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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
“Ou seja, passado e história são coisas diferentes. Ademais, o passado e a história
não estão unidos um ao outro de tal maneira que se possa ter uma, e apenas uma leitura
histórica do passado. O passado e a história existem livres um do outro, estão muito
distantes entre si no tempo e no espaço. Isso porque o mesmo objeto de investigação pode
ser interpretado diferentemente por diferentes práticas discursivas...” (p. 24)
“... é que tendemos a perder de vista o fato que realmente existe essa distinção
entre a história – entendida como o que foi escrito/registrado – sobre o passado – o
próprio passado, pois a palavra “história” recorre a ambas as coisas. Portanto, o
preferível seria sempre marcar essas diferenças usando o termo “o passado” para tudo
que se passou antes em todos os lugares e a palavra “historiografia” se refere aos
escritos dos historiadores. ” (pp. 24-25)
O autor faz um paralelo com o exemplo de uma paisagem para demonstrar que o
historiador analisa o passado conforme suas fontes, seus métodos, sua
pessoalidade sua área do conhecimento, além de, esses mesmos tópicos,
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“Mas a quarta razão vem enfatizar que, graças à possibilidade de ver as coisas em
retrospecto, nós de certa maneira sabemos mais sobre o passado do que as pessoas que
viveram lá. Ao traduzir o passado em termos modernos e usar conhecimentos que talvez
não estivessem disponíveis antes, o historiador descore não só o que foi esquecido sobre
o passado, mas também “reconstitui” coisas que, nunca estiveram constituídas como tal.
” (p. 34)
O autor apresenta a ideia de A. Marwick quanto a aplicação da metodologia – a
segunda problemática - para escrever a história percorrendo o caminho da
verdade e, logo se mostra contrário partindo da ideia de existe uma variedade de
métodos.
“Resumindo: é enganoso falar do método como caminho para a verdae. Há uma ampla
gama de métodos, sem que exista nenhum critério consensual para escolhermos dentre
eles. Com frequência, pessoas como Marwick argumentam que, não obstante todas as
diferenças metodológicas entre empiricistas e estruturalistas (por exemplo), eles estão de
acordo no fundamental. (p. 37)
“...com bastante regularidade, tais conceitos são chamados de “alicerces” da história.
Trata-se de coisas como, por exemplo, tempo, prova/corroboração, empatia, causa e
efeito, continuidade e mudança, etc.” (p. 38)
Jenkins analisa a terceira problemática da história: a ideologia. Faz críticas
enquanto a noção de ideologia para o popular que, quando trabalha a ideologia
dos dominados essa passa a ter uma conotação negativa e remete a fins
propagandísticos, quanto a ideologia dos dominantes (a história dos grandes) é
repassada sem nenhum questionamento.
“Obviamente, esses alicerces conceituais também são ideológicos, pois o que poderia
acontecer se outros fossem usados para organizar o campo dominante – por exemplo,
conceitos como estrutura/agente, sobre determinação, conjuntura, desenvolvimento
desigual, centro/periferia, dominante/marginal, base/superestrutura, ruptura, genealogia,
mentalidade, hegemonia, elite, paradigma etc.? É hora de abordarmos a ideologia
diretamente. ” (p. 39)
“Ora, essa distinção entre a “história ideológica” e a “história propriamente dita”
é interessante porque implica, e é esta sua intenção, que certas histórias (em geral as
dominantes) não são de modo algum ideológicas, nem expressam visões do passado que
sejam alheias ao tema. ” (p. 40)
“O fato de que a história propriamente dita seja um constructo ideológico significa
que ela está sendo constantemente retrabalhada e reordenada por todos aqueles que, em
diferentes graus, são afetados pelas relações de poder...” (p. 40)
O autor, encerrando seu raciocínio, aponta de maneira resumida a resposta da sua
questão central: “O que é a História? ” a partir de outro questionamento acerca de
“para quem a história é destinada”, pois a resposta da primeira varia conforme a
resposta da segunda.
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“Assim, nesta altura, já fica claro que responder à pergunta “O que é a história?” de
modo que ela seja realista está em substituí-la por outra: “Para quem é a história?” Ao
fazermos isso, vemos que a história está fadada a ser problemática, pois se trata de um
termo e um discurso litígio, com diferentes significados para diferentes grupos. “ (p. 41)
“Também é fácil ver que a lista de usos da história é infinita, tanto pela lógica quanto
pela prática. Afinal, que aspecto teria uma história com que todos pudessem concordar de
uma vez por todas? ” (p. 41)
“A história é a maneira pela qual as pessoas criam, e parte, suas identidades. Ela é
muito mais que um módulo no currículo escolar acadêmico, embora possamos ver que o
que ocorre nesses espaços educacionais tem importância crucial para todas aquelas partes
diversamente interessadas. ” (p. 42)
O o autor mostra a ideia de história profissional encontrada na academia e
produzida por historiadores no geral e como ela difere das outras histórias, além
de apresentar como a história profissional é produzida e os desafios e pressões
sofridas pelo profissional da história.
“Porque, embora a esmagadora maioria dos historiadores de carreira se declare
imparcial, e embora de certa maneira eles realmente consigam um “distanciamento”, é
ainda assim esclarecedor ver que esses profissionais nem de longe estão fora do conflito
ideológico e que eles até ocupam posições bem dominantes dentro de tal conflito – em
outras palavras, é esclarecedor ver que as histórias “profissionais” são expressões de
como as ideologias dominantes formulam a história em termos acadêmicos. ” (p. 44)
“Vamos começar assim: a história produzida por um grupo de operários chamados
historiadores quando eles vão trabalhar. É o serviço deles. E, quando vão trabalhar, eles
levam consigo certas coisas identificáveis.
Em primeiro lugar, levem a si mesmos: seus valores, posições, perspectivas
ideológicas.
Em segundo lugar, levam seus pressupostos epistemológicos. Estes nem sempre são
conscientes, mas os historiadores terão “em mente” maneiras de adquirir “conhecimento”.
” (p. 45)
“Mediante o uso dessas categorias o historiador vai gerar hipóteses, formular
abstrações e organizar e reorganizar seu material de forma a incluir e excluir. ” (p. 45)
“Em terceiro lugar, os historiadores têm rotinas e procedimentos (métodos, na estrita
acepção da palavra) para lidar com o material: modos de verificar-lhe a origem, a posição,
a autenticidade, a fidedignidade...” (p. 46)
“Em quarto lugar, ao tocarem seu serviço de encontrar materiais para trabalhar e
“desenvolver”, os historiadores vão e vêm entre as obras publicadas de outros
historiadores (o tempo de trabalho acumulado em livros, artigos etc.) e os materiais não
publicados. Estes “quase novos” podem ser denominados os vestígios do passado (as
marcas que sobraram do passado: documentos, registros, artefatos etc.) (p. 46)
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“Em quinto lugar, os historiadores, tendo feito sua pesquisa, precisa então coloca-la
por escrito. É aí que os fatores epistemológicos, metodológicos e ideológicos voltam a
entrar em ação, inter-relacionando-se com as práticas cotidianas, tal qual aconteceu
durante todas as fases da pesquisa. Essas pressões do cotidiano variam...” (p. 47)
“Em sexto lugar [...] Portanto, nenhuma leitura, ainda que efetuada pela mesma
pessoa, é passível de produzir os mesmos efeitos repetidamente. Isso quer dizer que os
autores não têm como impingir suas intenções/interpretações ao leitor. Inversamente, os
leitores não têm como discernir por completo tudo que os autores pretendiam. ” (p. 49)
Para finalizar, Jenkins coloca a definição de história para aquilo que os
historiadores fazem e acrescenta, também, a problemática das relações de poder.
“Acabo de argumentar que, no geral, a história é o que os historiadores fazem. [...] O
problema, entretanto, surge quando esse ofício se insere (pois precisa inserir-se) nas
relações de poder em qualquer formação social de que ele se origine. Ou seja, o problema
surge quando diferentes pessoas, grupos e classes perguntam: “O que a história significa
para mim ou para nós e de que modo se pode usar ou abusar dela? ”. É então no campo
dos usos e significados que a história fica tão problemática, “O que é a história? “ se torna
“Para quem é a história?”, como já expliquei. O essencial está aí. ” (p. 52)
Considerações Finais
O autor aponta de maneira clara questões de grande importância para a
composição do conhecimento histórico, como a pessoalidade, a subjetividade e a
ideologia. Apresenta, também, dentro da ideologia, o preconceito existente referente a
ideia dos dominados. Além de mostrar como é a atuação do historiador profissional. Ou
seja, acredito que Jenkins fez considerações importantes para a formação do historiador
de maneira clara e de fácil entendimento. Apesar de oferecer a resposta para a questão
central proposta, o historiador apresenta novos questionamentos que instigam a
curiosidade do leitor.