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TÓPICO 3: QUAL A FINALIDADE DA ESCOLA DE FRANKFURT?

A influência acadêmica do método “crítico” abordado pela escola de Frankfurt é ampla


em termos de instituições educacionais nas quais essa tradição é ensinada e em termos
dos problemas que ela aponta. Algumas de suas questões centrais envolvem, além da
crítica às modernidades e sociedades capitalistas, a definição de emancipação social e as
patologias sociais. A teoria crítica fornece uma interpretação específica da filosofia
marxista e reinterpreta algumas de suas noções econômicas e políticas centrais, como
mercantilização, reificação, fetichização e crítica da cultura de massa.

A afamada Escola de Frankfurt foi agrupada em gerações, Max Horkheimer (1895-


1973), Theodor Adorno (1903-1969), Herbert Marcuse (1898-1979), Walter Benjamin
(1892-1940), Friedrich Pollock (1894 -1970), Leo Lowenthal (1900-1993), Eric Fromm
(1900-1980) são algumas das figuras mais proeminentes da primeira geração de teóricos
críticos. Desde a década de 1970, a segunda geração foi liderada por Jürgen
Habermas, que muito contribuiu para fomentar o diálogo entre a chamada tradição
“continental” e “analítica”. Esta fase também foi substanciada pelos trabalhos de Ralf
Dahrendorf, Gerhard Brandt, Alfred Schmidt, Klaus Offe, Oskar Negt, Albrecht
Wellmer e Ludwig von Friedeburg, Lutz Wingert, Josef Früchtl, Lutz-Bachman. De
forma mais geral, é possível falar de uma “terceira geração”, simbolicamente
representada na Alemanha pela influente obra de Axel Honneth. O impacto filosófico da
escola tem sido mundial. No início da segunda década do século XXI, uma quarta
geração de estudiosos da teoria crítica emergiu e se uniu em torno de um de seus
representantes mais proativos: Rainer Forst.

A “primeira geração” de teóricos críticos estava amplamente ocupada com a


requalificação funcional e conceitual da dialética de Hegel. A partir de Habermas, deu-
se preferência à compreensão das condições de coordenação da ação por meio da
fundamentação das condições de validade dos atos de fala. A terceira geração, então,
seguindo as obras de Honneth, voltou-se para a filosofia de Hegel e, em particular, para
a noção hegeliana de “reconhecimento” como uma esfera cognitiva e pré-linguística
fundamentando a intersubjetividade.
Desde o início, a psicanálise na Escola de Frankfurt foi concebida em termos de uma
reinterpretação de Freud e Marx. Sua consideração na Escola deveu-se claramente a
Horkheimer, que incentivou seus pesquisadores a direcionar sua atenção para o assunto.
Foi Fromm, no entanto, quem melhor produziu um avanço na disciplina; seu objetivo
central era fornecer, por meio de uma síntese do marxismo e da psicanálise, o elo
perdido entre a superestrutura ideológica e a base socioeconômica. Houve uma mudança
radical na conjunção dos interesses da Escola e da psicanálise com a entrada simultânea
de Adorno e a saída de Fromm no final dos anos 1930, contudo, a Escola manteve a
psicanálise e, em particular, a teoria do instinto de Freud, como uma área de interesse, o
que se tornou crucial em estudos empíricos em 1940, que culminaram na obra de
Adorno, The Authoritarian Personality (1950), onde objetivava explorar, com base na
submissão de um questionário, um “novo tipo antropológico” – a personalidade
autoritária, com características específicas, como: obediência a valores convencionais,
pensamento acrítico e ausência de introspecção. Curiosamente, um dos principais temas
de estudo da Escola foi o nazismo. Isso levou a duas abordagens diferentes na Escola.
Um deles foi guiado por Neumann, Gurland e Kirchheimer e abordou principalmente
questões legais e políticas com base em subestruturas econômicas. A outra, guiada por
Horkheimer, enfocou o irracionalismo psicológico como fonte de obediência e
dominação.

A liderança de Horkheimer forneceu uma direção metodológica muito distinta e


fundamentação filosófica para os interesses de pesquisa do Instituto, criticando o
fetichismo da subjetividade e a falta de consideração pelas condições materialistas de
vida. Além disso, Horkheimer argumentou contra a filosofia cartesiana e kantiana, ele
tentou reunir todas as dicotomias – como aquelas entre consciência e ser, teoria e
prática, fato e valor – através do uso da mediação dialética. Diferentemente do
hegelismo ou do marxismo, porém, a dialética para Horkheimer não equivalia a um
princípio metafísico nem a uma práxis histórica; não foi concebido como um
instrumento metodológico. Ao contrário, a dialética de Horkheimer funcionou como o
campo de batalha para a superação de fixidez e oposições categóricas. Daí surgiu a
crítica de Horkheimer ao marxismo ortodoxo, que dicotomizou a oposição entre
estruturas produtivas e superestrutura ideológica, ou a separação ingênua do positivismo
dos fatos sociais de sua interpretação social.
Ademais, a Escola de Frankfurt objetivava, em síntese, estabelecer um parâmetro
inédito entre a sociedade com base no marxismo, expondo a ligação entre cultura e
sociedade de modo tão marcante a ponto de perdurar-se na contemporaneidade,
promovendo a reflexão sobre o sistema capitalista e seu modo de consumo exacerbado
no mundo hodierno, e além disso, disseminar o conhecimento dos demais males sociais
que afetam os indivíduos dentro de uma sociedade, buscando retirar a população da
ignorância para que os estragos dessas patologias não acarretem a destruição da própria
raça.

Referências
Sociologia com a Gabi – Industria Cultural e Cultura de Massa. Escola de Frankfurt e
Walter Benjamin
https://www.youtube.com/watch?v=3jLpR344d0A
Beduka - Escola De Frankfurt: O Que Você Precisa Para Se Dar Bem!
https://beduka.com/blog/materias/filosofia/escola-de-frankfurt/
UNIFAP - O pensamento crítico da Escola de Frankfurt para a educação
http://repositorio.unifap.br/handle/123456789/244?mode=full
UFRJ - A Escola de Frankfurt: Teoria Crítica e Indústria Cultural
https://pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/1181/1/VGWAmorim.pdf

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