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OAB 1ª FASE

TÓPICOS DE DIREITOS HUMANOS – Em 30jan19


Elaboração: Profª Andréa Azevêdo.

Assunto 1: CONCEITO

A concepção atual de direitos humanos foi moldada ao longo dos anos a partir de ideias e pensamentos
de diferentes povos, desenvolvendo-se através de diversas civilizações, mas que tinham em comum as mesmas
necessidades:

Proteção contra o abuso do poder do Estado.


Garantia do respeito à dignidade humana.

Os direitos humanos ganharam importância e relevância no século XX, já estando incorporados ao


pensamento jurídico do século XXI. Os doutrinadores sustentam que o fundamento e a justificativa dos direitos
humanos estariam ligados ao positivismo ou ao jusnaturalismo.
O positivismo estaria representado na estruturação jurídica dos direitos humanos (previsão legal). Já o
naturalismo entende que a pessoa humana é o fundamento absoluto dos direitos humanos, independentemente
do lugar em que esteja, devendo ser tratada de modo justo e solidário.
Destaque-se que sobre o tema existem três marcos históricos fundamentais: o Iluminismo, a
Revolução Francesa e o término da II Guerra Mundial.
No Iluminismo foi ressaltada a razão, o espírito crítico e a fé na ciência. Esse movimento procurou
compreender a essência das coisas e das pessoas, observar o homem natural, e desse modo chegar às origens
da humanidade. A Revolução Francesa fez nascerem os ideais representativos dos direitos humanos, quais
sejam a igualdade, a liberdade e a fraternidade. Por fim, com a II Guerra Mundial, os homens se conscientizam
da necessidade de não se permitir que seres humanos novamente sofressem aquelas atrocidades cometidas
pelos nazistas. A barbárie do totalitarismo significou ruptura do paradigma de direitos humanos, por meio da
negação do valor da pessoa humana como valor-fonte do direito.
Posteriormente, houve a criação da Organização das Nações Unidas (ONU) e a declaração de inúmeros
tratados internacionais de direitos humanos, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), o Pacto
Internacional dos Direitos Civis e Políticos, entre outros.

Pergunta-se: Afinal, o que são os direitos humanos?

Defini-los, porém, não é tarefa simples. Eles abrangem uma pluralidade de significados, sentidos e
interpretações.
O único consenso entre seus defensores e promotores é a ideia de universalidade. Por ela entende-se a
proposição de que todas as pessoas, independentemente de sua condição étnico-racial, econômica, social, de
gênero, criminal são sujeitas e detentoras dos direitos humanos.
Levando em consideração a evolução doutrinária e conceitual, os direitos protetivos dos seres humanos
inicialmente eram denominados “direitos do homem”.
Posteriormente, por serem inseridos nas Constituições dos Estados, passaram a ser conhecidos por
“direitos fundamentais”. Quando foram previstos em tratados internacionais, receberam a designação de “direitos
humanos”.
De modo restrito, pode-se entender que os direitos humanos correspondem a todas as normas
jurídicas externas e internas que visam proteger a pessoa humana, tais como tratados, convenções, acordos
ou pactos internacionais, bem como as Constituições dos Estados e suas normas infraconstitucionais.
Assim, os Direitos Humanos pertencem ao homem já pelo simples fato dele ser humano, que nascem
com o homem, independentes de raça, sexo, idade, religião, ou grau de civilização ou instrução.

Eles compreendem:
os direitos individuais fundamentais (relativos à liberdade, igualdade, propriedade, segurança e vida, integridade
física e moral/psíquica);
os direitos sociais (relativos à educação, trabalho, lazer, seguridade social entre outros);
os direitos econômicos (relativos ao pleno emprego, meio ambiente e consumidor);
os direitos políticos (relativos às formas de realização da soberania popular).

E incluem o direito: à vida; à liberdade; à liberdade de opinião e de expressão; ao trabalho; à educação,


entre muitos outros.

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Contextualizando o conceito:
É uma expressão moderna, mas o princípio que invoca é tão antigo quanto a própria humanidade.
Eles são fundamentais para a existência humana; pois não se tratam de privilégios.
Não podem ser negados, nem são perdidos se o indivíduo cometer algum delito ou violar alguma lei.
O núcleo do conceito de DH se encontra no reconhecimento da dignidade da pessoa humana (sistema de
valores).

Assunto 2: BREVE EVOLUÇÃO HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS

Não será possível compreender os direitos humanos e os direitos fundamentais sem relacioná-los a história, pois
estes não surgem como uma revelação, como uma descoberta repentina de uma sociedade, de um grupo ou de
indivíduos, mas sim foram construídos ao longo dos anos, frutos não apenas de pesquisa acadêmica, de bases
teóricas, mas principalmente das lutas contra o poder.

A civilização humana, desde os seus primórdios, até o período atual, passou por inúmeras fases, cada uma com
suas peculiaridades, com seus pontos negativos e positivos, de modo que as evoluções científicas, tecnológicas,
políticas, econômicas, sociais e jurídicas são muitas vezes lentas e graduais.

A evolução histórica dos direitos inerentes à pessoa humana também é lenta e gradual. Não são reconhecidos ou
construídos todos de uma vez, mas sim conforme a própria experiência da vida humana em sociedade, por isto é
de extrema importância, para entender seu significado atual compreender como eles foram observados em eras
passadas para eliminar os erros e aperfeiçoar os acertos.

Até a produção dos primeiros códigos, os governantes exerciam seu poder despoticamente, sem qualquer
limitação, variando suas decisões de acordo com a vontade e o humor do momento (e mesmo havendo alguns
princípios e leis esparsas existentes).

Deste modo, os súditos não contavam com qualquer referência comportamental, que lhes garantisse os direitos
mais fundamentais. Nesse aspecto, a obediência através do temor exigia ser absoluta, sem qualquer restrição ou
hesitação.

A partir de um determinado momento a palavra oral já não mais bastava para justificar e garantir os atos dos
governantes, surgindo daí a produção da lei escrita.

No que diz respeito aos documentos reconhecidos internacionalmente e que restringem a atuação do Estado em
relação aos direitos do homem, segundo a doutrina majoritária, a ordem histórica cronológica seria conforme
abaixo:

1. PRIMEIROS INDÍCIOS:

Os primeiros indícios de reconhecimento de direitos do homem podem ser encontrados nas sociedades do antigo
Egito e Mesopotâmia, três milênios antes de Cristo. Já nessa época, havia alguns mecanismos para proteção do
indivíduo perante o poder do Estado.

2. IDADE ANTIGA

Primeiras Leis Escritas na Antiguidade:


O Código de Hamurabi (séc. XVII a. C.)
O Código de Manu (séc. XIII a. C.)
Lei Mosaica (séc. XIII a. C.)
Lei das XII Tábuas (450 a.C)

Mas foi em 1690 a.C. que surgiu uma das primeiras e mais concretas manifestações do reconhecimento dos
direitos humanos: Hamurabi, o então rei da Mesopotâmia, compilou um código escrito de leis.
O Código de Hamurabi, talhado em pedra, é um dos conjuntos de leis escritas mais antigos já encontrados, e
pode ter sido o primeiro a prever direitos comuns a todos os homens, tais como a vida, a propriedade, a honra, a
dignidade, a família e, principalmente, a supremacia das leis em relação aos governantes.

Um tanto quanto radical, o Código de Hamurabi não tolerava desculpas ou explicações para erros ou falhas,
sendo famoso pela rigorosa reciprocidade entre crimes previstos e penas cominadas (“olho por olho, dente por

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dente”) e defendia a vida e o direito de propriedade, e contemplava tantos outros, bem como previu a supremacia
das leis em relação aos governantes.

Esse código contém dispositivos que continuam aceitos até hoje, tais como a Teoria da imprevisão, que fundava-
se no princípio de talião: olho por olho, dente por dente. Depois deste primeiro código, instituições sociais (religião
e a democracia) contribuíram para humanizar os sistemas legais.

Entretanto embora a antiguidade tenha prestado inúmeras contribuições ao reconhecimento de direitos relativos à
pessoa humana, durante este período, práticas como a escravidão, diferenciação por sexo ou classe social era
comum, o que não acaba com seus méritos, pois como já afirmado tais direitos não nascem como uma revelação,
mas vão poupo a pouco acompanhando o próprio caminhar da civilização humana.

3. IDADE MÉDIA

Durante a Idade Média também ocorreram fatos importantes para o desenvolvimento dos direitos humanos. Ela
compreende o período que vai da desintegração do Império Romano do Ocidente ocasionado pelas invasões
bárbaras (476 d.C.) até o fim do Império Romano do Oriente, com a Queda de Constantinopla em 1453 (alguns
historiadores consideram como marco final da Idade Média a descoberta da América em 1492).

A sociedade medieval foi caracterizada pela descentralização política, ou seja, a existência de vários centros de
poder, pela influência do cristianismo e pelo feudalismo, decorrente da dificuldade de praticar a atividade
comercial. Estava dividida em três estamentos (clero e nobreza), o clero, com a função de oração e pregação, os
nobres com o objetivo de vigiar e proteger e o povo com a obrigação de trabalhar para o sustento de todos.

Para realmente compreender o desenrolar dos acontecimentos, é preciso entender como era a vida naquela
época que era caracterizada pelo feudalismo (organização em feudos), os direitos humanos mais fundamentais
eram permanentemente violados; havia uma rígida separação de classes, com a consequente subordinação dos
vassalos (trabalhadores camponeses / servos) para com seus suseranos (senhores feudais, que tinham o domínio
das terras).

A partir da segunda metade da Idade Média começa-se a difundir documentos escritos reconhecendo direitos a
determinados estamentos, a determinadas comunidades, nunca a todas as pessoas, principalmente através de
forais ou cartas de franquia.

Dentre estes documentos, merece destaque a Magna Carta, outorgada por João Sem-Terra no século XII
devido a pressões exercidas pelos barões decorrentes do aumento de exações fiscais para financiar campanhas
bélicas e pressões da igreja para o Rei submeter-se a autoridade papal.

Assim, no século XIII, começa na Inglaterra uma transformação. É lá que encontramos alguns dos marcos mais
importantes relacionados ao surgimento dos direitos humanos.

Depois que o rei João I da Inglaterra (conhecido como João Sem-Terra, já que não herdou terras quando da morte
de seu pai) violou uma série de antigas leis e costumes através dos quais a Inglaterra tinha sido governada, os
barões ingleses o obrigaram a assinar, a Magna Carta (Magna Charta Libertatum).

Firmada em 15 de junho de 1215, na localidade de Runnymede, condado de Surrey, com 67 cláusulas que, pela
primeira vez afrontavam o poder, sendo que ao menos 12 delas beneficiavam diretamente o povo, embora não
criassem nenhum direito novo.

A Magna Carta resultou do desentendimento do rei com o papa e os barões ingleses, a qual tinha por objetivo
limitar o poder monárquico, sendo um tratado de direitos, mas também de deveres do rei para com os seus
súditos.

Sendo assim, o antecedente mais remoto seria a Magna Carta de 1215, que submetia o governante (rei) a um
corpo escrito de normas e previa a inexistência de arbitrariedades na cobrança de impostos.

Com a Magna Carta foram instituídas diversas normas de caráter pioneiro para a fundamentação dos Direitos
Humanos. Ela se constituiu num importante avanço, uma vez inegável a sua influência em todas as Constituições
modernas (é o primeiro capítulo de um longo processo histórico que levaria ao surgimento do constitucionalismo).

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4. IDADE MODERNA

A descentralização política, o predomínio do magistério da Igreja Católica, o estilo de vida feudal, que
caracterizaram a idade média, deixam progressivamente de existir, dando azo para a criação de uma nova
sociedade, a moderna.

Essa mudança comportamental é decorrente de vários fatores tais como:


- o desenvolvimento do comercio que criou uma nova classe;
- a burguesia, que não participava da sociedade feudal;
- a aparição do Estado Moderno, ocorrendo a centralização do poder político, ou seja, o direito passa a ser o
mesmo para todos dentro do reino, sem as inúmeras fontes de comando que caracterizavam o medievo;
- uma mudança de mentalidade, os fenômenos passam a ser explicados cientificamente, através da razão e não
apenas através de uma visão religiosa, ocorrendo, portanto uma mundialização da cultura.

Assim, as modificações sociais, econômicas e culturais produzidas na Europa, desde o final da Idade Média, com
a expansão do comércio marítimo, o reflorescimento das cidades, a formação e ascensão da burguesia mercantil,
os descobrimentos marítimos portugueses, o advento da imprensa de Guttenberg, a ciência de Galileu e de
Newton, a desintegração da sociedade cristã pela reforma protestante – tudo isso resultou em novas atitudes
filosóficas e científicas, que situaram o homem no centro dos estudos e dos acontecimentos.

Atenção!!! Os documentos produzidos nessa época foram:

Petition of Rights (1628) - Quatro séculos depois, novamente em resposta a uma série de violações da lei
cometidas pelo rei da Inglaterra, que desta vez era Carlos I, o Parlamento, em 1628, durante o período que
antecedeu a guerra civil inglesa, elaborou a Petition of Right (Petição de Direitos), uma declaração de liberdades
civis, que foi um marco registrado no desenvolvimento dos direitos humanos. Requeria o reconhecimento de
direitos e liberdades para os súditos do Rei.

Habeas Corpus Amendment Act (1679) - Outro acontecimento ocorrido na Inglaterra e também de grande
importância para o desenvolvimento dos direitos humanos. Foi uma lei do Parlamento da Inglaterra criada durante
o reinado do Rei Charles II que buscava definir e reforçar o antigo e já existente instituto do habeas corpus, como
garantia da liberdade individual contra a prisão ilegal, abusiva ou arbitrária; ou seja, anulava as prisões arbitrárias.

Bill of Rights (1689) - Declaração de Direitos. Assinala a ascensão da burguesia ao controle do Estado. Apesar
dos avanços em termos de declaração de direitos, a ela não garantia a liberdade e igualdade religiosa.

Declaração de Direitos do Estado da Virgínia (12 de junho de 1776) - Previa expressamente direitos
humanos fundamentais, tais como o direito à vida, à liberdade e à propriedade, além dos princípios da legalidade,
do devido processo legal, do juiz natural (segundo o qual deve haver regras objetivas de competência jurisdicional,
garantindo a independência e a imparcialidade do órgão julgador), da liberdade de imprensa e ainda a liberdade
religiosa.

Declaração da Independência dos Estados Unidos (04.07.1776) - Assim como a Constituição Federal de
1787, consolidam barreiras contra o Estado, como a tripartição do Poder, a legação de que todo poder vem do
povo, bem como estabelece alguns direitos fundamentais.

Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (27.08.1789) - Mas foi na França que se deu a
consagração do reconhecimento dos direitos fundamentais, com a Declaração dos Direitos Fundamentais do
Homem e do Cidadão, em 26/08/1789, que também previa, em seu art. 16, que a adoção de garantias
fundamentais seria um elemento fundamental ao próprio conceito de constituição, dando um caráter constitucional
aos direitos humanos fundamentais e influenciando sua declaração expressa nas constituições seguintes.

Embora tenha existido grande avanço, neste período, não se pode falar ainda em direitos considerados universais,
ou seja, comuns a toda e qualquer pessoa apenas por pertencer a raça humana, pois os direitos eram meras
concessões reais podendo ser revogadas, ou seja, não constituíam um limite permanente na atuação do poder
político.
Obs.: Revoluções Inglesa, Americana e Francesa - Não se pode negar a importância dessas Revoluções para
o reconhecimento de direitos inerentes a pessoa humana, cada uma é claro contribuindo da sua maneira, sendo
as duas últimas as que influenciaram as constituições do século XIX.

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5. SÉCULO XIX

Nesse período, há a formação do Estado Liberal, sendo atribuídos a esse Estado vários nomes como: Estado do
século XIX, Estado burguês, Estado nacional burguês, Estado neutro, dentre outros de mesma natureza.

Além disso, é nessa época que há a consagração dos direitos de primeira dimensão ou direitos da liberdade que
têm por titular o indivíduo e, são oponíveis ao Estado, traduzem-se como faculdades ou atributos da pessoa e
ostentam uma subjetividade, que é seu traço mais característico; enfim, são direitos de resistência ou de oposição
perante o Estado.

Os direitos de primeira dimensão foram inspirados nas doutrinas iluministas e jusnaturalistas dos séculos XVII e
XVIII. Portanto, é nessa época que o Estado do século XIX apresenta-se do ponto de vista interno como um
Estado soberano, onde há presente todas as faculdades e prerrogativas de domínio, não sendo exercida mais
pelo monarca, mas pela vontade do povo e da nação. Aqui, o poder pessoal é substituído pelo poder estatal.

No decorrer do século XIX, ocorreu na Europa a efetivação dos direitos fundamentais por meio de diplomas como:
a Constituição Espanhola (19/03/1812);
a Constituição Portuguesa (23/09/1822);
a Constituição Belga (01/02/1831);

Em 1848, a França, mais uma vez, dá um passo à frente com a Declaração Francesa de 1848 (Constituição
Francesa), que ampliou o rol dos direitos fundamentais, servindo de base para as constituições modernas e que
apontou para a criação do que viria a ser o Estado do Bem-Estar Social, no século XX.

6. IDADE CONTEMPORÂNEA

Diferentemente, do que ocorria no Estado Liberal, o Estado do século XX aparece com uma tendência
compensadora destinada a corrigir desequilíbrios econômicos e sociais do capitalismo. O início do século XX
trouxe diplomas constitucionais fortemente marcados pelas preocupações sociais, como se percebe por seus
principais textos, a saber: Constituição Mexicana de 1917 e a Constituição de Weimar ou alemã de 1918.

Assim, devem sempre ser lembradas, ambas, como os primeiros textos constitucionais que efetivamente
concretizaram, ao lado das liberdades públicas, dispositivos expressos, impositivos de uma conduta ativa por
parte do Estado, para que este viabilize a plena fruição, por todos os cidadãos, dos direitos fundamentais de que
são titulares.

Para tanto, inseriram-se, assim, a proteção constitucional dos direitos sociais na ordem jurídica das democracias
modernas. Nas palavras de Flávia PIOVESAN, a concepção contemporânea de direitos humanos é uma “unidade
indivisível, interdependente e interrelacionada, na qual os valores da igualdade e liberdade se conjugam e se
completam”.

Principais documentos:
Constituição Mexicana (1917).
Constituição de Weimar (1918).
Constituição Russa (1919).

Marco Contemporâneo dos Direitos Humanos


As violações generalizadas dos direitos e liberdades humanas na década de 1930, que culminaram com as
atrocidades da II Guerra Mundial (1939 a 1945), marcaram o fim da noção de que os Estados não tinham o dever
de prestar contas a nenhuma outra instância a respeito da maneira como tratavam seus cidadãos.

Entretanto, para que tais direitos alcançassem consequência universal foi necessário um discurso internacional
dos direitos humanos com a finalidade de assegurar a todos o direito a ter direitos (Bobbio). E ainda, somente a
partir do pós-guerra é que podemos falar em movimento de internacionalização dos direitos humanos, como será
a seguir demonstrado.
O início de uma nova ordem internacional protetiva dos direitos humanos sob o manto da universalidade começa
com a assinatura da Carta das Nações Unidas em 26 de junho de 1945 levou os Direitos Humanos para a
esfera do direito internacional.

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A Carta das Nações Unidas foi quem instaurou um novo modelo de conduta nas relações internacionais, com
preocupações que incluem a manutenção da paz e segurança internacional, o desenvolvimento de relações
amistosas entre os Estados, a adoção de cooperação internacional no plano econômico, social e cultural, a
adoção de um padrão internacional de saúde, a proteção ao meio ambiente, a criação de uma nova ordem
econômica internacional e a proteção internacional dos direitos humanos.

Dessa maneira, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada unanimemente pela Assembleia
Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, foi o primeiro documento que abrangeu quase a
totalidade dos povos da Terra, ao afirmar que “todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos”.
Portanto, essa declaração condensou toda a riqueza dessa longa elaboração teórica, ao proclamar, em seu artigo
VI, que todo homem tem direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa.

SOBRE A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH)


Instituída em 1948 pela ONU, adotada sob forma de Resolução, que, por sua vez, não apresenta força de lei.

Tecnicamente, a DUDH é uma recomendação, que a Assembleia Geral das Nações Unidas faz aos seus
membros (Carta das Nações Unidas, artigo 10).

É composta de um preâmbulo, com sete considerandos e trinta artigos.

Tem estrutura bipartite, sendo dividida em duas grandes partes:


a) do Art. I ao art. XXI – representa os direitos civis e políticos e tem vinculação ao Estado individualista que reflete
as conquistas do século XVIII.
b) do Art. XXII ao art. XXX – representa os direitos econômicos, sociais e culturais e tem vinculação ao estado
Social que reflete as conquistas dos séculos XIX e XX.

Há dois Pactos que a implementam e são juridicamente vinculantes:


- Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (PIDCP) – direitos de 1ª geração.
- Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC) – direitos de 2ª geração.

Juntos, estes três instrumentos costumam se chamar de Carta Internacional dos Direitos Humanos devido à
origem comum, o caráter dito universal e a abrangência das espécies de direitos.

Vale lembrar que a DUDH reconhece como núcleo básico dos direitos fundamentais da pessoa humana o direito:

À vida – III e VI.


À liberdade – IV, IX, XIII, XVIII, XIX, XX e XXVII.
À igualdade – I, II e VII.
À justiça – VII, X, XI, e XXVIII.
À segurança – V, XII, XIV, XXII, XXIX e XXX.
À família – XVI.
À propriedade – XVII.
Ao trabalho – XXIII e XXIV.
À saúde – XXV.
À educação – XXVI.
À cidadania – XV e XXI.
Assim, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 acaba por inovar o conceito de direitos humanos,
ao introduzir a chamada concepção contemporânea de direitos humanos, a qual é marcada pela universalidade e
indivisibilidade destes direitos.

Por fim, pode-se sustentar que a DUDH influenciou no plano internacional a formação dos tratados modernos de
proteção aos direitos humanos e no plano interno serviu de modelo valorativo para a interpretação e fomento das
normas de direitos humanos no ordenamento jurídico pátrio.

7. CONCEPÇÃO PÓS-CONTEMPORÂNEA

Quase quarenta anos após a promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 foi realizada
em Viena, no ano de 1993, a Conferência Mundial sobre Direitos Humanos, sob o sistema da Organização das
Nações Unidas, na qual mais de 180 dos Estados-membros presentes reafirmaram os termos universais da

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Declaração dos Direitos do Homem. É nesse contexto histórico que surge a concepção pós-contemporânea de
direitos humanos inaugurada pela Declaração de Viena de 1993.

Portanto, a Conferência de Viena veio consagrar e reafirmar o compromisso universal datado de 1948 e
marcou o início de um esforço para a proteção e promoção dos direitos humanos.

A grande novidade de Viena é que ali se estabeleceu a interdependência entre democracia, desenvolvimento
econômico e direitos humanos. Superando a noção preponderante na Guerra Fria, determinou-se também a
indivisibilidade desses direitos - um país não pode escolher ficar só com os “direitos econômicos”, por exemplo.

Art. 5º da Declaração de Viena 1993: Todos os Direitos do homem são universais, indivisíveis,
interdependentes e interrelacionados. A comunidade internacional tem de considerar globalmente os Direitos
do homem, de forma justa e equitativa e com igual ênfase. Embora se devam ter sempre presente o significado
das especificidades nacionais e regionais e os antecedentes históricos, culturais e religiosos, compete aos
Estados, independentemente dos seus sistemas político, económico e cultural, promover e proteger todos os
Direitos do homem e liberdades fundamentais.

Em Viena foi definitivamente legitimada a noção de indivisibilidade dos direitos humanos, cujos preceitos devem
se aplicar tanto aos direitos civis e políticos quanto aos direitos econômicos, sociais e culturais. A Declaração de
Viena também enfatiza os direitos de solidariedade, o direito à paz, o direito ao desenvolvimento e os direitos
ambientais.

Sob o impacto da atuação do movimento de mulheres os textos de Viena redefiniram as fronteiras entre o espaço
público e a esfera privada, superando a divisão que até então caracterizava as teorias clássicas do direito. A partir
desta reconfiguração, os abusos que têm lugar na esfera privada - como o estupro e a violência doméstica -
passam a ser interpretados como crimes contra os direitos da pessoa humana.

A grande controvérsia de Viena se desenvolveu ao redor da questão da diversidade que tornaria os princípios de
direitos humanos não aplicáveis ou relativos, segundo os diferentes padrões culturais e religiosos. Apesar das
resistências flagrantes à noção de universalidade dos direitos humanos, o primeiro artigo da Declaração de Viena
afirma que "a natureza universal de tais direitos não admite dúvidas". A controvérsia ressurgiria no Cairo,
Copenhague e Beijing. Entretanto a definição de 1993 permaneceria como referência inegociável nestes novos
contextos de debate e negociação.

O texto da declaração faz ainda referência específica aos direitos de mulheres, crianças e populações indígenas,
menciona a pobreza, o racismo, as perseguições a minorias e destaca a gravidade da tortura.

Vale destacar que tudo isso contribuiu para formar a pauta dos Planos Nacionais de Direitos Humanos (PNDHs);
os quais existem por recomendação da ONU.

Obs.: Princípio da indivisibilidade dos direitos humanos significa que a garantia dos direitos civis e políticos é a
condição para a observância dos direitos sociais, econômicos e culturais, e vice-versa. Quando um deles é
garantido, os demais direitos correspondentes também o são. Da mesma maneira, quando um deles é violado, os
demais também o são. Ou seja, não é possível separar o conjunto de Direitos Humanos.

Obs.: O Brasil foi o terceiro país do mundo a criar um desses planos, em 1996.

8. LEITURA IMPORTANTE - DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de
1948.
Preâmbulo

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus
direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que
ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade
de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais
alta aspiração do homem comum,

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Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem
não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tirania e a opressão,
Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações,
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos humanos
fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres,
e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,
Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, em cooperação com as Nações
Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a observância desses direitos e
liberdades,
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o
pleno cumprimento desse compromisso,

A Assembleia Geral proclama


A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e
todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta
Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades,
e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento
e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os
povos dos territórios sob sua jurisdição.

Artigo I
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem
agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.

Artigo II
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem
distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza,
origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

Artigo III
Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo IV
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas
as suas formas.

Artigo V
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

Artigo VI
Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei.
Artigo VII
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a
igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal
discriminação.

Artigo VIII
Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os
direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.

Artigo IX
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo X
Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal
independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação
criminal contra ele.

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Artigo XI
1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade
tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as
garantias necessárias à sua defesa.
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o
direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da
prática, era aplicável ao ato delituoso.

Artigo XII
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência,
nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou
ataques.

Artigo XIII
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.
2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.

Artigo XIV
1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países
2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito
comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

Artigo XV
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo XVI
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito
de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e
sua dissolução.
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.

Artigo XVII
1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.
2.Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

Artigo XVIII
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar
de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e
pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

Artigo XIX
Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência,
ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de
fronteiras.

Artigo XX
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo XXI
1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por intermédio de
representantes livremente escolhidos.
2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e
legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.

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Artigo XXII
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional,
pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos
econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.

Artigo XXIII
1.Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à
proteção contra o desemprego.
2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.
3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à
sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros
meios de proteção social.
4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses.

Artigo XXIV
Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas
remuneradas.

Artigo XXV
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar,
inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à
segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de
subsistência fora de seu controle.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou
fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

Artigo XXVI
1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e
fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem
como a instrução superior, está baseada no mérito. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno
desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas
liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações
e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 3.
Os pais têm prioridade de direito n escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.

Artigo XXVII
1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de
participar do processo científico e de seus benefícios. 2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais
e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.

Artigo XXVIII
Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na
presente Declaração possam ser plenamente realizados.

Artigo XXIX
1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua
personalidade é possível.
2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações determinadas pela
lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de
outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade
democrática.
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e
princípios das Nações Unidas.

Artigo XXX
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado,
grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de
quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.

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Assunto 3: CARACTERÍSTICAS

Os Direitos Fundamentais são uma criação de todo um contexto histórico-cultural da sociedade.


Apresentam as seguintes características:

Historicidade - Eles nascem, modificam, desaparecem. Seu conteúdo varia com a história. Os direitos são
criados em um contexto histórico, e quando colocados na Constituição se tornam Direitos Fundamentais; não são
imutáveis.

Inalienabilidade – Não podem ser transferidos, negociados; pois não possuem conteúdo econômico-patrimonial.
Não podem ser objeto de negócio jurídico. Não confundir com o objeto propriedade que pode ser negociável, com
o direito à propriedade que é o direito de ser proprietário, ser capaz.

Imprescritibilidade – Não prescrevem, ou seja, não se perdem com o decurso do tempo. São permanentes.

Irrenunciabilidade – Não podem ser renunciados. O que você pode é não exercê-los e isso não significa que
você possa renunciar a eles.

Inviolabilidade – Os direitos de outrem não podem ser desrespeitados por nenhuma autoridade ou lei
infraconstitucional, sob pena de responsabilização civil, penal ou administrativa.

Limitabilidade – Ou relatividade. Eles não são absolutos, são direitos relativos; pois podem chocar-se, hipótese
em que o exercício de um implicará a invasão do âmbito de proteção do outro.

Concorrência – Podem ser exercidos mais de um ao mesmo tempo.

Universalidade – Vale para todas as pessoas, em qualquer lugar do planeta que tenha ser humano temos que
reconhecer a eles os direitos fundamentais. São dirigidos a todo ser humano em geral sem restrições,
independente de sua raça, credo, nacionalidade ou convicção política.

Vedação ao Retrocesso – Não é possível retroceder as conquistas já sentidas em sociedade.

Efetividade – O Poder Público deve atuar para garantis a efetivação dos Direitos e Garantias Fundamentais,
usando quando necessários meios coercitivos;

Interdependência – Não pode se chocar com os Direitos Fundamentais, as previsões constitucionais e


infraconstitucionais, devendo se relacionar para atingir seus objetivos;

Complementaridade – Devem ser interpretados de forma conjunta, com o objetivo de sua realização absoluta.

Atenção!! Princípios Relativos ao Estatuto das Instituições Nacionais de Direitos Humanos


Com as atribuições previstas pelo redesenho imposto pela Lei nº 12.986 de 2014, o CNDH poderá solicitar
credenciamento junto à Organização das Nações Unidas (ONU) para ser reconhecido como Instituição Nacional
de Direitos Humanos. Definidas pela ONU em 1992 e adotado em 1993 a partir dos chamados Princípios de
Paris, as instituições nacionais são marcadas pelo pluralismo e pela autonomia, tendo cinco características, a
saber:
1. Autonomia para monitorar qualquer violação de Direitos humanos;
2. Autoridade para assessorar o Executivo, o Legislativo e qualquer outra instância sobre temas relacionados
aos Direitos Humanos;
3. Capacidade de se relacionar com instituições regionais e internacionais;
4. Legitimidade para educar e informar sobre direitos humanos; e
5. Competência para atuar em temas jurídicos (quase judicial – PC e PF).

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Assunto 4: GERAÇÕES (ou Dimensões)

Nesse tópico, a doutrina costuma apontar a existência de quatro/cinco gerações de direito.


As três primeiras gerações equivaleriam, respectivamente, aos ideais de liberdade, igualdade e
fraternidade, extraídos da Revolução Francesa.
Há doutrinador que diz que seria mais adequada a nomenclatura dimensões e não gerações de direitos.
Isso porque, segundo ele, gerações passariam a ideia de substituição, pois, ainda que, na verdade, as dimensões
coexistem e vão se acumulando. Vejamos:

6.1 Direitos de 1ª Geração - Liberdade

Inspirados nas doutrinas iluministas e jusnaturalistas dos séculos XVII e XVIII: seriam os Direitos da
Liberdade.
São resultantes, principalmente, da Declaração Francesa dos direitos do Homem e do Cidadão e da
Constituição dos Estados Unidos da América de 1787, que surgiram após o confronto entre governados e
governantes, é dizer, da insatisfação daqueles com a realidade política, econômica e social de sua época, e que
resultou nessas afirmações dos direitos de indivíduos em face do poder soberano do Estado absolutista.
São os primeiros direitos a constarem do instrumento normativo constitucional, a saber, os direitos civis e
políticos. Os direitos de 1ª geração são os direitos e garantias individuais e políticos clássicos, como:
liberdades públicas: direito à vida, à liberdade, à expressão e à locomoção.
A liberdade, também estaria relacionada a uma atuação negativa do Estado (Estado de Liberdade);
onde os direitos de liberdade têm por titular o indivíduo e traduzem-se como faculdades ou atributos da pessoa
e ostentam uma subjetividade que é seu traço mais característico, sendo, portanto, os direitos de resistência ou
de oposição perante o Estado, ou seja, limitam a ação do Estado.

6.2 Direitos de 2ª Geração - Igualdade

Mais tarde, porém, com a consagração dos direitos de liberdade, ocorreu a passagem destas, as
chamadas liberdades negativas, para os direitos políticos e sociais, que exigiam uma intervenção direta do
Estado, para ver-se concretizados, com a passagem da consideração do indivíduo singular, primeiro
sujeito a quem se atribuiu direitos naturais, para grupos de sujeitos, sejam famílias, minorias étnicas ou
até mesmo religiosas.
Os direitos sociais ou prestacionais, como o direito à saúde, configuram, assim, um dos elementos que
marcaram a transição do constitucionalismo liberal para o constitucionalismo social, direitos que impõem,
determinam ou exigem do Estado enquanto ente propiciador da liberdade humana, não mais aquela atividade
negativa, de restrição de sua atuação, mas uma ação positiva, através de uma efetiva garantia e eficácia do direito
fundamental prestacional.
Em decorrência da excessiva exploração na relação capital x trabalho, tem-se a necessidade de o
Estado intervir de forma positiva, fixando diretrizes ao bem estar do indivíduo (Estado do bem estar social),
assim relaciona-se com os direitos sociais, culturais e econômicos que dominou o século XIX - XX.
São direitos objetivos, pois conduzem os indivíduos sem condições de ascender aos conteúdos dos
direitos através de mecanismos e da intervenção do Estado.
Pedem a igualdade material, através da intervenção positiva do Estado, para sua concretização.
Vinculam-se às chamadas “liberdades positivas”, exigindo uma conduta positiva do Estado, pela busca do bem-
estar social.
Assim, o sujeito passivo é o Estado, que tem o dever de realizar prestações positivas aos seus titulares,
os cidadãos, em oposição à posição passiva que se reclamava quando da reivindicação dos direitos de primeira
geração.
Os direitos de 2ª geração são os direitos sociais, econômicos e culturais, como: direito ao trabalho,
ao seguro social, à subsistência, amparo à doença, à velhice, entre outros.

6.3 Direitos de 3ª Geração - Fraternidade

Foram desenvolvidos no século XX, à par das dificuldades e das conquistas decorrentes da diuturna luta
social pelo reconhecimento e pela eficácia dos direitos civis e políticos, de primeira geração, e dos direitos
econômicos, sociais e culturais, direitos de segunda geração, outros valores, até então não tratados como
prioridade na sociedade ocidental, foram colocados na pauta de discussão em período posterior ao final da
Segunda Guerra Mundial, em 1945.

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Referidos valores, para serem efetivados, exigiam soluções inovadoras que só o reconhecimento de
direitos de estirpe diversa dos já positivados poderia satisfazer. Estes novos direitos passaram, assim, a serem
alcunhados de direitos de terceira geração.
Tais direitos, também conhecidos como direitos da solidariedade ou fraternidade, caracterizam-se,
assim, pela sua titularidade coletiva ou difusa, tendo coincidido o período de seu reconhecimento ou positivação
com o processo de internacionalização dos direitos humanos.
Essa geração é dotada de um alto teor de humanismo e universalidade, pois não se destinavam
somente à proteção dos interesses dos indivíduos, de um grupo ou de um momento.
Refletem sobre os temas referentes ao desenvolvimento, à paz, ao meio ambiente, à comunicação e ao
patrimônio comum da humanidade; além de outros direitos difusos.
Surgem então da necessidade de se preservar o meio ambiente e de se proteger os consumidores.
Preocupam-se, enfim, com a coletividade, sendo, pois, chamados de direitos da solidariedade.
Tais direitos caracterizam-se pelo distintivo de demandarem a participação intensa dos cidadãos, sem a
qual não tem eficácia, requerendo a existência de uma consciência coletiva na atuação individual de cada
membro da sociedade, em aliança com Estado.

Fique atento!!!!
Podem ser considerados exemplos de direitos humanos de terceira geração o direito ao meio ambiente, ao
desenvolvimento e à autodeterminação dos povos.

6.4 Direitos de 4ª Geração - Responsabilidade

Há doutrinadores, ainda, que reconhecem a existência de uma quarta geração ou dimensão de direitos
humanos, que se identificariam com o direito contra a manipulação genética, direito de morrer com dignidade e
direito à mudança de sexo, todos pensados para o solucionamento de conflitos jurídicos inéditos, novos, frutos da
sociedade contemporânea.
Há, ainda, doutrinadores, como o constitucionalista Paulo Bonavides, que entendem que a quarta
geração de direitos identificar-se-ia com a universalização de direitos fundamentais já existentes, como os direitos
à democracia direta, à informação e ao pluralismo, a exemplo.
Os direitos de 4ª geração, também chamados de direito dos povos, são provenientes da última fase
da estruturação do “Estado Social” (globalização do Estado Neoliberal), englobam o direito à democracia, à
informação, ao pluralismo, entre outros. Transindividuais.
Há quem entenda ser o direito vinculado à evolução da ciência (genética, DNA, clonagem, biodireito,
biotecnologia, entre outros).
Assim, ele surge dentro das últimas décadas, por causa do grande avanço do desenvolvimento
tecnológico; o que decorreria da preocupação com os avanços na área da engenharia genética, que poderiam
colocar em risco a própria existência da raça humana (relaciona-se ao estudo da bioética, biodireito).
Alguns doutrinadores conceituam a quarta dimensão como a influência da globalização política na esfera
jurídica.

6.5 Direitos de 5ª Geração – Direitos Virtuais

Finalmente, os direitos humanos da quinta geração, como os de quarta, também não são pacificamente
reconhecidos pela doutrina, como o são os das três primeiras.
No entanto, os direitos que por essa geração são reconhecidos, quais sejam, a honra, a imagem,
enfim, os “direitos virtuais” que ressaltam o princípio da dignidade da pessoa humana, decorrem de uma
era deveras nova e contemporânea, advinda com o exacerbado desenvolvimento da Internet nos anos 90.
Tais valores, portanto, são defendidos e protegidos por essa geração de direitos, com a particularidade
de protegê-los frente ao uso massivo dos meios de comunicação eletrônica, merecendo, assim, proteção não só
as pessoas naturais, mas também as pessoas jurídicas.

Assim, as três primeiras gerações exprimem os ideais de Liberdade (direitos individuais e políticos),
Igualdade (direitos sociais, econômicos e culturais) e Fraternidade (direitos da solidariedade internacional), que
compõem atualmente o rol dos Direitos Fundamentais, e, que são reconhecidos mundialmente, por meio de
pactos, tratados, declarações e outros instrumentos de caráter internacional.
Vale ressaltar que esses direitos fundamentais nascem com o indivíduo, e, por essa razão, a Declaração
Universal dos Direitos Humanos (ONU-1948), diz que os direitos são proclamados, ou seja, eles preexistem a
todas as instituições políticas e sociais, não podendo ser retirados ou restringidos pelas instituições
governamentais, que por outro lado devem proteger tais direitos de qualquer ofensa.

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Cumpre destacar que se trata de uma divisão meramente acadêmica, pois os direitos dos seres
humanos não devem ser divididos em gerações ou dimensões estanques. Tais gerações apenas retratam a
valorização de determinados direitos em momentos históricos diferentes.

Resumindo:
Direitos Civis e Políticos – Revoluções Liberais – Século XVIII.
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais – Constituição de Weimar, Constituição Russa (Século XIX-XX).
Direitos Difusos (meio ambiente, paz) – Pós-guerra (Século XX).

Obs.: PRINCÍPIOS DE DIREITOS HUMANOS - INDIVISIBILIDADE


A teoria da indivisibilidade dos direitos humanos defende uma posição diversa. Apesar de reconhecer que os
direitos humanos surgiram em momentos históricos diferentes, a referida teoria defende que não há como separar
os direitos humanos em compartimentos estanques.

Ao longo da história, a humanidade foi colecionando conquistas no terreno dos direitos fundamentais. Ocorre que
esses direitos não foram sendo apenas somados, agregados àqueles já existentes. Eles foram se inter-
relacionando, e, com isso, modificando o seu próprio conteúdo. Em outras palavras, não se deve separar os
direitos fundamentais em direitos individuais, sociais, econômicos e políticos como se fossem compartimentos
estanques. Eles formam apenas um conjunto, o dos direitos fundamentais. É claro que essa classificação
continuará possuindo relevância, principalmente para fins didáticos, mas é mister ressaltar que nenhum desses
grupos terá prevalência sobre o outro.

Assunto 5: PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS

SISTEMAS INTERNACIONAIS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

O sistema internacional de direitos humanos surgiu a partir da criação da Organização das Nações Unidas - ONU,
em 24 de Outubro de 1945, e do consequente estabelecimento de órgãos e instâncias voltadas à proteção dos
direitos humanos.

Com a posterior Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada em 10 de dezembro de 1948, que
veiculava verdadeiro código de princípios e valores universais a serem respeitados pelos Estados, materializava-
se então a estrutura formal e material da chamada “jurisdição” internacional, vocacionada à proteção dos direitos
fundamentais da pessoa humana.

O marco temporal do movimento de internacionalização dos direitos humanos foi o pós-guerra, e os espólios da
campanha nazista na Europa.

O marco ideológico foi a disseminação da ideia de que a proteção dos direitos humanos não deve se reduzir ao
domínio reservado do Estado, isto é, não deve ficar ao alvedrio exclusivo da competência nacional ou à jurisdição
doméstica, porquanto tais direitos transcendem os interesses do estado soberano, representando legítimo
interesse internacional.

Neste novo cenário, a soberania estatal não é absoluta, de forma que, se determinado estado membro não adotar
providências a fim de garantir os direitos humanos poderá ser pressionado ou obrigado pelas instâncias
internacionais.

O sistema internacional de proteção dos direitos humanos é constituído por duas esferas:
a) a esfera global, formada pela ONU; e,
b) a esfera regional, cobrem três partes do mundo – a África, as Américas e a Europa. Constituída, no caso
brasileiro, pela Organização dos Estados Americanos (OEA).

Os três sistemas regionais de direitos humanos acima mencionados fazem parte de sistemas de integração
regional com uma atribuição bem mais ampla do que apenas a dos direitos humanos – no caso da África, a
organização matriz é a União Africana (UA); nas Américas é a Organização dos Estados Americanos (OEA); e na
Europa é o Conselho da Europa (CE).

Tais sistemas, e seus respectivos instrumentos específicos (tratados, convenções, recomendações, etc.) não são
estanques, antes disso, são complementares, pelo que coexistem com o propósito de salvaguardar os mesmos
direitos, objetivando a máxima eficácia na tutela de proteção aos direitos humanos.

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Em outras partes do mundo há organismos de integração regional, mas sem uma atribuição similar de direitos
humanos. Sistemas regionais também abrem a possibilidade de os valores regionais serem levados em conta ao
se definirem as normas de direitos humanos, mas devem sempre respeitar a universalidade desses direitos.

Necessário frisar que o sistema internacional de proteção aos direitos humanos é dotado das características
típicas de um modelo de prestação jurisdicional, apresentando poderes de coerção e sanção destinados à
imposição de suas decisões aos Estados-membros transgressores.

No âmbito global, também conhecido como o Sistema das Nações Unidas de proteção dos direitos humanos, a
justicialização operou-se com ênfase na esfera penal, mediante a criação de Tribunais ad hoc e, posteriormente,
do Tribunal Penal Internacional.

Já nos sistemas regionais, a justicialização operou-se na esfera civil, a exemplo da atuação das Cortes
europeia e interamericana.

No âmbito da OEA, o Pacto de San José previu dois órgãos processuais internacionais, que são a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos, com sede em Washington DC (EUA), e a Corte Interamericana de
Direitos Humanos, com sede em San José (Costa Rica).

1. SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO

O Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos, também chamado de Sistema da ONU ou de Sistema
Universal, eis que seus princípios iluminam, inspiram e influenciam o surgimento dos demais instrumentos
normativos posteriores, tem como fonte normativa imediata a Carta das Nações Unidas de 1945, a qual, ao
estabelecer que os Estados-partes devem promover a proteção dos direitos humanos e das liberdades
fundamentais e, demarcar o início do processo de universalização dos direitos humanos, exige,
consequentemente, a necessidade de efetivação desses direitos, sob a vigilância de um sistema de
monitoramento, supervisão e controle.

O Sistema Global integra a estrutura da ONU, cujos órgãos principais são: a Assembleia Geral, o Conselho de
Segurança, a Corte Internacional de Justiça, o Conselho Econômico e Social e o Secretariado.
(ver material de Direito Internacional)

Lembrar que:
- Tribunal Penal Internacional não faz parte da estrutura da ONU e é o único que julga indivíduos, pela
prática de crimes, previstos no Estatuto de Roma. O TPI é um tema que pode gerar questões de grau de
dificuldade relativamente alto. Já que não só ele pode ser confundido com outros órgãos de julgamento
internacional, mas a própria possibilidade de julgar brasileiros é um tema controverso na doutrina. Sendo assim, é
preciso estar familiarizado com a competência e discussão sobre a atuação desse tribunal, a qual está
relacionada aos crimes graves praticados por indivíduos, como genocídio, crimes de guerra, delitos contra
humanidade etc.
- A Corte Internacional de Justiça julga Estados e Organizações Internacionais,
- O Conselho de Segurança é órgão da ONU e não exerce função jurisdicional e,
- A Corte Europeia dos Direitos do Homem, apesar de julgar indivíduos, não tem competência para punir
agressores, e sim para proteger pessoas que sofram violação dos direitos previstos na Convenção Europeia dos
Direitos do Homem.

Diferença entre a Comissão de Direitos Humanos e o Conselho de Direitos Humanos da ONU.


- Foi criado pela Assembleia Geral em 2006 (pela Resolução 60/251), sendo considerado o herdeiro da extinta
Comissão de Direitos Humanos (1946-2006).
- Trata-se, pois de um órgão intergovernamental, composto por 47 Estados eleitos pela Assembleia Geral,
com competência específica na área dos direitos humanos.
- Nas suas sessões participam, não só Estados membros, mas também Estados observadores, ONG e
instituições nacionais de direitos humanos.
- Reúne em 3 sessões ordinárias por ano, assim como em sessões extraordinárias. Realiza debates e adota
resoluções e decisões sobre questões e situações de direitos humanos, sendo em geral por sua iniciativa que são
elaborados novos instrumentos internacionais nesta área.

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- Está sedeado em Genebra, sendo o seu secretariado assegurado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas
para os Direitos Humanos.
- Para auxiliá-lo no seu trabalho, criou diversos mecanismos subsidiários: os procedimentos especiais, o Comité
Consultivo, o mecanismo de Revisão Periódica Universal, um procedimento de queixa e diversos outros grupos
de trabalho.
- Substitui a Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas.
- Os membros são eleitos por um período de três anos. Não podem ser reeleitos após dois mandatos
consecutivos.

Não confunda!! CNDH - BRASIL


O antigo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) foi transformado pela Lei nº 12.986/14
em Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), no intuito de torná-lo mais participativo e forte
institucionalmente. O atual Conselho é vinculado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República,
que estabelece como objetivos principais do Conselho: a defesa dos direitos humanos, por meio de ações
preventivas, protetivas, reparadoras e sancionadoras das condutas e situações de ameaça ou violação desses
direitos. De acordo com a nova lei, o CNDH contará com membros da sociedade civil (provenientes da OAB, do
Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União, entre outros) e do
Poder Público.

2. SISTEMA REGIONAL DE PROTEÇÃO (IMPORTANTE!!!)

Como é sabido, os direitos humanos podem ser protegidos por lei no âmbito doméstico ou no internacional.
As leis internacionais de direitos humanos têm, por sua vez, diferentes níveis.

Se os direitos de alguém não são protegidos no âmbito doméstico, o sistema internacional entra em ação, e a
proteção pode ser oferecida pelo sistema global ou regional (naquelas partes do mundo em que existem tais
sistemas).

SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

Ver:
• Decreto nº 678 de 1992 – Promulga a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José
da Costa Rica), de 22 de novembro de 1969.
• Decreto Legislativo nº 89, de 3 de dezembro de 1998 – aprova a solicitação de da competência obrigatória
da Corte Interamericana de Direitos Humanos em todos os casos relativos à interpretação ou aplicação
da Convenção Americana de Direitos Humanos.
• Decreto nº 4463/2002 – Promulga a Declaração de Reconhecimento da Competência Obrigatória da Corte
Interamericana de Direitos Humanos.

Princípios da OEA
Os Estados americanos reafirmam os seguintes princípios:
a. O direito internacional é a norma de conduta dos Estados em suas relações recíprocas;
b. A ordem internacional é constituída essencialmente pelo respeito à personalidade, soberania e
independência dos Estados e pelo cumprimento fiel das obrigações emanadas dos tratados e de outras
fontes do direito internacional;
c. A boa-fé deve reger as relações dos Estados entre si;
d. A solidariedade dos Estados americanos e os altos fins a que ela visa requerem a organização política dos
mesmos, com base no exercício efetivo da democracia representativa;
e. Todo Estado tem o direito de escolher, sem ingerências externas, seu sistema político, econômico e
social, bem como de organizar-se da maneira que mais lhe convenha, e tem o dever de não intervir nos
assuntos de outro Estado. Sujeitos ao acima disposto, os Estados americanos cooperarão amplamente
entre si, independentemente da natureza de seus sistemas políticos, econômicos e sociais;
f. A eliminação da pobreza crítica é parte essencial da promoção e consolidação da democracia
representativa e constitui responsabilidade comum e compartilhada dos Estados americanos;
g. Os Estados americanos condenam a guerra de agressão: a vitória não dá direitos;
h. A agressão a um Estado americano constitui uma agressão a todos os demais Estados americanos;
i. As controvérsias de caráter internacional, que surgirem entre dois ou mais Estados americanos, deverão
ser resolvidas por meio de processos pacíficos;
j. A justiça e a segurança sociais são bases de uma paz duradoura;

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k. A cooperação econômica é essencial para o bem-estar e para a prosperidade comum dos povos do
Continente;
l. Os Estados americanos proclamam os direitos fundamentais da pessoa humana, sem fazer distinção de
raça, nacionalidade, credo ou sexo;
m. A unidade espiritual do Continente baseia-se no respeito à personalidade cultural dos países americanos e
exige a sua estreita colaboração para as altas finalidades da cultura humana;
n. A educação dos povos deve orientar-se para a justiça, a liberdade e a paz.

Cuidado!!!
Diferentemente da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), o Pacto de San José da Costa Rica
(22/11/1969) reafirma o propósito dos Estados Americanos em consolidar no Continente um regime de liberdade
pessoal e de justiça social – não traz somente normas de caráter material, prevendo também órgãos
competentes para conhecer dos assuntos relacionados com o cumprimento dos compromissos
assumidos pelos Estados-partes, são eles:

a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e,


a Corte Interamericana de Direitos Humanos.

- Enquanto a Comissão é um órgão político-administrativo, com competência para, dentre outras funções,
receber e analisar petições individuais que contenham denúncias de violação aos direitos humanos contra os
Estados-partes, a Corte é um verdadeiro órgão judiciário internacional, dotado de força jurídica vinculante e
obrigatória.

- Para que o Estado reconheça a competência contenciosa da Corte Interamericana, ele deve manifestar vontade
expressa para tanto. No caso brasileiro, reconheceu-se a competência consultiva da Corte Interamericana em
1992, ao ratificar o Pacto de San José, só aceitando a competência contenciosa em 1998, malgrado a
Constituição Federal de 1998 já houvesse previsto a formação de um “tribunal internacional de Direitos Humanos”,
na forma da diretriz dada pelo art. 7º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

- Cada um deles está composto por sete membros, nomeados e eleitos pelos Estados na Assembleia-Geral da
OEA. Composição = 7 juízes. Deliberação = 5 juízes.

- Comissão Interamericana de Direitos Humanos (sediada em Washington) e a Corte Interamericana de Direitos


Humanos (localizada em San Jose da Costa Rica), constituem (grosso modo falando) nossa “quinta instância”
(casos emblemáticos, da atuação dela, são os casos Ximenes Lopes, Escher e Maria da Penha), mas não é
preciso esgotar as instâncias internas do país.

FIQUE ATENTO!!! A regra é a subsidiariedade, ou seja, o esgotamento da via interna para poder peticionar a
comissão. Isso para respeitar a soberania dos Estados-Parte. Porém, esse princípio não é absoluto, pois existem
casos que não precisará ocorrer o esgotamento, são eles:
~> Demora injustificado em âmbito interno
~> Negado acesso em âmbito interno
~> Desrespeito ao devido processo legal em âmbito interno

- A Comissão é o primeiro órgão a tomar conhecimento de uma denúncia individual e só em uma segunda
etapa a própria Comissão poderá levar a denúncia perante a Corte.

- A Comissão pode agir por iniciativa própria ou a pedido de parte.

- Os membros atuam individualmente, isto é, sem nenhuma vinculação com os seus governos, e também não
representam o país de sua nacionalidade.

- A Comissão e a Corte atuam de acordo com as faculdades que lhes foram outorgadas por distintos instrumentos
legais, no decorrer da evolução do sistema interamericano (arts. 44 e ss. da Convenção).

- Apesar das especificidades de cada órgão, em linhas gerais os dois supervisionam o cumprimento, por parte
dos Estados, dos tratados interamericanos de Direitos Humanos e têm competência para receber
denúncias individuais de violação desses tratados (Comissão – denúncias individuais).

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- Isso quer dizer que os órgãos do sistema têm competência para atuar quando um Estado-Parte for acusado da
violação de alguma cláusula contida em um tratado ou convenção (grave violação de Direitos Humanos).

- É claro que deverão ser cumpridos previamente alguns requisitos formais e substantivos que tanto a Corte
quanto a Comissão estabelecem para que tal intervenção seja viável.

- As funções da Corte são: CONSULTIVA: quando o Estado possui alguma dúvida; e JURISDICIONAL: quando
existe um conflito aparente de normas.

Atenção!!! Órgão judiciário que é a Corte não relata, nem propõe, nem recomenda, mas profere sentenças,
que o Pacto aponta como definitivas e inapeláveis, determinando seja o direito violado prontamente restaurado,
e ordenando, se for o caso, o pagamento de indenização justa à parte lesada.
Entretanto, admite-se o denominado “pedido de interpretação”, por qualquer uma das partes envolvidas
no litígio internacional, sobre o sentido ou alcance da sentença - prazo de 90 dias contados a partir da
notificação da sentença. Tal pedido funciona como uma espécie de embargo de declaração (vide art. 67 da
Convenção).

Por fim, lembro que não é possível pugnar pela anulação ou modificação da sentença através do recurso de
interpretação, conforme o decidido pela Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso Massacre da Rochela
vs Colômbia.

- O acesso à Corte Interamericana de Direitos Humanos não é possível por intermédio de petições individuais.
Faz-se necessário denunciar os fatos à Comissão Interamericana de Direitos Humanos que fará análise da
procedibilidade da denúncia.

- Somente podem demandar diretamente na Corte, a Comissão e os Estados Partes do Sistema


Interamericano.

- Como o Brasil só reconheceu a jurisdição contenciosa da Corte em 10 de dezembro de 1998, só podem ser
apresentadas a ela denúncias de violações ocorridas após essa data. Porém, a Comissão pode receber denúncias
de violações anteriores, isso porque sua competência se estende à análise de violações da Declaração Americana
(1948) e da Convenção Americana desde a ratificação pelo Brasil em novembro de 1992.

Observação importante:
Em relação ao procedimento da petição perante a Comissão, verificam-se quatro fases:
(a) fase da admissibilidade;
(b) fase da conciliação;
(c) fase do Primeiro Informe; e
(d) fase do Segundo Informe ou a propositura de uma ação de responsabilidade internacional perante a Corte
Interamericana de Direitos Humanos.

Cuidado e não confunda!!!


Art. 63, da Convenção: Em casos de extrema gravidade e urgência, e quando se fizer necessário evitar danos
irreparáveis às pessoas, a Corte, nos assuntos de que estiver conhecendo, poderá tomar as medidas
provisórias que considerar pertinentes. Se se tratar de assuntos que ainda não estiverem submetidos ao seu
conhecimento, poderá atuar a pedido da Comissão.

Cuidado!!!
A Corte executa as medidas provisórias.
A Comissão executa as medidas cautelares.

Atenção!!!
Competência da Comissão Interamericana de Direitos Humanos - Convenção Americana de Direitos
Humanos - Artigo 25 do Regulamento da Comissão - Medidas Cautelares (Artigo 25 modificado pela Comissão
Interamericana em seu 147º período ordinário de sessões, celebrado de 08 a 22 de março de 2013).

1. Com fundamento nos artigos 106 da Carta da Organização dos Estados Americanos, 41.b da Convenção
Americana sobre Direitos Humanos, 18.b do Estatuto da Comissão e XIII da Convenção Interamericana sobre o
Desaparecimento Forçado de Pessoas, a Comissão poderá, por iniciativa própria ou a pedido de parte, solicitar
que um Estado adote medidas cautelares. Essas medidas, tenham elas ou não conexão com uma petição ou

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caso, deverão estar relacionadas a situações de gravidade e urgência que apresentem risco de dano irreparável
às pessoas ou ao objeto de uma petição ou caso pendente nos órgãos do Sistema Interamericano.

2. Nas tomadas de decisão a que se refere o parágrafo 1, a Comissão considerará que:


a. “gravidade da situação” significa o sério impacto que uma ação ou omissão pode ter sobre um direito
protegido ou sobre o efeito eventual de uma decisão pendente em um caso ou petição nos órgãos do Sistema
Interamericano;
b. a “urgência da situação” é determinada pelas informações que indicam que o risco ou a ameaça são
iminentes e podem materializar-se, requerendo dessa maneira ação preventiva ou tutelar; e
c. “dano irreparável” significa os efeitos sobre direitos que, por sua natureza, não são suscetíveis de reparação,
restauração ou indenização adequada.

3. As medidas cautelares poderão proteger pessoas ou grupos de pessoas, sempre que o beneficiário ou os
beneficiários puderem ser identificados ou forem identificáveis por sua localização geográfica ou seu
pertencimento ou vínculo a um grupo, povo, comunidade ou organização.

4. Os pedidos de medidas cautelares dirigidos à Comissão deverão conter, entre outros elementos:
a. os dados das pessoas propostas como beneficiárias ou informações que permitam identificá-las;
b. uma descrição detalhada e cronológica dos fatos que sustentam a solicitação e quaisquer outras
informações disponíveis; e
c. a descrição das medidas de proteção solicitadas.

5. Antes de decidir sobre a solicitação de medidas cautelares, a Comissão exigirá do Estado envolvido
informações relevantes, salvo nos casos em que a iminência do dano potencial não admita demora. Nestas
circunstâncias, a Comissão revisará a decisão adotada o quanto antes possível ou, o mais tardar, no período de
sessões seguinte, levando em consideração as informações fornecidas pelas partes.

6. Ao considerar o pedido, a Comissão levará em conta seu contexto e os seguintes elementos:


a. se a situação foi denunciada às autoridades pertinentes ou se há motivos para isso não poder ser feito;
b. a identificação individual dos beneficiários propostos das medidas cautelares ou a determinação do grupo a
que pertencem ou estão vinculados; e
c. a expressa conformidade dos potenciais beneficiários, quando a solicitação for apresentada por terceiros,
salvo em situações em que se justifique a ausência de consentimento.

7. As decisões de concessão, ampliação, modificação e suspensão de medidas cautelares serão emitidas


através de resoluções fundamentadas que incluirão, entre outros, os seguintes elementos:
a. a descrição da situação e dos beneficiários;
b. a informações aportadas pelo Estado, se disponíveis;
c. as considerações da Comissão sobre os requisitos de gravidade, urgência e irreparabilidade;
d. se aplicável, o prazo de vigência das medidas cautelares; e
e. os votos dos membros da Comissão.

8. A concessão dessas medidas e sua adoção pelo Estado não constituirão prejulgamento de qualquer violação
dos direitos protegidos na Convenção Americana sobre Direitos Humanos ou em outros instrumentos aplicáveis.

9. A Comissão avaliará periodicamente, de ofício ou a pedido de parte, as medidas cautelares vigentes, a fim de
mantê-las, modificá-las ou suspendê-las. Em qualquer momento, o Estado poderá apresentar uma petição
devidamente fundamentada para a Comissão deixar sem efeito as medidas cautelares vigentes. A Comissão
solicitará as observações dos beneficiários antes de decidir sobre a petição do Estado. A apresentação de tal
pedido não suspenderá a vigência das medidas cautelares outorgadas.

10. A Comissão poderá tomar as medidas de acompanhamento apropriadas, como requerer às partes
interessadas informações relevantes sobre qualquer assunto relacionado com a concessão, observância e
vigência das medidas cautelares. Essas medidas poderão incluir, quando pertinente, cronogramas de
implementação, audiências, reuniões de trabalho e visitas de acompanhamento e revisão.

11. Além dos casos contemplados no parágrafo 9, a Comissão poderá suspender ou revisar uma medida
cautelar quando os beneficiários ou seus representantes, injustificadamente, se abstiverem de responder de
forma satisfatória à Comissão sobre os requisitos propostos pelo Estado para sua implementação.

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12. A Comissão poderá apresentar um pedido de medidas provisórias à Corte Interamericana de acordo com
as condições estabelecidas no artigo 76 deste Regulamento. Se no assunto já tiverem sido outorgadas
medidas cautelares, estas manterão sua vigência até a Corte notificar as partes sua resolução sobre o pedido.

13. Diante da decisão de indeferimento de um pedido de medidas provisórias pela Corte Interamericana, a
Comissão só considerará um novo pedido de medidas cautelares se surgirem fatos novos que o justifiquem.
Em todo caso, a Comissão poderá considerar o uso de outros mecanismos de monitoramento da situação.

Obs.: Violação grave e urgente


Essa é uma das novidades do Sistema Americano de proteção de direitos humanos, que tem por objetivo tornar
mais efetiva a proteção, evitando a lesão irreparável aos direitos humanos, em situações de violação grave e de
urgente medida que os Estados não deram atenção.

Obs.: Cláusula Federal (art. 28 da Convenção)


Esse dispositivo transmite a ideia de que os Estados-parte constituídos em forma de federação (como o Brasil)
não podem alegar o descumprimento das disposições do Pacto de San José da Costa Rica sob o argumento de
que internamente essa competência é do ente federado (por exemplo, o Estado do Paraná).

De fato, a vinculação ao Pacto é do Estado Federal, uma vez que possui personalidade internacional. Assim, se
determinado direito previsto no Pacto for de responsabilidade de um estado federado, ao Estado Federal compete
o dever de adotar as medidas cabíveis para que o Estado Federado proceda a implementação interna do direito.

Observe que não é possível que haja ingerência da União nos Estados, todavia, a União deve empenhar esforços
para que o Estado adote as medidas necessárias.

Artigo 28. Cláusula federal


1. Quando se tratar de um Estado Parte constituído como Estado federal, o governo nacional do
aludido Estado Parte cumprirá todas as disposições da presente Convenção, relacionadas com as matérias sobre
as quais exerce competência legislativa e judicial.
2. No tocante às disposições relativas às matérias que correspondem à competência das entidades
componentes da federação, o governo nacional deve tomar imediatamente as medidas pertinente, em
conformidade com sua constituição e suas leis, a fim de que as autoridades competentes das referidas entidades
possam adotar as disposições cabíveis para o cumprimento desta Convenção.
3. Quando dois ou mais Estados Partes decidirem constituir entre eles uma federação ou outro tipo
de associação, diligenciarão no sentido de que o pacto comunitário respectivo contenha as disposições
necessárias para que continuem sendo efetivas no novo Estado assim organizado as normas da presente
Convenção.

LEMBRAR QUE:
Em termos gerais, a assinatura e ratificação de um tratado ou convenção internacional gera para os Estados um
compromisso de respeito por seu conteúdo.

LEMBRAR AINDA QUE:


A incorporação dos tratados internacionais de proteção dos Direitos Humanos no ordenamento jurídico brasileiro
gera para o País a obrigação de reconhecer a prevalência da norma internacional sobre a norma interna, de forma
que incorporada a norma alienígena ao ordenamento jurídico brasileiro, seja com status de lei ordinária ou de
norma constitucional (art. 5º, §3º da CF/88 com redação dada pela EC nº 45/04), esta prevalecerá qualquer que
seja o grau hierárquico da norma conflitiva. Ademais, o poder constituinte derivado ou reformador brasileiro está
sujeito à limitação consubstanciada em não fazer reformas à Constituição que vão de encontro com um preceito
de tratado internacional.

FIQUE ATENTO!!!!!!!
Os Defensores Públicos Interamericanos não integram os quadros da Corte Interamericana de Direitos
Humanos, mas são indicados para a atuação pela Associação Interamericana de Defensorias Públicas - AIDEF,
uma instituição de caráter civil, sem fins lucrativos.

- A Defensoria Pública Interamericana surgiu em 2009 após a celebração de um convênio entre a Corte
Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) e a AIDEF (Associação Interamericana de Defensorias Públicas)

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** A necessidade de ter uma Defensoria Pública Interamericana está intimamente ligada com uma mudança no
papel das vítimas no Sistema Interamericano
** Mas não só, a necessidade surge também com a mudança na atuação da da Comissão IDH que perdeu seu
papel dual (deixando de ser, ao mesmo tempo, órgão do sistema e representante legal das vítimas).
** Com isso, vítimas poderiam acabar sem assistência jurídica, tornando-se urgente estabelecer o Defensor para o
caso.
** E a existência desse Defensor Interamericano tem previsão onde? Hoje, temos a previsão do
próprio Regulamento da Corte. A AIDEF pode recusar o caso e a própria vítima também pode não consentir com
essa designação

** Esse Defensor Interamericano terá: MANDATO >>> 3 ANOS, possível reeleição para SOMENTE um período
consecutivo. E se o mandato acabar e o Def. ainda estiver com um caso? Entende-se que poderá permanecer até
acabar a atuação respectiva, uma espécie de defensor natural.

Assunto 6: PRINCIPAIS DOCUMENTOS INTERNACIONAIS DE PROTEÇÃO DE DIREITOS DE QUE O BRASIL


FAZ PARTE

- Carta das Nações Unidas de 1945.

- Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.

- Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (PIDCP) de 1966 – direitos de 1ª geração.

- Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC) de 1966 – direitos de 2ª geração.

- Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes de 1984.

- Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher de 1979.

- Convenção sobre a Eliminação de Toras as Formas de Discriminação Racial de 1965.

- Convenção sobre os Direitos das Crianças de 1989.

- Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969.

- Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura de 1985.

- Convenção Interamericana para Prevenir e Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher de 1994.

A saber ainda:

- Convenção e Programação de Ação de Viena de 1993.

- Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas Contra o Desaparecimento Forçado.

- Carta para o Terceiro Milênio de 1999.

- Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados
em Nova York, em 30 de março de 2007 (status de norma constitucional).

Assunto 7: ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS

Vide Material de Direito Internacional

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Assunto 8: OS DIREITOS HUMANOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

O relevante tema dos direitos fundamentais surgiu a partir das Constituições datadas de menos de
cinquenta anos. Com efeito, as anteriores davam mais ênfase à organização do Estado, aos seus Poderes e
respectivas autoridades, assuntos que eram tratados em primeiro lugar.
Só a partir de então as novas Cartas políticas passaram a estampar nos seus textos, em posição de
preeminência, os direitos dos cidadãos, e entre estes os que interessam diretamente à efetiva existência de um
Estado Democrático de Direito, ou seja, os denominados direitos fundamentais.

1. Direitos Fundamentais e Direitos Humanos – Distinção

Os termos direitos fundamentais e direitos humanos costumam ser utilizados para designar, senão a
mesma realidade, pelo menos realidades muito próximas.
A expressão direitos fundamentais surgiu na França (1770) no movimento político e cultural que deu
origem à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789). Apesar da inexistência de um consenso
doutrinário acerca de sua diferença em relação aos direitos humanos, a distinção mais usual é no sentido de que
ambas contemplam, em planos distintos, direitos relacionados à liberdade e à igualdade criados com o objetivo de
proteger e promover a dignidade da pessoa humana.

Os direitos humanos se encontram consagrados nos tratados e convenções internacionais


(plano internacional), ao passo que os direitos fundamentais são os direitos humanos consagrados e
positivados na Constituição de cada país (plano interno), podendo o seu conteúdo e conformação variar
de acordo com a ideologia e a mocidade do estado.

Assim, os direitos fundamentais são os considerados indispensáveis à pessoa humana, necessários


para assegurar a todos uma existência digna, livre e igual. São dos direitos das pessoas.
Para o Professor José Afonso da Silva, os Direitos Fundamentais “são as prerrogativas e instituições
que o direito positivo concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas”; já as
garantias são mecanismos de proteção e elas podem ser gerais – para todos (lato sensu) e específicas – também
chamadas de remédios constitucionais (strictu sensu). Possui outras expressões semelhantes, como: Direitos
Naturais, Direitos das Pessoas, Direitos Humanos, etc.

2. Classificação
Em síntese, com base na CF/88. Podemos classificar os direitos fundamentais em 5 grupos:
a - direitos individuais (art. 5º);
b - direitos coletivos (art. 5º);
c - direitos sociais (arts. 6º e 193 e ss.);
d - direitos à nacionalidade (art. 12);
e - direitos políticos (arts. 14 a 17).

Explicação:
A - Direitos individuais e coletivos: são os direitos ligados ao conceito de pessoa humana e à sua personalidade,
tais como à vida, à igualdade, à dignidade, à segurança, à honra, à liberdade e à propriedade (elencado no artigo
5º e seus incisos).
B - Direitos sociais: o Estado Social de Direito deve garantir as liberdades positivas aos indivíduos. Esses direitos
são referentes à educação, saúde, trabalho, previdência social, lazer, segurança, proteção à maternidade e à
infância e assistência aos desamparados. Sua finalidade é a melhoria das condições de vida dos menos
favorecidos, concretizando assim, a igualdade social (elencado a partir do artigo 6º ao 11).
C - Direitos de nacionalidade: nacionalidade, significa, o vínculo jurídico político que liga um indivíduo a um certo e
determinado Estado, fazendo com que este indivíduo se torne um componente do povo, capacitando-o a exigir
sua proteção e em contra partida, o Estado sujeita-o a cumprir deveres impostos a todos (elencado nos artigos 12
e 13).
D - Direitos políticos: permitem ao indivíduo, através de direitos públicos subjetivos, exercer sua cidadania,
participando de forma ativa dos negócios políticos do Estado (elencado no artigo 14 e seguintes).
E - Direitos relacionados à existência , organização e a participação em partidos políticos: garante a autonomia e a
liberdade plena dos partidos políticos como instrumentos necessários e importantes na preservação do Estado
democrático de Direito (elencado no artigo 17).

Esses artigos, 5º ao 17, perfazem o que a doutrina denomina “catálogo dos direitos fundamentais”,
pois é a parte da Constituição em que estão catalogados e relacionados os direitos fundamentais.

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Não significa, porém, que todos os direitos fundamentais previstos na nossa Constituição estão
disciplinados nesses artigos.
Existem direitos fundamentais previstos em outros dispositivos da Constituição, como é o caso do
direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado - direito de terceira dimensão, que está
estabelecido no art. 225 da Carta Política.
Esses direitos fundamentais que estão fora do catálogo (fora do intervalo do art. 5º ao 17) são
chamados de direitos fundamentais não-catalogados (ou, simplesmente, direitos fundamentais fora do catálogo).
Importante notar que existe um grupo de direitos fundamentais voltados especificamente para pessoa
jurídica (direitos fundamentais dos partidos políticos, no art. 17 da CF/88).

3. Natureza Jurídica e Eficácia das normas sobre direitos fundamentais:

A natureza desses direitos são situações jurídicas, objetivas e subjetivas, definidas no direito positivo,
em prol da dignidade, igualdade e liberdade da pessoa humana;
São direitos constitucionais na medida em que se inserem no texto de uma constituição cuja
eficácia e aplicabilidade dependem muito de seu próprio enunciado, uma vez que a Constituição faz depender de
legislação ulterior a aplicabilidade de algumas normas definidoras de direitos sociais, enquadrados entre os
fundamentais.
Em regra, as normas que consubstanciam os direitos fundamentais democráticos e individuais são
de eficácia e aplicabilidade imediata.
A própria Constituição Federal, em uma norma-síntese, determina tal fato dizendo que as normas
definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata (art. 5º, § 1º).
A eficácia e aplicabilidade das normas que contêm os direitos fundamentais dependem muito de seu
enunciado, pois se trata de assunto que está em função do direito positivo;
Essa declaração pura e simplesmente não bastaria se outros mecanismos não fossem previstos para
torná-la eficiente (exemplo: mandado de injunção e iniciativa popular).

Obs.: Relatividade dos direitos e garantias individuais e coletivos – Os direitos humanos fundamentais, dentre eles
os direitos e garantias individuais e coletivos consagrados no art. 5° da Constituição Federal, não podem ser
utilizados como um verdadeiro escudo protetivo da prática de atividades ilícitas, nem tampouco como argumento
para afastamento ou diminuição da responsabilidade civil ou penal por atos criminosos, sob pena de total
consagração ao desrespeito a um verdadeiro Estado de Direito.

4. Restrições Constitucionais

A própria Constituição Federal estabelece hipóteses nas quais poderão ser impostas limitações ao
exercício de certos direitos fundamentais.
Nessas situações, portanto, não se poderá falar em ofensa, em fraude às garantias dos indivíduos,
pois as limitações são autorizadas pela própria Constituição.
Assim, na vigência de estado de defesa, poderão ser adotadas, entre outras medidas, restrições aos
direitos de reunião, de sigilo de correspondência, de sigilo de comunicação telegráfica e telefônica (CF, art. 136, §
1º).
Da mesma forma, durante o estado de sítio poderão ser impostas restrições relativas à
inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de
imprensa, radiodifusão e televisão, bem assim suspensão da liberdade de reunião, busca e apreensão em
domicílio entre outras medidas (CF, art. 139).
Importante frisar que essas não são as únicas hipóteses em que poderão ser impostas restrições aos
direitos fundamentais, pois, como vimos, estes não possuem caráter absoluto e, portanto, podem ser objeto de
restrições impostas por lei, mesmo fora dessas situações excepcionais, desde que obedecido ao princípio da
razoabilidade.

5. Destinatários da Proteção dos Direitos Fundamentais

A interpretação literal do caput do art. 5º da Constituição de 1988 revela que os destinatários dos
direitos individuais são apena os brasileiros e os estrangeiros residentes no país.
Todavia, o legislador constituinte disse menos do que gostaria, haja vista que os direitos individuais
foram criados para proteger diretamente a dignidade da pessoa humana, tendo nela seu núcleo axiológico.
Por ser a “pessoa humana” um conceito dotado de universalidade, referente à pessoa e não apenas
ao cidadão, o princípio da dignidade da pessoa humana afasta a possibilidade de quaisquer discriminações,
inclusive entre nacionais e estrangeiros.

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Portanto, deve-se fazer uma interpretação extensiva deste dispositivo no sentido de assegurar os
direitos e garantias a todas as pessoas que estejam em território brasileiro e não apenas aos brasileiros e os
estrangeiros residentes no país.
Uma interpretação literal seria absurda, afirma Celso Bastos ao reconhecer como Destinatários dos
direitos individuais todos que entrem em contato com o ordenamento jurídico brasileiro; inclusive as pessoas
jurídicas.

6. Distinção entre Direitos, Garantias e Remédios Constitucionais

Rui Barbosa, analisando a Constituição de 1891, foi um dos primeiros estudiosos a enfrentar a
distinção entre os direitos e as garantias fundamentais.
Ele distinguiu “as disposições meramente declaratórias, que são as que imprimem existência legal
aos direitos reconhecidos, e as disposições assecuratórias, que são as que, em defesa dos direitos, limitam o
poder. Aquelas instituem os direitos, estas as garantias; ocorrendo não raro juntar-se, na mesma disposição
constitucional, ou legal, a fixação da garantia, com a declaração do direito”.
Assim, os direitos são bens e vantagens prescritos na norma constitucional, enquanto as
garantias são os instrumentos através dos quais se assegura o exercício dos aludidos direitos
(preventivamente) ou prontamente os repara, caso violados.
Resta diferenciar as garantias fundamentais dos remédios constitucionais. Estes últimos constituem
espécies do gênero garantia.
Isso porque, uma vez consagrado o direito, a sua garantia nem sempre estará nas regras definidas
constitucionalmente como remédios constitucionais (ex: habeas corpus, habeas data, etc.).
Em determinadas situações a garantia poderá estar na própria norma que assegura o direito, como
por exemplos: é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos – art. 5, VI (direito) – garantindo-se na forma da lei a proteção aos locais de culto e suas garantias
(garantia); direito ao juízo natural (direito) – art. 5, XXXVII, veda a instituição de juízo ou tribunal de exceção
(garantia).

Vide Material de Direito Constitucional:

DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS


DIREITOS SOCIAIS
DIREITO DE NACIONALIDADE
DIREITOS POLÍTICOS
- Leitura obrigatória dos arts. 5º ao 17 da CF/88.

Assunto 9: TEMAS ATUAIS E IMPORTANTES SOBRE DIREITOS HUMANOS!!!

Assunto importante de Direitos Humanos para a OAB é conhecer a forma como esses bens jurídicos foram
consagrados em nossa Constituição, ou seja, o tipo de relevância e proteção concedida pela ordem interna.

No entanto, o estudo da legislação interna não está adstrito à Constituição Federal. Uma questão de prova pode,
até mesmo, misturar disciplinas. É o caso, por exemplo, de questões sobre os direitos do preso, estatuto da
pessoa com deficiência, aprovação de tratados internacionais etc.

Logo, os Direitos Humanos se relacionam com o conteúdo de Direito Constitucional, Internacional, Civil, Penal etc.
Isso porque a ordem jurídica interna estabelece as normas jurídicas responsáveis pela realização desses valores
fundamentais em diferentes níveis.

1. SOBRE OS PRESOS
A prisão provisória NÃO suspende os direitos políticos!!
"A Constituição Federal de 1988 garante o direito de todo cidadão de escolher seus representantes políticos por
meio do voto. O voto do preso provisório não é novidade no Brasil e, em alguns estados, estabelecimentos penais
já proporcionam a votação desde 2002, como é o caso de Sergipe. Nas eleições de 2008, 11 estados
asseguraram a votação de presos provisórios em algumas penitenciárias. No Espírito Santo, desde 2006, a
Justiça Eleitoral capixaba disponibiliza para a população carcerária seções eleitorais especiais.

O que diz a regra:


O preso provisório – que ainda não teve condenação criminal definitiva – deve alistar-se ou transferir o título. Os
serviços eleitorais de alistamento, revisão e transferência serão realizados pelos servidores da Justiça Eleitoral,

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nos próprios estabelecimentos penais e de internação. O preso provisório ou o adolescente maior de 18 anos
internado que não realizar a transferência do título deverá justificar a ausência no domicílio de origem, no dia da
eleição, no próprio estabelecimento penal.

* Foi aprovada para as eleições de 2014, a Resolução nº 23.219/2010 que dispõe sobre a instalação de seções
eleitorais especiais em estabelecimentos penais e de internação de adolescentes para viabilizar o voto de presos
provisórios e de jovens em medida socioeducativa de internação".

- Lei 11.671/2008 - Dispõe sobre a transferência e inclusão de presos em estabelecimentos penais federais de
segurança máxima e dá outras providências.

- Leia os incisos do art. 5º da CF/88 que tratam dos direitos dos presos e sobre prisão, bem como sobre os tipos
de pena, pois os direitos dos presos (e das presas) estão indicados na Constituição Federal e na Lei de
Execuções Penais, lei que trata do direito dos presos e de sua integração à sociedade.

- A Constituição em seu artigo 5º XLIX, assegura aos presos o respeito à integridade física e moral, e a Lei de
Execuções Penais determina que o Estado tenha obrigação e deverá prestar ao preso:
I – Assistência Material: fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas;
II - Assistência Saúde: atendimento médico, farmacêutico e odontológico, tanto preventivo, quanto curativo;
III - Assistência Jurídica: destinada àqueles que não possuem recursos para contratar um advogado;
IV - Assistência Educacional: o ensino do primeiro grau é obrigatório e é recomendada a existência de ensino
profissional e a presença de bibliotecas nas unidades prisionais.
V - Assistência Social: deve amparar o preso conhecendo seus exames, acompanhando e auxiliando em seus
problemas, promovendo sua recreação, providenciando a obtenção de documentos e amparando a família do
preso. A assistência social também deve preparar o preso para o retorno à liberdade
VI - Assistência Religiosa: os presos devem ter liberdade de culto e os estabelecimentos deverão ter locais
apropriados para as manifestações religiosas. No entanto, nenhum interno será obrigado a participar de nenhuma
atividade religiosa.
VII - Assistência ao egresso: orientação para reintegração em sociedade, concessão (quando necessário) de
alojamento e alimentação por um prazo de dois meses e auxílio para a obtenção de um trabalho.

São ainda direitos dos presos:


• ser chamado pelo próprio nome;
• receber visita da família e amigos em dias determinados;
• escrever e receber cartas e ter acesso a meios de informações
• ter acesso a trabalho remunerado (no mínimo ¾ do salário mínimo);
• contribuir e ser protegido pela Previdência Social;
• ter acesso à reserva de dinheiro resultado de seu trabalho (este dinheiro fica depositado em caderneta de
poupança e é resgatado quando o preso sai da prisão);
• ser submetido a uma distribuição adequada de tempo para o trabalho, o descanso e a recreação;
• ser protegido contra qualquer forma de sensacionalismo;
• ter conversas pessoais reservadas com seu advogado;
• ter igualdade de tratamento, a não ser no que se refere às exigências de individualização da pena;
• ter audiência especial com o diretor do estabelecimento prisional;
• poder se comunicar e enviar representação ou petição a qualquer autoridade, em defesa de seus direitos;
• receber anualmente da autoridade judiciária competente um atestado de pena a cumprir.

Cuidado!!! É preciso compreender que o preso conserva os demais direitos adquiridos enquanto cidadão, que
não sejam incompatíveis com a "liberdade de ir e vir", à medida que a perda temporária do direito de liberdade
em decorrência dos efeitos de sentença penal refere-se tão-somente à locomoção.

- VIDE AINDA: Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento dos Presos
A partir de 2015 as mesmas foram revisionadas (Regras de Mandela) e, temos agora uma observância mais
atenta.

Regra 33 - A sujeição a instrumentos tais como algemas, correntes, ferros e coletes de força nunca deve ser
aplicada como sanção. Mais ainda, correntes e ferros não devem ser usados como instrumentos de coação.
Quaisquer outros instrumentos de coação só podem ser utilizados nas seguintes circunstâncias:

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a) Como medida de precaução contra uma evasão durante uma transferência, desde que sejam retirados logo que
o recluso compareça perante uma autoridade judicial ou administrativa;
b) Por razões médicas sob indicação do médico;
c) Por ordem do diretor, depois de se terem esgotado todos os outros meios de dominar o recluso, a fim de o
impedir de causar prejuízo a si próprio ou a outros ou de causar estragos materiais; nestes casos o diretor deve
consultar o médico com urgência e apresentar relatório à autoridade administrativa superior.

1.1 Administração da Justiça Juvenil


Os seguintes instrumentos internacionais governam a administração da justiça juvenil:
* Convenção sobre os Direitos das Crianças (CDC);
* Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça Juvenil (Regras de Beijing);
* Diretrizes das Nações Unidas para a Prevenção da Delinquência Juvenil (Diretrizes de Riad);
* Regras das Nações Unidas para a Proteção das Crianças e Adolescentes privados de sua
Liberdade (RNUPCA);
* Regras Mínimas das Nações Unidas para a Elaboração de Medidas não Privativas de Liberdade
(Regras de Tóquio).

Entre os instrumentos mencionados, somente a CDC é um tratado. Os outros podem ser considerados
instrumentos que oferecem instruções normativas, mas não constituem obrigações legais aos Estados, exceto a
ponto de reiterarem obrigações que fazem parte do direito internacional ou são encontrados em tratados
multilaterais.

• Convenção sobre os Direitos das Crianças (CDC);


Protocolo facultativo à convenção sobre os direitos da criança relativo ao envolvimento de crianças em
conflitos armados
NY, 2002. Brasil: 2004.
Objetivo: estabelecer um aumento de idade para o possível recrutamento (forçado ou voluntário) de pessoas pelas
forças armadas, reconhecendo-se as necessidades especiais das crianças particularmente vulneráveis ao
recrutamento ou utilização em hostilidades, em decorrência de sua situação econômica, social ou de sexo.

Protocolo facultativo à convenção sobre os direitos da criança referente à venda de crianças, à


prostituição infantil e à pornografia infantil
NY, 2002. Brasil: 2004.
Diversos mandados internacionais de criminalização.
Devem ser considerados delitos passíveis de extradição
Adotar medidas para permitir o sequestro e confisco, conforme o caso, de bens e outros meios utilizados para
cometer ou facilitar o cometimento dos delitos, bem como rendas decorrentes do seu cometimento.
3º Protocolo facultativo à convenção (2011): cria um direito de petição das vítimas ao Comitê para os Direitos das
Crianças.

- A CDC é um tratado e, como tal, cria obrigações legais aos Estados Membros para assegurar que seus
dispositivos sejam implementados em sua totalidade em nível nacional. As medidas que podem ser tomadas para
esta finalidade incluem (mas não se limitam a elas) a adaptação da legislação vigente pertinente à criança ou a
adoção de uma nova legislação nos termos dos dispositivos estabelecidos na Convenção.

VEJA AINDA SOBRE A CRIANÇA (CDC)


- Nos termos da Convenção, criança é todo ser humano menor de 18 anos, salvo se, nos termos da lei que
lhe for aplicável, atingir a maioridade mais cedo (CDC, artigo 1º).

- A principal preocupação da CDC é com o interesse superior da criança. Todas as medidas prescritas na
Convenção tomam este princípio como ponto de partida. A CDC não deixa dúvida de que as crianças podem
desfrutar dos mesmos direitos humanos e liberdades dos adultos. Certos direitos fundamentais, como o direito à
vida, liberdade e segurança pessoal, o direito à liberdade de pensamento e expressão e o direito a reuniões e
associações pacíficas são reiterados firmemente na Convenção. Além disso, esta também procura a proteção
contra violência, negligência e exploração da criança (CDC, artigos 32 a 36).

- A CDC, além disso, define as razões e as condições pelas quais a criança pode ser legalmente privada de sua
liberdade, assim como os direitos da criança acusada de uma infração penal (CDC, artigos 37 e 40). Estes
dispositivos serão apresentados em detalhes nas seções de Captura e Detenção.

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- Direito de ser registrada imediatamente após seu nascimento, de que tenha, desde o momento do nascimento,
um nome, uma nacionalidade e, na medida do possível, a conhecer seus pais e a ser cuidada por eles.

- Toda solicitação apresentada por uma criança, ou por seus pais, para ingressar ou sair de um Estado Parte com
vistas à reunião da família, deverá ser atendida pelos Estados Partes de forma positiva, humanitária e rápida e
estes deverão assegurar que a apresentação de tal solicitação não acarretará consequências adversas para os
solicitantes ou seus familiares.

- Os Estados Partes assegurarão que menores de 18 anos não serão recrutados de maneira compulsória em suas
Forças Armadas.

1.2 Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescente


- Foi elaborado em junho de 2000, durante o Encontro Nacional ocorrido em Natal (RN). O Plano consolida o
processo no qual foram definidos por meio de consensos entre diferentes setores e segmentos, as diretrizes
gerais para uma política pública de enfrentamento à violência sexual infanto-juvenil. Atualizado em 2018.

2. POSIÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DH NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO -


SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO

Pela sua própria natureza, a Constituição é tida como a primeira lei positiva (como ápice do
ordenamento jurídico). A Constituição é a lei suprema do Estado brasileiro e fundamento de validade de todas as
demais normas jurídicas razão pela qual estas só serão válidas se estiverem em conformidade com as normas
constitucionais.
O sistema jurídico pátrio pode ser representado por uma pirâmide imaginária composta, basicamente
por três níveis hierárquicos, vejamos:

Observe que:
1. Constituição (normas originárias e derivadas) + TIDH (3/5, em 2 turnos em cada casa no CN).
2. Atos Normativos Primários = Lei Complementar, Lei Ordinária, Lei Delegada, Medida Provisória, Decreto
Legislativo e Resolução.
3. Atos Normativos Secundários = Decretos e Regulamentos.

Observação: Posição Hierárquica dos Tratados Internacionais - Importante!!!


a) TIDH – com status de norma constitucional – art. 5º § 3º da CF.
b) TIDH – status supralegal – art. 47 da CF.
c) Tratados Internacionais – status de lei ordinária.

Atenção!!! Constitucionalização dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos - ver art. 5º, § 3º da CF.

Assim, atualmente um tratado de Direitos Humanos no Brasil poderá ser norma supralegal (regra) ou emenda
constitucional (apenas a Convenção Internacional de Proteção das Pessoas com Deficiência e o seu protocolo
facultativo). Com efeito, para que o tratado sobre direitos humanos tenha status de EC deverá ser votado como se
fosse uma PEC (3/5, ou seja, maioria qualificada, em dois turnos nas duas casas do CN). Esse sistema encontra-
se previsto no § 2º do art. 60 da CF e § 3º do art. 5º da CF.
Conclusão, a votação do tratado determina a sua natureza (o referendo congressual). Se for votado como se fosse
uma Lei Ordinária (votação por maioria simples na Câmara dos Deputados e uma votação por maioria simples no
Senado Federal) terá status de norma supralegal; se o tratado for votado por maioria qualificada de 3/5 em duas
votações na Câmara dos Deputados e no Sendo Federal terá status de Emenda Constitucional.

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Os três tratados internacionais recepcionados como emendas constitucionais são:


1. Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, assinado em Nova York, em 30
de março de 2007.
2. Protocolo Facultativo da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, assinado em Nova
York, em 30 de março de 2007, junto com a referida Convenção.
3. Tratado de Marraqueche para Facilitar o Acesso a Obras Publicadas às Pessoas Cegas, com Deficiência
Visual ou com outras Dificuldades para ter Acesso ao Texto Impresso de 2013. Decreto 9.522/2018.

Obs.: O Tratado possui validade jurídica a comprometer o Brasil no âmbito internacional.

Todos os três tratados ratificados pelo Brasil na forma prevista no § 3º do artigo 5º da Constituição são
relacionados a pessoas com deficiência.

Obs.: Desse modo, tais tratados compõem o chamado bloco de constitucionalidade, ou seja, são considerados
normas constitucionais e eventual lei ou ato normativo que estiver em confronto com eles deverá ser julgada
inconstitucional.

3. CENTRO DE REFERÊNCIA PARA IMIGRANTES

- A Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e dos
Membros das suas Famílias foi assinada em 1990 (Resolução n° 45/158, de 18 de Dezembro de 1990) e vigente
no plano internacional desde 2003.

- A ausência de ratificação do referido tratado pelo Estado brasileiro não possibilita a aplicação concreta do teor da
convenção no ordenamento jurídico pátrio, entretanto, NÃO SE PODE AFIRMAR QUE “suas normas não
produzem efeito jurídico em território brasileiro”. Todas as convenções celebradas no âmbito internacional,
inclusive aquelas relativas à promoção dos direitos humanos, devem observar as regras presentes na Convenção
de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969, ratificada em 2009, pelo Brasil. Esta Convenção traz, em seu art.
18, A OBRIGAÇÃO DE NÃO FRUSTRAR O OBJETO E FINALIDADE DE UM TRATADO ANTES DE SUA
ENTRADA EM VIGOR.

- O Brasil é o único país do Mercosul que não é signatário do Acordo, mas isso não impede do país respeitar
o Acordo.

- Vale ressaltar que tal Convenção foi criada com o intuito de proteger, a nível internacional, o direito de tais
pessoas, vez que, a partir do momento em que um indivíduo sai do seu Estado de origem para outro, se torna

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vulnerável a possíveis situações que venham a usurpar seus direitos, lhe pondo em grande risco.
Consequentemente, os migrantes que procuram uma melhor condição de vida e trabalho em outro Estado, leva a
família consigo, trazendo ao Estado “receptor” o dever de cuidar de seus imigrantes, garantindo que os seus
direitos, naquele local, sejam preservados. E, obviamente, um imigrante irregular, sem documentação válida, é
desvalorizado no mercado de trabalho, acarretando muitas vezes na escravização e desvalorização da mão de
obra por ele fornecida.

Obs.: O Centro de Referência e Acolhida para Imigrantes (CRAI) busca promover o acesso a direitos e a
inclusão social, cultural e econômica dos imigrantes na cidade de São Paulo, por meio do atendimento
especializado a esta população, da oferta de cursos e oficinas, além do serviço de acolhimento. A criação do
espaço atende à Meta 65 do Programa de Metas da atual gestão da Prefeitura de São Paulo, que prevê a criação
e implementação de Política Municipal para Migrantes na cidade. O projeto é uma iniciativa da Prefeitura de São
Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) em parceria com a Secretaria
Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS). A gestão do CRAI é realizada com o apoio da
organização Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras).

DIFERENÇA ENTRE REFUGIADO E IMIGRANTE

- Refugiados são pessoas que deixam seus países para escapar da guerra e da perseguição, e podem
provar isso de alguma forma. A Convenção de Refugiados de 1951, realizada após a II Guerra Mundial,
define refugiado como uma pessoa que por medo de ser “perseguida por motivos raciais, religiosos, de
nacionalidade ou por fazer parte um grupo social ou ter determinada opinião política não está disposto a
se colocar sobre a proteção daquele país”. Refugiados não podem ser expulsos ou devolvidos a situações
onde suas vidas ou liberdade possam estar sob ameaça. Os Estados são os primeiros responsáveis por
assegurar essa proteção.

- Imigrantes são qualquer pessoa que se muda de um país a outro é considerado imigrante, a não ser
que esteja fugindo de guerras ou perseguição. Imigrantes podem estar fugindo da pobreza, ou estar
simplesmente buscando por melhores oportunidades. Podem também se mudar para se juntar a seus
parentes.

Obs.: Existe um debate atual sobre os imigrantes que deixam suas casas para fugir de mudanças climáticas – a
desertificação da região africana de Sahel, por exemplo, ou a inundação de uma ilha costeira em Bangladesh – e
se eles podem ser classificados como refugiados. Muitos dizem ser uma MIGRAÇÃO FORÇADA.

- Vide a Lei nº 13.445/2017, de 24 de maio de 2017


- Decreto nº 9.199, de 20 de novembro de 2017
Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei de Migração, instituída pela Lei no 13.445, de 24 de maio de 2017.
Parágrafo único. Para fins do disposto na Lei no 13.445, de 2017, consideram-se:
I - migrante - pessoa que se desloque de país ou região geográfica ao território de outro país ou região
geográfica, em que estão incluídos o imigrante, o emigrante e o apátrida;
II - imigrante - pessoa nacional de outro país ou apátrida que trabalhe ou resida e se estabeleça temporária
ou definitivamente na República Federativa do Brasil;
III - emigrante - brasileiro que se estabeleça temporária ou definitivamente no exterior;
IV - residente fronteiriço - pessoa nacional de país limítrofe ou apátrida que conserve a sua residência
habitual em Município fronteiriço de país vizinho;
V - visitante - pessoa nacional de outro país ou apátrida que venha à República Federativa do Brasil para
estadas de curta duração, sem pretensão de se estabelecer temporária ou definitivamente no território nacional;
VI - apátrida - pessoa que não seja considerada como nacional por nenhum Estado, conforme a sua
legislação, nos termos da Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954, promulgada pelo Decreto
no 4.246, de 22 de maio de 2002, ou assim reconhecida pelo Estado brasileiro;
VII - refugiado - pessoa que tenha recebido proteção especial do Estado brasileiro, conforme previsto na Lei
no 9.474, de 22 de julho de 1997; e
VIII - ano migratório - período de doze meses, contado da data da primeira entrada do visitante no território
nacional, conforme disciplinado em ato do dirigente máximo da Polícia Federal.
Art. 2º Ao imigrante são garantidos os direitos previstos em lei, vedada a exigência de prova documental
impossível ou descabida que dificulte ou impeça o exercício de seus direitos.
Parágrafo único. Os órgãos da administração pública federal revisarão procedimentos e normativos
internos com vistas à observância ao disposto no caput.

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Art. 3º É vedado denegar visto ou residência ou impedir o ingresso no País por motivo de etnia, religião,
nacionalidade, pertinência a grupo social ou opinião política.

4. FEDERALIZAÇÃO DOS CRIMES GRAVES DE DIREITOS HUMANOS

A federalização dos crimes contra os direitos humanos veio com a Emenda Constitucional 45/2004, amplamente
conhecida como a Reforma do Poder Judiciário, é também conhecida como IDC (incidente de deslocamento de
competência), e consiste na possibilidade de deslocamento de competência da Justiça comum para a Justiça
Federal, nas hipóteses em que ficar configurada grave violação de direitos humanos.

A finalidade da federalização dos crimes contra os direitos humanos é a de assegurar uma proteção
efetiva aos direitos humanos e o cumprimento das obrigações assumidas pelo Brasil em tratados
internacionais.
O incidente, que poderá ser suscitado pelo Procurador-Geral da República, perante o Superior Tribunal de
Justiça, em qualquer fase do inquérito ou do processo, é medida de caráter excepcional e só poderá ser admitida
em casos de extrema gravidade, quando houver a demonstração concreta do risco de não cumprimento de
obrigações decorrentes de tratados internacionais dos quais o Brasil seja parte.

CF/88, art. 109, § 5º: Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República,
com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos
humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer
fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.

Resumindo:
Questão semelhante foi exigida no XVIII, XIV e no XII Exame.
Em relação ao incidente de deslocamento de competência devemos lembrar-nos de três informações:
• somente o PGR poderá ingressar com o incidente;
• a petição deverá ser apresentada perante o STJ; e
• o expediente processual tem por finalidade deslocar o julgamento de determinado processo da justiça
especializada ou justiça estadual para a justiça federal.

5. IDENTIDADE DOS QUILOMBOLAS

A Constituição Federal brasileira de 1988 trouxe uma grande novidade para as populações negras rurais.
Tal artigo foi retirado, pelos parlamentares conservadores rurais, da constituição antes de sua votação. Mas foi
reintroduzido na seção de disposições transitórias como uma forma de concessão aos movimentos negros.

O art. 68, do ADCT reforça a afirmação de que a política multiculturalista dos Estados “... exige a marca e a
presença da pluralidade em suas instituições e opera a partir dos direitos considerados étnicos e culturais”
(Segato 2006, p. 214).

A pioneira a receber o título de posse coletiva da terra foi a comunidade Boa Vista no estado do Amazonas, em
1995. Ela faz parte da Associação de Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná que junto com
outras 20 comunidades, em 1989, deu entrada, com auxílio de antropólogos e outros profissionais, no processo
pela legalização das terras.

• ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS - ADCT, Art. 68. Aos remanescentes das
comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva,
devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.

6. COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

No ano de 2012, o Governo Federal nomeou um grupo de juristas e professores incumbidos de integrar a
chamada Comissão da Verdade. Tal comissão tem por objetivo realizar investigações sobre os vários crimes
cometidos pelo Estado brasileiro entre os anos de 1937 e 1985. Nesse recorte temporal há interesse especial
em buscar os crimes que aconteceram nos dois regimes ditatoriais desse período: o Estado Novo, criado no
governo de Getúlio Vargas entre 1937 e 1945, e a Ditadura Militar, ocorrida entre 1964 e 1985.

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A criação de uma Comissão Nacional da Verdade com o objetivo estratégico de promover a apuração e o
esclarecimento público das graves violações de direitos humanos praticadas no Brasil no período fixado
pelo artigo 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição Federal, em
sintonia com uma das diretrizes constantes do 3º Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3)
publicado no final de 2009, responde a uma demanda histórica da sociedade brasileira.

A criação da Comissão Nacional da Verdade assegurará o resgate da memória e da verdade sobre as graves
violações de direitos humanos ocorridas no período anteriormente mencionado [1946-1988], contribuindo para o
preenchimento das lacunas existentes na história de nosso país em relação a esse período e, ao mesmo
tempo, para o fortalecimento dos valores democráticos.

Ao longo de seu mandato, a CNV trabalhou com os processos administrativos da Comissão de Anistia, na
medida em que oferecem um relevante manancial de informações sobre os fatos e as circunstâncias dos casos de
graves violações de direitos humanos. Tais processos lastrearam importantes conclusões da CNV sobre centros
clandestinos, prática de tortura e casos de morte e desaparecimento.

Lei nº 12.528/11 - Cria a Comissão Nacional da Verdade no âmbito da Casa Civil da Presidência da República.
Art. 1º: É criada, no âmbito da Casa Civil da Presidência da República, a Comissão Nacional da Verdade, com a
finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas no período fixado no art.
8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, a fim de efetivar o direito à memória e à verdade
histórica e promover a reconciliação nacional.

7. CONSELHO NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS

A Lei nº 12.986, de 2 de junho de 2014, transformou o antigo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa
Humana – CDDPH em Conselho Nacional dos Direitos Humanos – CNDH. O Conselho se tornou mais
democrático, ao ampliar a participação da Sociedade Civil, e mais forte institucionalmente.

Tal Lei é uma antiga demanda da Sociedade Civil e a ação que inaugura o Programa Nacional de Direitos
Humanos – 3 (PNDH-3), que visa à garantia da participação, do diálogo plural e transversal entre os vários atores
sociais na defesa dos direitos humanos.

Vinculado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), o Conselho Nacional dos
Direitos Humanos – CNDH tem por finalidade a promoção e a defesa dos direitos humanos, mediante ações
preventivas, protetivas, reparadoras e sancionadoras das condutas e situações de ameaça ou violação desses
direitos.

Vejamos a legislação:
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
o o
Art. 1 O Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana criado pela Lei n 4.319, de 16 de março de
1964, passa a denominar-se Conselho Nacional dos Direitos Humanos - CNDH, com finalidade, composição,
competência, prerrogativas e estrutura organizacional definidas por esta Lei.
o
Art. 2 O CNDH tem por finalidade a promoção e a defesa dos direitos humanos, mediante ações
preventivas, protetivas, reparadoras e sancionadoras das condutas e situações de ameaça ou violação desses
direitos.
o
§ 1 Constituem direitos humanos sob a proteção do CNDH os direitos e garantias fundamentais,
individuais, coletivos ou sociais previstos na Constituição Federal ou nos tratados e atos internacionais celebrados
pela República Federativa do Brasil.
o
§ 2 A defesa dos direitos humanos pelo CNDH independe de provocação das pessoas ou das
coletividades ofendidas.
(...)
Art. 6º Constituem sanções a serem aplicadas pelo CNDH:
I - advertência;
II - censura pública;
III - recomendação de afastamento de cargo, função ou emprego na administração pública direta, indireta
ou fundacional da União, Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios do responsável por conduta ou
situações contrárias aos direitos humanos;
IV - recomendação de que não sejam concedidos verbas, auxílios ou subvenções a entidades
comprovadamente responsáveis por condutas ou situações contrárias aos direitos humanos.

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§ 1º As sanções previstas neste artigo serão aplicadas isolada ou cumulativamente, sendo


correspondentes e proporcionais às ações ou omissões ofensivas à atuação do CNDH ou às lesões de direitos
humanos, consumadas ou tentadas, imputáveis a pessoas físicas ou jurídicas e a entes públicos ou privados.
§ 2º As sanções de competência do CNDH têm caráter autônomo, devendo ser aplicadas
independentemente de outras sanções de natureza penal, financeira, política, administrativa ou civil previstas em
lei.

8. SÚMULA VINCULANTE Nº 25 DO STF

É o artigo que mais chama a atenção no Pacto de San Jose da Costa Rica é o art. 7º, vez que, ocasionou a
modificação da jurisprudência do STF, que criou a tese da supralegalidade dos tratados de direitos humanos, e
originou a edição da súmula vinculante 25.

Vejamos:
Convenção Americana de Direitos Humanos – Pacto de San Jose da Costa Rica
Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais.
2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo pelas causas e nas condições previamente fixadas
pelas Constituições políticas dos Estados-partes ou pelas leis de acordo com elas promulgadas.
3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarceramento arbitrários.
4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões da detenção e notificada, sem demora, da
acusação ou das acusações formuladas contra ela.
5. Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra
autoridade autorizada por lei a exercer funções judiciais e tem o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser
posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a garantias
que assegurem o seu comparecimento em juízo.
6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este
decida, sem demora, sobre a legalidade de sua prisão ou detenção e ordene sua soltura, se a prisão ou a
detenção forem ilegais. Nos Estados-partes cujas leis preveem que toda pessoa que se vir ameaçada de ser
privada de sua liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida sobre a
legalidade de tal ameaça, tal recurso não pode ser restringido nem abolido. O recurso pode ser interposto pela
própria pessoa ou por outra pessoa.
7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de autoridade judiciária
competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar.

Súmula Vinculante 25 do STF: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de
depósito.

9. REFUGIADOS (LEIA!!!)

- Ver Lei nº 9.474/97 - Define mecanismos para a implementação do Estatuto dos Refugiados de 1951 (lei com
apenas 49 artigos vale a pena ler).

Art. 1º Será reconhecido como refugiado todo indivíduo que:


I - devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou
opiniões políticas encontre-se fora de seu país de nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à proteção
de tal país;
II - não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve sua residência habitual, não possa ou
não queira regressar a ele, em função das circunstâncias descritas no inciso anterior;
III - devido a grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de
nacionalidade para buscar refúgio em outro país.

- O refúgio é ato pelo qual o Estado concede proteção ao indivíduo que corre risco em outro país, por
motivo de guerra ou por perseguições de caráter racial, religioso, nacionalidade ou pertinência a um grupo
social.

Cuidado!!! A concessão do refúgio é dever do estado, no entanto, em razão de ser um dever não impede que
seja feito juízo de discricionariedade, a nível internacional parece ferir os direitos humanos negar que refugiados
entrem no país. Mas o tema é complexo, pois em graves crises reconhecer como ato vinculado pode causar uma

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demanda imigratória no país que pode prejudicar os nacionais e toda a economia, necessária para subsistência
desses.

- O pedido de refúgio poderá ser solicitado pelo estrangeiro a qualquer autoridade migratória que se encontre
na fronteira, que deverá ouvir o interessado e preparar termo de declaração, além de lhe proporcionar as
informações necessárias quanto aos trâmites cabíveis, suspendendo-se quaisquer procedimentos
administrativo ou criminal decorrente da entrada irregular, instaurados contra o peticionário e pessoas de seu
grupo familiar que o acompanhem.

- O estrangeiro que obtiver a concessão de refúgio ou asilo torna-se imune à extradição, se o pedido desta
decorrer das mesmas razões pelas quais foi concedido o refúgio ou asilo.
- A decisão sobre a concessão de asilo ou refúgio tem caráter discricionário e compete ao Poder Executivo,
pois tem reflexos no plano das relações internacionais do Estado.

- Quanto a questões de prova, além de definições e requisitos para o refúgio, as assertivas podem fazer
comparações com outros institutos de abrigo ao estrangeiro, como o asilo político e o diplomático.

Obs.: O refúgio é medida inspirada em razões humanitárias. O asilo é medida política e alberga quem sofra
perseguição individual.

10. ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL

- Ver Lei nº 12.288/10 - Estatuto da Igualdade Racial.

Art. 1º Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à população negra a efetivação
da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à
discriminação e às demais formas de intolerância étnica.
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se:
I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em
raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento,
gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos
político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada;
II - desigualdade racial: toda situação injustificada de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e
oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica;
III - desigualdade de gênero e raça: assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a distância
social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais;
IV - população negra: o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor
ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição
análoga;
(...)
Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, é obrigatório
o estudo da história geral da África e da história da população negra no Brasil, observado o disposto na Lei
no 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
(...)
Art. 25. É assegurada a assistência religiosa aos praticantes de religiões de matrizes africanas internados
em hospitais ou em outras instituições de internação coletiva, inclusive àqueles submetidos a pena privativa de
liberdade.
Art. 31. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é
reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e desenvolverá políticas públicas especiais voltadas para o
desenvolvimento sustentável dos remanescentes das comunidades dos quilombos, respeitando as tradições de
proteção ambiental das comunidades.

- Vide ainda os arts. 215 e 216 CF/88 – Da Cultura.

Fique atento!!!
A Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial.

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Artigo1º,
§1. Para fins da presente Convenção, a expressão "discriminação racial" significará toda distinção, exclusão,
restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto
ou resultado anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício em um mesmo plano (em igualdade de
condição) de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em
qualquer outro campo da vida pública.
§2. Esta Convenção não se aplicará às distinções, exclusões, restrições e preferências feitas por um
Estado Membro entre cidadãos e não-cidadãos.

11. DIREITOS INDÍGENAS

- Ver art. 20, IX e XI + art. 109, XI + arts. 231 e 232 todos da CF/88 (LEIA!!!).

- Ver OIT 169 – Sobre Povos indígenas e tribais.


Art. 15 1. Os direitos dos povos interessados aos recursos naturais existentes nas suas terras deverão ser
especialmente protegidos. Esses direitos abrangem o direito desses povos a participarem da utilização,
administração e conservação dos recursos mencionados.
2. Em caso de pertencer ao Estado a propriedade dos minérios ou dos recursos do subsolo, ou de ter direitos
sobre outros recursos, existentes nas terras, os governos deverão estabelecer ou manter procedimentos com
vistas a consultar os povos interessados, a fim de se determinar se os interesses desses povos seriam
prejudicados, e em que medida, antes de se empreender ou autorizar qualquer programa de prospecção ou
exploração dos recursos existentes nas suas terras. Os povos interessados deverão participar sempre que for
possível dos benefícios que essas atividades produzam, e receber indenização equitativa por qualquer dano que
possam sofrer como resultado dessas atividades.

- vide Decreto nº 5.051, de 19 de abril de 2004: Promulga a Convenção nº 169 da Organização Internacional do
Trabalho - OIT sobre Povos Indígenas e Tribais.

Cuidado! A Justiça Federal é competente para solução de conflitos sobre direitos indígenas.
O crime comum praticado por índio se revela da competência da Justiça Estadual, uma vez que não há, no
caso em tela, disputa sobre direitos indígenas, mas agressão a direito individual. Esse é o entendimento do
STF, que adotou posição do STJ, em julgamento no qual se firmou pela competência da Justiça Federal apenas
para o processo e julgamento das demandas sobre direitos indígenas. Sendo assim cabe à Justiça Estadual
julgar crime cometido por índio, mesmo que o delito seja praticado dentro da aldeia indígena, desde que o fato
não tenha relação com "a disputa sobre direitos indígenas", pois neste caso, conforme o inciso XI, do
artigo 109 da Constituição Federal, seria de competência da Justiça Federal.

- Ver Súmula 140 do STJ.

12. DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA – Importante!!!

- Ver Decreto nº 6.949 de 2009 Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Lembrar que esta
Convenção tem status de norma constitucional equivalente a Emenda Constitucional.

- Ver art. 7º, XXXI + art. 23, II + art. 24, XIV + art. 37 VIII + art. 40, §4º, I + art. 201, § 1º, + art. 203, IV e V + art.
208, III + art. 227, § 1º, II e § 2º + art. 244 todos da CF/88.

VIDE AINDAS AS LEIS:

• LEIA!!!! Lei 13.146/2015 - Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da
Pessoa com Deficiência).

Depois de um período de “vacatio legis” de 180 dias, encontra-se em pleno vigor o Estatuto da Pessoa com
Deficiente (Lei nº 13.146/15). O diploma normativo, além de regular a matéria nele exposta, traz algumas
alterações em diversos dispositivos do ordenamento jurídico brasileiro.

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Vejamos quais são eles:


01. Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 (Código Eleitoral);
02. Consolidação das Leis do Trabalho (CLT);
03. Lei n. 7.853, de 24 de outubro de 1989 (Tutela Jurisdicional das Pessoas com Deficiência);
04. Lei n. 8.036, de 11 de maio de 1990 (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço);
05. Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor);
06. Lei n 8.213, de 24 de julho de 1991 (Planos de Benefícios da Previdência Social);
07. Lei no 8.313, de 23 de dezembro de 1991 (Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac));
08. Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992 (Lei de Improbidade Administrativa);
09. Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993 (Lei de Licitação);
10. Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993 (Assistência Social);
11. Lei n. 9.008, de 21 de março de 1995 (Conselho Federal no Ministério da Justiça);
12. Lei n 9.029, de 13 de abril de 1995 (Combate à discriminação nas relações de trabalho);
13. Lei no 9.250, de 26 de dezembro de 1995 (Imposto de Renda das Pessoas Físicas);
14. Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro);
15. Lei n 9.615, de 24 de março de 1998 (Normas Gerais sobre Desporto);
16. Lei no 10.048, de 8 de novembro de 2000 (Prioridade de atendimento às pessoas que especifica);
17. Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000 (Acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência);
18. Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001 (Estatuto da Cidade);
19. Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil);
20. Lei no 11.126, de 27 de junho de 2005 (Direitos do deficiente visual acompanhado de cão-guia);
21. Lei no 11.904, de 14 de janeiro de 2009 (Estatuto de Museus);
22. Lei no 12.587, de 3 de janeiro de 2012 (Política Nacional de Mobilidade Urbana);

• Lei nº 13.409, de 28 de Dezembro de 2016 - Altera a Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012, para dispor
sobre a reserva de vagas para pessoas com deficiência nos cursos técnico de nível médio e superior das
instituições federais de ensino.

• Lei nº 13.370, de 12 de Dezembro de 2016 - Altera o § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro


de 1990, para estender o direito a horário especial ao servidor público federal que tenha cônjuge, filho ou
dependente com deficiência de qualquer natureza e para revogar a exigência de compensação de horário.

• Lei nº 10.048, de 08 de novembro de 2000 - Dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e


dá outras providências.
o
- Vide: Art. 1 As pessoas com deficiência, os idosos com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as
gestantes, as lactantes, as pessoas com crianças de colo e os obesos terão atendimento prioritário, nos termos
desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015).

- Cuidado: Quem recebe proteção da lei, vejamos:


--> Pessoa com deficiência física (cadeirante) --> PESSOA COM DEFICIÊNCIA TEM
--> um jovem de 18 anos com o braço imobilizado temporariamente em razão de fratura no dedo indicador -->
NÃO TEM
--> uma pessoa com deficiência mental --> PESSOA COM DEFICIÊNCIA TEM
--> um adolescente de 16 anos --> NÃO TEM
--> uma mulher com 55 anos --> NÃO TEM
--> uma mulher grávida com 30 anos --> GRÁVIDA/GESTANTE TEM
--> uma mulher com criança de colo --> PESSOAS (HOMENS E MULHERES) COM CRIANÇA DE COLO TEM
--> uma pessoa com doença grave --> NÃO TEM
--> um homem obeso de 25 anos --> OBESOS TÊM
--> uma mulher que deixou o seu filho de apenas 2 meses em casa --> CRIANÇA DE COLO TEM
--> um homem com 60 anos --> PESSOAS COM IDADE IGUAL OU SUPERIOR A 60 ANOS TEM
- Lembrar que a deficiência visual constitui um obstáculo presente no meio social e não uma limitação de
capacidade da pessoa.

• Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras
providências. + Decreto nº 5.625/2005 (com alterações em 2018).
o
Art. 1 É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros
recursos de expressão a ela associados.

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Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em
que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema
linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
o
Art. 2 Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos,
formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de
comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.
o
Art. 3 As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem
garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas
legais em vigor.
o
Art. 4 O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal
devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em
seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos
Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente.
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua
portuguesa.

• Ver o ECA nos arts. 39 e ss. – adoção por pessoa com deficiência não há impedimentos, desde que a
pessoa seja plenamente capaz.

• TRATADO DE MARRAQUECHE - O tratado tem por destinatários todas as pessoas: a) cegas; b) que
tenham uma deficiência visual ou outra incapacidade de percepção ou de leitura que não possa ser
corrigida para se obter uma acuidade visual substancialmente equivalente à de uma pessoa que não
tenha esse tipo de deficiência ou dificuldade, e para quem é impossível ler material impresso de uma
forma substancialmente equivalente à de uma pessoa sem essa deficiência ou dificuldade; c) que estejam
impossibilitadas, de qualquer outra maneira, devido a uma incapacidade física, de sustentar ou manipular
um livro ou focar ou mover os olhos da forma que normalmente seria apropriado para a leitura.

12.1 Lei nº 10.216, de 06 de abril de 2001, que “Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas
portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental”.
Art. 2º (...) Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental: (...) V - ter direito à presença
médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização involuntária; (...) VII -
receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento;

Art. 7º A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a consente, deve assinar, no momento da
admissão, uma declaração de que optou por esse regime de tratamento.
Parágrafo único. O término da internação voluntária dar-se-á por solicitação escrita do paciente ou por
determinação do médico assistente.
Exige-se a comunicação ao MP somente no caso de internação involuntária, conforme artigo 8º.

Art. 8º A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico devidamente registrado no
Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento.
§ 1º A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser comunicada ao
Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse
mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta.
§ 2ºO término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do familiar, ou responsável legal, ou
quando estabelecido pelo especialista responsável pelo tratamento.

13. DIREITO DAS MULHERES

- Ver a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher + Decreto
Federal nº 4.377, de 13 de setembro de 2002 que promulga a Convenção.

- Ver Decreto nº 4.316 de 30 de julho de 2002 que Promulga o Protocolo Facultativo à Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher.

- Ver Decreto nº 1.973 de 1º de agosto de 1996 que promulga a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir
e Erradicar a Violência Contra a Mulher − “Convenção de Belém do Pará”.

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Suas disposições:
Para os efeitos desta Convenção, entender-se-á por violência contra a mulher qualquer ato ou conduta baseada
no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública
como na esfera privada.

Toda mulher poderá exercer livre e plenamente seus direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, e
contará com a total proteção desses direitos consagrados nos instrumentos regionais e internacionais sobre
direitos humano. Os Estados Partes reconhecem que a violência contra a mulher impede e anula o exercício
desses direitos.

Entende-se que a violência contra a mulher abrange a violência física, sexual e psicológica:
a) ocorrida no âmbito da família ou unidade doméstica ou em qualquer relação interpessoal, quer o agressor
compartilhe, tenha compartilhado ou não a sua residência, incluindo-se, entre outras turmas, o estupro, maus-
tratos e abuso sexual;
b) ocorrida na comunidade e comedida por qualquer pessoa, incluindo, entre outras formas, o estupro, abuso
sexual, tortura, tráfico de mulheres, prostituição forçada, sequestro e assédio sexual no local de trabalho, bem
como em instituições educacionais, serviços de saúde ou qualquer outro local; e
c) perpetrada ou tolerada pelo Estado ou seus agentes, onde quer que ocorra.

A fim de proteger o direito de toda mulher a uma vida livre de violência, os Estados Partes deverão incluir nos
relatórios nacionais à Comissão Interamericana de Mulheres informações sobre as medidas adotadas para
prevenir e erradicar a violência contra a mulher, para prestar assistência à mulher afetada pela violência, bem
como sobre as dificuldades que observarem na aplicação das mesmas e os fatores que contribuam para a
violência contra a mulher.

Os Estados Partes nesta Convenção e a Comissão Interamericana de Mulheres poderão solicitar à


Corte Interamericana de Direitos Humanos parecer sobre a interpretação desta Convenção.

Obs.: DECRETO Nº 4.377, DE 13 DE SETEMBRO DE 2002 - Artigo 2º: Os Estados Partes condenam a
discriminação contra a mulher em todas as suas formas, concordam em seguir, por todos os meios apropriados e
sem dilações, uma política destinada a eliminar a discriminação contra a mulher, e com tal objetivo se
comprometem a: e) Tomar as medidas apropriadas para eliminar a discriminação contra a mulher praticada por
qualquer pessoa, organização ou empresa;

Obs.: O Congresso Nacional brasileiro aprovou por meio do Decreto Legislativo nº 231, de 29 de maio
de 2003, PROTOCOLO ADICIONAL À CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS CONTRA O CRIME
ORGANIZADO TRANSNACIONAL RELATIVO À PREVENÇÃO, REPRESSÃO E PUNIÇÃO DO TRÁFICO
DE PESSOAS, EM ESPECIAL MULHERES E CRIANÇAS.

ATENÇÃO!!!! Sobre o tema MULHERES vide ainda:


- Ver a Lei nº 9.029/1995 - Proíbe a exigência de atestados de gravidez e esterilização, e outras práticas
discriminatórias, para efeitos admissionais ou de permanência da relação jurídica de trabalho, e dá outras
providências.

- Ver a Lei nº 9.504/97 - Desde 1997, a lei eleitoral brasileira exige que os partidos e as coligações respeitem a
cota mínima de 30% de mulheres na lista de candidatos para a Câmara dos Deputados, a Câmara Legislativa,
as Assembleias Legislativas e as Câmaras municipais (vide art. 10).

14. DIREITOS DOS HOMOSSEXUAIS

- Ver Decreto 8.727 de 2016 - Dispõe sobre o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de
pessoas travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.

- Decreto nº 7.388, de 9 de Dezembro de 2010 - Dispõe sobre a composição, estruturação, competências e


funcionamento do Conselho Nacional de Combate à Discriminação - CNCD.
- Sobre o nome social – ver também o art. 19 do CC/02 + art. 59 da Lei nº 6.015/73 (Lei de Registros Públicos,
alterada pela Lei nº 9.708/98).

- Vale ressaltar que não nenhuma Convenção internacional que fale sobre o assunto específico dos direitos dos
homossexuais.

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15. DESAPARECIMENTO FORÇADO

- VIDE: Decreto nº 8.766/2016: Promulga a Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de


Pessoas, firmada pela República Federativa do Brasil, em Belém, em 10 de junho de 1994.

Conceito: De acordo com o Art. 2º da Convenção Internacional Para a Proteção de Todas as Pessoas Contra
o Desaparecimento Forçado:
"Para efeito desta Convenção, entende-se por desaparecimento forçado a prisão, detenção, sequestro ou
qualquer outra forma de privação de liberdade que seja perpetrada por agentes do Estado, ou por pessoas ou
grupos de pessoas agindo com autorização, apoio ou aquiescência do Estado, e a subsequente recusa em
admitir privação de liberdade ou a ocultação do destino ou o paradeiro da pessoa desaparecida, privando-
o, assim, da proteção da Lei".
Ou seja, para que seja considerado desaparecimento forçado é suficiente:
a) qualquer forma de privação de liberdade do indivíduo (prisão, detenção, sequestro, etc.);
b) perpetração por agentes do Estado ou grupos que ajam com autorização, apoio ou consentimento do Estado;
c) posterior recusa em admitir o ato, bem como ocultar o seu paradeiro, privando-o da proteção da Lei.

Obs.: lembrar do caso Amarildo.


Obs.: vide os arts. 136, I e II + art. 139 da CF/88.

16. CONVICÇÃO FILOSÓFICA E RELIGIOSA

- Vide o art. 5º, VIII da CF: “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
prestação alternativa, fixada em lei”.
- Depoimento do manifesto: Sobre o Silêncio ou Manifesto pela Voz.

17. ECOCÍDIO - novidade

- O TPI reconhece o ecocídio como crime contra a humanidade (decisão do final de 2016).

- Ecocídio é um termo que designa a destruição em larga escala do meio ambiente, como 'crime contra a
Humanidade'. O novo delito, de âmbito mundial, vem ganhando adeptos na seara do Direito Penal Internacional e
entre advogados e especialistas interessados em criminalizar as agressões contra o meio ambiente.
- Com o novo dispositivo legal, em caso de ecocídio comprovado, como desmatamento em larga escala, as
vítimas poderão entrar com um recurso internacional para obrigar os autores do crime – sejam empresas ou
autoridades - a pagar por danos morais ou econômicos.

- Em setembro de 2016, a Procuradoria do TPI publicou um documento de trabalho onde explica que, a partir de
agora, o tribunal interpretará os crimes contra a humanidade de maneira mais ampla, para incluir também crimes
contra o meio ambiente que destruam as condições de existência de uma população porque o ecossistema foi
destruído, como no caso de desmatamento, mineração irresponsável, grilagem de terras e exploração ilícita de
recursos naturais, entre outros.

Obs.: tal discussão vem desde a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21), realizada
em Paris, em 2015, os tribunais internacionais de Direitos da Natureza tentam qualificar o ecocídio, dentro do
pressuposto jurídico, como o quinto crime internacional. Os outros quatro crimes internacionais, reconhecidos e
punidos pelo Tribunal Penal Internacional, são o genocídio, os crimes de guerra, os crimes de agressão e os
crimes contra a humanidade.

Greening ou “Esverdeamento” dos direitos humanos: Fenômeno de proteção de direitos de cunho


ambiental (sociais), mesmo nos sistemas regionais de DH's (criados, originariamente, para examinar violações
somente de direitos civis/políticos); ou seja, amplificação e intensificação da proteção do Meio Ambiente por meio
de julgados de Cortes Internacionais
As normas de proteção ambiental foram aplicadas indiretamente pela Corte Interamericana de Direitos Humanos
para a proteção de direitos civis e políticos no Caso Comunidade Moiwana vs. Suriname.

Livro do Caio Paiva - Jurisprudência Internacional de Direitos Humanos, 2ª Ed., pg 241: "(...) Assim, é possível
afirmar que no Caso Comunidade Moiwana houve um verdadeiro esverdeamento dos direitos humanos, e isso
porque as normas ambientais foram protegidas, AINDA QUE DE FORMA INDIRETA".

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18. Lei nº 11.126, de 2de junho de 2005.

- Dispõe sobre o direito do portador de deficiência visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo
acompanhado de cão-guia.

19. Lei Menino Bernardo


o
- Altera a Lei n 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), para estabelecer o direito
da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel
o
ou degradante, e altera a Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

20. Proteção aos Idosos

VIDE CF/88: art. 77, § 5º + art. 203, V + arts. 229 e 230.


o
VIDE Lei n 10.741, DE 1º de outubro de 2003 - Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências.

Obs. Atualização do Estatuto do Idoso pelas Lei nº 13.535/2017 e Lei nº 13.466/2017 (veja as novidades!!!).

VIDE o CC/02 – arts. 1.694 e ss. – Alimentos.

- A Assembleia Geral da ONU convocou a primeira Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento em 1982, que
produziu o Plano de Ação Internacional de Viena sobre o Envelhecimento, com 62 pontos. Ele insta para ação em
assuntos como saúde e nutrição, proteção de consumidores idosos, habitação e meio ambiente, família, bem-
estar social, segurança de renda e emprego, educação e a coleta e análise de dados de pesquisa.

- Em 1991, a Assembleia Geral adotou o Princípio das Nações Unidas em Favor das Pessoas Idosas,
enumerando 18 direitos das pessoas idosas – em relação à independência, participação, cuidado, autorrealização
e dignidade. No ano seguinte, a Conferência Internacional sobre o Envelhecimento reuniu-se para dar seguimento
ao Plano de Ação, adotando a Proclamação do Envelhecimento. Seguindo a recomendação da Conferência, a
Assembleia Geral da ONU declarou 1999 o Ano Internacional do Idoso.

- A ação a favor do envelhecimento continuou em 2002, quando a Segunda Assembleia Mundial das Nações
Unidas sobre o Envelhecimento foi realizada em Madrid. Objetivando desenvolver uma política internacional para
o envelhecimento para o século XXI, a Assembleia adotou uma Declaração Política e o Plano de Ação
Internacional sobre o Envelhecimento de Madrid.

- O Plano de Ação pedia mudanças de atitudes, políticas e práticas em todos os níveis para satisfazer as enormes
potencialidades do envelhecimento no século XXI. Suas recomendações específicas para ação dão prioridade às
pessoas mais velhas e desenvolvimento, melhorando a saúde e o bem-estar na velhice, e assegurando
habilitação e ambientes de apoio.

• Plano de Ação Internacional de Viena Sobre o Envelhecimento – Plano de Viena de 1982.

- Em 14 de dezembro 1978 a Organização das Nações Unidas, através da Resolução 33/52 convocou uma
Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento que foi realizada em 1982 na cidade de Viena na Áustria.

- Foi concebido um Plano Internacional sobre o Envelhecimento com as seguintes metas: “fortalecer a capacidade
dos países para abordar de maneira efetiva o envelhecimento de sua população e atender às preocupações e
necessidades especiais das pessoas de mais idade, e fomentar uma resposta internacional adequada aos
problemas do envelhecimento com medidas para o estabelecimento da nova ordem econômica internacional e o
aumento das atividades internacionais de cooperação técnica, em particular entre os próprios países em
desenvolvimento.” (ONU. Plano de Ação Internacional de Viena sobre o Envelhecimento, 1982).

- Considerando que este plano foi o primeiro documento da ONU sobre a questão do envelhecimento de
repercussão mundial e que é muito citado pelos estudiosos das questões do envelhecimento, mas de difícil
acesso é que o incluímos dentre os principais documentos relacionados com a Política do Idoso.

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21. Casos envolvendo o Brasil na Corte IDH - Importante!!!

- Sugiro ler os comunicados da imprensa que são resumos sobre cada caso no site:
http://www.oas.org/pt/cidh/decisiones/demandas.asp

Assunto 10: PREVENÇÃO E COMBATE À TORTURA

CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU


DEGRADANTES

Adotada pela Resolução 39/46, da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10.12.1984.
O Congresso Nacional aprovou a referida Convenção por meio do Decreto Legislativo nº 04, de 23 de
maio de 1989. Carta de Ratificação da Convenção foi depositada em 28 de setembro de 1989.

DATAS:
A Convenção Internacional Contra a Tortura é de 1984. O Brasil a ratificou em 1991.
O Protocolo Facultativo, que trata de visitas regulares é de 2002. O Brasil o ratificou em 2007.
Entretanto, o Brasil não reconheceu a competência do Comitê (em que pese a autorização legislativa para tal)
para receber petições individuais e nem para receber representações de Estado Parte.

Legislação Interna:
• Decreto nº 40/1991 (Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis,
Desumanos ou Degradantes), nãodeve ser considerado “tortura”: qualquer ato pelo qual dores
ou sofrimentos que sejam consequência unicamente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes a
tais sanções ou delas decorram.
• Lei nº 9.455 de 1997 - Define os crimes de tortura e dá outras providências.
• Decreto nº 6.085/07 - Promulga o Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e Outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adotado em 18 de dezembro de 2002.
- Assim, temos: Art. 1º O objetivo do presente Protocolo é estabelecer um sistema de visitas regulares efetuadas
por órgãos nacionais e internacionais independentes a lugares onde pessoas são privadas de sua liberdade, com
a intenção de prevenir a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
• Lei nº 12.847 de 2013: Institui o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura; cria o Comitê
Nacional de Prevenção e Combate à Tortura e o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura;
e dá outras providências. Regulamentada pelo Decreto nº 8.154/2013.

- Considerando que a Convenção entrou em vigor para o Brasil em 28 de outubro de 1989, na forma de seu artigo
27, inciso 2, o BR em 1997 instituiu a Lei que define os crimes de tortura.

FIQUE ATENTO!!!!
- O Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (SNPCT) foi instituído pela Lei n° 12.847 de 2 de
agosto de 2013, que também criou o Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (CNPCT) e o
Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT). Vide os artigos correspondentes na Lei nº
12.847 de 2013.

- O Sistema Nacional tem como objetivo principal fortalecer a prevenção e o combate à tortura em locais de
privação de liberdade por meio da articulação e atuação cooperativa de seus integrantes. O sistema facilita o
intercâmbio de boas práticas e a articulação entre órgãos e entidades responsáveis pelo monitoramento,
supervisão e controle dos locais de privação de liberdade.

- Além do Comitê e do Mecanismo, o SNPCT é composto ainda pelo Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária e pelo Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça. Outras instituições também
poderão solicitar a inclusão no Sistema, como ONGs, órgãos do Poder Judiciário, Conselhos Tutelares e
corregedoria e ouvidorias de polícia. A participação dos Comitês e Mecanismos Estaduais e Distrital será aceita
mediante um termo de adesão específico firmado com a Secretaria de Direitos Humanos.

Obs.: Locais de privação de liberdade = unidades penitenciárias, delegacias, unidades de cumprimento de


medidas socioeducativas, institutos de longa permanência para idosos, hospitais psiquiátricos, centros militares de
detenção, dentre outros.

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Assunto 11. ODM e ODS

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) x Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

- Também conhecidos como "8 Jeitos de Mudar o Mundo", os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM)
são um conjunto de metas pactuadas pelos governos dos 191 países-membros da ONU com a finalidade de
tornar o mundo um lugar mais justo, solidário e melhor para se viver. São metas universais, que se aplicam a
países em todos os estágios de desenvolvimento.
- O compromisso foi firmado durante a Cúpula do Milênio, em setembro de 2000, após uma análise dos maiores
problemas globais, e prevê um conjunto de oito macroobjetivos (voltados basicamente para as áreas de saúde,
renda, educação e sustentabilidade) a serem alcançados pelas nações até 2015. São eles:

1 - Acabar com a fome e a miséria


2 - Oferecer educação básica de qualidade para todos
3 - Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres
4 - Reduzir a mortalidade infantil
5 - Melhorar a saúde das gestantes
6 - Combater a Aids, a malária e outras doenças
7 - Garantir qualidade de vida e respeito ao meio ambiente
8 - Estabelecer parcerias para o desenvolvimento

Os objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) foram criados para enfrentar as mais difíceis questões do
desenvolvimento à época – como a erradicação da pobreza e a fome; levar todas as crianças às escolas; virar o
jogo na questão do HIV/AIDS, malária e outras doenças; e reduzir a mortalidade infantil, de crianças e recém-
nascidos.
Houve avanço significativo no progresso nas áreas-alvo dos ODM – progresso que teria sido improvável se não
houvesse foco, financiamento e ação em torno dos objetivos.

Ainda que tenha muito trabalho incompleto em relação aos ODM, existem outros grandes desafios para a nova
agenda de desenvolvimento global.

• Enquanto o objetivo de reduzir pela metade a proporção de pessoas vivendo na extrema pobreza até 2015
foi atingido, não é nada divertido estar na outra metade – os chamados “bottom billion”, para muitos dos
quais a vida praticamente não mudou em muitos aspectos.
• Da mesma forma, a pobreza infantil está crescendo em oito dos 28 países da União Europeia – e está
relacionada, segundo a Organização Internacional do Trabalho, a níveis decrescentes de benefícios a
mães e crianças. A era de austeridade não tem sido gentil aos programas de proteção social em muitos
países.
• A desigualdade de gênero continua disseminada – apesar do fato de que as sociedades são as mais
prejudicadas se falharem em não aproveitar o potencial de metade da população. Onde mulheres são “o
que olhos não veem, o coração não sente”, “desempoderadas” e subrepresentadas nos círculos
decisórios, ir ao encontro das necessidades delas não é uma prioridade.
• O ritmo acelerado de degradação ambiental está destruindo o clima e outros ecossistemas dos quais
dependem a sobrevivência e o bem-estar humanos. A perda de espécies mina os meios de subsistência,
a saúde e a segurança alimentar e da água. Enquanto o dano causados aos ecossistemas naturais afetam
todos nós, afeta principalmente os mais pobres e mais vulneráveis.
• Não pode haver desenvolvimento sustentável sem paz e estabilidade – infelizmente, o mundo enfrenta
agora um grande déficit nesse aspecto.

É vital trabalhar para reduzir a demanda de apoio humanitário, investindo na construção de sociedades mais
inclusivas e pacíficas. A nova agenda global pede acesso à justiça para todos, para instituições responsáveis,
inclusivas e efetivas em todos os níveis, e ações sérias para enfrentar a desigualdade.

ODS
Foram concluídas em agosto de 2015 as negociações que culminarão na adoção, em setembro, dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS). Processo iniciado em 2013, seguindo mandato emanado da Conferência
Rio+20, os ODS deverão orientar as políticas nacionais e as atividades de cooperação internacional nos próximos
quinze anos, sucedendo e atualizando os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).

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O Brasil participou de todas as sessões da negociação intergovernamental. Chegou-se a um acordo que


contempla 17 Objetivos e 169 metas, envolvendo temáticas diversificadas, como erradicação da pobreza,
segurança alimentar e agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero, redução das desigualdades, energia,
água e saneamento, padrões sustentáveis de produção e de consumo, mudança do clima, cidades sustentáveis,
proteção e uso sustentável dos oceanos e dos ecossistemas terrestres, crescimento econômico inclusivo,
infraestrutura e industrialização, governança, e meios de implementação.

Os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável orientarão o desenvolvimento para os próximos quinze anos,
oferecendo uma oportunidade de atender aspirações globais dos cidadãos para um futuro mais pacífico, próspero
e sustentável.

No entanto, estaremos nos esforçando para atingir os Objetivos em um momento em que a instabilidade é a nova
regra. A realidade do mundo em que vivemos deve ser reconhecida, e muito antes, proativa, e mais investimentos
preventivos devem ser feitos no desenvolvimento de risco antecipado:
• As desigualdades crescentes e a discriminação descontrolada que enfraquecem a coesão social precisam
ser combatidas de frente;
• A degradação do meio ambiente precisa ser detida;
• A espiral de conflitos, instabilidade e de crises precisa ser interrompida, e estratégias efetivas baseadas na
construção de resiliência necessitam ser adotadas como meios de enfrentar crises prolongadas.

Se a comunidade global, coletivamente, está preparada para avançar no desafio de atingir os Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável, aí, então, haverá uma chance de se alcançar o desenvolvimento sustentável – e,
com ele, melhores perspectivas para as pessoas e o planeta.

Observação:
- Os 17 objetivos e 169 metas para o desenvolvimento sustentável listados no documento "Transformando
nosso mundo" foram adotados hoje (25set) pelos países-membros da Organização das Nações Unidas
(ONU), para serem cumpridos até 2030.

- Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável têm abrangência mundial e buscam refletir todas as grandes
problemáticas sociais. Os ODS substituem os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), vigentes até
o fim deste ano.
- O compromisso voluntário dos países foi formalizado na Cúpula das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Sustentável, domingo (27set) em Nova York.

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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Assinale a alternativa correta:


a) A Opinião Consultiva nº 24, da Corte Interamericana de Direitos Humanos, assentou que o nome e a menção a
sexo nos documentos de registro de acordo com a identidade de gênero autopercebida não são garantias
atualmente protegidas pela Convenção Americana de Direitos Humanos.
b) O Estatuto da Igualdade Racial (Lei n. 12.288/2010) destina-se, principalmente, à criminalização e ao
sancionamento de condutas discriminatórias.
c) Nos termos da Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou
Degradantes, é possível admitir-se a comprovação de existência de circunstâncias excepcionais, tais como
ameaça ou estado de guerra e instabilidade política interna, como justificação para tortura.
d) A Política Nacional para a População em Situação de Rua (Decreto n. 7.053/09) deve ser implementada pelos
municípios, de forma centralizada.
e) Conforme a Lei de Migração (Lei n. 13.445/2017), ao migrante é garantida no território nacional, em condição
de igualdade com os nacionais, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, bem como é assegurado, entre outros, o direito a abertura de conta bancária.
Resposta:
LETRA A. INCORRETA, a opinião consultiva considera que tais circunstancias são garantias protegidas pelas
Convenção Americana de Direitos humanos. (fonte: http://www.mpf.mp.br/pgr/noticias-pgr/corte-interamericana-
de-direitos-humanos-divulga-opiniao-consultiva-sobre-identidade-de-genero-e-nao-discriminacao)
LETRA B: INCORRETA, de acordo com a Lei 12.288/10 Art. 1 o Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade
Racial,destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos
direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de
intolerância étnica.
LETRA C: INCORRETA, de Acordo com a referida convenção artigo 2º, 2: Em nenhum caso poderão invocar-
se circunstâncias excepcionais tais como ameaça ou estado de guerra, instabilidade política interna ou
qualquer outra emergência pública como justificação para tortura.
LETRA D: INCORRETA, de acordo com o decreto,Art. 2 o: A Política Nacional para a População em Situação de
Rua será implementada de forma descentralizada e articulada entre a União e os demais entes
federativosque a ela aderirem por meio de instrumento próprio.
LETRA E: Conforme a Lei de Migração (Lei n. 13.445/2017), ao migrante é garantida no território nacional, em
condição de igualdade com os nacionais, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, bem como é assegurado, entre outros, o direito a abertura de conta bancária. Vide art. 4º e
incisos da referida Lei.

2. Sobre o regime dispensado à pessoa acometida de transtorno mental é correto afirmar que
a) constitui constrangimento ilegal a internação em unidade prisional comum, mesmo em ala adaptada ou por
ausência de vaga em hospital psiquiátrico.
b) o tratamento é realizado por tempo indeterminado até que seja cessada a periculosidade.
c) nos crimes contra a liberdade sexual o laudo de cessação de periculosidade deve ser avaliado por mais de uma
equipe de saúde.
d) a ausência da pessoa em data agendada para consulta médica implica em imediata internação em razão do
perigo da continuidade do tratamento ambulatorial.
e) o regime de internação deve impedir o acesso aos meios de comunicação para melhor tratamento da
periculosidade do agente.
Resposta:
A) Correta. O entendimento do STJ se coaduna com o art. 96 do CP. Em caso de ausência de vaga em hospital
de custódia e tratamento psiquiátrico, deve a pessoa ser colocada em outro estabelecimento adequado e não
adaptado, sob caracterização de constrangimento ilegal.
B) Errada. Inexiste pena ou medida de segurança de caráter perpétuo. Embora o CP, art. 97, §1º determina que a
medida de segurança será por tempo indeterminado, os Tribunais entendem que isso viola o art. 5º, XLII, b, CF.
C) Errada. Basta que seja emitido o Laudo, o qual deve ser elaborado por médico psiquiatra com registro no CRM.

D) Errada. Deverá ser oportunizada a pessoa em tratamento ambulatório o direito ao contraditório, pois pode ser
que no dia houve algum motivo justo que impossibilitou o comparecimento no dia agendado.
E) Errada.
Art. 2o da Lei 10.216/01. Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares
ou responsáveis serão formalmente cientificados dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo.
Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:
[...] VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;

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PRINCIPAIS TEMAS:

1 – Convenção Americana de Direitos Humanos


2 – Direitos e Garantias Fundamentais na Constituição
3 – Declaração Universal dos Direitos Humanos
4 – Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos
5 – Convenções do Sistema Global de Direitos Humanos (noções gerais)
6 – Comissão e Corte Interamericana de Direitos Humanos
7 – Pacto Internacional dos Direitos Sociais Econômicos e Culturais
8 – Princípios e Características dos Direitos Humanos
9 – Dimensões de Direitos Humanos
10 – Principais políticas de Direitos Humanos no Brasil (CASOS ATUAIS)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PARA ELABORAÇÃO DA APOSTILA:

COMPARATO, F. B. Afirmação histórica dos direitos humanos. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

GARCIA, Bruna Pinotti Garcia e LAZZARI, Rafael José Nadim . Manual de Direitos Humanos Vol. único. 4ª ed.
Revista, ampliada e atualizada. Salvador: Juspodivm, 2018.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 22ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

PIOVEZAN, Flávia. Direitos Humanos e justiça internacional. 6ª ed. São Paul: Saraiva, 2015.

PIOVEZAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 16ª Ed. São Paulo: Saraiva,
2016.

OLIVEIRA, Erival da Silva. Direitos Humanos. Vol. 12 - Col. Elementos do Direito. 5ª Ed. São Paulo: RT, 2016.

SEGATO, Rita. Antropologia e Direitos Humanos: Alteridade e ética no movimento de expansão dos
direitos universais. Mana vol.12 nº 1, Rio de Janeiro Apr. 2006.

Mais a legislação pertinente.

Elaboração: Profª Andréa Azevêdo.

Em 03FEV19.

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