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De acordo com o texto do Rüsen, a sua teoria da história contribuiu para as pesquisas sobre

a História e o seu ensino, o que acabou sendo uma porta de entrada para as contribuições acerca da
Didática da História alemã, como vemos no texto de Salgado Guimarães, o qual adota alguns dos
pontos de sua teoria didática da história, como o de recuperar o enraizamento da história no
cotidiano e o de compatibilizar método e sentido, por meio da narração histórica. Ou seja, não se
pode falar em Teoria da História sem mencionar a Didática da História. Pois enquanto o primeiro
responde a pergunta de quais as possibilidades, condições e limites cognitivos da história produzida
pelos historiadores, abre espaço para a expansão do conceito do segundo, que estuda os
fundamentos da educação histórica.
Nesse sentido, ambos os autores concordam que é o trabalho do historiador narrar a história
com o objetivo de dar sentido ao passado de forma a orientar a vida prática no presente. Esse
construir sentido é narrar o passado dotando ele, através dos recursos da linguagem, de uma forma
interna e coerente de explicação para as intenções do agir humano no tempo. A conexão entre a
experiência humana do passado, extraída a partir da pesquisa, e as demandas por sentido requeridas
pela vida humana do presente, somente se dá através da historiografia.
O ensino de história então não se resume à ideia de transmissão, ou até mesmo de
transposição, mas deriva do desenvolvimento da competência narrativa. É pelo texto escrito, ou pela
organização das palavras no ato da fala, quiçá pela linguagem artística, que adquirimos consciência
histórica para mobilizar o passado a fim de interpretar o presente e projetar futuros possíveis.
Por isso Jörn Rüsen se esforça na tentativa de convencer os pesquisadores, os historiadores e
os professores da necessidade de focar seu trabalho na consciência histórica, para compreensão dos
processos cognitivos que ela motiva, e assim procederem o seu trabalho científico e didático a partir
dos problemas da vida prática. O que não se pode esquecer é que a consciência histórica é um
“fenômeno do mundo vital”, uma forma de consciência humana comum a todas as pessoas.
Inclusive ao historiador, que ao mobilizar suas fontes, utilizar-se de seu método, também carrega
em si um conjunto de informações do passado oriundas do cotidiano.

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