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Instituto de Educação El Shaday

Cauã Atem Saraiva 8º ano

Teoria Crítica e a Escola de Frankfurt

Manaus-Amazonas

2022
Instituto de Educação El Shaday

Cauã Atem Saraiva 8º ano

Teoria Crítica e a Escola de Frankfurt

Trabalho solicitado para obtenção de nota


parcial do terceiro bimestre da disciplina
de Filosofia sob a orientação do professor
Daniel.

Manaus-Amazonas

2022
Introdução

A Escola de Frankfurt é o nome dado à escola de análise e pensamento de filosofia e


sociologia fundada em 1924. Era filiada ao Instituto de Pesquisa Social e nasceu como um
projeto de intelectuais marxistas vinculados à Universidade de Frankfurt. Foi responsável pela
criação da Teoria Crítica.

Devido ao grande impacto e importância desta escola para a filosofia e sociologia, além
da contribuição que seus principais pensadores tiveram, o objetivo do presente trabalho é
abordar melhor sobre esta corrente de pensamento.
TEORIA CRÍTICA E A ESCOLA DE FRANKFURT

1. A Escola de Frankfurt:

Fundada em 1924, a Escola de Frankfurt foi uma escola de análise e pensamento, com
valores filosóficos e sociológicos que buscavam uma nova análise social. Filiada ao Instituto
de Pesquisa Social, nasceu como um projeto de intelectuais marxistas vinculados à
Universidade de Frankfurt.

Esta escola de teoria social interdisciplinar além de tudo também foi um movimento
filosófico social e político. Nela, pode-se ver uma das mais famosas tradições do marxismo.
Uma das principais finalidades do instituto foi estudar a dinâmica das mudanças sociais, sendo
a responsável pela criação do pensamento filosófico conhecido como a teoria crítica.

1.1 Contexto Histórico:

Em um contexto geral, a ascensão da União Soviética como potência socialista começou


no século XX, logo após a eclosão da Revolução Russa e posteriormente à Primeira Guerra
Mundial. O marxismo era fortemente debatido na Europa e alguns intelectuais defendiam a
aplicação de um marxismo puro nos governos. Por outro lado, havia os que defendiam ideias
marxistas propostas por reformas de base, mas sem extinguir o capitalismo. E havia, ainda,
quem fosse totalmente contrário ao socialismo, comunismo ou qualquer ideia de inspiração
marxista.

Em meio às divergências de pensamento, também existiam aqueles que defendiam uma


nova interpretação das ideias de Marx, mais adaptadas à realidade do século XX. Estes últimos
contemplam os intelectuais da Escola de Frankfurt, que, com base em uma Teoria Crítica da
sociedade, reuniram elementos marxistas com uma crítica a diversos aspectos do cotidiano
social europeu do século XX, mais tarde criticando sobretudo o nazifascismo da Alemanha de
Hitler e o fascismo da Itália de Mussolini.

Nesse sentido, o que impulsionou a criação da Escola de Frankfurt foi a Primeira


Semana de Trabalho Marxista (1922), organizada por Felix Weilrealizou um congresso
acadêmico de sucesso que reuniu os principais pensadores marxistas da época. Esse evento
tinha como objetivo a busca de uma nova interpretação do marxismo, que pudesse ser aplicada
no século XX.
Uma das primeiras resoluções do evento seria a criação do Instituto de Pesquisa Social,
realizado em 1923, que obteve o patrocínio de Herman Weil, pai de Félix Weil e um milionário
alemão que ganhou muito dinheiro com o plantio de cereais na Argentina.

Contudo, a fundação do "Instituto para Pesquisa Social" (Institut für Sozialforschung)


se daria somente em 22 de junho de 1924. Era um anexo da Universidade de Frankfurt que
estava sob a direção de Carl Grünberg. Ele dirigiu a instituição até 1930, ano em que assume
Max Horkheimer.

Mais tarde, com a ascensão do nazismo, o instituto é transferido para Genebra e Paris.
Em 1935, foi transferido para Nova Iorque, Estados Unidos. Mais tarde, com a ascensão do
nazismo, o instituto é transferido para Genebra e Paris. Em 1935, foi transferido para Nova
Iorque, Estados Unidos. Ali, será acolhido pela Universidade de Colúmbia, até 1953, quando o
Instituto para Pesquisa Social retorna à Frankfurt definitivamente.

Após passar por várias gestões, o instituto vinculado à Universidade de Frankfurt


ganhou o nome de Escola de Frankfurt, já na década de 1950.

A Escola de Frankfurt representou o que se considera como uma quinta etapa da


filosofia alemã. Reuniu, entretanto, intelectuais que propagavam as ideias marxistas e que
desenvolveram a teoria crítica.

1.2 Principais Características:

Apesar da gama de diferentes pensadores e diferentes gerações formada pela Escola de


Frankfurt, o que une a produção intelectual de todos é a teoria crítica. Todos eles se dedicaram
a construir teorias críticas contra o capitalismo e a atualizar as leituras sobre o marxismo,
criando novas alternativas ao socialismo marxista que se encaixassem no século XX.

Em geral, os filósofos da Escola de Frankfurt defenderam que as teorias iluminista e


positivista não se sustentaram, tendo-se em vista os fenômenos ocorridos no século XX. Em
primeiro lugar, os pensadores vivenciaram a primeira grande guerra. Em seguida, eles, que eram
judeus, vivenciaram a perseguição nazista contra seu povo. Entre eles, o filósofo e crítico
literário Walter Benjamin morreu sob domínio dos nazistas, e os filósofos Theodor Adorno,
Herbert Marcuse e Max Horkheimer tiveram que se refugiar nos Estados Unidos para escapar
da perseguição.
Na reflexão empreendida pelos teóricos da Escola de Frankfurt após a Segunda Guerra
Mundial, a barbárie da perseguição nazista e da criação da câmara de gás (uma invenção feita
para matar de maneira mais eficaz, com menos gasto) era a maior comprovação de que não
havia um progresso, mas sim um regresso social.

Além disso, o aspecto cultural foi um dos mais debatidos pelos pensadores da
instituição. Seria necessário, segundo uma visão geral da teoria crítica, olhar para a cultura a
fim de perceber que as bases da sociedade capitalista somente eram tão sólidas por conta da
disseminação de uma cultura que favorecia o capitalismo. Nesse sentido, todos os autores da
Escola de Frankfurt partiram da leitura marxista, mas atualizaram-na, criando interpretações
condizentes com a realidade vivida pelo século XX, que era diferente da enfrentada pelas
pessoas no século XIX.

Os assuntos mais recentes e que têm dominado os estudos da Escola de Frankfurt são:
as novas configurações da razão libertadora; a emancipação do ser humano pela arte e o prazer;
a ciência e a técnica enquanto ideologia.

2. A Teoria Crítica:

A Teoria Crítica foi o elo conceitual que uniu os intelectuais da Escola de Frankfurt,
criando uma nova interpretação do marxismo, da sociologia e da política no início do século
XX. Participaram da Escola de Frankfurt intelectuais como Theodor Adorno, Max Horkheimer,
Herbert Marcuse, Erich Fromm, Walter Benjamin e Jürgen Habermas.

A teoria crítica, neste sentido, entendia que o contexto econômico, político e social
vigente naquela época, era diferente daquela prevista pelo marxismo. Por isso, ofereceu-se para
reinterpretar a teoria original, evidenciando que o conhecimento se constitui na realidade e não
através da reprodução de conceitos. É importante mencionar que a Escola de Frankfurt tinha
como propósito explicar de modo histórico como era organizado o modo de trabalho dos
trabalhadores nas indústrias, como era o processo deles nesse ambiente.

Mas não demorou muito para que as hipóteses da Escola de Frankfurt, uma instituição
de teoria social e filosofia, abrangessem também outras áreas como o direito, a psicologia, a
psicanálise, comunicação social, entre outras.
É importante dizer, no entanto, que a Escola de Frankfurt, assim como o conceito de
teoria crítica, apenas conseguiu se estabelecer no fim da década de 40, depois do término da
Segunda Guerra Mundial.

O grupo de intelectuais responsável por conceber esse pensamento é composto por


alemães, alguns filhos de judeus, os quais iniciaram pesquisas sobre problemas econômicos,
culturais, sociais, etc, que julgavam estar relacionados com o capitalismo de sua época. Assim,
esses intelectuais conseguiram influenciar, entre 1940 a 1970, os pensamentos de alguns
ocidentais.

É importante mencionar que esses intelectuais, responsáveis pelo pensamento da teoria


crítica, os quais fizeram parte da primeira geração da Escola de Frankfurt, objetivavam que o
conhecimento reunido no instituto fosse além do cenário acadêmico, alcançando a sociedade
em si, sendo aplicado em seu contexto para, assim, engendrar transformações nessa sociedade.

Por fim, cabe destacar que a teoria crítica se distingue da sociologia americana, a qual,
na mesma época, encontrava-se em desenvolvimento através da Escola de Chicago.

2.1 Indústria Cultural:

O conceito de Indústria Cultural foi um dos mais importantes produzidos pelos teóricos
da Escola de Frankfurt, mais especificamente no livro Dialética do esclarecimento, escrito pelos
filósofos da primeira geração Theodor Adorno e Max Horkheimer. Segundo os pensadores, há
um fenômeno cultural mundial em curso desde o início do século XX, o de que o capitalismo
industrial, que entrou em curso com a Revolução Industrial, necessitava de uma força de
propaganda ideológica para ser assimilado pelas pessoas.

Para que as indústrias produzam muito, é necessário que se venda muito. Para vender-
se muito, as pessoas precisam comprar muito. A ideologia do consumismo (excesso de consumo
sem necessidade) é veiculada por formas de arte também produzidas em escala industrial.

Para eles, uma das maneiras de dominação capitalista se daria pela cultura. Adorno e
Horkheimer entenderam que havia dois tipos de cultura autêntica: a cultura erudita e a cultura
popular.

A cultura erudita é aquela produzida por uma elite intelectual, mais refinada e menos
intuitiva. Essa cultura teria um valor estético maior, visto que é mais elaborada. A cultura
erudita seria o escape para que a intelectualidade se desenvolvesse plenamente, e, na visão dos
autores, ela deveria ser ampliada.

A cultura popular é uma forma autêntica de fazer-se arte e cultura vinculadas às culturas
tradicionais dos povos. Ela é autêntica, mas composta por menor refinamento técnico e
intelectual, sendo mais intuitiva.

Por último, tem-se a cultura de massa. Diferente dos outros dois tipos, esta é inautêntica.
Fruto de uma fusão de elementos da cultura erudita e da popular e da possibilidade de alta
reprodutibilidade técnica, a cultura de massa seria um recurso capitalista para vender uma forma
inferior de arte que, ao mesmo tempo, manteria a população sob controle. A indústria cultural
se limitaria a levar o entretenimento como se fosse arte ao consumidor, que se sentiria satisfeito
ao deparar-se com elementos aparentemente agradáveis e de fácil consumo.

Para Adorno e Horkheimer, o capitalismo não só utilizou a Indústria Cultural para criar
um movimento de consumismo, como utilizou a própria arte como forma de produto para ser
consumido. Dessa maneira, o cinema, a música e até as artes plásticas passaram a ter uma
produção baseada em uma fórmula que agrada aos espectadores pela facilidade de assimilar-se
o conteúdo da obra. O espectador médio da indústria cultural é alguém que não pretende
encontrar na obra de arte nada além do entretenimento, caindo numa massificação absoluta dos
produtos culturais.

2.2 Principais Pensadores:


Como a Escola de Frankfurt perdura desde a década de 1930, vários pensadores
formaram-se lá e produziram suas teorias com bases parecidas. Eles foram responsáveis pela
análise e denúncia de estruturas que exerciam dominação política, econômica e cultural da
sociedade moderna.

Foram críticos da capacidade de destruição que o capitalismo carrega consigo, o que


resulta na estagnação da consciência política, crítica e revolucionária do ser humano, reduzindo-
os apenas a uma massa alienada.

A diferença entre gerações é um traço marcante das teorias produzidas por eles. Por
isso, dividiu-se os pensadores de acordo com as suas gerações, sabendo que existem duas delas
notáveis e uma terceira em curso.
A primeira geração é composta pelos filósofos e sociólogos Theodor Adorno, Max
Horkheimer, Herbert Marcuse, Erich Fromm, Otto Kirchheimer, Friedrich Pollock e Leo
Löwenthal. Esses pensadores compuseram as primeiras bases do pensamento frankfurtiano e
da teoria crítica, além de receberem importantes contribuições de teóricos associados ao
Instituto de Pesquisa Social, como Walter Benjamin e Ernst Bloch.

Theodor Adorno foi um pensador alemão que se dedicou a entender a problemática


moral e social do século XX frente ao capitalismo. Por ser judeu e comunista, foi perseguido
pelo nazismo e refugiou-se nos Estados Unidos. Já Max Horkheimer foi um dos diretores do
Instituto de Pesquisa Social. O filósofo e sociólogo foi responsável, junto a Adorno, por
elaborar o conceito de Indústria Cultural, no livro Dialética do esclarecimento. Também foi
perseguido pelo nazismo e refugiou-se nos Estados Unidos.

Walter Benjamin, apesar de não ter vínculo direto com o Instituto de Pesquisa Social e
de morrer antes da sua reformulação como Escola de Frankfurt nos anos de 1950, Benjamin
colaborou com textos para a Revista do Instituto de Pesquisa Social vinculada à Universidade
de Frankfurt. Dedicou-se à crítica literária e da arte em geral.

A segunda geração, por sua vez, era formada pelos filósofos e sociólogos Axel Honneth,
Albrecht Wellmer, Jürgen Habermas, Oskar Negt, Franz Neuman e Alfred Schmidt.

Jürgen Habermas é o mais influente dos pensadores da segunda geração da Escola de


Frankfurt (estudou nela após a reformulação do instituto na década de 1950). Ele ainda está
vivo e dedica-se a entender a ética e a política em meio às extensas possibilidades do discurso
na atualidade. Para Habermas, as pessoas devem buscar o consenso democrático com base em
um discurso que contemple a todos os cidadãos.

2.3 Principais Obras:


A maior parte dos escritos da Escola de Frankfurt foi publicado na revista científica do
grupo “Zeitschrift für Sozialforschung”. Mais tarde, ela foi denominada por “Studies in
Philosophy and Social Science” (Estudos de Filosofia e Ciência Social).

Dentre as obras que mais se destacaram, estão: Teoria Tradicional e Teoria Crítica
(1937); Cultura e Sociedade (1938); Dialética do Esclarecimento (1944); Minima Moralia
(1951).
CONCLUSÃO

Com base no que foi escrito, entende-se bastante a importância da Escola de Frankfurt
para a compreensão do pensamento filosófico e sociológico do século XX, sobretudo nos países
da Europa. A Teoria Crítica, que buscou compreender o contexto econômico, político e social
vigente naquela época, criou uma nova interpretação do marxismo e fez duras críticas ao
capitalismo.

Vale ressaltar que, devido aos pensadores que compuseram a Escola serem de maioria
alemã e judaica, o movimento social produzido pela Escola de Frankfurt não buscou oposição
apenas ao capitalismo, mas se opôs fortemente ao nazismo e fascismo durante sua atuação na
Segunda Guerra Mundial.

Dentre os principais pensadores que formularam a Teoria Crítica, estão: Theodor


Adorno, Max Horkheimer, Herbert Marcuse e Jürgen Habermas.
REFERÊNCIAS

PORFIRIO, Francisco. “Escola de Frankfurt”. Mundo Educação. Disponível em:


<https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/escola-de-frankfurt.htm>. Acesso em 14 de
setembro de 2022

PORFIRIO, Francisco. “Escola de Frankfurt”. Brasil Escola Disponível em:


<https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/a-escola-frankfurt.htm>. Acesso em 14 de setembro
de 2022.

CABRAL, João Francisco Pereira. "Teoria Crítica e seus principais pensadores". Brasil Escola.
Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/teoria-critica-seus-principais-
pensadores.htm>. Acesso em 14 de setembro de 2022.

Equipe editorial de Conceito.de. (25 de Setembro de 2016). “Conceito de teoria crítica.”.


Conceito de. Disponível em: <https://conceito.de/teoria-critica>. Acesso em 14 de setembro de
2022.

BRAGA, Rafael. “Escola de Frankfurt – Origem, características e principais pensadores”.


Conhecimento Científico. Disponível em: <https://conhecimentocientifico.com/escola-de-
frankfurt/>. Acesso em 14 de setembro de 2022

Toda Matéria. “Escola de Frankfurt”. Toda Matéria. Disponível em:


<https://www.todamateria.com.br/escola-de-
frankfurt/#:~:text=Compreendida%20enquanto%20uma%20autoconsci%C3%AAncia%20soc
ial,atributo%20%C3%A9%20a%20raz%C3%A3o%20instrumental.>. Acesso em 14 de
setembro de 2022.

SATIEL, José Renato. “Escola de Frankfurt - Crítica à sociedade de comunicação de massa”.


Educação.UOL. Disponível em:
<https://www.educabras.com/enem/materia/filosofia/aulas/escola_de_frankfurt_da_teoria_crit
ica>. Acesso em 14 de setembro de 2022.
ANEXOS

Max Horkheimer (à esquerda) e Theodor Adorno (à direita) são dois dos principais
pensadores da Escola de Frankfurt. Disponível em:
<https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/a-escola-frankfurt.htm>

Escola de Frankfurt. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/teoria-critica-


seus-principais-pensadores.htm>
Karl Marx e suas ideias permeiam o imaginário da Escola de Frankfurt. Disponível em\:
<https://conhecimentocientifico.com/escola-de-frankfurt/>

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