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INTRODUÇÃO

Neste pequeno trabalho de caráter científico, abordamos uma temática muito importante
no que toca à filosofia do século XX. Trata-se do neopositivismo que foi uma escola filosófica
fundada pelos filósofos do chamado círculo de Viena, que por sua vez foi fundado no inicio do
século XX na cidade de Viena, na Áustria, por alguns cientistas, lógicos e filósofos da ciência. O
neopositivismo cujas bases se fundamentam no positivismo traz consigo uma novidade no que diz
respeito à linguagem, recusa da metafísica, e sem olvidar a relevância que dão às ciências formais
(lógica e matemática) e as ciências empíricas do real. Portanto, estas são as questões dos quais nos
centramos em abordar nesta pesquisa filosófica.
O QUE É O NEOPOSITIVISMO?

O Neopositivismo lógico, conhecido também por empirismo lógico, teve a sua origem e
esplendor no período compreendido entre as duas guerras sob o impulso de um grupo de filósofos
e cientistas denominado Círculo de Viena: M. Schick, O. Neurath, R. Carnap, etc. A Filosofia
produzida por estes filósofos, chega a se aproximar com a de David Hume, pelo seu empirismo
radical e a sua recusa da metafísica entendida como um sistema de conhecimentos situados para
além da experiência sensível. Portanto, esta se distingue de Hume pela elevada importância
concedida à linguagem como objecto exclusivo da actividade filosófica. 1 O neopositivismo afastou a
filosofia do terreno da metafísica e do conhecimento e a orientou para o da linguagem.

Ao centrar o problema na linguagem, os neopositivistas evitam cair numa posição


psicologista como a dos empiristas do século XVIII (Locke, Hume).

O círculo de Viena surgiu da nessecidade de fundamentar a ciencia a partir das concepções


que a filosofia da ciência ganhou no século XIX com o Positivismo. Por isso o nome Neopositivismo,
uma forma de reactualização das teorias positivistas.

A ORIGEM DO NEOPOSITIVISMO

Moritz Schick (1882-1936), físico e filósofo, é considerado o fundador do Círculo de Viena .


foi titular da cátedra de filosofia das ciências indutivas da Universidade de Viena.

Antes da primeira guerra mundial, um grupo de “jovens doutores de filosofia, a maioria dos
quais tinha estudado física, matemática ou ciências sociais” reunia-se num café, onde discutia uma
série de questões ligadas à filosofia da ciência, inspirado pelo positivismo de Mach. Entre estes
jovens, encontrava-se Philipp Frank, físico, Hans Hahn, matemático e o sociólogo e economista
Otto Neurath.

Posteriormente, em 1924, por sugestão de Feigl (físico e filósofo, assistente de Schick),


criou-se um grupo debates que se reunia às sextas feiras à noite. Este grupo, cujas propostas
filosóficas foram designadas positivismo ou neopositivismo lógico, esteve na origem do Círculo de
Viena, que alcançaria o reconhecimento internacional. Existiram outros simpatizantes do
movimento como Ayer (que escreveu a obra Linguagem, verdade e lógica, onde defende o critério
da verificação) e Reichebach (que introduziu a teoria da probabilidade no critério da demarcação).

Segundo os membros do Círculo de Viena, a concepção científica do mundo tem como


principais representantes: Albert Einstein, Bertrand Russell e Ludwing Wittgenstein, cuja a obra
Tractatus lógico-philosophicus (1921) se tornou a bíblia do Círculo de Viena e influenciou
grandemente toda uma geração de filósofos.2

OS EXPOENTES DO NEOPOSITIVISMO

Rudolf Carnap – nasceu em 1891 em Santa Mónica, e morreu em 197O em Califórnia. Foi
um filósofo e lógico alemão nacionalizado norte americano. Membro destacado do círculo de
Viena, aprofundou a obra de Wittgenstein aplicando à lógica os principia mathematica de Russel,
fruto disso foi A estrutura lógica do mundo (1928). Escreveu também: Introdução à semântica
(1942) e os fundamentos lógicos da probabilidade (1951), entre outros. A característica principal de
Carnap é a veemente negação da metafísica.

1
MANUEL, Juan Navarro Córdon, CALVO MARTÍNEZ, Tomás. A história da filosofia – dos pré-socráticos à filosofia
contemporânea. Pag. 670. Edições 70. Portugal. 2017.
2
Cf. MAGEE, Bryan. História da filosofia. Pag. 203. 3 ed. São Paulo. 2001.
As bases do neopositivismo lógico de Carnap é:

1. Negação da metafísica
2. O fisicalismo e a unidade das ciências (Entende por ciência a que é traçada
exclusivamente pelo padrão metodológico da física)
3. A verificação empírica (O significado de uma proposição consiste no seu método de
verificação)

A FILOSOFIA E A LINGUAGEM COMO OBJECTO DA FILOSOFIA

Segundo o neopositivismo, a filosofia não é uma ciência ao lado das outras ciências ou acima
delas. Não pode ser considerada uma ciência como as outras, já que não tem objecto próprio de
investigação comparável ao das restantes ciências: não cabe ao filósofo indagar acerca da matéria,
uma vez que é da competência do físico, não compete ao filósofo falar da sociedade, já que esta
competência cabe ao sociólogo etc. Portanto, pode se concluir que não há problemas filosóficos
que devam ser indagados por métodos filosóficos, e por isso, não pode constituir num conjunto de
doutrinas acerca da realidade, nem num conjunto de proposições explicativas da realidade. Não
sendo a filosofia um corpo doutrinal em que consiste a sua incumbência? No entender dos
neopositivistas, a filosofia não é um sistema, mas uma actividade que tem por objecto a
linguagem; a sua tarefa consiste em procurar, analisar ou esclarecer o significado das proposições. 3
Assim a filosofia abandona a pretensão de se tornar a rainha das ciências e passa a ser uma serva
dos conhecimentos científicos particulares cujo objecto da pesquisa não são mais as coisas e as
ocorrências do mundo real ou ideal mas enunciados e conceitos científico, tornando claros os
conceitos fundamentais e os procedimentos das ciências particulares4

A CRÍTICA À METAFÍSICA E O EMPIRISMO

Nos textos que levaram a cabo esta crítica antimetafisica, destacamos: o artigo de R. carnap,
“A superação da metafísica mediante análise lógica da Linguagem” (1932), e o que foi escrito por A.
J. Ayer, “A eliminação da metafísica”, que constitui o primeiro capitulo do seu conhecido livro
Linguagem, Verdade e Lógica (1936, 1946). Nestes textos, a atitude neopositivista aparece
vinculada à tradição empirista, em particular a de Hume, e também à crítica kantiana da metafísica.
Existe uma diferença matiz entre a posição de Hume e e a destes empiristas do século XX quanto às
noções de substâncias e de causa, que são fundamentais na metafísica tradicional. Na sua crítica,
Hume partia de uma análise de conhecimento, distinguindo nele as impressões das idéias: como
vimos, uma idéia é verdadeira quando pode ser referida à impressão ou impressões
correspondentes, o que se revela impossível no caso das idéias de substância e causa, às quais não
corresponde qualquer impressão.

Por outro lado, os críticos contemporâneos da metafísica não colocam a tónica na análise do
conhecimento, mas na análise da linguagem; a sua crítica não se dirige directamente às idéias de
Deus ou de substância mas à proposições em que aparecem as palavras “Deus”, “substância e
outras que habitualmente fazem parte do vocabulário da metafísica.

Contudo, pois embora haja diferença de matiz, o fundamento da crítica à metafísica é o


mesmo em Hume e nos neopositivistas: o princípio totalmente empirista segundo o qual não é
possível passar para além da nossa experiência sensível; segundo Hume, para além da experiência
sensível não existe conhecimento autêntico; e para os neopositivistas, para além da experiência
sensível não há linguagem significativa. E se a lingua uma atitude emotiva perante a vida”. Ayer é
mais peremptório em relação à natureza da linguagem metafí gem usada nos textos dos
3
Ibidem. Pag. 674
4
STEGMUNLLERT, Wolfgang. A filosofia contemporânea. 2 ed. Pag 257. Rio de Janeiro. 2012.
metafísicos não é significativa, se não espressa factos, como devemos caracterizá-la? Quanto a
isso, Carnap é acutilante: as pseudoproposições da metafísica não expressam factos mas emoções.
Carnap considera que a metafísica é a “expressão de sica, considerando a equiparação carnapiana
da metafísica com a arte e a poesia muito benévola, considerando ainda a existência de uma
diferença abismal entre o metafísico e o poeta. Assim, para Ayer, as expressões produzidas pelos
poetas costumam ter um significado literal na maioria dos casos, mesmo quando tais expressões
entendidas de modo literal possam ser falsas, pois, o poeta tem consciência disso. Já as expressões
do metafísico carecem sempre de significação literal e mesmo assim crê que as suas expressões
têm pleno sentido, não tendo consciência de que o seu discurso não diz absolutamente nada.

A LINGUAGEM E O PRINCÍPIO DE DEMARCAÇÃO OU DE VERIFICAÇÃO

De acordo com o neopositivismo, a única linguagem aceitável é a linguagem da física, até a


actividade psíquica se podia delimitar dentro de uma linguagem fisicalista. Segundo Carnap: “Toda
a preposição de psicologia pode formular-se em linguagem fisicalista, ou seja, de modo material de
falar: todas as preposições de psicologia descrevem acontecimentos físicos, a saber, a conduta
física dos humanos e de outros animais. Na verdade, esta é uma tese parcial da tese geral do
fisicalismo, que diz que a linguagem fisicalista é universal para a qual se pode traduzir qualquer
preposição.”5

Para determinar que enunciados poderiam ser aceites como científicos foi proposto o
principio de verificação, que expõe um enunciado será considerado científico apenas se poder ser
constatado por feitos verificáveis, e daqui conclui-se que os enunciados só podem ser considerados
como verdadeiros depois de serem comparados com dados objectivos. Este princípio anulou
qualquer tipo de pretensão de um conhecimento teológico ou metafísico, até a ética foi
considerada por eles um conjunto de enunciados acerca de emoções.

AS BASES DO NEOPOSITIVISMO

Se estudarmos minuciosamente o pensamento neopositivista, descobriremos que estes têm


como base o pensamento positivista de Augusto Comte, o empirismo de Hume e Locke e no
empiricriticismo de Mach, que baseam toda a fonte de conhecimento na experiência. 6

Falar de neopositivismo trata-se de uma assimilação de algumas idéias do positivismo, com


a revaliação de alguns postulados dos positivistas do século XIX (por isso a permanência do termo
positivismo como base conceitual do pensamento dos autores do círculo de Viena). O prefixo “neo”
propõe uma superação ou mesmo a designação de um novo “empirismo conseqüente” calcado
fundamentalmente no rigor da linguagem. Importa destacar que o centro do debate destes
pensadores neopositivistas gravitará em torno da liguagem, da objetividade do que pode ser
efectivamente enunciado pelo discurso cientifico, em frança repulsa ao discurso metafísico. Trata-
se de alguma forma, da mesma repulsa à metafísica referida por Comte. 7

PRINCÍPIOS E CARACTERISTICAS DO NEOPOSITIVISMO

O Neopositivismo tem como princípio a idéia de que todo facto filosófico deve ser
comprovado pela ciência.

E como características do neopositivismo destacamos as seguintes:

5
Enciclopédia do estudante – história da filosofia. Pag. 275. Volume 8. Lisboa. 2008.
6
IBDEM. Pag. 274
7
DE CARVALHO LUZ, Vladimir. Neopositivismo e teoria pura do direito. Revista sequência, nº 47. Pags. 16, 17. 2003
 Cientificista: os procedimentos das ciências experimentais são os únicos válidos, não há
nenhum outro conhecimento fora dos padrões definidos pela ciência.
 Empirista: todo conhecimento cientifico se basea na experiência válida, assim, tudo o que
não passa pelos sentidos não pode ser base do conhecimento cientifico.
 Naturalista: nega a realidade de qualquer ente não experimentável empiricamente. 8

CONCLUSÃO
8
Assistir vídeo aula em https://youtu.be/-tRvLqED9EA
Depois desta abordagem apresentada em síntese neste trabalho, queremos de uma forma
sucinta apresentar as linhas conclusivas deste. O neopositivismo foi um movimento que trouxe
consigo uma maneira diferente de ver a realidade, e por isso dominou o pensamento do século XX.
Até nos dias de hoje, os princípios neopositivistas têm se repercutido, sobretudo num mundo onde
a religião está cada vez mais a ser questionada devido ao espaço que a ciência tem ganhado cada
vez mais no desenvolvimento do actual mundo, pois embora, as suas actividades haviam cessado
com o assassinato de Schick por um fanático naziste em 1936.

Portanto, queremos em poucas linhas reiterar que o Círculo de Viena surgeu na necessidade
de fundamentar a ciência a partir das concepções que a filosofia da ciência ganhou no século XIX,
pois, antes a filosofia era vinculada à teoria do conhecimento, mas, a partir de Hegel, este vínculo
se desfez.9

9
PT.m.wikipedia.org\wiki\C%C3%ADrculo_de_Viena

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