Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A nossa atenção nesta pesquisa, tende satisfazer a seguinte problemática: como é que
São Tomás concebe conceito do direito? E, para tal satisfação, objectivamos no
contexto geral:
1
CONTEXTUALIZACÃO
Desde que o ser humano surgiu até à nossa época, sempre foi sua preocupação,
organizar o seu bem-estar na sociedade, afastando-se daquilo que compromete o seu
estado de vida melhor. A questão da segurança social é bíblica, pode-se ler no primeiro
livro da bíblia, onde entende - se que Deus criou o homem desejando-lhe o seu bem 1.
Entretanto, pode-se entender nessa pesquisa que são tantos que advogam a respeito do
bem do homem, mas aqui trazemos a grande figura da Idade Média, São Tomas de
Aquino, que investiga a respeito da origem ou a essência do direito.
Os decretos divinos, leis não escritas e imutáveis, não são de hoje, nem de ontem, e
ninguém sabe de que longínquo período procede. Aristóteles desenvolveu uma doutrina
sobre o direito natural, mais tarde retomada pelos estóicos, reassumida por Cícero, que a
1
Cf. GÊNESIS, in bíblia de Jerusalém, São Paulus, I edição, 2002
2
Cf. H. JAPIASU – D. MARCONDES, dicionário básico de filosofia, 4ª edição, 2006, p.59
3
Sófocles foi um dramaturgo grego, um dos mais importantes escritores. Suas peças retratam
personagens nobres e da clareza, nasceu em 497a.c em Colono perto de Atenas, na época do
governo de Péricles, no apogeu da cultura helénica.
2
transmitiu aos romanos. São bem conhecidos Os trabalhos dos grandes mestres
romanos, que acentuaram o primado do direito natural, é no caso de São Tomás de
Aquino como vamos perceber agora.
Entre os tipos de direitos apontados acima, São Tomas advoga a superioridade de uma
para com outra, isto é, há um Direito proveniente da própria natureza da coisa (direito
natural) que não se confunde com as normas da justiça firmadas entre duas pessoas, ou
estabelecidas pela autoridade pública (direito positivo). Enquanto o primeiro (natural)
independe da vontade humana, o segundo (positivo) nasce dela por uma convenção
estabelecida5.
O direito natural é instituído e promulgado por Deus, que possibilita ao homem, pela
sua própria natureza racional, conhecê-lo facilmente, e só Ele poderá alterá-lo, mas não
o faz porque a sabedoria divina não é contraditória. O direito positivo é firmado por
convenção humana, cabendo ao homem promulgá-lo, anulá-lo ou modificá-lo, se
necessário.
Cf. D. ODILÃO MOURA, A doutrina do direito natural em Tomás de Aquino, 1999, P.33
5
3
São Tomas distingue as leis, a moral e o próprio Direito. Para ele, as leis morais
estabelecem os princípios do direito. Porém, enquanto a moral abrange o exercício de
todas as virtudes, o Direito não ultrapassa o objeto da virtude da justiça. Por isso, só
cabe ao direito determinar o justo, isto é, aquilo que é devido em estrita igualdade ao
outro.6
As outras virtudes morais visam o bem do próprio homem; a justiça, assim como o
Direito, visam o bem do outro. Já ensinava Aristóteles que “o amor une as cidades, e os
que estabelecem as leis mais se preocupam com a justiça” diz São Tomas. Seguindo a
mesma trilha, escreve Angélico: “A paz é indirectamente obra da justiça, directamente,
da caridade”7.
Percebe-se também que, “a lei não é o mesmo que o Direito propriamente falando, mas
uma certa razão do Direito”. Moral e Direito implicam o sentido mais amplo que o da
lei. A lei propõe as normas de ação humana; a moral e o Direito não somente as
reconhecem, como também as aplicam às inumeráveis acções humanas.
1. Deus criador, sábio e providente das ações das criaturas, tudo dirige segundo
normas preestabelecidas que constituem a “lei divina”. Para São Tomás no
entanto, propriamente não há um direito divino, porque o Direito fundamenta-se
na igualdade do que é devido pelo devedor com a satisfação exigida pelo outro
(isto é essencial à justiça). Não havendo possibilidade de igualdade entre o
homem e Deus, disto resulta a negação de um direito divino.
Como foi esclarecido anteriormente, a lei propriamente não se identifica com o
Direito, mas determina-lhe as normas principais.
Por ser a lei natural proveniente de disposição divina, ela é soberana, participando assim
do absoluto poder de Deus, não cabendo ao homem modificá-la, anulá-la, nem
desconhecê-la. O direito natural não é apenas absolutamente soberano, como ainda
6
Cf. D. ODILÃO MOURA, A doutrina do direito natural em Tomás de Aquino, 1999, P.32
7
Cf. E. CARLOS BIANCA BITTAR, direito e justiça em São Tomas de Aquino, São Paulo,
2010, P. 36
4
imutável, pois participada da imutabilidade das normas divinas e também da
imutabilidade da natureza humana. Por isso, concluirá o Angélico: “Se alguma coisa
por si mesma se opõe ao direito natural, a vontade humana não a pode tornar justa,
como, por exemplo, se for determinado ser lícito furtar ou cometer adultério”.
Como também dizia papa João Paulo II sustentando a carta de São Paulo aos romanos:
No mais íntimo do ser humano, o Criador imprimiu uma ordem que a consciência
humana descobre e manda observar estritamente. Os homens mostram que os preceitos
da lei estão escritos nos seus corações, sendo sua consciência testemunha disso (Rom.
2, 15).
Para São Tomas, o direito natural é humano porque decorre do conhecimento que o
homem tem dele. Lê-se na Suma Teológica: Como no homem a razão domina e impera
sobre as outras potências, convém por isso que todas as inclinações naturais
pertencentes às outras potências sejam ordenadas segundo a razão. Por ser racional, o
direito natural, formado pelas leis naturais, diferencia-se do direito da natureza, que
regula as acções condicionadas pela estimativa dos animais, ou seja, é desta que se
difere com outros animais.
8
Cf. E. CARLOS BIANCA BITTAR, direito e justiça em São Tomas de Aquino, São Paulo,
2010, Pp. 44-60
5
animais; a segunda é constituída pelas normas de ação deduzidas dos primeiros
princípios da lei natural, conhecidos por todos os homens.
Unidade: a unidade do direito reduz ao primeiro princípio da lei natural, que é evidente
por si mesmo. Este direito também é uno porque, distribuindo-se em todos os homens,
cada homem o concebe identicamente. Por isso é universal, deve ser conhecido e
praticado por todos os homens, em todos os tempos e em todos os lugares
(semperetubique).
6
Conclusão
Chegado a este ponto de trabalho, fica por saber que, a concepção do direito em São
Tomás de Aquino assenta-se em dois tipos de direito, isto é, direito natural e direito
positivo. O direito natural, ela ostenta o poder divinal e humano. Poder divinal porque
Deus estabelece os princípios básicos, a fim de que sejam observados por meio de uso
da razão e humano porque este, é aquele que se relaciona com este direito, ou seja visa o
seu próprio bem.
Não obstante, sendo de origem divinal o direito natural e humana, ele é verdadeiro e a
mãe daquele outro direito (direito positivo), este cujas leis são criadas pelos homens,
suscetíveis de reger determinada sociedade numa determinada época, enquanto o direito
não natural é valido por toda eternidade, ou seja, não varia no tempo porque segundo
suas propriedades ele é de unidade (Deus e homem), imutável e inamissível.
Em fim, a nossa visão crítica circunscreve-se na relação de ambos direitos, pois à luz de
São Tomás o direito natural é superior em relação ao direito positivo e este deve ser
submisso ao anterior. Porém, segundo a nossa análise na actualidade, o direito positivo
passa por cima. Só para citar um exemplo, o direito natural dita que, o ser humano tem o
direito de possuir uma Porção de terra pois Deus o criou para viver na terra, isso é
legítimo, mas olhando a realidade actual parece ser uma utopia, porque o homem hoje
não se beneficia daquilo que o direito natural lhe oferece, hoje em dia a terra vende-se e
não se dá como o direito natural dita.
Entretanto, diante desta problemática, o único caminho que achamos ser viável para
possível saída deste impasse é mesmo a questão de reflexão sobre assunto, ou seja,
voltar no tempo a antiguidade para poder formar novas bases éticas e morais para o bem
da humanidade.
7
Biografia
EDUARDO Carlos Bianca Bittar, direito e justiça em São Tomas de Aquino, São Paulo,
2010.