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ROTAS DE APRENDIZAGEM

Pensamento Crítico e AULA

Filosofia
01

Escola de Frankfurt I

Onde Chegar
• Constatar o contexto sócio-político da Alemanha no surgimento e
desenvolvimento da Escola de Frankfurt
• Conhecer os principais filósofos da primeira geração do pensamento crítico da
Escola de Frankfurt
• Identificar as bases da Teoria Crítica

O que Aprender
• Contexto Histórico da Escola de Frankfurt
• Surgimento da Escola de Frankfurt
• A mudança da orientação de pesquisa da Escola de Frankfurt

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ROTAS DE APRENDIZAGEM

Desenvolvimento
Queridos(as)alunos(as) iniciamos a disciplina Pensamento Crítico e Filosofia, onde
iremos investigar por meio de uma recuperação histórica da Escola de Frankfurt e seus
principais pensadores, a Teoria Crítica sobre a sociedade e como esta permitiu a
formação do pensamento crítico nos indivíduos. Durante nossas 12 aulas, faremos este
percurso histórico filosófico, tentando despertar a criticidade acerca do tema. Nesta
primeira aula, apresentarei a história do primeiro momento da Escola de Frankfurt, o
contexto histórico de seu surgimento e o pensamento desenvolvido na mesma.

A Escola de Frankfurt é um termo criado pelo teórico Horkheimer em 1950, que designa
uma teoria social e ao mesmo tempo um grupo de intelectuaisde base marxista, não
ortodoxos. Esta escola de pensamento propôs uma análise crítica sobre o capitalismo
contemporâneo e sua influência nas transformações sociais, realizando uma pesquisa
social, tendo como base métodos empíricos e teóricos interdisciplinares.

CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIAL

Com o advento da República de Weimar (1919-1933), após o fim da Primeira Guerra


Mundial, a Alemanha passava por conflitos sociais oriundos de uma forte crise
socioeconômica. O operariado alemão se mostrou mobilizado, formando conselhos e
grupos armados, realizando greves e enfrentando o poder Estatal estabelecido. Em
1918, uma insurreição de operários levou à proclamação da República, mais tarde, em
1923, outra insurreição de operários marcava o desencanto com o Partido Socialista
Alemão. Um importante grupo operário foi a “Liga Espartaquista” (Spartakusbund) de
cunho revolucionário e de esquerda, que denunciou o tom imperialista da guerra, o
autoritarismo leninista e a mudança do Partido Social-Democrata (adotou um tom
nacionalista e os interesses da burguesia), ou seja, era um grupo operário, que lutava
contra as práticas autoritárias de seu tempo.

FUNDAÇÃO DO INSTITUTO DE PESQUISA SOCIAL

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A Escola de Frankfurt foi fundada em 1923, como Instituto de Pesquisa Social


(InstitutefuerSozialforschung), tendo como objetivo refletir sobre a sociedade e a
história, a partir das ciências filosóficas, sociológicas e políticas. Esta análise crítica da
sociedade buscava postular a existência de uma crise social após as concepções
hegelianas e de seus simpatizantes, como Marx, Weber e Freud.

A ideia de um Instituto surge após a realização da Primeira Semana de Estudos


Marxistas, onde intelectuais como Karl Korsch, Friedrich Pollock e Karl August Wittfogel
estavam presentes. Estes intelectuais coordenados por Félix J. Weil, conceberam a ideia
de um grupo permanente que investigasse e teorizasse os movimentos operários
Europeus. Confessadamente socialistas, os intelectuais do Instituto tentavam entender
como o capitalismo resistia no século XX, apesar de carregar em seu interior um
antagonismo de destruição e superação e o porquêde não ter havido uma revolução
proletária marxista.

O Instituto de Pesquisa Social apesar de ter autonomia administrativa, acadêmica e


financeira foi criado a partir da doação do pai de Weil, por meio de um acordo entre o
Ministério da Educação e a Sociedade de Investigação Social. Tanto que o decreto de
criação do Instituto ocorreu por meio do Ministério da Educação em 3 de fevereiro de
1923. Além disso, havia um acordo entre o Instituto e a Universidade de Frankfurt com
o objetivo de fomentar a reflexão da vida social em sua totalidade, tendo como base de
estudo o materialismo histórico-dialético.

Os estatutos do Instituto exigiam que o diretor fosse um docente da Universidade de


Frankfurt, devido ao elo entre as instituições. Assim o primeiro diretor efetivo do
Instituto foi o catedrático em Economia e Ciências Sociais, Carl Grünberg. O docente
inseriu na política institucional as características de seu pensamento e posicionamento,
marcadamente marxista e contrário à ordem socioeconômica vigente. Seu método não
buscava a imposição do pensamento marxista, mas tentava dar valor aos pesquisadores
marxistas, possibilitando espaço para o debate e reflexão, sendo o marxismo um
pensamento marginalizado nas Instituições de Ensino Superior Alemãs.

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Neste período o Instituto produziu além de obras científicas, uma importante revista
denominada “Arquivo para a História do Socialismo e do Movimento Operário” voltada
para apresentar as transformações históricas e estruturais do capitalismo, baseada no
principio marxista da relação entre o capital e o trabalho, além de documentar a
história dos movimentos operários e socialistas. Segundo Grünberg, sua opção marxista
era estritamente científica e não partidária. Seu interesse empírico influenciou as
produções acadêmicas do Instituto, apesar dos intelectuais simpatizarem mais com o
pensamento de Weil, em que trabalhava a vida social em sua totalidade, tendo como
base a estrutura econômica e a superestrutura institucional e ideacional
(Superestrutura é um termo marxista para se referir à consciência de classe e a forma
do Estado, que existem a partir de uma infraestrutura, que indica a relação de classe
mediante o sistema econômico social vigente).

Em 1927, Grünberg deixa de realizar as atividades e contribuições ao Instituto, e em


1930, Max Horkheimer, Catedrático de Filosofia Social, assume como diretor do
Instituto, alterando substancialmente a orientação das pesquisas do Instituto.
Horkheimer visava uma análise crítica da superestrutura dentro do capitalismo
moderno, o que possibilitou ao Instituto a identidade de um centro de pesquisas
científicas, tornando-se uma escola cada vez mais autônoma. Neste período uniu-se ao
instituto nomes de intelectuais como Fromm, Gumperz, Adorno e Marcuse.
Influenciado pelo novo diretor, o Instituto ganha um caráter de Filosofia Social, por
meio de análises filosóficas do destino dos seres humanos inseridos em comunidades.
Estas formam grupos específicos situados em um determinado tempo e local, que são
regidos por uma estrutura e papéis econômicos, frutos de uma formação material e
psíquica de seus membros. Em outras palavras, Horkheimer propõe que a consciência e
as relações dos membros de um mesmo grupo social estão intimamente ligadas à
estrutura econômica vigente e os papéis desempenhados pelo grupo na mesma.

Esta alteração de análise do Instituto são evidenciadas nas produções científicas, como
a nova revista denominada “Revista de Pesquisa Social” e a obra coordenada por
Horkheimer e Erich Fromm, intitulada “Estudos sobre autoridade e família”, um dos
trabalhos mais significativos do Instituto, que propõe uma integração dos pensamentos

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de Freud e Marx, tendo como pano de fundo a formação da personalidade da classe


operária europeia, que sofria alienação, dominação e exploração, perdendo a
consciência de sua missão histórica.

A primeira fase do Instituto será marcada pelos intelectuais críticos da primeira


geração, mas o destaque será para Horkheimer.O seu viés político e teórico e a
transformação da orientação do Instituto, de uma análise de documentações, sobre a
classe operária e as crises capitalistas, para uma investigação crítica, sobre as
motivações da classe operária em não ter revolucionado a ordem estabelecida, mesmo
sendo seu destino histórico, garantiu a Horkheimer a ênfase dentre os demais
intelectuais e trabalhos produzidos pela Escola de Frankfurt. O fim da primeira fase se
dá com o crescente movimento nazista alemão e o antissemitismo, o que fez com que
os intelectuais judeus da escola de Frankfurt, emigrassem para outros países, criando
filiais da Instituição em Paris, Genebra, Londres e Estados Unidos.

Vá mais Longe
Capítulo Norteador:Seções 1.1 e 1.2 do Capítulo 1: Escola de Frankfurt (Páginas 24 a
39). RAMOS, Viviane Rodrigues; ALMEIDA DarifSaldanhas de. Teoria crítica e Escola de
Frankfurt: uma análise interdisciplinar da sociedade. Curitiba: Editora Intersaberes,
2019. Biblioteca virtual: https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/177815

Assista:Vídeo – Youtube: Teoria Crítica | Escola de Frankfurt e a Indústria Cultural.


Canal Ingrid Fukuda. https://www.youtube.com/watch?v=QxRlWkt8ato&t=139s

Agora é sua Vez!


Interação

No Fórum da Disciplina,vejam as obras de arte “Latas de sopa Campbell”e “Marilyns”


do artista Andy Warhol, analisando as características das obras, sua composição, a
semelhança entre ambas e a mensagem que desejam transmitir. Relacione as obras ao
processo de Indústria cultural e Teoria Crítica.

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Questão para simulado

1 –Qual Diretor do Instituto de Pesquisa Social altera substancialmente a orientação de


pesquisa do mesmo, saindo de uma análise documental, para uma investigação crítica?

a) Félix J. Weil

b) Hegel

c) Friedrich Pollock

d) Grünberg

e) Max Horkheimer

Resposta: Letra E

Comentário:Ao assumir como diretor do Instituto, Max Horkheimer, traz para as


pesquisas a análise crítica das superestruturas dentro do capitalismo.

Organize-se: Estabeleça alguns horários durante a semana para pesquisar sobre a


teoria de algum dos filósofos da “Escola de Frankfurt”, de forma a enriquecer a
compreensão do filósofo com a Teoria Crítica.

REFERÊNCIAS
BENJAMIN, Walter. Linguagem, tradução, literatura Filosofia, teoria e crítica. Editora
Autêntica .2018.

FIORAVANTI, Raphael HardyAntropologia da política. Editora Intersaberes. 2019.

GHIRALDELLI JR, Paulo. A Aventura da Filosofia: de Heidegger aDanto. Porto Alegre:


Editora Manole, 2011

RAMOS, Viviane Rodrigues; ALMEIDA DarifSaldanhas de. Teoria crítica e Escola de


Frankfurt: uma análise interdisciplinar da sociedade. Curitiba: Editora Intersaberes,
2019.

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