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Aula 7

Sumário: Capacidade Jurídica das Pessoas Singulares.

Capacidade de Gozo das Pessoas Sigilares.

A capacidade jurídica tem dupla faceta que vamos distinguir, pois


tanto, se refere á titularidade como ao exercício de direitos.

Quando se fala apenas em capacidade jurídica, normalmente


estamos a referir-nos á capacidade de gozo de direito.

A personalidade jurídica, é inerente (não pode ser dissociada) a


capacidade jurídica ou capacidade de gozo de direitos, art. 67°
CC, traduz esta inerência, referindo “as pessoas podem ser
sujeitos de quaisquer relações jurídicas, salvo disposição legal
em contrário: nisto consiste a sua capacidade jurídica”.

A capacidade de gozo é aptidão para ser sujeito activo ou passivo


da relação jurídica.

A capacidade de gozo é o conteúdo necessário da personalidade.

Fala-se de personalidade jurídica para referir a qualidade ou


condição jurídica do ente em causa, ente que pode ter ou não ter
personalidade. A personalidade jurídica representa algo
absoluto, que não comporta medição: ou se é pessoa ou não.

Fala-se de capacidade jurídica para referir aptidão para ser titular


de círculo maior ou menor, de relação jurídica. Pode ter-se
medida maior ou menorde capacidade, segundo certas
circunstancias ou situações, sendo se sempre pessoa, seja qual
for a medida da capacidade.
No entanto, enquanto a personalidade jurídica tem dimensão
puramente qualitativa, a capacidade jurídica tem uma dimensão
ou sentido quantitativo, na medida em que os direitos e
obrigações de que cada um pode ser titular é variável.

Assim, quem tem capacidade jurídica tem sempre personalidade


jurídica, mas quem tem personalidade jurídica pode ter uma
ampla ou restrita capacidade jurídica.

A personalidade jurídica corresponde á capacidade de gozo de


direitos, porque desde o nascimento podemos ser titulares de
direitos. E a capacidade jurídica corresponde á capacidade de
exercício onde a pessoa só pode exercer certos direitos quando
se atinge a maioridade.

Exemplo: nada impede uma criança de ser proprietário de uma


coisa móvel ou imóvel art. 204° e 205° ambos do Código
Civil(casa, carro, etc).

Está criança não poderá dispor dos seus direitos por exemplo de
vender a casa, pois a lei não atribui a capacidade de disposição
de bens aos menores.
Aula 8

Sumário: Direito Positivo e Direito Natural.

A experiencia mais concreta que todos nós temos do Direito é


aquela em que este se revela como um conjunto de normas
criadas pelo homem para regular as suas condutas nas relações
que estabelece em sociedade para sociedade. Este é o direito
positivo, ou seja, é aquele direito que efectivamente vigora na
ordem jurídica.

O Direito natural determinaria de acordo coma natureza das


coisas a lei natural, os fins essenciais que o homem deve seguir
na sua acção para atingir o seu aperfeiçoamento espiritual e
assim, alcançar o fim último da sua existência na terra.

De todo modo, entendido como a justiça que se projecta na


ordem social ou como um ordenamento de raiz ética que a razão
retira duma ordem objectiva inserida nas coisas e nos homens, o
Direito Natural sempre esteve presente no pensamento jurídico
antes e depois do século XVIII que o consagrou em sistemas
jurídicos construídos pela razão.

Agrupamos as diversas doutrinas jusnaturalistas em dois grupos


ou concepções:

 Jusnaturalismo transcendente: Atribui a Deus a criaçoa do


Direito Natural. Deus inseriu na natureza das coisas, na
natureza do humana ou na lex aeterna.
 O jusnaturalismo racionalista dispensa Deus e fundamenta
o Direito Natural na razão humana.
Na Grécia antiga, destacaram-se duas concepções diferentes
segundo o jusnaturalismo transcendente:

1. A concepção revolucionária dos sofistas que, chocados com


o tratamento desfavorável que a polis lhes dispensava,
construíram o Direito Natural com base no conceito
fundamental de natureza humana, onde enfatizavam a
liberdade e a igualdade dos homens.

Afirmavam que Deus criou os homens livres e iguais e, por isso,


contestavam as leis injustas da polis que serviam interesses dos
poderosos.

2. A concepção conservadora de Sócrates, Platao e sobretudo


de Aristóteles que distingue o justo segundo a natureza do
justo segundo a lei. Há na natureza, uma harmonia que
rege o curso dos astros e a vida animal e vegetal.

O justo por natureza está esculpido no coração ou na consciência


dos homens, a quem cabe observar e descobrir as regras que
devem disciplinar a vida familiar, económica e política. O Direito
Natural dá o sentido, o fim, a base ética normativa ao direito
positivo. Porém, convencido da santidade das leis da polis e
partindo da ideia de um Estado virtuoso, grande educador do
homem no sentido da moralidade e da justiça, Aristóteles (como
antes Sócrates e Platão) invoca o Direito Natural para defender a
ordem social estabelecida: por isso, trata-se dum direito
conservador.

Porém, foi SAO TOMÁS De AQUINO o grande artífice do


jusnaturalismo cristão. Na linha do pensamento anterior,
sustenta que Deus criou o mundo e dotou-o da lex aeterna que
rege todos os seres; e inscreveu, no coração do homem, uma lei
(a lex naturalis) que mais não é do que uma parte da lex aeterna.
Por isso, ao obedecer á leinatural o homem obedece á Lei de
Deus; e se a lei humana se afastar da lei natural, “non erite lex,
sed legis corruptio” (não será lei, mas corrupção da lei)

A razão descobre, na natureza humana, as tendências básicas de


que deduzirá as normas (mandamentos e proibições) do Direito
Natural. SÃO TOMÁS considera fundamentais as seguintes
tendências:

1) Á conservação da vida humana. Dela, a razão deduz os


preceitos que defendem a vida, como a norma que proíbe
o homicídio;
2) Á conservação da espécie humana. Desta tendência
deduzem-se os preceitos relativos a procriação e ás
relações familiares;
3) Ao conhecimento da verdade e á vivencia em sociedade.
Daqui deduzem-se as normas relativas á perfeição
intelectual do homem e ás relações entre a autoridade e os
súbditos

Jusnaturalismo racionalista

Na Grécia, o Direito Natural desempenhou duas funções:

 A revolucionária dos sofistas: os sofistas invocaram-no para


destacar o carácter arbitrário e artificial do Estado, afirmar
a liberdade e a igualdade dos homens e acusa as leis da
polis de serem instrumentos ao serviços dos interesses dos
poderosos;
 Para a concepção aristotélica, o Direito Natural estabelece
o sentido, o fim, a base ética normativa do direito positivo.
Direito Natural: é o conjunto de normas e princípios de
carácter eterno e universal que são criada ou atribuem a Deus
a criação de todas as coisas.

Para o advento do positivismo jurídico contribuíram, desde


logo, as doutrinas que debilitaram e eliminaram o Direito
Natural. Destacamos:

1) As teorias contratualistas: procuram explicar a génese do


status civilis, onde verdadeiramente só há lugar para o
direito positivo. Referimos:
a) A doutrina de Hobbes. No ststus naturalis, os homens
viviam em guerra contínua, portando-se como lobo de si
próprio. Para acabar com este ststus insustentável, os
homens constituíram, através dum pactum de sujeição, o
Estado (status civilis), ao qual cederam os seus direitos para
obterem a segurança e o fim da luta em que
permanentemente viviam

Não há lugar para o Direito Natural, porque o direito positivo,


que o Estado promulga, tem de ser indiscutível: a vontade do
Estado é o único critério da justiça.

b) A doutrina de Rousseau: no status naturalis, os homens


tornaram-se egoístas e a insegurança, insuportável.

Segundo Galvão Telles define o Direito (positivo): é o conjunto


de normas de conduta social, estabelecida em vista da justiça, da
paz e do bem comum, dotada de generalidade e imposta pela
força quando necessário e impossível.
Ou ainda Direito é um conjunto de normas jurídicas que regula o
comportamento do homem dentro da sociedade, organiza a
sociedade e determina o seu modo de ser e funcionar.

Características do Direito Positivo

 Direito Positivo não é eterno: porque não vigora a todo


tempo.
 Direito Positivo não é universal: porque aplica-se apenas
numa determinada localidade.

Diferença

 O Direito Natural é visto como um Direito Superior, o


Direito Positivo não.
 O Direito Natural é eterno e universal, o Direito positivo
não.

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