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Abertura do coração

O homem faz muitas coisas e essas em si bem diversas. Todavia, não é de igual valor e
diginidade tudo o que ele faz. Acontece que uma coisa é importante, somente por ser
inevitável. O homem reza , quando está diante de Deus, com reverência e amor. Não é
que possa já realizar o múltiplo na unidade. Isto nunca será possível a um ente finito.
Mas, ao menos está com Ele, o Unificador, fazendo assim o que há de mais importante e
necessário, fazendo também o que nem todos fazem. Por pertencer justamente ao mais
necessário, seu ato possui a maior liberdade, produto de uma acção feita unicamente na
caridade sempre renivada. Isto, porém, raramente acontece; é bem difícil para o homem.
Deve ele, portanto continuamente meditar sobre a essência e o valor da oração, esforço
esse, sem o qual não logrará orar.Tal reflexão pode, ao menos, ter como resultado
eficiente, fazê-lo dizer a Deus: “Senhor, ensinai-me a orar”.

Muitas vezes não sabemos o que é orar e por isso não o fazemos. Talvez o homem
outrora o soubesse, numa época em que o pobre coração ainda não fora gasto pelas
mágoas e alegrias da vida, quando ainda por ventura era capaz de entregar-se a um amor
puro. Mas, depois, aos poucos, tudo mudou, sem o homem perceber. A caridade tornou-
se hábito e quiça, um egoísmo entre dois e esse homem se iludiu, pensando que ainda
rezava. Largou-o, em seguida, desapontado, enfadado, pensado que não valia a pena
fazer algo que não tinha mais sentido. Ou ainda, continuava a rezar, se é que se pode
chamar oração o que ele fazia.O homem por assim dizer faz uma visita de cerimônia; o
que se há de falar é logo dito. Enfim, Deus há de compreender que ele não tem tempo e
deve fazer coisa mais importante. E essa petição junto ao ofício supremo do governo do
mundo, essa visita oficial ao soberano do universo, junto ao qual não se quer cair em
desgraça, chama-se enfim oração. Ó meu Deus, não é oração, é o cadáver, a ilusão de
uma oração. Na oração abrimos o coração a Deus. Deve perservar e entregar-se. Porque,
o silêncio de Deus fala da sua presença, por isso na angústia devemos notar a Sua
presença. Ora, a graça chega na forma de tua livre acção; nunca de modo que se deva
simplesmente só aguardá-la.

ESPÍRITO PARÁCLITO

Quando Abrimos o coração e sossegamos na fuga ireequieta de nós mesmos, quando o


aparente abandono de Deus, do qual até agora buscamos evadir-nos, vai-se
transformando misteriosamente na Sua vinda e no silêncio do nosso íntimo, começamos
a dizer: Pai Nosso, acaso estamos sós, ao ousarmos pronunciar essas palavras sublimes?
Quem nos ajuda a rezar? Deonde nós vêm a coragem, a força de orar? Uma coisa dá
ânimo. Falamos a Deus, junto com seu Filho, Nosso senhor Jesus Cristo. Ele que adora
o Pai em espírito e verdade, porque desde toda a eternidade repousa como Unigênito no
Coração do pai, Convidou-nos a nós, seus irmãos na carne e no espírito, para unidos a
Ele, confiantes e corajosos, chamarmos “Nosso Pai”, o Deus eterno, o Deus vivo dos
julgamentos e de toda a incompreensibilidade.

Ora, O Filho falou-nos, como mensageiro do Pai, e ao Pai, como nosso Irmão; por isso,
somos capazes de orar. Este filial Abba “Pai amado” é indivisívelmente mais verdadeiro
que toda a metafísica a respeito de Deus. No entanto, não há mais separação infinita
entre Deus e o homem, pois, o Amor divino, no Filho e na santa sociedade de Seus
irmãos, de há muito transpôs a distância e nos apertou a seu coração. Mas, não é tudo.
Rezamos no Espírito de Deus. Em primeiro lugar: deve haver lugar para o Espírito
Santo em nossos corações. Segundo: este Espírito ora em nós e connosco. Portanto, o
Espíritto auxilia-nos, na oração. Se nos cansamos, Ele não conhece fadiga.

A ORAÇÃO DO AMOR

O Amor para com Deus e a oração oferecem-nos a mesma dificuldade. Pertencem


ambos aos movimentos do coração, que só tem bom êxito, quando, salvo Aquele a
quem os tributamos, a saber, Deus, esquecemos a própria operosidade. Em seguida
pode-se refletir sobre o amor e a oração no intuito de descrever o que se passa. A
reflexão que examina é, porém em certo modo, a morte do próprio ato, assim como não
se pode desarmar uma espingarda para examinar-lhe a qualidade e ao mesmo tempo, dar
tiros. Costuma-se dizer que o amor se manifesta particularmente pela observância dos
mandamentos. É verdade. Mas, o Amor para com Deus é algo diverso da observância
dos Mandamentos, visto que sem o Amor, não teria valor o cumprimento da Lei.
Perguntamos, pois

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