis e sua aplicação, determinados pressupostos
jurídicos, como o estudo da teoria da infracção criminal, responsabilidade civil por danos ou
incumprimento contratual, leva-se acabo o estudo do dolo, a propensão/intenção do
cometimento do acto delituoso ou mesmo o ilícito civil, deste modo, poder-se-à inferir que
esta na base do direito o homem, por ser este o único ser vivo capaz de pensar e agir de
acordo ou não ao que pensou.
Assim, propõem-se o estudo das teorias criacionista e Darwinista, para aferirmos apriore,
qual é a origem do homem.

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1.1.1 – Aspectos histórico do surgimento da humanidade: Teorias Darwinista
vs Teoria Criacionista
Teoria Darwinista:

A teoria da evolução das espécies foi apresentada e defendida por Charles Robert Darwin, na sua obra a Teoria das
espécies de 1859, em que defende que as condições climáticas, a adaptação ao meio e o uso de determinados
instrumentos possibilitaram a evolução da raça humana.

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Teoria Criacionista:

Trata-se da mais antiga teoria sobre o surgimento do homem, dominada pela crença religiosa, teve o seu
apogeu no séc. XVIII, para contrapor a teoria evolucionista. Esta teoria defende que o homem foi criado
por um ser transcendental, superior ao próprio homem, criador de todo o universo.

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Teorias Filosóficas sobre o surgimento da sociedade:
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Jusnaturalismo:
 Precursores:
Hugo Grócio, na sua teoria sobre a concepção do direito natural, explicada na sua obra De Jure Belli ac Pacis, publicada
em 1625 – Sobre a imutabilidade natural, contribuições ao direito Internacional, visto que se há direitos naturais inerentes
a todos não importa onde o ser humano resida, este sempre será detentor de direitos naturais.
Jean-Jacques Rousseau: “estado de natureza, “Todos os homens nascem livres e iguais, e são pessoas de bem. O estado
de natureza é, pois, um autêntico paraíso na terra: paz, liberdade, felicidade, bem-aventurança
Origem do estado de sociedade….“Tudo isso mudou quando o homem começou a dedicar-se a agriculturae, com medo dos
roubos e assaltos, passou a delimitar com murros ou cancelas a sua propriedade para separar dos outros” (Amaral, 2004 p.
21)
John Locke: Segundo este, o estado de natureza tende a ser mais pacífico do que bélico: nele, todos os homens são livres
iguais e capazes de preservar a sua vida, a sua saúde, o seu corpo e os seus bens. A maioria deles respeita as leis da
Natureza e os outros homens.
No estado de natureza são reconhecidos dois direitos fundamentais:
a) O direito de preservar tudo o que lhe pertence (vida, liberdade, família, bens) contra predadores e interferências de
outros homens;
b) O direito de julgar os outros e puni-los, ainda que com pena de morte, pelas ofensas que deles recebem.
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Características do Naturalismo:

 Direito natural

 Direito justo por natureza

 Deriva da natureza humana – consciência dos homens

 Deriva de um conjunto de valores

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Divide-se em três correntes:

Teológica Cosmológica Racionalista


•Deus como •Natureza/ •Homem ser
responsável pela universo como racional, é o
criação das responsável responsável por
regras de pelas regras de criar as regras de
conduta. conduta conduta.
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Contratualismo
São defensores da teoria contratualista John Locke e Thomas Hobbes.
A autoridade social, em Locke, não pode ser absoluta e tão forte como em Hobbes:
porque se a falta de autoridade gera anarquia, o excesso de autoridade conduz à tirania.
(Amaral, 2004, p. 35).

A solução ideal está, pois, num regime intermédio, em que a autoridade recebe dos
homens o direito de julgar e punir os infratores e delinquentes, mas é obrigado por sua
vez, a respeitar os direitos individuais naturais de cada homem, a saber, o direito à
vida, o direito a liberdade e o direito de propriedade.

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Thomas Hobbes: visão pessimista do estado de natureza, para ele o Homem é essencialmente egoísta ou,
pelo menos, egocêntrico: só pensa em si e nos seus familiares e amigos, em relação ao estado de
Natureza, Hobbes considera que, não havendo regras de conduta definida por ninguém, nem uma
autoridade social para impor o seu respeito e uma ordem ou disciplina geral, os homens tendem
naturalmente para anarquia: para não serem agredidos ou mortos, têm de agredir ou matar primeiro.
(Amaral, 2004 p. 30)

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EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 18
 1.2.- As Ordens Sociais Normativas (Ubis Societas Ibis Jus – “Onde há
Sociedade há Direito”) (Ordem Normativa Social da Moral, Ordem
Normativa Social da Religiosa, Ordem Normativa Social da Etiqueta e
ou do Trato Social/Ordem Normativa Social Jurídica e Aspectos
Comparativos à outras Ordens)

 1.3.- Conceito de Direito. Valores e Acepções do Termo Direito


(Conceitos:-Direito/Direito Natural/Direito Positivo/Direito
Objectivo/Direito Subjectivo /Direito Substantivo ou Material/Direito
Adjectivo)

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1.2.1 – Ordem Social: Instituições sociais
Noção e função

A palavra instituição comporta vários significados. Etimologicamente, deriva de instituto, instituere e pode definir-se
como o que está ou permanece numa sociedade em evolução. (ASCENÇÃO, 2005, p. 22-23)
Pode-se entender a instituição em vários sentidos, para o curso que nos propomos seguir, importa apresentar dois
sentidos do termo instituição:

 Sentido sociológico: procura-se entender a organização societária, como é formado a sociedade, desde o seu núcleo,
assim, apresentam-se as seguintes instituições: a família, o clã, a tribo, horda, monarquia, Estado, etc…;

 Sentido jurídico: instituição designa um conjunto extenso de normas que, subordinadas a princípios comuns,
disciplinam um determinado tipo de relações sociais, verbus gratias: das obrigações, da propriedade, da família,
etc…

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1.2.2 - As Ordens Sociais Normativas (Ubis Societas Ibis Jus)
O Homem e a Sociedade

O homem é um ser cuja natureza é essencialmente social: é, na celebre


definição de ARISTÓTELES, um animal político porque nasceu para
viver em comunidade (polis). Com efeito, dotado de sentimentos e de
razão, precisa de comunicar, de trocar experiências, de produzir bens para
si e para os outro, de utilizar o produto do trabalho alheio, porque é
absolutamente impossível criar sozinho tudo o que necessita para viver.
(JUSTO, 2004, P. 16)

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Já vimos que o Homem é um animal social, por sua vez, São Tomás de Aquino
(1227-1274) expressa que “ vive em sociedade: ubi homo, ibi societas. Entende que
a esta forma de vida não dispensa uma autoridade social, dotada de um poder
directivo.

Tal autoridade estabelece regras de conduta a observar por todos os membros do


grupo; toma as decisões que forem necessárias em nome de todos; e impõe o
respeito por aquelas regras e por estas decisões, levando a julgamento os infractores
e aplicando-lhes as sanções pré-estabelecidas. Ubi societas, ibi Jus. (Amaral, 2004,
p. 39)

No entanto, as normas sociais não visam o mesmo fim e tão-pouco reagem da


mesma maneira às condutas que as não observam. Por isso, interessa disquinguir as
ordens éticas ou normativas: a religiosa, moral, a de trato social e a Jurídica.

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As Ordens Sociais Normativas são aquelas que coordenam a vida em sociedade,
caracterizando-se todas elas pelo carácter imperativo e obrigatório das suas
normas, diferenciando-se por isso da Ordens Físicas ou Naturais. A Ordem Física
ou da Natureza é uma ordem de necessidade, que exprime uma relação entre os
seres e são invioláveis, de onde se conclui que a Ordem Social é uma ordem de
liberdade, pois apesar das suas normas serem impostas ao Homem e exprimirem
um dever, ser elas podem ser violadas e/ou alteradas, ao contrário da Ordem
Natural cujas normas são aplicadas de forma invariável e constante
independentemente da vontade do Homem e muitas vezes contra ela.

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1.2.2 Ordem Religiosa
As normas religiosas são criadas por um Ser transcendente e ordenam as
condutas dos crentes nas suas relações com Deus.

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Apresentam características próprias qua as distinguem das demais normas sociais:

 Instrumentais: preparam ou tornam possível o que não pertencem ao mundo


terreno;

 Intra-individuais: destinam-se directa e fundamentalmente ao intimo do homem


crente, embora não deixem também de impor um certo comportamento exterior;

 Quanto as sanções: pertencem ao fórum exclusivo das igrejas e, portanto, são


insusceptíveis de imposição pelo Estado. Dizem respeito a crença e à fé numa
vida ultraterrena na qual cada homem receberá a retribuição da sua conduta. O
remorso é, também uma forma de sanção imediata.

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1.2.3 Ordem Moral

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A moral é, nas palavras de Cabral de Moncada, constituída pelo “conjunto de preceitos, concepção e
regras, altamente obrigatórios para com a consciência, pelos quais se rege, antes e para além do
direito, algumas vezes até em conflito com ele, a conduta dos homens numa sociedade”

Ordem Moral – visa o aperfeiçoamento do individuo, dirigindo-o para o bem. É um conjunto de


imperativos impostos ao Homem pela sua própria consciência ética, sendo o seu incumprimento
punido, principalmente, pelo arrependimento ou remorso, mas também pela rejeição ou
marginalização do grupo em que o individuo se insere. Será, assim, uma ordem intra subjectiva, dado
que relaciona a pessoa consigo mesma.

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A moral caracteriza-se da seguinte forma:

 Interioridade;

 Absolutidade;

 Espontaneidade do dever moral.

A sua esfera de aplicação é imensa, porque vai até onde pode chegar as objecções da consciência
humana.

Quanto a sanção: a única sanção a que estará sujeito será interior (ocorre no interior do indivíduo),
o remorso, o desgosto de si próprio

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 Paulus: “non omne, quod licet, honestum est” – Nem tudo o que é licito (jurídico) é honesto
(moral).

 Ulpianus: “cogitationis poenam nemo patiur” – Ninguem é punido por pensar.

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1.2.3.1 Distinção entre a Moral e o Direito

Surgiram determinados critérios para distinguir a Moral do Direito:

 Critério teleológico: a moral interessa-se pela realização plena do homem (fim


pessoal), enquanto o direito tão-só tem em vista a realização da justiça para assegurar a
paz social necessária à convivência em liberdade (fim social).

 Critério da perspectiva: a moral incide sobre a interioridade (a motivação) dos actos


(lado interno) e o direito atende ao que externamente se manifesta (lado externo)

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 Critério da imperatividade: a moral, porque visa a perfeição pessoal é
simplesmente imperativa, ou seja limita-se a impor deveres, já o direito
é imperativo-atributivo: impõe deveres e reconhece direitos correlativos.

 Critério do motivo da acção: os preceitos morais têm sua fonte na


consciência de quem os deve cumprir, que constitui também a instância
que decide sobre o seu cumprimento ou incumprimento. Por seu turno, o
direito é fruto da vontade de um sujeito diferente, externo ao individuo.

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 Critério da forma dos meios: as normas morais são incoercíveis, isto é
o seu cumprimento só poderá efectuar-se espontaneamente, enquanto
que as normas jurídicas gozam de coercibilidade.

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 Critério do mínimo ético: o direito é aquela parte da moral armada de

garantias especificas indispensáveis à existência da paz, liberdade e da justiça

na sociedade.

Nesta perspectiva a relação entre o direito e a moral pode ser apresentada por dois

círculos concêntricos: o mais pequeno representa o direito; o maior as normas

morais que o direito não protege. Por isso, poder-se-á dizer que tudo o que é

jurídico é moral, mas nem tudo o que é moral é jurídico.


EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 36
1.2.4 Ordem de trato social
As normas de trato social (também denominadas usos sociais, regras de etiquetas ou de boa
educação, normas convencionais, costumes, etc.)

São usos ou convencionalismos (convenções) sociais destinados a tornar a convivência mais


agradável.

Dirigem a maioria dos nossos actos, como a forma de vestir, saudar e responder a uma
saudação, oferecer presentes a certas pessoas em determinadas épocas, retribuir uma visita, dar
os pêsames aos familiares de uma pessoa falecida, etc. Tais normas revestem duas
características:

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Características das normas de trato social:

 Impessoais: têm origem não numa vontade concreta, as em usos ou práticas sociais

regularmente observadas;

 Coativas: impõem-se através da pressão exercida pelo grupo social a que se

pertence e a sua inobservância é punida com diversas sanções, como a perda de

prestigio e da dignidade, a marginalização e o afastamento do grupo.

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1.2.2 Ordem Jurídica
Noção:
Entende-se por ordem jurídica, como sendo um complexo de regras/ normas imperativo-
atributivas que numa certa época e num determinado país a autoridade política considera
obrigatórias.
 Conjunto de normas e princípios jurídicos imposta pelo Estado para regular a vida em sociedade.

“Importa, portanto, salientar que em Direito, formular conceitos universalmente válidos e aceites constitui
uma tarefa difícil, mas o que se procura entender ao abordar a ordem jurídica/ordenamento jurídico é a
existência de um conjunto de regras, normas jurídicas impostas pelo Estado, com o fim de regular a vida em
sociedade e disciplinar por via de sanções as condutas ilícitas ou que violarem tais regras ”.

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1.2.2.1 Características das normas jurídicas:

 Necessidade;
Este direito, visto na perspectiva da

 Alteridade;
ordem jurídica e considerado
 Imperatividade;
globalmente como um sistema de
 Coercibilidade;
normas apontam-se algumas
 Exterioridade;
características que urge expor:
 Estatalidade; EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 42
Exercícios
1. Diga quais das teorias estudada melhor se identificas?
2. Porquê se afirma que o homem é um ser eminentemente social e sociável?
3. Distinga a teoria jusnaturalista da contratualista.
4. Fala sobre a realização da justiça no estado na natureza.
5. Porquê se afirma que o contrato social é uma forma primitiva dos Estados
Modernos?
6. Distingue a ordem Religiosa da Ordem Moral quanto a sanção aplicada.
7. Desenvolve a característica da coercibilidade da norma jurídica.

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Apresentação do exercício escrito, enviar para o e-mail abaixo
até ao dia 30/11

teodorjoaosilva@gmail.com

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Introdução ao Estudo do Direito

DOCENTE: PhD. Eugénio de Jesus Wilson de Carvalho


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Lic. Teodor J. da Silva (Assistente)

Luanda-Angola
2021
1.3.1 Conceito de Direito. Valores e Acepções do Termo
Direito
Depois de procurarmos perceber a origem e necessidade do direito na sociedade,
distinguirmos o direito das outras ordens normativas, é chegado o momento de se saber o que
é o Direito.
Desde logo, porque não é fácil definir direito. Como observou, Max E. Mayer, “até agora não houve um
jurista nem um filósofo do Direito que tenha a ertado a formular uma definição unanimemente aceite”,
sobretudo porque é impossível compreender e explicar satisfatoriamente as diversas formas
manifestativas do direito numa única formula. (Justo, 2004, p. 30).

Deste modo, é importante entendermos o Direito em duas perspectivas: Direito natural e o


Direito positivo. Já a primeira perspectiva foi por nós estudado quando abordou-se sobre o
jusnaturalismo, o Direito Natural, é àqueles direito inerente a pessoa humana, o direito a vida,
liberdade e outros mas que nunca foi legislado ou escrito por uma autoridade e tenha força de
Lei.

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 46


Já a segunda perspectiva, o Direito Positivo é àquele direito criado por órgãos reconhecidos
constitucionalmente pelo Estado com competências para legislar, ex.: Assembleia Nacional, o Executivo e,
etc. Este direito é visto em dois sentidos que são:

 Direito Objectivo: é o conjunto de normas e princípios jurídicos escritos para regular a vida do homem em
sociedade, pode ser ainda entendido como o Direito Angolano, aqui entendem-se como direito angolano,
toda norma positiva escrita e em vigor no ordenamento jurídico Angolano.

 Direito Subjectivo: entendido como sendo uma faculdade ou poder, reconhecido pela ordem jurídica
(direito objectivo) a uma pessoa, de exigir ou pretender de outra um comportamento positivo (facere) ou
negativo (non facere).
Importante salientar, que àquele sobre o qual recai uma faculdade, também, por outro lado, recai ao mesmo
tempo, o poder de por si mesmo, ou através de um acto da autoridade pública (decisão judicial), produzir
determinados efeitos jurídicos que inevitavelmente se impõem a outra pessoa (adversário ou contraparte), a
que chamamos por Direito Potestativo.
EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 47
Direito Positivo
( criado por órgãos reconhecidos constitucionalmente pelo Estado com competências para legislar)

Direito Objectivo
(Entendido como sendo toda lei em vigor no ordenamento jurídico angolano)

(Substantivo / Adjectivo)
Ex.: Código Civil / Código processual civil

Direito Subjectivo - Direito Potestativo

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 48


O que é o Direito?
Já foi descrito que não existe uma definição do Direito universalmente aceite pela doutrina, mas importa
salientar que vários autores durante séculos procuraram formular um conceito válido no seu tempo, é assim que:
Para Celso, Ulpianos e Baldo – O Direito é sinónimo de justiça – jus est ars boni et aequi (o Direito é a arte do
bem e do justo).

Para Tomás de Aquino e Michel Villey – O Direito é a coisa justa, por exemplo: a lei justa, a decisão
administrativa justa, o contrato justo, a sentença justa – jus est ipse resjusta – O Direito é a própria coisa justa.

Para Hobbes, Stammler, Hart - Direito é o conjunto das regras de conduta social impostas pela vontade do
Soberano, independentemente do seu contéudo justo ou injusto, moral ou imoral.
O Direito é, pois, quanto a nós um sistema de normas e princípios jurídicos impostas pelo Estado para regula a
vida do homem em sociedade.

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 49


CAPÍTULO II - O DIREITO E A SOCIEDADE
 
2.1.- Direito e Estado. (Noção e Coo relação) (Conceito. Elementos do
Estado – Território; Povo; Soberania-Poder Político)
2.2.- Direito e Política. (Noção e Coo relação) (Conceito. Poder Constituinte;
Direitos Políticos na CRA 2010 – Legislação Avulsa)
2.3.- Direito e Economia. (Noção e Coo relação) (Conceito. Leis Objectivas
da Economia)
2.4.- Direito e Sociedade. (Noção e Coo relação) (Súmula de Todos – vide
Capitulo anterior)
2.5.- Caso Prático (Opcional)
2.1.- Direito e Estado. (Noção e Coo relação)
2.1.1- O Estado – Origem e noção

O Vocábulo Estado, que vem de status, não tem um sentido unívoco, antes apresenta uma
polivalência de significação riquíssima, como condição, conjunto de direitos e deveres, estrato
social, dignidade, propriedade, boa ordenação, etc. De forma restrita tem-se usado o termo Estado
para si referir quer a uma comunidade territorial politicamente independente integrada por
governantes e governos (Estado-Comunidade ou Estado Sociedade).
Assim, podemos definir o Estado como uma sociedade que se fixou num determinado território e se
organizou politicamente em termos autónomos e soberanos.
Importa salientar, que o entendimento que se tem do Estado é relativamente recente: a própria
terminologia só começou-se a ser utilizada no Renascimento; e a formação e generalização do
conceito moderno são fruto de uma longa evolução que teve sua génese no séc. XVI e só ficou
concluída no séc. XVIII, com o jusnaturalismo racionalista (atribui-se a Makiavel a invenção da
palavra Estado no sentido moderno).

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 51


2.1.2 – Elementos do Estado
Na definição de Estado observamos três elementos essenciais que a teoria tradicional põe em destaque:

Povo •É o conjunto de pessoas ligadas ao Estado pelo vínculo jurídico de nacionalidade que lhes reconhece o gozo de direitos políticos. Este distingue-se da população que tem natureza económico-
demográfica e tão pouco de nação que tem natureza cultural. – Ver art. 9 CRA, Lei n.º 2/16 de 15 de Abril, Lei da Nacionalidade.

Território
•É o espaço geográfico onde o povo exerce o seu poder, representada por autoridade própria, constituem elementos do território: o espaço aéreo, marítimo, terrestre (neste integram o solo o
subsolo), a plantaforma continental, as ZEE (zonas económicas Exclusivas), Zonas Contiguas.
•O território de um Estado é limitado por fronteiras e definem o âmbito de competência no espaço dos seus órgãos supremo – Ver arts. Art. 5.º CRA

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 52


•É a faculdade exercida por um povo de, por

Poder
autoridade própria (não recebendo de outro povo)
instituir órgãos que exerçam o senhorio de um
território e nele criem e imponham normas

político jurídicas, dispondo dos meios de coacção..


•Ler o art. 4.º da CRA, sobre o exercício do poder
político e legitimidade do exercício deste poder.

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 53


2.1.3. – Funções do Estado
Para prosseguir os objectivos que constitucionalmente lhe estão atribuídos, o Estado tem de realizar
permanentemente várias actividades que se chamam funções. Umas são primárias e outras secundárias.
Assim, as funções primárias do Estado são:

1. Função política

• Consiste na definição e prossecução, pelos órgãos do poder político, dos


interesses essenciais da colectividade, realizado em cada momento, as
opções para o efeito consideradas mais adequadas.
• Exercida pelo Presidente da República nas veste de Titular do Poder
Executivo, ver art. 108.º e 120.º CRA. EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 54
Função Legislativa

• Traduz-se na prática de actos legislativos pelos órgãos constitucionalmente competentes na forma prevista na
constituição. É através dela que o Estado cria a maior parte do seu direito positivo constituída por leis.
• Exercida pela essencialmente Assembleia, ver CRA arts. 141.º e 161.º

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 55


As funções secundárias (subordinadas ou dependentes) decorrem das funções
primárias são:

Função jurisdicional:

• Consiste nos julgamentos de litígios suscitados por conflitos entre interesses públicos e privados vice-versa, e na punição da
violação das normas jurídicas.
• Esta função é desempenhada por órgãos independentes e imparciais (os tribunais).
• Ler arts. 174.º, 175.º, 176.º 177.º 179.º 180.º 181.º, 182º. e seguintes. CRA.

A Função administrativa:

• Consiste na satisfação das necessidades colectivas que, por virtude de prévia opção política ou legislativa, se
entende que incumbe ao Estado prosseguir com os interesses desta - “colectividade”.
• Ler arts. 198.º, 199.º 200.º e 201.º CRA
EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 56
2.1.4 – O Estado de Direito
O Estado de Direito tem na jurisprudência a sua essência: ubi civitas, ubi ius. O Direito fundamenta-o e define as suas competências. Na sua
história podemos destacar três etapas que traduzem a luta contra arbitrariedade e pela jurisdição da sua catividade:

A luta contra o arbítrio judicial

• O liberalismo foi buscar à idade média argumentos contra o arbítrio que os juízes gozavam na administração da
justiça, para ajustarem a pena as circunstâncias em que os delitos eram cometidos e à posição social dos
delinquentes.
• Os abusos dos juízes, que tratavam com brandura os poderosos e ricos e severamente os pobres e desamparados;
(JUSTO, 2004, P. 93)

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 57


Instauração de uma justiça Administrativa

• Resulta no controle dos actos da administração, num controle das práticas administrativas do Estado Absoluto, o
que significava um voto de confiança na justiça

Institucionalização de um controlo jurisdicional

• Implica a consideração de que o legislador deve respeitar um direito superior que a constituição consagra; e
podendo o acto legislativo ser inconstitucional.

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 58


Decorridas estas fases, ergue-se o Estado de Direito (ver art. 2.º CRA), como o Estado
que realiza a concepção personalista de justiça e se caracteriza por quatro notas
fundamentais:

2. São afirmados e 4. A legislação é


protegidos os juridicamente
direitos humanos controlada;
fundamentais;

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 59


Hipótese Prática

Peculato Corona, General do Exercíto, no exercício das funções de Ministro da Defesa,


empresário bem sucedido, reconhecido socialmente pela sua gestão em vários negócios
imobiliários e de telecomunicações; em Janeiro de 2019, pós a circular uma publicidade sobre a
construção do melhor projecto imobiliário de Luanda, (Condomínio dos Príncipes), Ngunxi e
Ngangula, vendo desta a oportunidade para a realização dos seus sonhos, depositaram na conta
associada ao projecto o valor de a AKZ 20.000.000 (Vinte Milhões de Kwanzas), como sinal de
adesão ao projecto. Decorrido 14 (catorze meses), este decidem constatar o andamento das obras
e descobrem que o projecto não passou da publicidade, contactando o empresário Corona,
“informa que devido a conjuntura económica, não era viável dar prosseguimento ao projecto e,
os valores já recebidos foram investidos nos trabalhos iniciais de terraplanagem e arquitetónicos
do projecto, no entanto não poderá devolver, por ser uma afronta cidadão civis pedirem que um
General preste conta sobre o que foi feito ou não com os míseros 20.000.000,00 (vinte milhões de
kwanzas).

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 60


Responde com base a hipótese prática retro as questões a baixo:

1.- Carracteriza o comporatamento de Peculato Corona.

2.- Diga qual é o Direito que recai a Ngunxi e Ngangula?

Apresentação do exercício escrito, enviar para o e-mail abaixo até ao dia 31/12

teodorjoaosilva@gmail.com

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 61


10-12-2022

INSTITUTO SUPERIOR DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS


VENÂNCIO DE MOURA

CURSO: RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Introdução ao Estudo do Direito


Conteúdo à desenvolver: Cap. II – Consultar Plano Curricular

DOCENTE: PhD. Eugénio de Jesus Wilson de Carvalho


Lic. Kialanda Sungu (Assistente)
Lic. Teodor J. da Silva (Assistente)

Luanda-Angola
2021
10-12-2022

Na sequência do conteúdo programático da cadeira em estudo, já partilhadas por via das TIC´s, somos a remeter para o
estudo o II capítulo.

Depois da abordagem sobre a origem do direito e da sociedade, a natureza social do homem, e as ordens sociais
normativas, onde já foi apresentado a Ordem Religiosa, a Moral e de trato social, o estudo da ordem jurídica, as
características do direito, o conceito do direito e as várias acepções do termo direito, hoje, está agendado o estudo do
´capítulo seguinte, correlação Direito e Estados, Direito e Política, Fins do Direito, a Justiça e suas modalidades, a
segurança jurídica, Direito e a Economia, conceitos e correlacção e posteriormente, Direito e Sociedade. Fnalmente um
caso prático de estudo para ser resolvido pelos estudante.
Urge a necessidade de traçar alguns objectivos, que achamos ser imperioso no processo de ensino e aprendizado.
É assim que:
 Procura-se que o estudante obtenha a habilidade de discernir/distinguir o direito da política, da economia;
 Conheça/indique as diferenças entreo direito e outras ciências sociais correlaccionais;
 Conheça/diferencie uma da outra;
10-12-2022

2.2.- Direito e Política. (Noção e Coo relação) (Conceito. Poder Constituinte;


Direitos Políticos na CRA 2010 – Legislação Avulsa)
2.2.1 – Direito e Política Noção e Correlação

Já vimos em aula anterior que até ao momento a doutrina jurídica (Direito) não assumiu um conceito único e
universalmente aceite sobre o Direito, partilhamos aqui o conceito apresentado pelo professor Diogo Freitas do
Amaral. O Direito é, pois, quanto a nós um sistema de normas e princípios jurídicos impostas pelo Estado para
regular a vida do homem em sociedade.
O que é a política?
Entendemos que o sentido do termo política sofreu diversas alteração ao longo da história, é assim que para Platão, a
política é a arte de criar e educar rebanhos, para Henry Adams, é a organização sistemática dos ódios, para Mao-Tse-
Tung, é a guerra sem derramamento de sangue, enquanto que a guerra é a política com derramamento de sangue.
Apolítica é a actividade humana de tipo competitivo, que tem por objecto a conquista e o exercício do poder.
(Caetano, 1970, p. 34)
Assim o Direito distingue-se da política pelos seus fins, se por um lado o fim do direito é a justiça e a paz social, os
fins da política é o alcance e o exercício do poder.

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 62


10-12-2022

2.3.- Direito e Economia. (Noção e Coo relação) (Conceito. Leis Objectivas da Economia)

2.3.1 – Direito e Economia Noção e Correlação


A história das doutrinas económicas arquiva as contribuições de homens como PLATÃO, ARISTÓTELES, ADAM
SMITH, DAVID HUMME, STUART MILL, CARLX MARX, MALTHUS, RICARDO, JOHN NEYMARD KEYNES,
LENIN, LOCK.
Como Carl Marx observou, os homens só colocam em cada periodo histórico, os problemas que estão em condições de
resolver. Para alem de Marx temos outros cientistas como SCHUMPTER que defende que caso o ensino da ciência
económica não conter o mínimo de aspectos históricos por estudantes, experimentarão uma sensação de falta de
orientação e sentido.
Como disciplina académica, a economia tem dois séculos. Adam Smith publicou o seu livro pioneiro ”a Riqueza das
Nações” em 1776 num ano notável também pela Declaração da Independência.
Então o que é a economia? Qual é a sua relação com o Direito?
A palavra economia é de origem Grega, OIKOS e NOMOS que significa: Oikos = casa e Nomos = administrar, gerir
riqueza.
A economia é a ciência que estuda como as sociedades usam recursos escassos para produzir bens úteis e distribuir por
pessoas diferentes.
EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 63
10-12-2022

DIREITO ECONOMIA

• Ciência social • Ciência social


• Sistema de normas e • Relação entre a produção e a
distribuição
princípios jurídicos • Produtos
• Impostas pelo Estado • Escassez
• Visa responder:
• Regula a vida do homem • o quê
• Quando
• Visa a justiça e a paz
• Para quem
• Leis • Leis
EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 64
10-12-2022

2.4.- Direito e Sociedade. (Noção e Coo relação)

2.4.1 – Direito e Sociedade Noção e Correlação

Já atrás foi dito que, o homem é um ser cuja natureza é essencialmente social: é, na celebre
definição de ARISTÓTELES, um animal político porque nasceu para viver em
comunidade (polis). Com efeito, dotado de sentimentos e de razão, precisa de comunicar,
de trocar experiências, de produzir bens para si e para os outro, de utilizar o produto do
trabalho alheio, porque é absolutamente impossível criar sozinho tudo o que necessita para
viver. (JUSTO, 2004, P. 16)
Tal autoridade estabelece regras de conduta a observar por todos os membros do grupo;
toma as decisões que forem necessárias em nome de todos; e impõe o respeito por aquelas
regras e por estas decisões, levando a julgamento os infractores e aplicando-lhes as
sanções pré-estabelecidas. Ubi societas, ibi Jus. (Amaral, 2004, p. 39)

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 65


Instituições Sociais:

A palavra instituição comporta vários significados. Etimologicamente, deriva de instituto, instituere e pode
definir-se como o que está ou permanece numa sociedade em evolução. (ASCENÇÃO, 2005, p. 22-23)
Pode-se entender a instituição em vários sentidos, para o curso que nos propomos seguir, importa apresentar
dois sentidos do termo instituição:

 Sentido sociológico: procura-se entender a organização societária, como é formado a sociedade, desde o
seu núcleo, assim, apresentam-se as seguintes instituições: a família, o clã, a tribo, horda, monarquia,
Estado, etc…;

 Sentido jurídico: instituição designa um conjunto extenso de normas que, subordinadas a princípios
comuns, disciplinam um determinado tipo de relações sociais, verbus gratias: das obrigações, da
propriedade, da família, etc…

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 66


10-12-2022

Exercício Prático

1. Distingue o direito da política quanto aos seus fins.

2. Diferencie leis económicas das leis jurídicas?

3. Ubis ius íbis societas, íbis societas ubis ius. Fala da relação sociedade direito vice versa e do impacto do direito

nas relações intersubjectivas.

Apresentação do exercício escrito, enviar para o e-mail abaixo


até ao dia 02/05
eugeniowcarvalho@gmail.com
EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 67
CAPÍTULO III - AS FONTES DE DIREITO
 3.1.- Noções de Fontes (Conceito) (Sentidos das Fontes (Histórico Sociológico- Causal;
Político-Orgânico; Instrumental ou Material; Técnico Jurídico - Formal) / Enumeração e
Enquadramento Prático das Fontes – Lei/Costumes/Normas Corporativas (Directas ou
Imediatas); Jurisprudência/Doutrina/Assentos (Indirectas ou Mediatas))
3.2.- A Lei. (Características/Sentidos/Elaboração e Feitura/Requisitos de Validade e de
Eficácia/ Cessação da vigência (Caducidade e Revogação – Tácita ou Automática; Expressa –
Por Compreensão; Parcial ou Derrogação; Absoluta ou Abrogação – Por Extensão)
/Hierarquia da Lei)
3.3.- O Costume, Normas Corporativas, Jurisprudência, Doutrina e Assentos. (Tipologia e
Noção de Costumes/Noções de Normas Corporativas – Associações de Beneficência (Casa da
Misericórdia/ Cruz Vermelha) - Ordens (Dos Advogados; dos Engenheiros; dos Médicos; dos
Enfermeiros; dos Arquitectos); e Aplicabilidade das Fonte de Direito)
3.4.- Caso Prático (Opcional)
 
INSTITUTO SUPERIOR DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
VENÂNCIO DE MOURA

CURSO: RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Introdução ao Estudo do Direito

AULAS DE 05/05
DOCENTE: PhD. Eugénio de Jesus Wilson de Carvalho
Lic. Kialanda Sungu (Assistente)
Lic. Teodor J. da Silva (Assistente)

Luanda-Angola
2020
CAPÍTULO III - AS FONTES DE DIREITO
 3.1.- Noções de Fontes (Conceito) (Sentidos das Fontes (Histórico Sociológico- Causal;
Político-Orgânico; Instrumental ou Material; Técnico Jurídico - Formal) / Enumeração e
Enquadramento Prático das Fontes – Lei/Costumes/Normas Corporativas (Directas ou
Imediatas); Jurisprudência/Doutrina/Assentos (Indirectas ou Mediatas))
3.2.- A Lei. (Características/Sentidos/Elaboração e Feitura/Requisitos de Validade e de
Eficácia/ Cessação da vigência (Caducidade e Revogação – Tácita ou Automática; Expressa –
Por Compreensão; Parcial ou Derrogação; Absoluta ou Abrogação – Por Extensão)
/Hierarquia da Lei)
3.3.- O Costume, Normas Corporativas, Jurisprudência, Doutrina e Assentos. (Tipologia e
Noção de Costumes/Noções de Normas Corporativas – Associações de Beneficência (Casa da
Misericórdia/ Cruz Vermelha) - Ordens (Dos Advogados; dos Engenheiros; dos Médicos; dos
Enfermeiros; dos Arquitectos); e Aplicabilidade das Fontes de Direito)
3.4.- Caso Prático (Opcional)
 
EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 69
INTRODUÇÃO

Depois de nos capítulos anteriores ter-se estudado a natureza social do homem, as ordens sociais
normativas, aspectos introdutórios sobre a origem do direito, direito e sociedade e sua correlação com o
Estado e a Política; já neste capítulo (Cap. III), vamos estudar as fontes do direito, o sentido e o alcance
das fontes do direito, a hierarquia das fontes e suas características.
Assim, somos a traçar os seguintes objectivos:
Objectivos Gerais:
 Dotar o estudantes de conhecimentos práticos que o ajudam a distinguir os modus de emanação e
criação da norma jurídica.
Objectivos específicos:
 Saber e entender o que é uma fonte de direito;
 Identificar as fontes segundo a sua hierarquia;
 Distinguir cada uma delas.

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 70


3.1.- Noções de Fontes, Conceito e Sentidos das Fontes

Lei
Costume

Doutrina

Fontes do Direito

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 71


FONTE:
A expressão fonte provém do latim (fons, fontis, nascente). Que significa: tudo aquilo que origina, que
produz algo.
A expressão, no Direito, indica as formas pelas quais ele manifesta-se.

“fonte é o vocábulo que desisgna concretamente o lugar onde brota alguma coisa, como fontes d´agua ou nascente, a
expressão fontes do direito significa o lugar de onde provem a norma jurídica, donde nascem as regras jurídicas”.

O problema da determinação das fontes de direito é o problema da positivação de certos conteúdos


normativos como normas jurídicas, o problema é de saber como esses conteúdos adquirem juricidade, isto
é, se tornam historicamente vigentes como normas jurídicas, como direito.
A questão das fontes, sendo a questão de ser o que constitui o direito, como direito não pode deixar de ser
justamente a questão de saber como a validade encarna na realidade social-histórica, adquirindo vigência,
mais exactamente, adquirindo o modo de ser próprio do direito.

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 72


Os jornalistas obtêm as notícias através das suas “fontes de informação”. Assim ao abordar fontes de certo estar-se a
referir que para a elaboração de uma notícia teve acesso a uma informação, provinda de alguém que será tida como
aquele que lhe fez a revelação, de um dado facto, dado acto, esta será a sua fonte.

De igual forma se entende que a origem da água poderá ser eventualmente de uma fonte, ou ainda dir-se-ia que o
Juiz que efectua a consulta dos Códigos e obtêm deste suporte para aplicação de direito tem como fonte a expressão
em matéria do direito nos documentos que expressão as normas jurídicas.

Quando se aborda a palavra Fontes, ocorre-nos, então conceitos como a formação, a revelação, a expressão de
qualquer coisa, o que no caso poderia ter as referências exemplificativas atrás enunciadas, mas aliamos, desde tais
expressões à ideia de origem, ao local de onde surgem as coisas.

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 73


A doutrina tradicional define fontes de direito como modos de formação ou de revelação do direito
(objectivo).
Seriam, portanto, fontes de direito determinados factos normativos, a saber aqueles factos que em regra se representam
como desfecho ou a conclusão (decisão) de um processo (v.g. do processo legislativo) juridicamente regulado e aos quais o
sistema jurídico atribui a qualidade de factos produtores de normas vinculante. Através do facto normativo (revestido dos
predicados que a própria lei estabelece) as normas são postas, são positivadas, transformam-se em direito positivo. Temos,
pois, o direito a regular a sua própria produção.
Tomemos a norma fundamental do regime democrático segundo a qual o poder político pertence ao povo e as
decisões são tomadas por maioria. Poderá porventura este principio normativo significar que a legitimidade e
validade das decisões se fuda o facto “vontade da maioria”? Se sim, temos que admitir como democraticamente
legitima e válida a decisão maioritária (ou até unânime) mediante a qual o povo, muito democraticamente e
segundo as regras do processo democrático, ponha um termo final a este processo entregando o poder a um
chefe.
No entanto, do ponto de vista da origem, a expressão Fontes do Direito pode ser entendida de diversas formas
e adquirir, assim, diferentes sentidos.

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 74


3.1.2 Sentidos das Fontes do Direito

1. SENTINDO SOCIÓLOGO OU CAUSAL

• as Fontes do Direito são os factores sociais ou históricos que causam ou levaram à


criação e condicionaram o conteúdo concreto de determinadas normas jurídicas.(ex.
Reconhecimento da União de facto. Alambamento, Benefícios dos Veteranos de Guerra, etc.)

2. SENTIDO POLÍTICO ORGÂNICO

• as Fontes do Direito são diferentes instrumentos, ou seja, os documentos onde constam


as normas jurídicas que disciplinam as relações sócias. (Iniciativa legislativa do TPE, da NA, para a
criação de direito, a sua proposta e ou projecto)
EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 75
3. SENTIDO MATERIAL OU INSTRUMENTAL

• as Fontes do Direito são diferentes instrumentos, ou seja, os documentos onde constam as


normas jurídicas que disciplinam as relações sócias. (A literatura de direito encontra-se materializada em códigos,
livros, publicações, sistematizadas e iguais na sua composição para qualquer agente da realização do direito. Para o Juíz, Advogado, Procurador,
Provedor)

4. SENTIDO TÉCNICO-JURÍDICO OU FORMAL

• as Fontes do Direito são os modos de formação e de revelação das normas jurídicas.(A


Participação dos técnicos dos gabinetes jurídicos, assessores jurídicos, que preparam as matérias as propostas, investigam, dão
forma aos projectos, as propostas, na sua condição de técnicos, porque formados na esfera jurídicas, com competências profissionais
para a feitura de leis)
No nosso estudo analisaremos, preponderantemente, as Fontes do Direito de acordo com o último sentido – o
sentido técnico-jurídico ou formal das Fontes do Direito.

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 76


3.1.3 – Enumeração e classificação das fontes de direito
No elenco tradicional das fontes do direito é de uso referir a lei, o costume, a jurisprudência e a
doutrina. Modernamente vêem-se apontando ainda como fontes o “princípios fundamentais de
direito”, a que se confere uma certa posição de primazia sobre as demais fontes de direito.

“Nos termos do artigo 1º do nosso Código Civil haveria que distinguir entre as fontes imediatas (as leis e as normas
corporativas) as fontes mediatas (os assentos, os usos a equidade) – ou seja, aquelas cuja força vinculante resulta, afinal, da
lei que para elas remete art.1º a 4º.”

O art. 3º estabelece que “são juridicamente atendíveis quando a lei o determine” (como fonte mediatas
de direito, portanto) os usos não contrários aos princípios da boa fé. Por último, segundo o art. 4º, os
tribunais podem recorrer à equidade quando haja disposição legal que o permita, quando exista acordo
das partes e a relação jurídica não seja indisponível, ou ainda quando as partes tenham convencionado
o recurso à equidade numa cláusula compromissória.

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 77


Atender que apesar da interpretação que à cima se faz da aplicação
mediata dos assentos como sendo fonte de direito este se reporta ao
passado, e, a concepção de que este poderia por força de precedente
vinculativo, o que para o presente está desprovido de sentido não só
pelo sistema jurídico e o estilo continental, franco-alemão adoptado
em Angola, mas igualmente pela derrogação do articulado que
abordava os Assentos no Código Civil quer para Angola em 1976,
como para Portugal em 1977.

Assim comummente se descreve que são fontes de direito a Lei e o Costume.

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 78


Quanto a sua classificação as fontes do direito podem ser:
Fontes Imediatas

Leis
Normas Corporativas

Costumes EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 79


3.2.- A Lei
Como já foi dito no capítulo anterior que uma das funções do Estado é a função legislativa, e o órgão por
excelência com competência para elaboração da Lei, é a Assembleia Nacional; a lei é entendida como norma
jurídica imposta na sociedade, por um órgão competente para tal (o Estado).

3.2.1- Vários sentidos da lei

Sentido amplo •Todos os diplomas de caracter geral e imperativo, provenientes de órgãos estaduais competentes
•Ex.: Assembleia da Nacional, Presidente da República, Orgãos do executivo

Sentido Restrito •Refere-se a lei propriamente dita, que emana do poder legislativo (Assembleia Nacional)

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 80


Sentido material •É todo acto normativo proveniente de um órgão estadual competente, ainda que não esteja no exercício das funções
legislativa, abrangendo tal conceito as leis, decretos leis, decretos executivos, etc.

•É aquela que se reveste das formas destinadas, por excelência, ao exercício da função legislativa do Estado, a

Sentido formal constituição e as leio ordinárias.


•Ex.: Emitida pela Assembleia Nacional

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 81


3.2.2 – Classificação das leis
Atendendo à sua solenidade as leis podem classificar-se em:

a) Solenes

• Leis constitucionais (e de revisão) (n. 1 do art. 166.º CRA);


• Leis orgânicas;
• Leis de bases;
• Leis;
• Leis de autorização legislativa;
• Resoluções.

b) Comuns
• Decretos legislativos presidenciais;
• Decretos legislativos presidenciais provisórios;
• Decretos presidenciais;
• Despachos presidenciais; EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 82
3.2.2.1 Hierarquia das leis
Quanto a sua hierarquia as leis podem ser:

Constituição da República

Leis ordinárias

Decretos
presidenciais/executivos

Despachos, avisos,
regulamentos, e outros

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 83


3.2.2.2 – A Constituição, lei constitucional e lei ordinária
A Constituição é a designada Lei Fundamental, pois aí estão consagrados e protegidos os direitos,
garantias e deveres fundamentais do cidadão e estabelecidas as regras de organização e funcionamento dos
órgãos estaduais superiores. Situa-se no vértice da pirâmide: as restantes leis devem-lhe obediência, sob
pena de incorrerem no vício de inconstitucionalidade orgânica, formal ou material. Todavia, entre as leis
constitucionais pode estabelecer-se ainda a seguinte hierarquia:

 Leis constitucionais editadas pelo legislador constituinte originário;

 Leis constitucionais emanadas do poder constituinte de revisão: não pode violar os limites impostos no
texto constitucional originário ao poder de revisão.

A lei ordinária: é o diploma emanado por qualquer órgão estadual no exercício do poder legislativo (Ver.
Art. 166.º CRA). As leis e os decretos leis, estabelecem em regra, as normas, princípios e institutos para a
resolução dos problemas.

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 84


INSTITUTO SUPERIOR DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
VENÂNCIO DE MOURA

CURSO: RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Introdução ao Estudo do Direito

Cap. III – Parte 3 - Continuação

DOCENTE: PhD. Eugénio de Jesus Wilson de Carvalho


Lic. Kialanda Sungu (Assistente)
Lic. Teodor J. da Silva (Assistente)

Luanda-Angola
2020
3.2.3 - Elaboração e Feitura da Lei
3.2.3.1 – Fases de elaboração da lei
Como foi visto a lei em sentido formal reveste-se de uma forma própria, assim procura-se apresentar o
processo de formação da lei.

Tal como está previsto e formulado na Constituição da República de Angola o processo de elaboração de
uma lei consta de três fases:
1. Iniciativa legislativa;
2. Discussão
3. Aprovação;
4. Promulgação;
5. Publicação.
N.B.: procuramos apresentar em cinco fases, pode ocorrer que em determinados manuais encontrarem a
discussão e aprovação numa única fase.
EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 85
3.2.3.1.2 – Iniciativa Legislativa
A iniciativa legislativa pode ser exercida pelos seguintes órgãos:
 Deputados/grupos parlamentares;
 Pelo Presidente da República.
(Consultar o n.º 1 do art. 167.º CRA)

Forma da proposta (ver ns.º 3, 4 e 5 do art. 167.º CRA)

Deputados/Grupos Presidente da Sociedade Civil


parlamentares República Organizada
•Projecto de •Proposta de •Propostas de
projectos de
Lei Lei iniciativa legislativa
EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 86
3.2.3.1.3 – Discussão
Entregue o projecto ou a proposta de lei na Assembleia Nacional, sendo este aceite e inscrito na ordem do dia
do Parlamento, (ver n.º 1 do art. 115.º da Lei n.º 13/17, Lei Orgânica que Aprova o Regimento da
Assembelia Nacional) haverá uma apresentação perante o Plenário, podendo, então, os deputados apresentar
propostas de alteração (emenda, substituição, aditamento ou eliminação).
As propostas ou projectos de lei, uma vez admitidos, são enviados às comissões permanentes especializadas
que deverão elaborar parecer devidamente fundamentado, podendo, inclusive, sugerir ao plenário, a titulo de
substituição, outro texto para o projecto ou proposta de lei. Estas comissões podem, igualmente, se o plenário
assim decidir, e com respeito pelas restrições estabelecidas.
No plenário, tanto a discussão como a votação passa primeiro pela generalidade (a discussão incide sobre os
princípios e o sistema de cada projecto ou proposta de lei e a votação incide sobre cada um dos diplomas a
presentados) e, posteriormente, pela especialidade ver art. 167.º e 170.º da Lei n.º 13/17, Lei Orgânica que
Aprova o Regimento da Assembleia Nacional (a discussão versa sobre cada artigo e a votação incide sobre
cada um dos artigos, números ou alíneas); estando, ainda, prevista a votação final e global.

EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 87


10-12-2022

Exercício Prático

1. Debruça-se sobre as fases de aprovação, promulgação e publicação de uma lei.

Apresentação do exercício escrito, enviar para o e-mail abaixo


até ao dia 22/05
EJWC - Introdução ao Estudo do Direito - 67
O principal problema da
economia será responder a
três questões cruciais que
são:
 
O quê e quanto produzir?
Como produzir?

A RELAÇÃO JURÍDICA
Para quem produzir?
3.2.2.3 – Processo de elaboração da lei
1. A RELAÇÃO JURÍDICA - NOÇÃO

 Natureza social do homem;

 Relações inter-subjectivas;

 Natureza jurídica – Código Civil, Título II, Livro I – às relações jurídicas (art. 66.º à 396º )
1.1 AS ACEPÇÕES DA RELAÇÃO
JURÍDICA

 SENTIDO AMPLO:
Toda e qualquer relação da vida social (real) disciplinada pelo Direito, isto é, juridicamente
relevante, produtora de consequências jurídicas.

 SENTIDO RESTRITO OU TÉCNICO:


É a relação da vida real (social) disciplinada pelo Direito, pela qual se atribui a um sujeito
(activo) um direito subjectivo e se impõe, em consonância, a outro sujeito (passivo) um dever
jurídico ou uma sujeição.
2. ESTRUTURA DA RELAÇÃO JURÍDICA
Estrutura externa ou elementos externo da relação jurídica:

 Sujeito

 Objecto

 Facto jurídico

 Garantia
Estrutura interna ou elementos interno da relação jurídica:

 Direito subjectivo

 Dever jurídico - sujeição


3. ELEMENTOS DA RELAÇÃO JURÍDICA

 Sujeito

 Objecto

 Facto jurídico

 Garantia
3.1 OS SUJEITOS
Personalidade jurídica
Pessoas Singulares – art. 66.º a 156.º C.C.

Pessoas Colectivas – Art. art. 157.º a 194.º C.C.


CAPACIDADE JURÍDICA
Capacidade jurídica
Capacidade de gozo – art. 67.º

Capacidade de exercício de direitos


INCAPACIDADES
INCAPACIDADES

Menoridade – art. 122.º, 123.º C.C.

Interdição – art.138.º , 141.º C.C.

Inabilitações – art. 152.º C.C.


SUPRIMENTO DAS INCAPACIDADES

Menoridade:

• Poder paternal, (tutela) – art. 124


• Emancipacão – art. 132.º C. C.

Interdição:

• Art. 123.º C.C.


• Legitimidade para arguir a interdição: cônjuge do interdito, pelo tutor ou curador, por qualquer parente sucessível ou MP – art. 141.º C.C.

Inabilitação:

• Curador – art. 153.º C.C.


3.2 OBJECTO

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