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Objectivos
Objectivo geral
Objectivos gerais
Pensamento Filosófico de jürgen Habermas
No ano de 1968, Habermas vai para Nova Iorque lecionar na New School for Social
Research, tradicional instituição novaiorquina que teve ilustres personalidades no seu quadro
docente, como a filósofa judia alemã Hannah Arendt, o economista inglês John Maynard
Keynes e o antropólogo belga Claude-Lévi Strauss.
Em 1971, ele se transferiu para o Instituto Max Planck, na Alemanha, instituição na qual foi
diretor. Em 1983, passou a lecionar na Universidade Johann Wolfgang von Goethe, em
Frankfurt. Nessa instituição ele se aposentou em 1994. Apesar de sua aposentadoria, o
intelectual não parou de pesquisar, escrever e promover palestras. Com mais de 90 anos de
idade, ele continua ativo.
Portanto, Porfírio (2023) considera Habermas como um dos mais importantes e produtivos
filósofos ainda vivos.
Principais obras
Evolução estrutural da vida pública (1962). Nesta obra ele analisa a legitimidade da
autoridade política, cujo fundamento deve ser a discussão racional e o consenso;
Dialética da secularização – sobre razão e religião: esse não é um livro intenso sobre
as teorias de Habermas, mas a sua importância está no seu largo alcance e na proposta
de dialogar com um intelectual religioso sobre um tema muito importante, a fé e a
razão. O livro foi escrito em parceria com o Papa Bento XVI. Para alem destas obras
que consideramos principais, Frose (2008), afirma também que existem outras, como:
As influências
Filosofia em Habermas
A filosofia não é guardiã da racionalidade, ela é a ponte para abrir a ciência, a moral e a arte,
que são redutos de especialistas, e reconduzi-las pela prática comunicativa quotidiana a
colaborarem entre si. Na conferência Ciências Sociais Reconstrutivas Versus Ciências
Sociais Compreensivas 1983 Habermas analisa a situação epistemológica das ciências sociais
e mostra que elas não precisam da rigidez do método experimental, e que a interpretação é
um factor indispensável, como mostra a Teoria Acção Comunicativa. O uso comunicativo
implica a compreensão do dito, objectiva-se algo para alguém, de modo compreensível, em
uma situação e em um contexto determinado. (Lima 2012).
Por volta de 1800, designava a expressão "novo tempo" (neue Zeit) ou "tempo moderno"
(moderne Zeit), segundo Habermas, o conceito de uma época: mais especificamente,
designava o período que se inicia por volta de 1500, marcado pelos grandes acontecimentos
históricos da descoberta do novo continente, do Renascimento e da Reforma (Habermas,
1985, p. 13)
Segundo Moraes (2017) esse “novo tempo” ou “tempo moderno” conserva uma relação
íntima com o racionalismo ocidental.
É justamente nos termos dessa ruptura com a tradição que o problema filosófico enuncia-se.
O presente atual é o ponto de referência da modernidade – que perde a significação de
período transitório, com duração de alguns séculos – e não cabe mais adquirir consciência de
si valendo-se de uma época superada, figurada em alegoria do passado.
Estando a modernidade liberta dos modelos herdados da tradição, o desígnio de ter que
superar as diluições abarcadas por ela mesma e reconhecer-se como própria é tido por Hegel
como a fonte da necessidade da filosofia. O despertar da modernidade para a consciência de
si mesma apresenta-se para Hegel, segundo Habermas, como problema filosófico e mesmo
como necessidade da filosofia. Onde o próprio Habermas Habermas comenta:
Este excurso pelo domínio da crítica estética tem como objetivo não apenas ilustrar o
primeiro surgimento para a moderna consciência histórica do problema de sua
autofundamentação e autocertificação, mas também, principalmente, adiantar um importante
limiar de significação, a que se deve referir, o problema de pertencer a filosofia de Nietzsche
ao discurso e à experiência filosófica da modernidade.
Por volta do final do século XVIII, aguça-se de tal modo o problema do desligamento da
modernidade em relação a toda sugestão normativa exterior a si, tomada de empréstimo ao
passado, a ponto de poder apresentar-se para Hegel, segundo Habermas, como problema
filosófico e mesmo como o problema fundamental de sua filosofia (Habermas, 1985, p. 26).
b) o direito de crítica: o princípio da subjetividade exige que aquilo que cada um deva
reconhecer como válido possa demonstrar-se para ele como legítimo;
d) a própria filosofia idealista: Hegel reconhece como obra do tempo moderno que a
filosofia, a partir da crítica do idealismo subjetivo, apreenda a idéia que se sabe a si mesma
(Habermas, 1985, p. 27).
É por essa acepção que Hegel interpreta a Reforma e a Revolução Francesa como
acontecimentos históricos-chave para a realização do princípio da liberdade subjetiva como
princípio da modernidade.
Contudo, pode-se dizer que a Subjetividade como princípio do novo tempo gravita na órbita
da constelação formada pelo trinômio Modernidade, Consciência Temporal (Zeitbewusstsein)
e Racionalidade (Habermas, 1985, p. 57).
Em 1981 Habermas publica a sua obra-prima: Teoria do agir comunicativo, onde elabora
uma teoria pragmática de linguagem que visa uma relação entre a linguagem e o sujeito que
a usa. Trata-se de uma pragmática universal (ou formal) que procura as condições universais
necessárias que estão a monte de toda possível comunicação linguística orientada ao
entendimento: uma Teoria da competência comunicativa (capacidade de usar sistemas
abstractos de regras que permitem a produção de discursos possíveis, compartilhados por
todos, ou seja: os pressupostos gerais do agir comunicativo).
Habermas faz um giro pragmático para fundamentar a Teoria do agir comunicativo: “nós
vivemos ainda na modernidade, mas uma modernidade tardia”. A razão ainda permanece
como princípio organizador; o que mudou é o princípio da razão instrumental, para uma
razão comunicativa.
Estas regras do agir comunicativo, ou seja, as regras comuns a todos os que querem
comunicar são quatro:
2. Verdade: o falante deve ter a pretensão de falara verdade, que possa ser partilhada
pelo ouvinte.
3. Veracidade (ou sinceridade): o falante deve conseguir a confiança do ouvinte
(coerência do falante com aquilo que ele fala).
Se faltar uma destas quatro regras, não é possível um “discurso racional” e consequentemente
não é possível nenhuma comunicação entre os interlocutores. Estas regras devem ser
antecipadas (antecipação ideal) enquanto prefiguração de um contexto de perfeita
racionalidade intersubjectiva.
Estas quatro regras do agir comunicativo não têm somente valência lógica,
mas também ética (por isso é chamada Ética do Discurso) e pressupõem 3
condições (éticas) para que haja um agir comunicativo: os interlocutores
devem ser sujeitos iguais, livres e capazes de raciocinar (Habermas. 2000. p.
26).
Dentro deste discurso comunicativo, Habermas distingue dois tipos de agir racional:
Estas duas formas do agir se condicionam reciprocamente e definem assim dois níveis
distintos e complementares de sociedade:
Este mundo da vida (que se articula em três componentes: cultura, sociedade, pessoa) é a
base para que haja um agir comunicativo. É necessário defender o mundo da vida das
“colonizações” tentadas pelo sistema, que provoca “distúrbios” no âmbito da reprodução
cultural (perca de sentido), na integração social (anomia) e da socialização (ruptura com a
tradição).
Habermas se distancia do pessimismo da Escola de Francoforte em relação a modernidade:
ele confia no poder emancipatório da razão comunicativa e na capacidade da modernidade de
autocorrigir-se.
A defesa da razão crítica operada por Habermas, coincide com a defesa da modernidade e do
seu projecto emancipatório. A modernidade não está no fim, mas está ainda em construção
(modernidade incompleta).
Na sua obra Discurso filosófico da modernidade (1985) Habermas desafia as teorias do pós-
modernismo, mediante uma “re-narração” crítica da modernidade: recupera os valores do
iluminismo como a emancipação do intelecto da autoridade e da tradição.
Habermas porém observa que a modernidade não conseguiu contrapor nada à capacidade
unificadora da religião (que o iluminismo aboliu): nem Hegel, nem Nietzsche conseguiram,
mas mesmo assim devemos salvar a modernidade e a razão, pena a recaída nas trevas.
Se Hegel faliu com a sua ideia de “Espírito Absoluto” e também Nietzsche com a sua
“vontade de potência”, Habermas propõe como solução (unificadora do saber e da
racionalidade) a Filosofia crítica da intersubjectividade racionalmente fundada (ou seja a
Ética do discurso de tipo universal-pragmático).
Segundo Freitag (1995), a Teoria da Modernidade de Habermas refere-se, pois, a uma série
de transformações ocorridas no passado mais recente das formações societárias, dando
destaque a quatro tipos de processos:
A crítica à pós-modernidade
Habermas acredita que o projecto da modernidade não acabou, como pensam os defensores
da pós-modernidade, entre eles Lyotard e Foucault. A filosofia se debruça para a análise da
sua própria época desde meados do século XVIII. Habermas não aborda o movimento
estético literário, chamado modernismo e sim o discurso filosófico da modernidade,
entendida como a época que toma consciência de si. Daí o título Discurso Filosófico da
Modernidade, publicado em 1981. Weber vê a modernidade como época de intensas
mudanças culturais e económicas; para a sociologia a modernização se caracteriza pelo
desenvolvimento das forças produtivas, centralização do poder político, participação nos
processos democráticos, urbanização, educação formal.
Para Habermas a história não acabou, a modernidade não está esgotada, mesmo porque não é
possível ver a história do exterior para detectar a morte de ambas. O pretenso pensamento
pós-moderno ainda está preso aos pressupostos da modernidade. O discurso de Hegel a
Foucault falhou em dar uma resposta satisfatória com relação à modernidade. Os conceitos de
desenvolvimento, crise, espírito de época, são típicos da modernidade; a experiência histórica
de auto fundamentação significa que a subjectividade se descentra, quer dizer, o sujeito se
constitui a partir de condições históricas Para Hegel, o factor marcante, Idem: (2006:46).
Conclusão
Entendemos que a teoria da ação comunicativa fornece, não só uma explicação para a
existência de conselhos com participação popular, que intervêm na fixação de diretrizes de
políticas públicas e de investimentos privados, mas mostra também que a consolidação destes
espaços públicos autônomos, onde atuam os diversos grupos da sociedade civil, é condição
básica para a solução de uma série de patologias que marcam as sociedades capitalistas
contemporâneas. À luz da análise habermasiana, a existência destes fóruns de discussão e
deliberação nasce, não de um ato de vontade de um grupo de indivíduos que lutam por justiça
e liberdade, mas como uma necessidade que encontra seus fundamentos nos próprios
processos de racionalização societária.
Bibliografia
Freitag. B. (1995) Habermas e a teoria da modernidade. Cad. CRH., Salvador, n.22. p.138-
163, jan/jun.