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Sorocaba/SP
2023
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 3
A ESCOLA DE FRANKFURT 4
FILÓSOFOS E A TEORIA CRÍTICA 6
INDÚSTRIA CULTURAL E EDUCAÇÃO 7
CONSIDERAÇÕES FINAIS 10
REFERÊNCIAS 12
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INTRODUÇÃO
A ESCOLA DE FRANKFURT
A Escola de Frankfurt foi uma escola com, inicialmente, alguns ideais marxistas,
fundada em 1924, na Alemanha. De início foi fundada como um departamento da
universidade de Frankfurt, por alguns pensadores e idealizadores da época. Essa escola foi
fundada em um período chamado “período entre guerras”, pois, a Primeira Guerra Mundial
acaba em 1918 e a Segunda Guerra Mundial começa em 1939, a escola de Frankfurt acontece
neste período. E neste período também está acontecendo a transição da Alemanha de uma
monarquia para uma república, a fim de melhorarem as estruturas políticas e econômicas da
Alemanha. No período em que a escola de Frankfurt foi criada, o nazismo e fascismo, por
exemplo, já existiam, e em 1924 mesmo, Stalin se torna presidente da União Soviética.
A escola, ao mesmo tempo que era influenciada por conceitos marxistas, também
fazia críticas ao marxismo tradicional, pois acreditavam ser uma instituição ligada à
universidade e não a partidos políticos. Fazendo então críticas aos movimentos que
aconteciam na época, como o nazismo, o fascismo e ao governo socialista da União
Soviética.
Um dos conceitos estudados pela escola de Frankfurt foi a dialética do
esclarecimento, que eles diziam ser basicamente a necessidade dos seres humanos de
dominarem a natureza, conhecimento, técnicas, e esse domínio ser usado para seu próprio
bem. O esclarecimento é totalitário, ou seja, tudo deveria ser dominado, sem deixar espaços.
Pregavam também que os seres humanos que criam as sociedades, não é algo que venha da
natureza. Defendendo fortemente o domínio da razão.
Falavam também da Indústria cultural, cujo objetivo era atingir a cultura de massas,
ou seja, atingir inúmeras pessoas, para que essa cultura, esse lazer que as pessoas teriam,
virasse lucro. As principais críticas da escola de Frankfurt eram ligadas a governos
totalitários. Faziam também críticas ao capitalismo liberal, como o cinema hollywoodiano.
Marcuse afirma que:
políticas, podemos refletir sobre a relevância das ideias da Escola de Frankfurt para
movimentos sociais que tomariam muita força nos anos seguintes.
Embora a Escola de Frankfurt não tenha se concentrado exclusivamente no
feminismo, suas ideias sobre opressão, alienação, cultura de massa e transformação social
toleram para o desenvolvimento do pensamento feminista de maneiras diversas. As análises
da Escola de Frankfurt sobre a cultura de massa e a indústria cultural foram aplicadas à crítica
das imagens estereotipadas da mulher presentes nos meios de comunicação. Isso inspira a
reflexão sobre a importância de abordar a representação das mulheres de maneira crítica e
exigir imagens mais realistas e diferenciadas.
Além disso, a Escola de Frankfurt incentivou a desconstrução das normas sociais e
culturais, o que ressoou com os esforços do movimento LGBTQIA+ para questionar e
desafiar as normas de gênero e sexualidade, além de que as análises críticas das estruturas de
poder e da cultura de massa e da alienação têm sido relevantes para a compreensão das
experiências das pessoas LGBTQIA+ na sociedade.
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Um dos principais autores da teoria era Max Horkheimer (1895 – 1973), um jovem de
origem alemã que aos vinte e quatro anos decide ingressar na faculdade de filosofia e
psicologia, despertando assim, os ideais progressistas e demasiadamente críticos que
perdurou e amadureceu ao longo de sua vida.
Ao lado de Theodor W. Adorno (1903 – 1969) também filósofo alemão, funda em
1923 o Instituto de Pesquisas Sociais, popularmente conhecido como Escola de Frankfurt,
cujo objetivo era estudar, analisar e criticar o sistema capitalista global, tendo uma forte
influência dos pesquisadores Karl Marx e Frederich Engels, entretanto, apresentam também
contrapontos às ideologias desses autores.
Como o contexto social vigente da época era de autoritarismo, por tratar-se do que
hoje conhecemos como “nazismo”, Horkheimer foi exilado e mudou-se para os Estados
Unidos da América, onde pôde acompanhar diretamente o sistema liberal esmagador que foi
fundamental para corroborar com suas críticas e reflexões posteriormente elaboradas sobre a
indústria cultural e seus efeitos.
Por outro lado, Theodor Adorno após lecionar na escola de Frankfurt ao longo de dois
anos, conclui que é inevitável não sair de seu país de origem pelas questões impostas pelo
governo autoritário. Então, em 1937 muda-se para os Estados Unidos, onde também
consegue analisar com mais criticidade a maneira como a estrutura social foi moldada para
agir e atuar em prol do capitalismo. O filósofo cria o termo “Indústria Cultural” e em 1950
regressa para a Alemanha. Torna-se, em 1953, diretor juntamente com Max Horkheimer do
Instituto de Pesquisas Sociais.
Ambos os autores constroem juntos as reflexões acerca da temática e dissertam sobre
como a indústria cultural promove uma alienação às massas, até mesmo (e/ou
principalmente) no momento de lazer do proletariado, resultando em uma sociedade incapaz
de conceber questionamentos e de estimular senso crítico.
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Como esmiuçado anteriormente, a indústria cultural age como ópio do povo, uma
versão moderna e bem estruturada de pão e circo, visto que “A indústria da cultura nos
oferece sempre entretenimento para que a gente preenche nosso tempo vago, descanse a
nossa cabeça e não pense sobre a realidade (Hunty, 2019, 6min53seg). Anestesiar e
desinformar são dois dos objetos principais da cultura de massa, pois dociliza os corpos,
sujeitando-os a interesses da classe dominante e dizimando qualquer resistência inoportuna.
Divertir-se significa que não devemos pensar, que devemos esquecer a dor, mesmo
onde ela se mostra. Na sua base do divertimento planta-se a impotência. É, de fato,
fuga, mas não, como pretende, fuga da realidade perversa, mas sim do último grão
de resistência que a realidade ainda pode haver deixado (Adorno; Horkheimer,
2002, p.184).
Verídico que Platão era inimigo feroz da democracia, mas suas ideias desprendem-se e
transmutam-se para discursos que defendem o bem-estar coletivo e a liberdade de ser.
Assim, selecionar o tema da indústria cultural, como tantos outros que regem nossa
sociedade, abre espaço para esperançar, nas palavras de Paulo Freire (1992, p.110-111)
É Preciso ter esperança, mas esperança do verbo esperançar; porque tem gente que
tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é
espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir,
esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se ao outro
para fazer de outro modo.
Acreditamos no poder das palavras e das ações, logo, insistentemente não desistimos
de prover meios para a luta. Na educação oferecemos transgressões para cultura enferma que
nos foi posta e esperançamos um novo dia
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É evidente, a partir deste trabalho, que o rigor acadêmico empregado pela Escola de
Frankfurt no estudo e na propagação do marxismo por um prisma cultural representou uma
virada paradigmática. Antes das reflexões inovadoras de Adorno e Max Horkheimer, a
discussão comunista se concentrou predominantemente em questões sindicais, econômicas e
partidárias. Desta forma, nossa investigação revelou que a cultura — e, mais especificamente,
a indústria cultural — ganha destaque enquanto vetor fundamental na disseminação de ideias,
modismos e correntes de pensamento. Este fenômeno molda as sociedades modernas de
maneiras intensivas, diversificadas e complexas.
É crucial salientar, neste trabalho que se propõe como sugestão de aula, que o
propósito do debate desse tópico ultrapassa a mera imposição de julgamentos ou a tentativa
de dissuadir os alunos do consumo de produtos das grandes corporações midiáticas.
Reconhecemos que somos todos intrinsecamente moldados por esta indústria cultural e é
quase inescapável se esquivar dos sofismas do capitalismo. No entanto, o objetivo central é
disseminar uma compreensão ampla e consciente da ideologia de consumo prevalente em
nosso sistema capitalista. Esta, por vezes, pode coibir nossa capacidade reflexiva, limitando
nossas perspectivas e embasamentos críticos.
É fundamental destacar o papel primordial que os professores desempenham ao
elaborar aulas impregnadas com elementos de análise crítica e reflexão. Esta estratégia
pedagógica é crucial na resistência à homogeneização cultural e na preservação da
diversidade. Com o avanço incontestável da tecnologia digital, a cultura de massas persiste
em sua evolução, instigando uma harmonização entre o entretenimento de fácil acesso e a
preservação dos costumes tradicionais. Nesse cenário, abstendo-se desses eventos torna-se
um feito arduamente conquistado. Analogamente, a instrução possui uma dualidade
característica: ao passo que pode favorecer a alienação, tem o poder de desempenhar um
papel essencial na libertação da consciência de numerosos estudantes.
Por fim, observamos que a cultura de massas está cada vez mais capitalizando a
cultura popular, distorcendo-a em múltiplos aspectos. Em face deste cenário, torna-se crucial
valorizar ainda mais intensamente os exímios artistas e ricas culturas populares e tradicionais.
O poder hodierno não deveria permanecer exclusivamente na esfera das grandes corporações
midiáticas. Portanto, urge mobilizar esforços para fomentar iniciativas que advoguem a favor
do precioso patrimônio das tradições culturais. Este almejado cenário pode ser viabilizado
através do consumo inteligente desses específicos produtos culturais, da valorização dos
pequenos produtores e da incitação à participação ativa no âmbito comunitário local.
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Somente por meio dessas estratégias poderemos almejar um panorama cultural equilibrado e
justo para a cultura popular: uma frente de resistência contra sua descaracterização e uma
garantia de sua contínua diversidade e autenticidade.
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REFERÊNCIAS
ADORNO e a indústria cultural. [s.i; s.n]. Publicado pelo canal Tempero Drag. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=F98LqQt0Rd8&list=LL&index=5&ab_channel=TemperoDrag
COMENDO da lata do lixo da ideologia [s.i; s.n]. Publicado pelo canal Tempero Drag. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=AmjGn1kw97Y&list=LL&index=6&ab_channel=TemperoDrag
A INDÚSTRIA cultural e o mito de que o passado era melhor [s.i; s.n]. Publicado pelo canal Chavoso da USP.
Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=XIZXJ-KyaL0&list=LL&index=8&ab_channel=ChavosodaUSP
https://youtu.be/2cRmI_bYEyc
DIAS, Júlio César Soares; PEREIRA JUNIOR, Lucimar da Silva. Indústria cultural e seu impacto na educação.
Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 22, nº 5, 8 de fevereiro de 2022. Disponível em:
https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/22/5/industria-cultural-e-seu-impacto-na-educacao.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1985.
HORKHEIMER, Max; ADORNO, Theodor. A indústria cultural: o iluminismo como mistificação de massas, p.
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207-213 . In: Anais do XI Seminário de Pesquisa em Ciências Humanas , n.4 v.2. São Paulo: Blucher, 2016.
Disponível em:
https://www.proceedings.blucher.com.br/article-details/os-impactos-da-indstria-cultural-e-consumo-na-infncia-r
eflexes-sobre-o-brincar-tecnolgico-23566