Você está na página 1de 6

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCH

Licenciatura em História - EAD

UNIRIO/CEDERJ

PRIMEIRA ATIVIDADE A DISTÂNCIA – AD1


DISCIPLINA: HISTORIOGRAFIA CONTEMPORÂNEA

Nome: Muryel Menezes da Fonseca

Matrícula: 16216090243

Polo: Resende

NOTA: 7,4

FICHAMENTO

WIKLUND, Martin. Além da racionalidade instrumental: sentido histórico e


racionalidade na teoria da história de JörnRüsen. In: História da Historiografia,
Ouro Preto, v.1, n.1, 2008.

TEMA

Análise do conceito de sentido e “racionalidade de sentido” na teoria da história de


JörnRüsen [PONTO? QUEM FAZ A ANÁLISE?] 1,O

TESE CENTRAL

O autor do texto [QUAL AUTOR?] aborda o conceito de sentido no viés de Jörn Rüsen,
como uma alternativa mais promissora e precisa para se interpretar a história do que o
objetivismo e construtivismo quanto às questões de orientação e instrumentalização.

1
Para fundamentar suas concepções, o autor busca conceitos de sentido divergentes para
chegar a uma conclusão a partir de uma análise realizada por meio de contraposições.
1,4

LÓGICA INTERNA

O presente texto aqui analisado possui um breve resumo [DO QUE?] consistente no
qual é possível identificar o viés da “racionalidade de sentido” a ser abordado pelo autor
ao longo do texto. Segundo a linha de análise do autor, a “racionalidade de sentido” é
colocada em uma situação oposta ao construtivismo relativista. A partir dessa oposição,
o autor já mencionado busca explicar o conceito de Jörn Rüsen por meio da
demonstração dos diferentes conceitos de sentido, filtrando dentre eles a distinção de
“sentido como construção” versus “sentido como representação”.

Primeiramente, a partir do pressuposto de que nem todos os leitores estão familiarizados


com o trabalho desempenhado por Rüsen, o autor apresenta uma pequena biografia de
JörnRüsen acerca de sua obra e pensamento histórico, situando-o historicamente.
Parafraseando o próprioWicklund, o autor divide o seu artigo em duas partes, sendo a
segunda constituída por um ensaio cuja proposta é uma análise do papel e do conceito
de “sentido” na teoria da história de Rüsen e a relevância da racionalidade no que se
refere ao âmbito da instrumentalização.

O sentido tornou-se um conceito central para a ciência história e, a partir dessa


constatação, o autor relata uma reação contra a perda de significado resultante da
“racionalização” das visões de mundo. Em contrapartida, Wicklundtambém alega um
certo descontentamento com identidades rotuladas e verdades históricas pré-concebidas.
Desse modo, há uma necessidade de auxílio do conceito de sentido para a relativização
e historicização de tais objetividades.

Quando se faz uma reflexão histórica, um historiador ou profissional que lida com o
conhecimento histórico busca descobrir se os assuntos estudados fazem sentido, ou seja,
se o que aconteceu e o que os indivíduos de determinado espaço e tempo histórico
tinham suas razões de ser. Se há uma busca pelo sentido de determinada ação no tempo
em que foi realizada.Seguindo a perspectiva de Rüsen, Wicklund afirma que é possível:

2
“Perceber que o conhecimento é situado e, que isto também se aplica ao tipo
de conhecimento desenvolvido no seio da ciência histórica era parte da teoria
da história de Rusen muito antes do desafio pós-moderno. Que o
conhecimento histórico depende de normas e esquemas conceituais, e que os
mesmos funcionam de acordo com uma lógica narrativa, mais do que em
consonância com o espelho da natureza e do representacionismo – tudo isso
já foi discutido por historiadores e filósofos alemães, entre outros que
inspirariam o desafio pós-moderno. Que razão e racionalidade são histórica e
culturalmente situadas não foi tanto o desafio de Rusen, mas seu próprio
ponto de partida.” (WICKLUND, 2008: 25)

Portanto, de maneira geral, as informações apreendidas nos estudos não estão completas
e apresentam diversas lacunas e, por conseguinte, o próprio historiador desenvolve uma
reflexão no decorrer do processo de compreensão histórica, a partir da conjuntura
construída nas análises, com o objetivo de preencher tais lacunas e arrumar a estrutura
interna dos acontecimentos.

Além disso, se faz necessário salientar que o conhecimento apreendido foi parcialmente
informado por seus protagonistas, entretanto deve-se partir da premissa de que nem
sempre há como ter certeza de que tal conhecimento é verdadeiro. É nesse ponto que o
historiador, por meio de um processo de compreensão hermenêutica, organiza a reflexão
acerca do argumento demonstrativo da explicação do fenômeno estudado, de modo que
faça sentido. Tal sentido não é buscado por meio de uma perspectiva arbitrária, mas sim
do ponto de vista argumentativo, por um viés de causa/efeito das ações humanas em um
determinado recorte temporal.

Sendo assim, o sentido buscado não é pautado por uma construção baseada em um juízo
de valor de quem está realizado tal reflexão, mas sim uma conjunção entre as
apreensões de sentido e de sistematização hermenêutica do sentido.

Quando Rusen fala da arrumação entre sujeito e objeto, ele relata que há um movimento
do sujeito em relação ao objeto e vice-versa. Rusen não atribui vivicidade ao objeto,
pois o objeto não é somente algo físico, mas algo complexo em toda sua significância.
Desse modo, Wicklund conclui que “o sentido é visto como algo pertencente somente
ao passado, em concordância com as análises feitas em termos de contextualização
histórica. O sentido tende a ser tratado como objeto histórico a ser descrito ou analisado,
ao invés de ser uma questão que nos confronta.” (2008, p. 42)

1,6

3
INTERLOCUÇÃO

O texto relata queRüsen nasceu em uma geração pós-guerra, que “adotou a democracia
e o iluminismo como estrelas-guias. Dentre eles, Wicklund cita Helmut Schelsky, em
um panorama de problemática de tradições intelectuais, que cunhou a expressão “a
geração cética” e “suas características eram a desilusão, a despolitização e um tipo de
realismo que servia de oposição à abstração excessiva”. (Wicklund, 2008: 22)

Posteriormente, Wicklund relata a tese de Rüsen acerca da teoria da história de Johann


Gustav Droysen – um dos historiadores de maior talento teórico do Historismus alemão
– e como sua influência inspirou Rüsen na construção argumentativa de sua obra
FüreineerneuerteHistorik.1

Wicklund (2008) enfatiza a contribuição de concepções kantianas acerca da visão de


mundo e como ela não oferece uma compreensão especificamente histórica do mundo,
excluindo um aspecto relevante do sentido, a teleologia. Pois para o autor,

“(...) o pensamento histórico pode ser visto como umasíntese da experiência e


intenções com relação ao tempo. O mundo não é vistocomo simplesmente
dado, mas interpretado com relação às intenções. O temponatural é
transformado em humano através da narrativa histórica.” (Wicklund, 2008:
36)

Em contrapartida, Wicklund acredita que a teoria deRüsen pode ser viabilizadora de


uma “compreensão histórica do mundo, dotada desentido para seres humanos em
relação às suas ações e padecimentos, àcondição histórica de suas existências.” (2008, p.
36) Dessa forma, Rüsen distancia-se de Kant, pois para ele “o intérprete não é o
sujeitotranscendental kantiano, mas um sujeito cultural e historicamente imerso navida
prática, relacionado à tradição hermenêutica do Historismuse àfenomenologia.”
(Wicklund, 2008: 36)

1,6

TRECHOS EM DESTAQUE 1,8

1
RÜSEN, Jörn. FüreineerneuerteHistorik. StudienzurTheorie der Geschichtswissenschaft. Stuttgart-
BadCannstatt: Fromann-Holzboog, 1976.

4
“Rusenfreqüentemente adotou a perspectiva da modernização sobre o
desenvolvimentosocial e cultural com uma interpretação essencialmente positiva da
modernizaçãoe da racionalização.” – Concepção de modernização e racionalização
na perspectiva de Rüsen [PÁGINA?]

“De modo similar, o giro linguístico e o desafio pós-moderno clamaram por uma
reflexão teórica renovada. Ao confrontar tais desafios, o método de Rüsen sempre
procedeu dialeticamente: com o fito de atingir uma síntese que mantenha insights de
ambos os oponentes, ele procura articular tendências opostas e discernir de que modo
específico eles se contradizem.” (WIKLUND, 2008: 24)– Utilização de método
antagônico de análise

“Perceber que o conhecimento é situado e, que isto também se aplica ao tipo de


conhecimento desenvolvido no seio da ciência histórica era parte da teoria da história de
Rusen muito antes do desafio pós-moderno. Que o conhecimento histórico depende de
normas e esquemas conceituais, e que os mesmos funcionam de acordo com uma lógica
narrativa, mais do que em consonância com o espelho da natureza e do
representacionismo – tudo isso já foi discutido por historiadores e filósofos alemães,
entre outros que inspirariam o desafio pós-moderno. Que razão e racionalidade são
histórica e culturalmente situadas não foi tanto o desafio de Rusen, mas seu próprio
ponto de partida.” (WICKLUND, 2008: 25) – Razão e racionalidade aplicada no
conhecimento histórico

“O modo de ligar racionalidade a uma atitude investigativa que busca sentidonão


implica Entzauberung[desencantamento], no sentido de esvaziar o mundode sentido, ou
de confinar o sentido a uma esfera meramente subjetiva. O quedá importância à
compreensão de Rüsen de sentido e de conceito de racionalidadede sentido é que ela
oferece uma alternativa tanto ao objetivismo como àcompreensão subjetivista e
construtivista de sentido e sua tendência inerentepara a
instrumentalização.WICKLUND, 2008: 40)

“Um problema geral concernente a este ramo do novo historicismo:o sentido é visto
como algo pertencente somente ao passado, em concordância com as análises feitas em
termos de contextualização histórica. O sentido tende a ser tratado como objeto

5
histórico a ser descrito ou analisado, ao invés de ser uma questão que nos confronta.
Embora essas análises não necessariamente instrumentalizem o sentido ou o passado,
elas contribuem para a relativização do sentido, e dificilmente nos ajudam a responder
questões sobre a orientação histórica, ou a enfrentar controvérsias históricas de
plausibilidade de sentido e narrativas. Isto é o que faz a teoria da história de Rüsen
atraente e relevante. Ela propicia uma ontologia para o pensamento histórico que coloca
o sentido em seu centro, ao invés de restringir o conceito de sentido ao sentido-
referencial em representações, ou deslocar o sentido para uma esfera puramente
subjetiva, distinta da realidade histórica.” (WICKLUND, 2008: 42) – Conclusão do
autor acerca da questão do sentido na teoria da história de Rüsen

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

WIKLUND, Martin. Além da racionalidade instrumental: sentido histórico e


racionalidade na teoria da história de JörnRüsen. In: História da Historiografia,
Ouro Preto, v.1, n.1, 2008.

TEIXEIRA, Felipe Charbel; CALDAS, Pedro S. Pereira. Historiografia


Contemporânea. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2012.

Você também pode gostar