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MINISTÉRIO DAS FINANÇAS
2023
1) ENQUADRAMENTO
1. A atribuição dos subsídios aos preços dos combustíveis é uma medida económica e
social, resultante de uma combinação entre a política fiscal e a política de rendimento
e preços, respaldada pelo Decreto Presidencial n.º 206/11, de 29 de Julho, que
aprova as Bases gerais para a Organização do Sistema Nacional de Preços e pelo
Decreto Presidencial n.º 283/20, de 27 de Outubro, que estabelece o Modelo de
Definição dos Preços dos Produtos Derivados do Petróleo Bruto e do Gás Natural.
7. Os dados apurados evidenciam que em 2022, o Estado assumiu uma subvenção total
de Kz 1,98 bilhões, sendo o gasóleo o combustível que representa o maior peso
desta despesa, no valor de Kz 1,35 bilhões, o que corresponde a 68,1% do total,
seguido da gasolina com um valor de Kz 458,78 mil milhões, correspondente a 23,2%
do total. O valor contabilizado deste tipo de subsídios, no ano de 2022, representa
cerca de 92% das despesas com saúde e educação do OGE do mesmo ano, cifradas
no montante de Kz 2,15 bilhões, o que se mostra incomportável do ponto de vista da
gestão da política fiscal.
9. De acordo com a projecção da população (34 094 077) e dos subsídios (Kz 1,82
bilhões) em 2023, infere-se que neste ano, teoricamente, o subsídio per capita ao
combustível será de Kz 53 405,09, no entanto, em termos práticos este subsídio
beneficia muito mais os maiores consumidores de combustível, em cerca de Kz 210
000,00, per capita, aumentando o fosso entre os mais ricos e os mais pobres, em
Largo da Mutamba – Luanda, Angola
Telefone: (+244) 222 70 60 00 / Móvel (+244) 912 500 112
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Email:correspondência.gmf@minfin.gov.ao
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10. Dada a sua magnitude e a ineficiência na sua alocação, a manutenção dos subsídios
aos combustíveis constitui um custo e risco fiscal de grande magnitude, e não
contribui para o crescimento económico, já que propicia o contrabando para os países
vizinhos que praticam preços 70% acima do preço em Angola, cria distorções nos
preços relativos, não contribui para a sustentabilidade da maior empresa pública
nacional, bem como não beneficia significativamente as camadas mais pobres.
11. Em virtude da flutuação dos preços de mercado, a fixação actual provoca o contínuo
agravamento dos encargos com subsídios a preços, considerando para o período de
2020 à 2025 o valor acumulado da subvenção aos combustíveis, poderá atingir Kz
8,1 Bilhões (dos quais Kz 3,5 bilhões correspondentes ao período de 2020 a 2022)
que acrescido à dívida histórica das instituições e empresas públicas à Sonangol
estimada em Kz 600 mil milhões, totaliza Kz 8,7 bilhões como valor da dívida do
Estado à Sonangol para o período em referência.
12. Este nível de custo é financeiramente insustentável, quer por via do OGE quer por via
de compensação fiscal, uma vez que no período em análise, os subsídios aos
combustíveis superaram a totalidade dos impostos petrolíferos devidos pela Sonangol
em 2021 em 70% e estima-se que poderão ser superiores em 28,5%, 44%, 43%,
respectivamente em 2022, 2023 e 2024, o que sem espaço de compensação, poderá
atingir a cifra total acumulada de Kz 2,4 bilhões, correspondente a aproximadamente
3,5% do PIB (2022) e cerca de 20% do OGE previsto para 2023.
13. A estratégia de remoção dos subsídios, tem como base as especificidades de cada
produto, nomeadamente:
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LPG (Gás de Cozinha): é utilizado para confeccionar alimentos por cerca de 60%
dos agregados familiares, com maior incidência para as classes baixa, média,
media alta e classe alta.
15. De acordo com a figura supra, prevê-se que a partir do segundo trimestre de 2023, o
preço da gasolina passe de Kz 160,00 para Kz 300,00, correspondendo a um
incremento de 87,5% e uma redução do subsídio unitário médio ao passo que o preço
dos demais combustíveis permanece inalterado.
17. Outrossim, opta-se por manter o subsídio ao gás de cozinha, assegurando-se assim o
acesso ao produto a um preço acessível, enquanto bem de consumo massivo pelas
populações.
20. As medidas de curto e médio prazo terão uma incidência expressiva em 2023 e 2024,
anos dos ajustamentos mais agudos, e serão progressivamente descontinuadas, até
atingir valores residuais nos anos subsequentes a 2025.
21. Entretanto, as medidas com natureza de investimento para a melhoria dos serviços
básicos tenderão a serem intensificadas no médio e longo prazo, ao ritmo de
solidificação dos ganhos económicos e da poupança fiscal resultante do ajustamento
dos preços.
6) CONSIDERAÇÕES FINAIS
23. Os subsídios aos preços dos combustíveis são atribuídos pela diferença dos preços
de mercado, sendo que até Dezembro de 2022, os preços de mercado situaram-se
em 452%, 578%, 202% e 279% acima dos preços fixados, respectivamente para o
LPG, Petróleo Iluminante, Gasolina e Gasóleo, tendo gerado subsídios a preços de
Kz 551 mil milhões, Kz 1,2 bilhões, e Kz 1,98 bilhões, respectivamente para os
períodos de 2020, 2021 e 2022, totalizando para o período em referência o valor de
Kz 3,73 bilhões, com tendência de crescimento e aumento do inerente custo fiscal.
24. A remoção dos subsídios aos combustíveis afigura-se importante, tendo em vista que
beneficia particularmente os grandes consumidores, em detrimento da população
mais vulnerável, havendo necessidade de proceder a realocação deste subsídio, de
forma a cessar a sua atribuição indiscriminada, privilegiando-se a subsidiação directa
e para os segmentos de maior impacto social, auxiliando directamente as populações
mais desfavorecidas.
26. A remoção progressiva e gradual dos subsídios aos combustíveis até 2025, tem a
vantagem de não criar imediatamente um incremento financeiro de vulto, mas requer
a antecipação de medidas de mitigação, com efeito no médio e longo prazos, bem
como um trabalho contínuo na calibração das outras medidas e da acção
comunicativa para amenizar os sucessivos choques em cada momento de ajuste.
27. Da análise feita por tipologia de produto, apurou-se que além dos efeitos directos no
consumo, alguns destes combustíveis têm impacto na produção, distribuição e
transporte de bens e serviços, destacando-se a relevância do gasóleo como um
importante insumo na produção de electricidade para as famílias e empresas, e da
gasolina como combustíveis dos veículos ligeiros, pelo que, a remoção dos subsídios
nesses combustíveis gera tem um impacto significativo na inflação e na solvabilidade
das famílias.
29. Para além das medidas de curto prazo, é crucial desencadear medidas de médio e
longo prazo, através do reforço das dotações orçamentais dos sectores da educação
e saúde com verbas provenientes da poupança fiscal líquida visando a eficaz a
redistribuição da renda nacional.