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LEIS NATURAIS/MORAIS

INTRODUÇÃO

LEI NATURAL – DIREITO NATURAL - JUSNATURALISMO

As primeiras manifestações de jusnaturalismo (um “direito


natural) são encontradas na Antiga Grécia. Lá haverá o
primeiro contexto histórico de desenvolvimento da doutrina
do Direito Natural. O Direito Natural da Antiguidade
está presente em Platão e em Aristóteles, mas
também é importante não olvidar que foi elaborado na
cultura grega, principalmente, pelos Estoicos, para quem
toda a natureza era governada por uma lei universal
racional e imanente. Afirma Jacques Leclercq que o Direito
Natural é o resultado dos princípios mais gerais sobre a
ordem do mundo, usados para que se oponham aos
governantes injustos. Na Idade Média temos a doutrina,
para alguns, de um direito natural que se identificava
com a lei revelada por Deus a Moisés e com o
Evangelho. Foi obra, sobretudo de Graciano (séc. XII) e de
seus comentadores. Santo Tomás recebera de Roma, ao
tempo da Suma, a missão de cristianizar Aristóteles,
colocando-o, dentro do possível, de acordo com Santo
Agostinho e com os princípios do catolicismo e o direito
canônico que já não atendia à sociedade de forma
satisfatória. Portanto, é nesse sentido que retomará
Aristóteles e a doutrina do direito natural, porém, sem o
viés da originalidade: há muito mais ordem na doutrina e
um tratamento, consequentemente, muito mais explícito do
que se depreende de Aristóteles. São Tomás de Aquino
ordena a ideia supracitada, ao afirmar que a Lei Natural é
aquela fração da ordem imposta pela mente de Deus,
governador do Universo, que se acha presente na razão do
Homem.
Na visão aristotélica, o direito natural tem duas
características: não se baseia nas opiniões humanas e em
qualquer lugar tem a mesma força. Junto com o direito
natural aparece o justo legal, direito positivo. É próprio
desse direito provir da convenção humana, tendo como
característica própria ser variável, para Aristóteles o direito
natural é um direito verdadeiro, um tipo de direito
vigente, junto com outro tipo, que é o direito positivo. O
direito natural não é, portanto, um principio abstrato,
uma ideia ou ideal, um valor ou coisa semelhante; é
simplesmente um direito (uma coisa devida em justiça),
uma espécie ou tipo particular de direito. Não se trata de
dois sistemas jurídicos diferentes e paralelos. Só há um
sistema jurídico em cada sociedade, qual seja, o sistema
vigente. Em relação ao sistema vigente, o direito natural
e o direito positivo são partes. Trata-se da concepção
clássica do direito natural.
Fonte: https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-95/direito-
natural/

1 – SANTO TOMÁS DE AQUINO E O QUE É LEI


(DOUTRINA ESCOLÁSTICA) - CRISTIANISMO.

Santo Tomás de Aquino dedica-se ao estudo da lei,


destacando-se a posição que o Tratado da Lei possui dentro
da obra mestra do autor intitulada “Suma Teológica” (
1265-1273).

A Suma Teológica é considerada a obra da maturidade do


autor e foi por esse dividida em 3 partes: A primeira parte
é dedicada ao estudo de Deus em Si mesmo, Uno e Trino. A
segunda parte, destina-se ao estudo da criação e do
caminho das criaturas para seu Fim, ou seja, Deus;
enquanto que na terceira parte encontramos o Tratado de
Deus como fim de todas as coisas e os meios que dispõe as
criaturas para alcançá-lo.

E como a lei é vista como diretiva dos atos humanos, o


tratado da lei está enquadrado justamente dentro dos atos
humanos, tendo como função imprimir-lhe caráter
moral.

O princípio interior de nossos atos, ou seja a inteligência e


a vontade, são movidos externamente por Deus, que pela
lei instrui o entendimento, e pela graça, movimenta a
vontade. Em sua obra mestra inicialmente se estuda a lei, e
posteriormente a graça.

O conceito geral de lei apresentado por Santo


Tomás: quaedam rationes ordinatio ad bonum commune,
ab eo Qui curam communitates habet promulgata ou seja “
ordem ou prescrição da razão para o bem comum,
promulgado por quem tem a seu cargo o cuidado da
comunidade”.

2 – FINALIDADE DA LEI

Efeitos da lei: Segundo Santo Tomás o efeito geral da lei


é produzir a bondade moral nos súditos. Mas esta bondade
está condicionada a espécie de lei: Assim que a lei eterna,
a lei natural e a lei divina – positiva tem como finalidade
tornar o homem absolutamente bom. Já quando
adentramos no terreno da lei humana, esta só atinge os
atos externos, produzindo uma bondade relativa.

A obrigação moral, efeito formal da lei, relaciona o


homem ao seu fim último. Sua raiz encontra-se na
necessidade do fim.

3 – LEI ETERNA E LEI NATURAL


Conceito: A Lei eterna, esclarece Santo Tomás se
constitui na “ razão ou plano da divina sabedoria, enquanto
dirige todos os atos e movimentos das criaturas”. Trata-se
do plano de Deus, para o governo de suas criaturas. É uma
conseqüência da divina providência.

Todas as coisas criadas estão abaixo da lei eterna. A razão


desta absoluta extensão da lei eterna é a universalidade do
governo divino. Deus, enquanto Causa Primeira Universal
de todas as coisas, autor de suas essências, diferenças e
manifestações do ser, conserva e conduz toda sua obra o
fim último ou Bem Comum, que é o próprio Deus. Assim,
nos parece evidente concluir que a lei eterna invade toda a
obra da criação.

Conceito: A Lei natural vem a ser a “ participatio legis


aeternae in rationali creatura”, ou seja, participação da lei
eterna na criatura racional.

Lei eterna e lei natural formam uma só e mesma lei


enquanto a raiz. Porém, devemos reconhecer a existência
das duas leis. A lei eterna, por ser a própria razão divina,
abarca todo o universo criado, incluindo a vida humana,
tanto na ordem natural como sobrenatural. A lei natural
refere-se exclusivamente a atividade humana moral, em
sua esfera moral, sendo conhecida pelo homem
progressivamente. Ao ser uma “participação” da lei eterna
será consequentemente finita e temporal, como o homem
que a recebe.

Uma descrição essencial de lei natural, encontramos na ,


Introdução a Suma Teológica, I-II, por Santiago Ramirez e
outros, q. 94, B.A.C., págs 112 y 113:lei natural são as
proposições imperativas ou preceitos universais da razão
prática, participada da lei eterna, acerca das coisas boas ou
atos intrinsecamente bons ou maus, em ordem ao bem
comum da bem-aventurança natural, promulgadas ou
impressas naturalmente na razão humana por Deus como
legislador e supremo governante da comunidade natural
dos homens” .

Se a lei natural é concebida enquanto algo essencialmente


natural, com enunciados universais da razão prática,
necessariamente deverá haver uma adaptação a
natureza e a modo como atua. Assim, a semelhança do
que passa com o conhecimento especulativo, no
conhecimento prático, nos encontramos com um processo
que parte de princípios evidentes até os mais distantes.

A participação da lei eterna na criatura racional, lei natural,


se manifesta no homem em sua inteligência e vontade. Em
sua inteligência, fazendo-o distinguir entre o bem e o mal;
e em sua vontade, imprimindo uma inclinação para o bem e
a eleição dos meios necessários para chegar ao fim.

A lei natural relativamente aos primeiros princípios, é


a mesma para todos, seja com respeito a sua retidão
como ao seu conhecimento. Porém, existem algumas
particularidades deduzidas dos princípios comuns, que em
concreto são iguais para todos, mas podem vir a apresentar
alguma alteração, em conseqüência da razão distorcida,
seja pela ignorância, pelas paixões, pelos maus
hábitos ou ainda por fatores externos que
influenciam no pensamento humano.

Podemos dizer que a lei natural pode modificar-se quanto


aos seus princípios secundários e terciários. Quanto aos
princípios secundários, que , como dissemos , são como
conclusões próximas dos princípios primários, poderá
modificar-se em casos particulares, devido a causas
especiais que venham a impedir a observância destes
preceitos. Já quanto aos preceitos terciários, que
constituem-se em conclusões remotas dos preceitos
primários, a mutabilidade é facilmente admitida, pois tais
princípios só podem ser alcançados por homens
verdadeiramente sábios. Estes princípios terciários
caracterizam a lei humana.

A multiplicidade destes preceitos não altera a unidade da lei


natural, mas é conseqüência da natureza humana.

Propriedades:a análise acima nos revela que a lei natural


apresenta quatro propriedades, a saber: a unidade, a
universalidade, a imutabilidade e a indelebilidade(não
se pode apagar).
Fonte: https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-64/o-conceito-
de-lei-segundo-santo-tomas-de-aquino/

TOMAS DE AQUINO (Santo).Tratado de Justiça.Trad. Fernando Couto.


Summa Theologica. Porto Alegre: res-editora. (Coleção Resjurídica).

4 – LEIS MORAIS - ESPIRITISMO

O Livro Terceiro está subdividido em doze Capítulos: A LEI


DIVINA OU NATURAL; LEI DE ADORAÇÃO; LEI DO
TRABALHO; LEI DE REPRODUÇÃO; LEI DE CONSERVAÇÃO;
LEI DE DESTRUIÇÃO; LEI DE SOCIEDADE; LEI DO
PROGRESSO; LEI DE IGUALDADE; LEI DE LIBERDADE; LEI
DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE e PERFEIÇÃO
MORAL.

4.1 – LEI NATURAL OU DIVINA e as LEIS MORAIS –


Questões 614 a 648.

A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a


felicidade do homem. Indica-lhe o que deve fazer ou deixar
de fazer e ele só é infeliz quando dela se afasta. O
conceito de Lei Natural se encontra na questão 614.

 Eterna e imútavel – São todas as leis da natureza.


 Entre as leis divinas, umas regulam o movimento e as
relações da matéria bruta: as leis físicas, cujo estudo
pertence ao domínio da Ciência.

As outras dizem respeito especialmente ao homem


considerado em si mesmo e nas suas relações com Deus e
com seus semelhantes. Contêm as regras da vida do corpo,
bem como as da vida da alma: são as leis morais.

O conceito de Lei Moral encontra-se na questão 617


de O Livro dos Espíritos.

 São apropriadas à natureza de cada mundo.

 A Lei Natural é aplicável a todos e dotada de unidade.

 A lei natural traça para o homem o limite das suas


necessidades, o sofrimento é resultado de execessos.

 Todos podem conhecê-la, mas nem todos a


compreendem, podendo o homem se valer de diversas
encarnações para lograr êxito em sua compreensão.

 Desencarnada a alma compreende a Lei de acordo


com o grau de sua perfeição.

 A Lei de Deus está escrita (é de conhecimento) na


consciência do homem, no entanto há esquecimento
por parte do homem.

 Alguns homens obtiveram a missão de revelar as Leis


Divinas, ou seja, retirá-las do esquecimento, tais
almas eleitas são considerados espíritos superiores.
 Outros homens menos inspirados, apesar de seus
erros, contribuíram para a revelação destas Leis.

 Jesus é o guia e modelo a ser seguido no cumprimento


e entendimento das Leis Divinas, por ter sido ele o
espírito mais puro que apareceu na Terra.

 As Leis Divinas estão espalhadas por toda parte, desde


os tempos mais longínquos, sendo que homens de
bem de vários povos e raças contribuíram para o
redescobrimento das Leis Divinas.

 Após Jesus, foi atribuída uma missão aos Espíritos,


qual seja desmascarar e clarificar o mal uso das Leis
Divinas por alguns, visto que deve ser preparado o
terreno para o reino do bem. (Mundo de Regenaração)

Vinculando o trabalho dos espíritos: “para o estudioso,


não há nenhum sistema antigo de filosofia, nenhuma
tradição, nenhuma religião, que seja desprezível, pois em
tudo há germens de grandes verdades que, se bem
pareçam contraditórias entre si, dispersas que se acham
em meio de acessórios sem fundamento, facilmente
coordenáveis se vos apresentam, graças à explicação que o
Espiritismo dá de uma imensidade de coisas que até agora
se vos afiguraram sem razão alguma e cuja realidade está
hoje irrecusavelmente demonstrada.” Questão 628.

A Doutrina Espírita aponta três Revelações principais:

– a primeira, realizada através de Moisés, que encarnou


com a missão de trazer ao conhecimento das massas o que
antes era acessível apenas aos iniciados, numa época em
que a humanidade vivia explorada por um clero
inescrupuloso. Moisés escreveu as obras do Pentateuco,
onde desponta o Decálogo, com suas luzes imarcescíveis,
no entanto cingindo sua doutrina à Lei da Justiça;
– a Segunda, realizada por Jesus Cristo, o Sublime
Governador da Terra, que pessoalmente veio pregar pelo
exemplo a grande Lei do Amor, até então desconhecida,
sem a qual a Justiça se faz fria e desumana. Apresentou
também ao povo a doutrina da reencarnação, que se
tornaria compreensível muitos séculos depois, com a
Terceira Revelação;

– a Terceira, realizada pelos Espíritos Superiores que Jesus


Cristo prometeu enviar na época própria como o
Consolador, a fim de explicar às populações em geral o que
até então era conhecido de poucos estudiosos e abordar
com mais profundidade os ensinamentos que o Divino
Pastor tinha dado mas que foram deturpados pelo
Cristianismo oficial.

4.1.2 – O BEM E O MAL –

“O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo


o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de
acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la.”
Questão 630.

 Ao homem é dado distinguir o bem do mal usando a


sua inteligência e elevando o seu saber a Deus.

“Jesus disse: vede o que queríeis que vos fizessem ou não


vos fizessem. Tudo se resume nisso. Não vos enganareis.”

 O mal está na natureza das coisas para que tenha o


homem a oportunidade de escolha, o livre arbítrio: “É
preciso que o Espírito ganhe experiência; é preciso,
portanto, que conheça o bem e o mal. Eis por que se
une ao corpo.”

 O bem e o mal são sempre, em qualquer situação, o


bem e o mal, não se confundindo. No entanto, em
relação a quem pratica o ato há diferença, pois cada
ser responde perante Deus de acordo com o nível de
conhecimento e compreensão que adquiriu.

 O mal depende principalmente da vontade ao ser


praticado, ou seja, a intenção deliberada na prática do
mal aumenta as responsabilidade.

Questões 638 e 639 – Legítima defesa e situações de


coação - “O mal recai sobre quem lhe foi o causador.
Nessas condições, aquele que é levado a praticar o mal pela
posição em que seus semelhantes o colocam tem menos
culpa do que os que, assim procedendo, o ocasionaram.
Porque, cada um será punido, não só pelo mal que haja
feito, mas também pelo mal a que tenha dado lugar.”

 Desejar ou aproveitar-se do mal são condutas


repreensíveis.

 Deve o homem fazer o bem sempre que a


oportunidade se apresentar, quanto mais difícil a
situação maior o mérito.
 A resistência aos vícios resultam em virtudes.

5 – Lei Natural como Princípios Universais.

As 7 Leis Universais ou Leis Herméticas:O Caibalion

Lei do Mentalismo - "O todo é mente, tudo é mental".

Lei da Correspondência - "O que está em cima é como o


que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está
em cima"

Lei da Vibração - "Nada está parado, tudo se move, tudo


vibra"
Lei da Polaridade - "Tudo é duplo, tudo tem dois polos, tudo
tem o seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa.
Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-
verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliados".

Lei do Ritmo - "Tudo tem fluxo e refluxo, tudo tem suas


marés, tudo sobe e desce, o ritmo é a compensação"

Lei de Causa e Efeito - "Toda causa tem seu efeito, todo o


efeito tem sua causa, existem muitos planos de causalidade
mas nenhum escapa à Lei"

Lei do Gênero - "O Gênero está em tudo: tudo tem seus


princípios Masculino e Feminino, o gênero se manifesta em
todos os planos de criação."
Fonte: O Caibalion: Estudo da Filosofia Hermética do Antigo Egito e
da Grécia, editora: Pensamento.

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