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AULA 9

IIª PARTE. PRODUCÃO, MERCADOS E PREÇOS.

CAPITULO IV: PRODUCÃO


A produção de bens, questão fulcral da Economia Politica como vimos no estudo dos
problemas económicos fundamentais, comporta dois conceitos:

IV 1: Produção em sentido Técnico

Consiste na actividade material de transformação de um bem para tornar útil à


satisfação das necessidades económicas. A ideia base é a da satisfação Física de um
objecto (a máquina que transforma a madeira em mesa).

IV. 2: Produção em sentido Económico

Todo e qualquer acto de produção que torne um bem útil na satisfação das nossas
necessidades. A ideia base é agora a da satisfação das necessidades humanas,
estando assim abrangida não só a produção de bens materiais ou serviços ( a
consulta do advogado ou os transportes públicos).

A produção em sentido económico, por seu turno, abrange três ramos de produção:

1. O sector Primário que engloba a exploração dos solos e dos animais tendo
em vista a produção de bens alimentares e que se distribui por quatro
diferentes actividades económicas: Agrícola, Pecuária, Silvicultura e Piscatória;
2. O sector Secundário que engloba a Indústria que compreende as actividades
destinadas à extracção de matérias-primas (indústria extractiva) e à sua
transformação em bens susceptíveis de satisfazerem necessidades
económicas (indústria Transformadora).
3. O sector Terciário: Os serviços que se traduzem em bens imateriais aptos á
satisfazerem necessidades do homem: Comércio, Transportes, actividades
liberais e actividades financeiras.

Por outro lado, o nível da produção de um País pode ser medido de duas maneiras
diferentes:

 Em espécie, indicando as quantidades produzidas dos vários bens (x carros, y


casas, etc.).

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 Em valor, indicando, em termos monetários, o valor dos bens produzidos (x
milhares de kwanzas de carros, y milhões de kwanzas de casas, etc.).

IV. 3. Factores de Produção

Factores de produção ou elementos da produção são todos os recursos de que o


homem dispõe para produzir bens e serviços.

De acordo com a classificação clássica de Adam SMITH, existem três grandes


categorias de factores de produção: Terra, Trabalho e Capital.

Divergindo desta classificação de Adam Smith, surgem depois outras possíveis


abordagens:

 Para uns, sendo o capital factor de produção derivado, pois resulta do trabalho
do homem, só existiriam realmente dois verdadeiros factores de produção: a
terra e o trabalho;
 Para outros, a terra é um recurso inútil sem o trabalho do homem pelo que
haveria apenas que distinguir entre recursos humanos e capital;
 Para Alfred MARSHALL, como já vimos, para além da terra, do trabalho e do
capital existiria um quarto factor de produção que é a organização englobando
toda a actividade empresarial.

IV. 4. Rendimento, Produtividade e Rentabilidade dos Factores de produção.

a. Rendimento dos factores de produção (ou de um determinado factor), traduz


o volume de produção que é possível obter com a utilização desses factores ao
longo de certo período de tempo (um ano, um semestre, etc);
b. Produtividade mede o nível de satisfação das necessidades económicas.
Nem todos os bens produzidos são procurados pelos consumidores. A
produtividade corresponde apenas ao conjunto de bens transaccionados no
mercado.
c. Rentabilidade está relacionada com o lucro da empresa. Se a empresa vende
os bens que produziu por um valor superior ao do respectivo custo de
produção a sua actividade é rentável.

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IV. 5. Factores Naturais de Produção

Incluem-se nesta designação todos os elementos naturais que o homem pode utilizar
na actividade económica: para além da terra (capacidade produtiva do solo e do
subsolo), o sol (energia solar), o vento (energia eólica e as águas (energia hidráulica).

IV. 5.1. O Trabalho

Enquanto factor de produção, o trabalho consiste no esforço do homem tendente à


satisfação das necessidades económicas. Trata-se assim de uma actividade racional
de combate à raridade dos recursos.

IV. 5.1.1 Classificação do Trabalho

1. Trabalho intelectual e trabalho manual são actividades predominantemente


mentais ou físicas;
2. Trabalho de invenção (a descoberta de novos bens ou de novos serviços), de
Direcção (a organização da actividade empresarial no sentido de produzir
bens ou serviços) e de execução (intelectual ou manual visando o
cumprimento das determinações da dicção);
3. Trabalho independente (por conta própria; advogado ou empresário) e
trabalho assalariado (subordinado, por conta de outrem; o operário ou
funcionário).

De acordo com a teoria moderna, todo trabalho do homem (intelectual ou manual, de


invenção, de direcção ou de execução, independente ou assalariado) é produtivo, o
que significa que todo trabalho é criador de riqueza.

Dois importantes conceitos relativos ao estudo do trabalho enquanto factor de


produção são a divisão do trabalho e a racionalização do trabalho.

a) A Divisão do Trabalho: Consiste na especialização dos trabalhadores em


determinadas tarefas que, deste modo, não vêem o seu trabalho disperso por
diferentes actividades.

Estudada desde a obra de Adam Smith, e incrementada com a Revolução


industrial, são-lhe apontadas várias vantagens, mas também alguns
inconvenientes:

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Vantagens:

 Aumenta o rendimento do trabalho, pois permite produzir maiores quantidades


dada a economia de tempo resultante do facto do mesmo trabalhador não se
dispersar por várias actividades;
 Aumenta também a produtividade do trabalho, pois a divisão desenvolve a
especialização, melhorando a qualidade do trabalho e facilitando assim a sua
aceitação no mercado por parte dos consumidores;
 Promove a interdependência dos agentes económicos numa sociedade onde o
trabalho está dividido todos dependem de todos.

Desvantagens:

 É muitas vezes responsável pela fadiga psicológica dos trabalhadores,


constrangidos a desenvolverem a mesma tarefa oito horas por dia, cinco dias
por semana, quatro semanas por mês etc.
 Em épocas de desemprego, a especialização dos trabalhadores
(consequência, como vimos, da divisão do trabalho) pode provocar a
cristalização profissional, diminuindo a mobilidade dos trabalhadores.

b) A Racionalização do Trabalhador

Consiste, por seu turno, na organização do trabalho do homem segundo critérios


científicos, tendo, ao longo dos tempos, conhecido diferentes fases:

 A mecanização, com a substituição do trabalho do homem pelo trabalho da


máquina;
 A robotização é a manifestação mais visível da racionalização.

Por último, enquanto ao regime jurídico do trabalho, importa distinguir:

 A escravatura, regime dominante desde a Antiguidade (com a consequente


distinção entre o labor - trabalho físico reservado aos escravos e, o opus –
trabalho criador produto livres) até ao séc. XIX nas colónias europeias;
 A servidão típica da Idade Média, prendendo os servos à terra a autoridade do
senhor Feudal;
 As corporações que, entre o séc. XIV e o séc..XIX regulamentaram o acesso
às profissões e as condições do seu exercício;

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 A liberdade de trabalho que, após a abolição das corporações (1791 em
França e 1834 em Portugal), garantiu que o trabalho é um bem juridicamente à
disposição de quem o fornece, sendo, desde modo, transaccionado no
mercado e sujeito também à regras da liberdade de oferta e procura.

IV. 5.2. O Capital

O Capital pode ser estudado sob diversas perspectivas:

a) Em sentido económico: (enquanto factor de produção) corresponde ao


conjunto de bens indirectos que, utilizados no processo produtivo, servem para
aumentar a produtividade do trabalho do homem; neste sentido, o capital é
factor de produção derivado, pois resulta do trabalho do homem e é composto
por um conjunto de bens d diversa natureza (moeda, máquina, matérias
primas, etc); por outro lado, o capital pode surgir enquanto capital fixo (bens de
produção duradouros, como as máquinas, utilizáveis em diferentes actos de
produção) e capital circulante (bens de produção como as matérias primas que
só podem ser utilizados uma única vez na actividade produtiva, necessitando
de contínua renovação). Aplicado ao capital fixo está o processo de
amortização que consiste na reintegração do seu valor em função do período
de utilização.
b) Em sentido Jurídico: o capital é um conjunto de direitos que facultam ao
respectivo titular a obtenção de rendimentos não de correntes do trabalho:

 Direito de propriedades sobre bens (acções de uma sociedade anónima) que


permitem auferir lucros;
 Direito de crédito resultantes de um empréstimo que permitem receber juros.

c) Em sentido contabilístico: o capital é uma cifra cujo valor se mantém


constante em virtude da amortização.

Sendo um factor de produção derivado, o capital resulta do trabalho do


homem, formando-se assim através do investimento. O Investimento é uma
acção do homem que tem por objectivo criar bens de produção; pode
concretizar-se de duas formas distintas:

 Através de um processo de formação directa, fabricando o próprio investidor os


instrumentos necessários à produção;
 Através de um processo de formação indirecta, com recurso à moeda.

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Por outro lado, qualquer investimento exige previamente um acto de poupança. A
poupança permite reunir os meios indispensáveis para concretizar esse investimento.
O processo de formação de capital desenvolve-se, pois ao longo de três etapas:

POUPANÇA INVESTIMENTO CAPITAL

O investidor pode então socorrer-se de dois tipos de poupança:

 A poupança própria se ele próprio levou a cabo um processo que lhe permitiu
reunir os meios financeiros necessários ao investimento;
 A poupança alheia socorrendo-se da poupança de terceiros, indo obtê-la no
local onde os particulares a guardaram: os bancos que estão dispostos a cedê-
la em troca do pagamento de um juro.

Sendo a poupança uma opção de não consumir, ela só contribui para o investimento
quando é utilizada na criação de capitais novos, que antes não existiam na economia.

Assim, se o sujeito económico utilizar a poupança não com este objectivo, mas antes
para, por exemplo, comprar um bem imóvel que já existe, não haverá, em sentido
económico, um investimento, mas sim uma colocação de capitais.

Por último, importa distinguir a poupança voluntária (produto de um acto consciente e


livre de não consumir) e a poupança forçada (tomada pelo Estado quando, por
exemplo, aumenta os impostos obrigando os sujeitos económicos a diminuírem o
consumo).

IV. 6. A Empresa

Numa economia de mercado, a empresa é o local de coordenação dos factores de


produção com vista a produzir ou a distribuir bens ou serviços.

IV. 6.1: Os diferentes Tipos de Empresas

Dum cenário inicial, em que existiram sobretudo unidades económicas sob a forma de
empresas individuais (que subsistem ainda hoje nalguns sectores como a agricultura,
o comércio ou artesanato), e economia capitalista evoluiu para figura das sociedades
(empresas colectivas) que, se distribuem por três sectores da propriedade:

a) Sector Privado: Em que a propriedade e a gestão são privadas e que


compreende três tipos de empresas:

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 Sociedades em nome colectivo (& Companhia), agrupando habitualmente
membros de uma mesma família, e que se caracterizam pela responsabilidade
ilimitada dos sócios pelas dívidas da sociedade;
 Sociedades por quotas (Ldª), em que os sócios são solidariamente
responsáveis pelas entradas convencionadas, respondendo apenas pelas
quotas que subscreveram após todos os sócios terem cumprido as suas
entradas, a respectiva responsabilidade é limitada ao valor das quotas;
 Sociedades anónimas (S.A), acerca das quais já se escreveu que « o
capitalismo moderno não se teria desenvolvido se a sociedade por acções não
tivesse existido», em que o capital social está dividido por acções, limitando
cada sócio a sua responsabilidade ao valor das acções que subscreveu.

b) Sector Público ou sector empresarial do Estado, incluindo também três


tipos de empresas:

 Empresas públicas: Caracterizam-se pelo seu capital estatutário (cifra


indivisível e totalmente pertencente ao Estado), pela personalidade jurídica
face ao Estado (com as correspondentes autonomias administrativa e
patrimonial) e pela criação (ex novo ou por nacionalização de empresas
privadas) e extinção (fusão, cisão ou liquidação) por via legislativa.
 Empresas de Capitais Públicos: são sociedades comerciais, por acções,
sujeitas ao direito comercial, em que a totalidade do capital social pertence ao
estado;
 Empresas mistas controladas: são sociedades de economia mista (com
capitais privados e capitais públicos) em que os capitais detidos por entidades
públicas (empresas públicas ou o próprio Estado) são maioritários.

c) Sector cooperativo e Social: caracterizado pela gestão colectiva, em que se


destacam as empresas cooperativas, têm como principais traços distintivos à
gestão cooperativa (em conformidade com os princípios definidos na Aliança
Cooperativa Internacional e dos quais se destaca o principio da «gestão
democrática», ou seja « um sócio/ um voto») e ausência de fins lucrativos.

IV. 7 As coligações de empresas

A intervenção das empresas no mercado revela uma tendência actual para dois tipos
de comportamentos:

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 As concentrações de empresas, levando à constituição de grandes unidades
económicas.
 As coligações de empresas através da celebração de acordos de diversa
natureza.

A concentração é o movimento que conduz à posse ou ao controlo de somas cada vez


maiores de capitais e de poder económico, por um número cada vez mais reduzido de
unidades económicas.

A análise económica das concentrações permite distinguir várias fases:

 Aumento da dimensão da empresa: crescimento interno através da


acumulação de capital;
 Concentração horizontal: controlo das empresas suas directas concorrentes;
 Concentração vertical: controlo dos fornecedores e distribuidores;
 Concentração conglomeral: Investindo em novos sectores da actividade
económica.

Por outro lado, no plano jurídico a concentração pode assumir três formas principais:

 Fusão de empresas: é a reunião numa empresa de duas ou mais sociedades,


podendo ocorrer por incorporação (a empresa A absorve o património da
empresa B) ou por fusão propriamente dita (duas ou mais empresas
extinguem-se e constituem uma nova empresa).
 Tomada de controlo: uma empresa adquire uma percentagem de capital
social de outra empresa que lhe permite o controlo sobre a sua gestão.
 Filial comum: constituição de Joint-ventures, i.e de empresas comuns,
pertencentes em partes iguais a duas ou mais empresas, que permitem
intervenções conjuntas em novos mercados.

O processo de concentração empresarial, pela diminuição do número de empresas no


mercado e pelo aumento do poder económico, é fiscalizado pelas autoridades
nacionais de defesa da concorrência que exigem a notificação prévia das operações
de concentração de empresas que preencham algumas condições.

As coligações de empresas são acordos entre empresas juridicamente independentes,


formalizados ou não através de um contrato, susceptíveis de restringirem a
concorrência num determinado mercado.

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A lei proíbe assim que duas ou mais empresas combinem preços, repartam mercados,
recusem vendas.

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