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c 1 DDARDARAFREITAG tanto do Instituto quanto de sua revista — a Zeitschrift fuer Sozialforschung —, 6rgio de divalgacio dos tra- ‘balhos do grupo. 'Na segunda parte, mais preocupada em discutir 0s contedidos tebricos da obra de Horkheimer, Adorno, Mareuse, Benjamin, Habermas e outros, serio ressal- tados os ‘rés eixos tematicos que desde 0 inicio dos trabalhos do Instituto estiveram presentes e que até ho- jenlio parecem ter sido esgotados: 4 dialética da razio iluminista e a critica da i€neias — a dupla face da cultura ca discussto da indis- tria cultural; — a questio do Estado ¢ suas formas de legiti- magiio. ‘Aterceira parte procura situar 2 teoria critica 10 debate tebrico contempordneo. Neste tépico serio fo- calizadas as formas de apropriagio, rejeigto e critica ‘que a eoria da Escola de Frankfurt esté tendo hoje na Europa, nos Estados Unidos ¢ no Brasil. ‘Nas conelusbes que se seguem, seré feita — de forma tentativa e proviséria— uma avaliagio da atua- lidade importéncia do pensamento critico dos frank- furtianos para a reflexio tedrica mais recente no cam- po das cigncias humanas. Este trabalho, além de constituir uma possivel’ orientagdo para estudiosos e interessados nesta escola do pensamento alemdo, representa, de certa forma, ‘uma auto-reflexio da autora que em 1962 iniciou seus cestudos de sociologia em Frankfurt com dois profes- sores que até entdo desconhecia: Max Horkheimer e ‘Theoéor W. Adorno. € TER 2 O histérico ort So az cemun ges ae ge kangen SEUSS Stenson nts ope. eptember tae berms, Pvp Pref) Introdugio ‘Como Slater (1976), um dos divulgadores da teo- ria erica nos Estados Unidos ¢ no Brasil, éestacou muito bem, 0 nome “Escola de Frankfurt® refere-se Tmultaneamente a um grupo de intolectuais ¢ a uma teotia social Em verdade, esse termo surgiu posterior- mente aos trabalhos mais significativas de Horkhe! ner, Adorno, Mareuse, Benjamin e Habermes, suge- Tindo unma unidade geogrdfica que j& entio, ro perio- odo pés-guerra, nio cxistia mais, referindo-se inclu- ‘Svea Uma produgdo desenvotvida, em sua maior par- te, fora de Frankfurt, Cc . BAROARAFREITAG i: Com 0 terme “Escola de Fr Py sei ete Haat prove spe de ‘intelectuais marxistas, no ortodoxos, quena sada dos anos 20 permaneceram A.margem de um AA cringo do Institut fuer A gine do Instat ee Sottorechung AA partir de uma semana de estudos marxi (Marxists Arbeltwoche) em 1922 na Tuslasi ea {qual partciparam, além de seu idealizadore organi- adr, Felix Well os marxistas Karl Korsch, Ceorg Lukles, Friedrich Pollock, Kati August Witogel ¢ uot, turgid de insituionalizar um grupo de 1 para a documentacio e teorizagdo des movi ‘entos opertrios na Europa, Procurouse, desde oink i. asegurar vlna do insu ser eid com idade. Para ida a Univers none foi escolhida a Universi- __O Institut fuer Sozialforschung (Insti uta Soi fl ofiimente ado gn defor de 1923, O Institut, com prédio prépro desde 1924, icou vinculado a Universidade de Frankfurt, mas pre. Shenae Fehr, as Gando-eexcusivamant pesquisa erefledo, Apesar os tempos turbulenios que se seguiram, boa parte des ntelectuaisfilladas ao Instituto, bem como o propio réaio, sobreviveram aos bombardeese& persegulgfo hazist, Seus primers colaboradoes fram Upicos athedersozialisten (socialists de cétedra), raros nis ma época em que a maior parte dos marxistas rejeitava Cc [ATEORIACRITICA:ONTEMEOJE 0 © trabalho académico, envolvendo-se em militfincias partidirias. ‘0 primeito diretor do Instituto foi Carl Gruen- berg, historiador e marxélogo de Viena, que de fato s6 permaneceu no cargo, de forma ativa, até 1927, e sim- bolicamente até 1930, momento em que foi substituido por Max Horkheimer, jovem filésofo formado em Frankfurt, que ascumiu a cftedra de filnsafia social. ‘Sob a gestio de Gruenberg o Instituto editou uma revista (Archiv fuer die Geschichte des Sozialismus lund der Arbeiterbewegung) que, como indica o titulo, tra voltada para a histéria do socialismo e do movi- mento operdrio e tinha uma orientagio elaramente documentéria, procurando descrever, dentro da tradi- (glo marxista, as mudangas estruturais na organizaclo Go sistema capitalista, na relacio capital-trabalho € nas lutas e movimentos operdrios. ‘Com anomeago de Max Horkheimer para a dire ‘glo do Instituto em 1930 essa orientagiio mudou subs- fancialmente, O Instituto passou a assumir as feicdes de.um verdadeiro centro de pesquisa, preocupado com ‘uma anilise eritiea dos problemas do capitalismo mo- derno que privilegiava claramente a superestrutura. Essa mudanga também se expressa na eriagio de uma nova revista que substituiria 0 Archiv (o arquivo a historia do socialismo ¢ do movimento operitic), fa Zeitschrift fuer Sozialforschung (Revista de Pesqui- sa Social), novo veiculo da producdo ¢ divulgacio dos pesquisadores e criticos filiados ao Instituto. Sew pri- ciro nimero foi langado em 1932 e seu dltimo em 4941, completando nove anos de editoragao. Ao lado de sua funedo de diretor do Instituto, Horkheimer as- sumia também a fungio de editor da revista, assegu rando sua publicagio durante todo 0 periodo de exis- {€ncia do Instituto.em Frankfurt e na emigragio. ce | ‘Como professor universitério, Horkheimer satis- fazia ls exigtacas da carrera acaddmicae asceguraya 6 vinculo com a Universidade de Frankfurt; coro in- telectual marxista, despreocupado com a burocracia, € a legitimagdio académica, investia toda sua energia 1 efleo cobs a epelldae do capitalism me- demo nas condigbes histéricas da Europa o em espe- Gial da Alemanha do pés-guerra. Havia sido indicado para dittor do Instituto por seu amigo e compankeiro de estudos Friedrich Pollock que, por sua vez, manti- nha coniato com Felix Wei, o financiador e fandador do Instituto. Felix Weil era filho de um produtor de lay lent, emigrado para Argetina no fnl do io XIk¢ gue com sas expats de rt pars 4 Europa financiava nio somente os estudos do filho como ainda o proprio Instituto. Foi esse financiamento fenereso que permits ao grupo de inelectuas sobre: iver nos tempor turbulent que se seguiram, dando ao Instituto uma autonomia e independéncia que pou- es cetios de estudostinham na époce. | srotesco dessa situagdo chegow a incentivar a imaginacdo de Bertholt Brecht para uma possivel pega a tate. Depos de um Jantar com Ble na case de Horkhe imer, faz as seguintes anotagdes em seu difrio: “Um velbo rico (especulador de trigo) morre, angus- sao con a misria do nd. Ele dos, em su fs mento, uma quanta respeilivel sue forfoan para afundaglo de um instituto que deve investigar as fon- ies dens mina qs nent, cbvitet, em . uma possivel versio do Ro ree JMu(C, Dano de Brecher, ladoem If; Gumniore a Max Horkheimer, Rororo, Reinbeck, 1973, Frits &snvergaurytectal de Max Hor heimer e A sua excelente formacio filoséfica (havia Cc ‘ATEORIACRITICA-ONTEM claborado suas teses de doutorado e de livre-docéncia, sobre Kant e Hegel, sob a orientagio de Hans Corne- fius em Frankfurt), conseguiu aglutinar em torno do Instituto intelectuais como Pollock, Wittfogel, Fromm, Gumperz, Adorno, Marcuse e outros que passaram ‘contribuir regularmente com artigos, ensaios ¢ rese- tnhas para a Revista. Muitos dos ensaistas, como foi o ‘caso de Benjamin, Marcuse e Adorno, somente se fiaram ao Instituto na fase de sua emigragio para os Estados Unidos. ‘Preocupado com o anti-semitismo erescente 8 ‘Alemanha e 0 progresso implacivel do movimento na- ‘sta encabecado por Hitler, Horkheimer teve a previ Tho de criar; a partir de 1931, filiais do Instituto em Genebra, Londres e Paris, transferindo a redagio da (Revista de Leipzig para Paris, onde permaneceria até a invasio alema, depois que seus principais redatores ja haviam emigrado h& muito para os Estados Unidos. "Em 1933 0 governo nazista decreta o fechamento do Instituto em Frankfurt por suas “atividades hostis ‘to Estado", confiscando seu prédio juntamente com os 60000 volumes de livros que entio constituiam o ‘acervo de sua biblioteca. "A produgao intelectual dos pensadores de Frank- furt nessa primeira fase nio se restringiu aos ensaios publicados nos nimeros iniciais da revista. Um dos Prahathos mais significativos desse periodo foi Studien si Autoritaet und Familie (Estudos sobre Autoridade 2 Familia, Paris, 1936), realizado sob a coordenacio fgeral de Horkheimer ¢ Fromm em varios paises euro- ous. Trata-se de um estudo empiricamente orientado Gue procurou obter informagGes sobre a estrutura de personalidade da classe operitia evropéia. Segundo os {ebricos de Frankfurt, essa classe teria perdido a cons- jencia de sua missio histériea, submetendo-se a for-

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