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RESUMO
A presente pesquisa possui como escopo precípuo o resgate dos principais fundamentos
epistemológicos do direito, notadamente os direitos sociais, por considerar um tema
pertinente e que sempre tem surgido nos debates contemporâneos. Assim, de pouco
adianta reconhecer e exigir direitos se não há uma fundamentação teórica sedimentada na
base da discussão. Se faz mister saber as razões da existência de um determinado direito
positivado, de modo que se possa ponderá-lo e também refutá-lo do ordenamento legal
quando necessário. Isto implicará numa evolução jurídica e consequente melhora da
qualidade de vida das pessoas. Isto posto, esta pesquisa parte do seguinte problema: Entre
o Direito natural e o Direito positivo, qual categoria legal melhor atende as necessidades
humanas? Como forma de atender ao objetivo proposto e com o apoio do método dedutivo,
num primeiro momento trabalhar-se-á com a distinção entre Direitos Natural, Direitos do
Homem, Direitos Humanos, Direitos Fundamentais e Direitos Sociais; em seguida, discorre-
se acerca da fundamentação jurídica dos Direitos Naturais e Positivos; ao final, buscar-se-á
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Artigo apresentado como trabalho final da disciplina de IGUALDADE E A LIBERDADE
CONTRATUAL NO DIREITO DO TRABALHO, ministrada pelo Prof. Dr. RAIMAR MACHADO.
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Wagner de Souza Berton é Mestrando do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito
da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC e Mestrando em Direitos Humanos na Universidade
do Minho em Portugal, sob regime de dupla titulação, possui Graduação em Direito pela Faculdade
Meridional - IMED, com ênfase em Direito Empresarial. Integrante do Projeto de Pesquisa: Os
desafios para a concretização de uma educação voltada aos direitos humanos: Considerações,
obstáculos, propostas; do Programa de Pós-graduação em Direito - Mestrado e Doutorado da Unisc,
coordenado pelo professor Pós-Doutor Clovis Gorczevski. Atualmente é servidor público militar e
professor. Endereço eletrônico: wsberton@hotmail.com.
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concluir e optar por uma fundamentação oriunda do Estado Democrático Direito em
detrimento de uma fundamentação natural, por acreditar ser a mais passível de controle
argumentativo-racional e melhor promover os Direitos Sociais.
Palavras-Chave: Direito natural, Direito Positivo, Direitos Sociais
RESUMEN
Esta investigación ha de ámbito préciput el rescate de los principales fundamentos
epistemológicos de la ley, en particular los derechos sociales, teniendo en cuenta un tema
relevante y siempre ha surgido en los debates contemporáneos. Así, poco bueno reconocer
y derechos de fanfarronear si hay un fundamento teórico estableció sobre la base de la
discusión. Si no sabe el señor las razones de la existencia de un positivado particular,
derecha, de modo que usted puede pesarlo y también refutan el sistema legal cuando sea
necesario. Esto implicará una evolución jurídica y la consiguiente mejora en la calidad de
vida. Dicho esto, esta parte de la investigación el siguiente problema: Entre la ley natural y la
ley positiva, que la categoría jurídica mejor se adapte a las necesidades humanas? Con el
fin de alcanzar la meta y con el apoyo del método deductivo, al principio funcionará a sí
mismos con la distinción entre los derechos naturales, Derechos Humanos, Derechos
Humanos, Derechos Fundamentales y Derechos Sociales; a continuación, si las
conversaciones-sobre la base jurídica de los derechos naturales y positivos; Al final, mira
estará completa y optar por una base que viene de una ley del estado democrático en lugar
de un terreno natural para creer que es el más probable que el control-argumentativo
racional y mejor promoción de los derechos sociales.
Palabras clave: la ley natural, la ley positiva, Derechos Sociales
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jurídico capaz de refletir sobre suas próprias bases epistemológicos, promovendo
desta forma, uma evolução dos direitos e melhoria da qualidade de vida dos seres
humanos.
Reconhecer direitos não é apenas identificá-los na história, mas buscar a
justificação, os motivos, as razões de sua criação, pois ao contrário do que o senso
comum pensa, os direitos não surgiram todos de uma vez como num passe de
mágica, pela simples vontade do legislador. Há embriões de direitos espalhados por
toda a história humana, podendo identificar alguns inclusive no Código de Hamurábi.
Tanto os Direitos naturais, quanto os positivos possuem inúmeras razões para
existir, quer de origem moral, religiosa, filosófica, sociológica, ética ou política. São
alguns destes elementos que justificam o porquê da existência, da aplicação e do
acatamento dos direitos para/pela a humanidade.
Tal fundamentação ainda provoca questionamentos na comunidade jurídica,
nunca tendo sido completamente aceita por todos. Assim, este breve trabalho tem
por escopo levantar algumas fundamentações e críticas, capazes de serem
suportadas na envergadura de um artigo científico.
Para tanto, far-se-á primeiramente uma breve abordagem acerca da distinção
entre Direitos Natural, Direitos do Homem, Direitos Humanos, Direitos Fundamentais
e Direitos Sociais; para, então, discorrer brevemente acerca da fundamentação
jurídica dos Direitos Naturais e Positivos; ao final, buscar-se-á concluir e optar por
uma fundamentação oriunda do Estado Democrático Direito em detrimento de uma
fundamentação natural, por acreditar ser a mais passível de controle argumentativo-
racional e melhor promover os Direitos Sociais.
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mesmos, variando, segundo Aristóteles (apud GORCZEVSKI, 2009), alguns direitos
conforme a localidade (Direito Positivo).
Em analogia, o direito natural seria como o fogo, que queima igualmente em
qualquer lugar, portanto universal, estabelecendo o que seja justo e injusto,
independentemente do poder local. Logo, o fundamento universal do direito natural
reside na própria humanidade do individuo, e não em um compêndio de leis
positivadas derivadas de um poder superior.
“Trata-se de uma lei ínsita da natureza humana, inseparável de nosso modo
de ser da qual é origem e o primeiro e mais fundamental núcleo do direito ”
(GORCZEVSKI, 2009, p. 54).
Observa-se que os direitos naturais acompanham os homens desde sempre e
baseiam-se na própria razão humana. Onde há seres humanos, a universalidade
dos direitos naturais os tornará presentes, independentemente de espaço e tempo.
Cabe trazer a interessante crítica de Cortina (1999) acerca da denominação
“direitos naturais”. Para o autor, a expressão poderia desencadear uma confusão
entre ordens jurídicas (ordem natural e ordem positiva). Cortina sugere que os
direitos naturais sejam denominados de direitos humanos, já que se referem
exclusivamente aos seres humanos. Da mesma forma, os direitos naturais, agora
chamados de direitos humanos, existem independentemente de uma ordem legal,
pois são anteriores à lei.
Já sobre os Direitos Humanos, representados aqui pela Declaração Universal
dos Direitos do Homem, aponta-se uma considerável fragilidade do ponto de vista da
sua exigibilidade, qual seja, seu caráter meramente declaratório, pois, para estes
direitos terem cogência, devem estar positivados numa ordem jurídica nacional ou
internacional, como bem informa o artigo 28 da referida declaração, onde aduz que
todo homem tem direito “a uma ordem social e internacional na qual os direitos e
liberdades mencionados na presente declaração podem ser realizados”.
Eis aí o problema da institucionalização dos direitos humanos. Sem esta
institucionalização no corpo das Constituições federais, por exemplo, não há que se
falar em efetividade dos direitos elencados na Declaração Universal (ALEXY, 1999).
Neste sentido, a institucionalização deve ser vista como uma transformação
de direitos humanos em direitos fundamentais jurídico-positivamente vigentes.
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Assim, sugere-se a expressão “Direitos fundamentais internacionais” para quando os
direitos humanos forem positivados na ordem internacional e direitos fundamentais
para quando forem positivados na ordem nacional (Constituição Federal).
Importante salientar que os direitos do homem e seus problemas, como o da
institucionalização, fazem parte de um sistema. Tal sistema deve ser compreendido
como um todo, começando pela questão da conceituação de direito do homem.
A determinação de seu conceito perpassa por suas cinco características. Os
direitos do homem são universais, morais, fundamentais, preferências e abstratos
(ALEXY, 1999).
Os direitos do homem são universais justamente por serem um ideal
universal, tanto para seus titulares, quanto para seus destinatários. A universalidade
tem o condão de conferir a todos os homens a titularidade dos direitos do homem.
Entretanto, há ai um problema no que tange ao emprego do conceito de
homem, uma vez que esta especificidade (apenas homem) poderia desencadear
uma delimitação racista. A melhor delimitação deve ser no sentido biológico.
Melhor seria a substituição de “direitos do homem” por “direitos à vida” ou
“direitos da criatura”, onde garantiria também a existência dos animais. Isto atribuiria
uma significação de titulares notadamente mais ampla.
Contudo, há outro problema que decorre dessa significação biológica de
homem, pois somente homens enquanto indivíduos poderiam ser titulares de direitos
do homem. Para isso, há fundamentos no sentido de alargar esta conceituação de
modo que englobe também grupos, comunidades e Estados, atribuindo assim,
direitos à existência, identidade e desenvolvimento, por exemplo. “Trata-se, em tais
direitos, de um alargamento dos direitos individuais à existência e desenvolvimento
da personalidade na dimensão da comunidade” (ALEXY, 1999, p. 59).
Num primeiro momento, parece estranho definir como direitos de grupo, de
comunidade ou de Estado, uma vez que se perde o tom de direitos “do homem”.
Porém isso fundamentaria os direitos de coletividade como um caminho para a
efetivação dos direitos do homem.
Os direitos do homem são necessariamente direitos morais. Estes direitos
morais tem uma difícil conceituação. Entretanto, se deve ressaltar que este conceito
é oposto ao do direito jurídico-positivo. Na verdade, direitos morais podem também
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ser um direito positivo. Ocorre que sua validade independe de positivação no
ordenamento jurídico, mas depende de justificação moral em cada individuo.
O direito do homem em ter um direito positivo, como prega a Declaração
Universal dos Direitos do Homem, é de maior relevância do que se pode pensar num
primeiro momento. Este direito vislumbra um ordenamento jurídico que garanta e ao
mesmo tempo promova os direitos do homem.
E esta característica mostra-se essencial como mecanismo legitimador do
próprio direito positivo. Os direitos do homem devem ter prioridade em todo o
sistema jurídico.
Diante desta prioridade de positivação, a simples inserção dos direitos do
homem na ordem jurídica vigente não resolve a questão da institucionalização. A
transformação dos direitos do homem em direitos fundamentais apenas evidencia os
problemas destes direitos em toda sua extensão (BOBBIO, 1992).
Como é sabido, os direitos fundamentais possuem função de destaque em
todo o ordenamento jurídico, simbolizando muito além que meros limitadores na
ordem infraconstitucional e suporte para a hermenêutica legal. Os direitos
fundamentais inseridos na Constituição Federal apontam também as diretrizes
principiológicas de avaliação dos atos, das atividades e dos comportamentos
(PERLINGIERI, 2008).
A institucionalização dos direitos humanos no corpo da Lei constitucional
implica no reconhecimento de que o ser humano é vitorioso historicamente, pois
cada direito tutelado é uma conquista contra o poder abusivo. Assim, os direitos
deixam de serem tutelados pelo direito natural, para representar o núcleo do Direito
positivo. O plano do dever ser passa a ser complementado com conteúdos morais,
transformando-se em um verdadeiro positivismo ético (CARDOSO, 2010).
Logo, os direitos humanos, universais e invioláveis, passam a ocupar
gradativamente mais espaço nas Constituições contemporâneas, mas com o nome
de direitos fundamentais. E a incorporação dos direitos humanos na lei
constitucional, ocorreu de forma mais ágil nos países que justamente sofreram com
os regimes totalitários (ALEXY, 1999).
Por fim, os direitos sociais são espécies de direitos fundamentais, oriundos de
vitórias que os movimentos sociais tiveram no decorrer do tempo. Neste sentido,
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Cesarino Junior (1970) entende que todo direito é, em sua essência, de cunho
social, vez que não há direito sem sociedade. Estes direitos são ditos sociais, pois
dentre outros objetivos, almejam o reequilíbrio social em um Estado de Direito, tendo
por foco a coletividade e não apenas o individuo.
De fato, os direitos fundamentais sociais dirigem-se à sociedade, em que
pese serem destinados às necessidades essenciais da pessoa. Por outro lado, vale
destacar que em não ocorrendo sua plena concretização, os efeitos negativos serão
arcados pela coletividade e pelo Estado.
Caso o Estado seja omisso ou falho na prestação dos direitos sociais, não
garantindo o mínimo existencial, o Poder Judiciário deverá intervir
diretamente quando provocado, determinando a implementação e execução
do direito pleiteado, ainda que para isso resulte obrigação de fazer, com
repercussão na esfera orçamentária, realizando assim um controle efetivo
das políticas públicas, visando sempre atribuir efetividade às normas
constitucionais (ROCHA, 2012, s/p.).
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no sentido de conferir obrigatoriedade aos direitos fundamentais de segunda
dimensão.
Por outro lado, a grande fragilidade destes direitos sociais reside na questão
da sua efetivação, pois são, via de regra, direitos muito onerosos e de difícil
implementação num país marcado com grandes desigualdades sociais, como é o
Estado brasileiro. Nesta senda:
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Com as ideias filosóficas do iluminismo, onde esta doutrina propunha o
afastamento de Deus do centro intelectual do mundo, para dar lugar à razão
humana, há um deslocamento da adoração do homem pelo divino para uma
adoração pautada na racionalidade. Um grande exemplo foram as palavras símbolo
da Revolução Francesa, quais sejam, Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Nas palavras de Julian Márias:
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necessidades humanas, portanto não tem de se basear em direitos naturais
absolutos.
Desta forma, o moderno constitucionalismo tem como pilares esta “revolução
democrática” - que passa a ter como fundamento de legitimidade o consenso social,
no lugar do direito divino do rei.
Trata-se do Estado liberal, pautado nos princípios iluministas do racionalismo
e do antropocentrismo, onde o homem é livre por natureza e anterior ao Estado.
Com isso há uma quebra de paradigmas no que tange à proteção e observação dos
direitos e garantias do homem e nas obrigações do Estado (MÔNIA, 2007).
Este novo paradigma que se apresenta está vinculado com os princípios da
distribuição e da organização.
O princípio da distribuição está relacionado com a ideia de liberdade do
homem, considerando que esta é anterior a criação do Estado. Sendo assim, o
homem goza de liberdade plena em princípio, por outro lado, o Estado deve
respeitar esta liberdade, sendo sua violação limitada a certas condições legais
(MÔNIA, 2007).
Nesta senda, o Estado só pode interferir na liberdade do homem quando
existir previsão legal, ou seja, será uma intervenção mínima como regra. Daí poder
dizer que ao homem é autorizado a fazer tudo o que a lei não lhe proíba.
Dentro deste contexto, visualiza-se um certo antagonismo entre Estado e
homem, ou entre esfera pública e esfera privada. De um lado há a sociedade como
uma entidade composta por cidadãos livres e do outro há o Estado, criado como um
"mal necessário", destinado a garantir os direitos do homem.
Daí resulta que, qualquer relação social deve estar vinculada a uma destas
esferas, já que o público e o privado são independentes entre si.
Acerca do princípio da distribuição, este traz à baila a questão da separação
dos poderes, o que gera um sistema de freios e contrapesos sobre a atividade
estatal. Um aspecto importante sobre este assunto é a produção legislativa, pois
esta, através da representação popular, irá definir previamente as competências do
Estado, de forma a delimitar seu poder (MÔNIA, 2007).
Nesta perspectiva, o Estado passa a submeter-se à lei, originada da
representação do povo, diferentemente do que ocorria no absolutismo monárquico,
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onde o soberano era a própria lei divina. Este novo paradigma confere ao Estado a
noção de Estado de Direito, justamente por estar vinculado ao império da lei.
O Estado de Direito representa a força popular que se renova de tempos em
tempos, sempre tendo a lei como manifestação da vontade geral e não mais a
vontade real ou divina que antes perpetuava no estado monárquico.
Em outras palavras, todo o Estado curva-se à Lei, representada pelo princípio
da Legalidade. Por Estado entende-se a Administração Pública, o judiciário, o
legislativo e os cidadãos e absolutamente todos devem observar o direito legislado e
formal, dando origem ao positivismo (MÔNIA, 2007).
A lei possui características marcantes, tais como a abstração e a
generalidade, isto pois, a lei é fruto da racionalidade. Portanto, a lei regula a todos, o
que é certo ou errado, permitido ou proibido. É de aplicação geral a todas as
situações fáticas que preencham seus requisitos de incidência, independentemente
de quem sejam as partes envolvidas.
Este paradigma confere igualdade e segurança jurídica aos destinatários da
norma, além de caminhar para uma nova dimensão de lei que vincule efetivamente o
Estado e consagre os direitos e garantias de seu povo. Trata-se da lei constitucional
e sua supremacia em relação a todas as outras normas.
Note-se que neste cenário de vinculação à lei, o poder legiferante ganha
especial relevância, ao passo que o poder judiciário adentra numa posição de
coadjuvante jurídico-social, desempenhando um papel de juiz "boca da lei", ou seja,
o magistrado aplicava uma interpretação silogística da lei ao caso concreto
(subsunção), típica da escola francesa do Empirismo Exegético (MÔNIA, 2007).
Onde vige o principio da legalidade, o Estado tem por freio o ordenamento
jurídico posto, precipuamente a Constituição liberal. Liberal pois, protegia os direitos
individuais negativos, limitando a intervenção do Estado sobre estes.
Ou seja, cabia à Constituição tão somente a organização básica do Estado,
definindo seus parcos poderes e competências, consagrando os direitos civis e
políticos do homem, também denominados de direitos de liberdade. Esta é marca do
século XIX.
Inclusive, quando se fala Direito, logo se pensa em Direito positivo ou
positivismo jurídico, que Bielsa (apud WARAT, 1995, p. 15) define como “a disciplina
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científica que tem por objeto o ordenamento sistemático dos conceitos jurídicos” e
que se forma “de acordo com os preceitos científicos”.
Preceitos jurídicos estes isentos de substrato valorativo, ou seja, o positivismo
jurídico não se dirige a fins políticos ou sociais, pois é objetivo e ainda hoje exerce
forte influência no cenário jurídico.
Diversos pensadores defenderam esta corrente positivista, sendo Hans
Kelsen (1881-1973) o mais expoente com sua Teoria Pura do Direito, que contribuiu
para o desenvolvimento do Direito enquanto ciência normativa.
Assim, Kelsen busca construir uma teoria sistemática-axiomática do direito
positivo, tornando-a uma ciência lógico-formal. Esta teoria não teria qualquer base
de caráter sociológico, antropológico, político e econômico. Sua base estaria voltada
exclusivamente para as normas legais. O texto legal é seu próprio objeto de estudo
(WARAT, 1995).
Segundo Kelsen:
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O positivismo exerce um trabalho de lógica e de técnica jurídica, buscando
conceitos e princípios para uma clara e objetiva interpretação do direito positivo.
Este trabalho interpretativo chama-se método técnico-jurídico ou lógico-abstrato,
sendo considerado pelo positivismo jurídico como o único meio de estudo da ciência
jurídica (WARAT, 1995).
Percebe-se que para Kelsen, a ciência do Direito tem autonomia em relação
às demais ciências. O Direito não se relaciona com as outras ordens sociais, pois é
puro (purificado) no plano do dever ser. Esta afirmativa fica evidente na distinção
que o autor faz entre Direito e Ética/Moral:
pressuposta, visto que não pode ser posta por uma autoridade, sua
competência teria de se fundar numa norma ainda mais elevada. A sua
validade já não pode ser derivada de uma norma mais elevada, o
fundamento da sua validade já não pode ser posto em questão. Uma tal
norma, pressuposta como a mais elevada, será aqui designada como norma
fundamental (KELSEN, 1996, p. 217).
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Nota-se que a epistemologia questiona o método positivista, pois afirma ser
impossível enquadrar logicamente questões, problemas e conflitos jurídicos, senão
racional, emotiva e ideologicamente valoradas e decididas (WARAT, 1995).
De fato, como afirma Luhmann (1983), um sistema não é totalmente fechado
ou isolado de outros sistemas, uma vez que existem acoplamentos estruturais,
responsáveis por manter relacionamentos entre sistemas autopoiéticos. Assim, a
idéia autopoiética enclausurada às suas comunicações internas não é
hermeticamente fechada, uma vez que possui certas brechas de contato com o
ambiente que a envolve (entorno). Tais aberturas são imprescindíveis para distinguir
um sistema de outro sistema que o circunda, de modo a manter a característica
auto-referencial que lhe é imanente.
Tomando por base o subsistema direito, enquanto estrutura que é, percebe-
se claramente a presença de certa dinâmica que lhe é inerente, haja vista que sofre
interferência ou, melhor dizendo, irritações do entorno (LUHMANN, 1983). Portanto,
o direito configura um sistema autopoiético fechado por um lado, mas por outro
recebe influências de outros sistemas, como o político, o econômico, característica
essa que deveria ser eliminada segundo a matriz positivista.
Daí que entende-se ser tanto o direito natural, quanto o direito positivo, de per
si, insuficientes para justificar epistemologicamente o Direito, sendo necessário um
complemento para tanto, a ser desenvolvido numa próxima pesquisa 3.
4. Conclusão
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Entretanto, conforme mencionado, o direito positivo apenas não possui o
condão de relugar plenamente a sociedade e lhe dizer o direito, sendo necessário
um plus, a ser abordado em pesquisa futura.
5. Referências bibliográficas
ALEXY, Robert. Direitos Fundamentais no Estado Constitucional Democrático. In:
Revista de Direito Administrativo. v. 217, Jul/Set, 1999.
DWORKIN, Ronald. O império do Direito. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2007.
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LEAL, Mônia Clarissa Hennig. Jurisdição Constitucional aberta. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2007.
LEITE, Celso Barroso. A proteção Social no Brasil. São Paulo: LTR, 1972
MÁRIAS, Julian. História da Filosofia. 1ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
ORTEGA Y GASSET, José. A rebelião das massas. São Paulo: Martins Fontes,
2002.
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