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Economia Política

CAPÍTULO I
PRODUÇÃO
PARTE I
(benefícios da divisão da atividade económica )
Durante a produção são executadas inúmeras tarefas que se diferenciam pelos
instrumentos de trabalho utilizados, pelos objetivos, etc., mas isso não impede que entre
elas se encontrem algumas características comuns que permitem, de certo modo,
sectorizar a economia.

A classificação e divisão da atividade económica por sectores permite analisar a forma


como uma economia evolui e qual, ou quais, as atividades que são mais produtivas é
muito útil para se conhecer o perfil socioeconômico daquele espaço. Para além deste
aspeto interno, a sectorização da economia possibilita comparações com outros países e,
a partir delas, apreciar o grau de desenvolvimento através de valores estatísticos.

Deste modo, o agrupamento da atividade económica por sectores permite, não só


perceber uma economia em cada momento e compará-la com outras, como nos dá uma
visão do dinamismo dessa economia.
TÍTULO II
(classificação em setores da atividade económica)
A ideia da classificação da atividade económica em três setores, a saber, extração de
matérias primas (Setor primário), indústria (Setor secundário), comércio e serviços
(Setor Terciário), foi desenvolvida pelo economista britânico Colin Clark.
 No Sector primário - serão obtidas as matéria-prima para os outros setores por
meio de extração de produtos, seja do mar, do solo e do subsolo, ou seja, a
pesca, a agricultura, a pecuária, e a indústria extrativa. No setor primário. Apesar
de ser fundamental, possui pouco valor agregado e não gera muitas riquezas.
 No Sector secundário abrange as indústrias transformadoras, quando as
matérias-primas são transformadas em produtos industrializados de alto valor
agregado e utilidade prática. No sector secundário é usual distinguir-se, tendo
em conta a relação entre o investimento necessário para a sua montagem e o
número de postos de trabalho criados: indústrias ligeiras, nas quais predomina o
fator trabalho (indústrias alimentares, de eletrodomésticos, etc.); e indústrias
pesadas nas quais predomina o fator capital (indústrias metalúrgicas, de cimento,
etc.).
 No sector terciário encontram-se os serviços, é onde se dá a comercialização
dos bens tangíveis e intangíveis, de que são exemplos o comércio, os bancos e os
transportes. Este é um sector residual, onde se incluem todas as atividades que
não cabem nos outros dois.
TÍTULO III
(O fenómeno da transferência de mão-de-obra)
É usual relacionar-se desenvolvimento económico com a transferência de mão-de-
obra do sector I para o II e deste para o III, à medida que se utilizam novas tecnologias.
Essa transferência se dá do seguinte forma:
Devido a melhoria das técnicas agrícolas, como a mecanização da agricultura, a
irrigação automatizada, etc., torna excessivo a população ocupada nas atividades
primárias, sendo assim dispensada para o sector II e para o sector III, pois o aumento de
produção exige a sua distribuição e circulação, no sentido de ser posta à disposição do
consumidor.
Desse modo, o próprio sector II tenderá a crescer e desenvolver-se, pois a investigação
efetuada irá conduzir ao aparecimento de novas técnicas a introduzir na indústria. O
desenvolvimento técnico e científico, que permite a utilização de novos recursos
naturais e de novas formas de trabalho, liberta mão-de-obra cujo destino será o sector
III, que irá gerar novos postos de trabalho, mais riquezas, estimulando as atividades
ligadas à prestação de serviços.
Numa economia, sempre que o setor I>II>III estamos perante uma situação de atraso.
II>III>I situação de Industrialização; situação de riqueza quando III>|II>I.
PARTE II
ELEMENTOS NECESSÁRIOS Á PRODUÇÃO
TÍTULO I
(força de trabalho e meios de produção ou capital)
A atividade produtiva exige a sua cooperação e a contribuição de vários elementos. Para
obter da terra os bens indispensáveis às nossas necessidades alimentares o homem vê-se
obrigado lançar mão a um conjunto de ajudas, como os tratores e os pulverizadores.
Deste modo, produzir é cooperar e exige sempre a utilização de numerosos elementos,
tais como a força de trabalho e os meios de produção ou capital
Qualquer que seja o bem ou serviço que se pretenda produzir ele é conseguido pela
com- binação da força de trabalho com os meios de produção. Por exemplo, mesmo
que o trator tenha substituído a enxada, o homem deve manifestar uma força para levar
a cabo a produção. Assim sendo, entende-se por:
 Força de trabalho - refere a capacidade de o homem produzir os bens e serviços
de que precisa para satisfazer as suas necessidades. Ao contrário à força de
trabalho, o trabalho em si seria a atividade consciente do homem dirigida para
um fim ou um resultado, mediante a qual ele transforma bens/serviços em
produtos utilizáveis e capazes de satisfazerem as suas necessidades (força de
trabalho).
 Meios de produção ou capital – são os objetos e os meios de trabalho utilizados
no processo produtivo.
Por objetos de trabalho entende-se tudo aquilo sobre a qual recai o trabalho
humano. designadamente os minérios, que se exploram e que servem de matéria-
prima numa empresa metalúrgica, o algodão e as fibras sintéticas, utilizadas
pelas indústrias têxteis, etc. Entre os objetos de trabalho, podemos considerar as
matérias-primas e as matérias subsidiárias.
Já os meios de trabalho são utilizados pelo homem na transformação dos
objetos de trabalho a fim de obter produtos utilizáveis. Aqui se inclui os
edifícios, os canais de irrigação, os meios e vias de comunicação, etc. Os meios
de trabalho são múltiplos, tomando importância entre eles os instrumentos de
trabalho.
(Capital)
Ao equipararmos capital a meios de produção, o conceito de capital fica objetivado. De
facto, o carro no qual um indivíduo se desloca regularmente constitui riqueza. No
entanto, se esse carro não for empregue no processo produtivo não pode ser considerado
um capital. Todavia, se aquele individuo possuir um camião de transporte, este além de
constituir uma riqueza é um capital.
Ao analisarmos o conceito de capital mais a fundo podemos deparar com alguns outros
conceitos, nomeadamente, capital fixo, capital circulante, capital técnico e capital
financeiro.
 Capital circulante corresponde aos meios de produção que durante o processo
produtivo desaparecem ficando assim incorporados nos produtos acabados. É o
que acontece com as matérias-primas e com as matérias subsidiárias.
 Capital fixo, por outro lado, designa os meios de produção que vão
envelhecendo e permitem várias utilizações sem que a sua estrutura sofra
alteração, para além do natural desgaste motivado pelo uso e pelo tempo. Assim
acontece com os edifícios, as máquinas, os meios de transporte, os computadores
etc.
 Capital técnico são todos os bens que possibilitam ou facilitam a produção de
outros bens. Refere a todos os bens cuja utilização é indispensável no processo
produtivo, isto é, os instrumentos de trabalho, a maquinaria, as matérias-primas,
as matérias subsidiárias, etc. De certo modo, no capital técnico inclui-se o
capital fixo e o capital circulante.
 Capital financeiro é formado em conjunto pelo capital próprio e pelo capital
alheio, capital financeiro é, assim, todos os meios financeiros de que a unidade
produtiva pode dispor. Assim entende-se por:
 Capital próprio o conjunto dos valores constituídos pelo financiamento
dos proprietários da unidade produtiva. Refere aos bens que pertencem
efectivamente à unidade produtiva e que corresponde à situação líquida
de um balanço, em termos contabilísticos. O balanço é, portanto, um
documento onde são registados todos os bens de que a unidade de
produção dispõe (o ativo) e a respetiva origem (o passivo e a situação
líquida).
 Capital alheio é a soma de valores que constituem o financiamento de
terceiros, isto é, o valor dos bens de que a unidade produtiva dispõe, mas
que não lhe pertencem, por exemplo os empréstimos de curto prazo.

(formas de trabalho)
Tendo em conta o tipo de atividades realizadas, o nível de qualificação exigida, os
meios em que se realiza, etc. podemos classificar o trabalho em:
 direto aquele que exige o contacto direto com as matérias-primas para a sua
transformação em produtos acabados, e realiza-se, sobretudo, nas oficinas e nos
campos; e indireto que não exigem o contacto do trabalhador com as matérias-
primas, como acontece com a generalidade das atividades comerciais,
administrativas;
 simples designa as atividades que podem ser desempenhadas por qualquer
indivíduo, não se exigindo qualquer qualificação específica, como acontece com
os trabalhos de limpeza, por exemplo; e complexo aquele que requer uma
preparação escolar e profissional prévia e mais exigente, como é o caso do
médico, advogado ou professor, por exemplo.
 Manual e intelectual, a distinção entre estes baseia-se na predominância do
esforço físico ou mental que o trabalhador desenvolve. Assim, pode- mos dizer,
por exemplo, que o trabalho desenvolvido por um pedreiro é essencialmente
manual, enquanto a atividade realizada por um advogado é, basicamente,
intelectual;
 De execução são todas as operações materiais realizadas para a obtenção de
bens e serviços e que exigem a realização de determinadas tarefas de acordo
com um programa previamente estabelecido; De direção irá coordenar, dirigir e
prever as atividades produtivas, assim se garantindo a eficácia de todo o
processo; De invenção visa encontrar novos métodos de trabalho ou de aprender
a utilizar novas matérias-primas. Por outro lado, a necessidade de oferecer aos
utentes bens e serviços de qualidade exige o controlo e verificação da obediência
a determinadas normas de fabrico. Estas três categorias de trabalho encontram-
se frequentemente interligadas, em especial o trabalho de execução e o trabalho
de direção.
(População Ativa)
É frequente dividir-se uma população em população ativa e população inativa
População ativa é a força de trabalho disponível num país num dado momento,
composta por todos os indivíduos que trabalham e recebem uma remuneração ou que
possuindo capacidade para trabalhar o não fazem por motivos acidentais. Assim, a
população ativa inclui todos os indivíduos a desempenhar uma tarefa remunerada, os
desempregados e aqueles que se encontram a cumprir o serviço militar.
População inativa corresponde a todos os indivíduos que não trabalham ainda (as
crianças), aqueles que já não trabalham (os reformados) e, ainda, os indivíduos que
exercendo uma actividade não são remunerados (assim acontece com os estudantes,
com as donas de casa, com os elementos do agregado familiar que ajudam na loja, no
pequeno negócio ou na herdade, etc.).
(Taxas de Atividade)
É usado para conhecer a situação de uma população face à actividade produtiva. Assim,
podem calcular-se taxas brutas de actividade que nos indicam a percentagem da
população ativa em relação à população total ou taxas de actividade por grupos de idade
e/ou do sexo a que respeitam respetiva taxa de desemprego.
População ativa
Taxa bruta de atividade ¿ ∗100
População total
Dizer que a taxa bruta de actividade num país é de 45% significa que em cada 100
habitantes 45 são ativos.
Se relacionássemos apenas a população ativa masculina (ou a população ativa feminina)
com o total da população masculina (ou o total da população feminina) teríamos taxas
brutas de actividade por sexo.
A taxa de desemprego traduz na percentagem de desempregados em relação ao total da
população ativa e determina-se da forma seguinte:
Número de desemprego
Taxa de desemprego= ∗100
População ativa

Esta taxa é de especial importância pois fornece importantes indicações sociais e


económicas, permitindo promover medidas de política económica e social que
favoreçam o pleno emprego.
(Divisão do Trabalho)
Como já sabemos, a divisão do trabalho é um princípio antigo, remontando à
comunidade primitiva. Nessa época assistia-se à divisão do trabalho com base no sexo e
na idade - divisão natural do trabalho. Os velhos, as mulheres e as crianças dedicavam-
se à colheita de frutos e vegetais enquanto os homens caçavam.
Com a evolução da actividade económica surgem novas actividade e gradualmente, vai-
se assistindo à divisão do trabalho por profissões divisão social do trabalho.
Lentamente, o homem foi desenvolvendo capacidades de desempenho de novas tarefas,
foi criando novas necessidades e, em conformidade, foi melhorando os instrumentos de
trabalho utilizados, inventando outros e aumentando a produção.
Foi com a Revolução Industrial e a divisão técnica do trabalho que o princípio da
divisão do trabalho mais se desenvolveu. A divisão técnica do trabalho se traduz no
aumento do rendimento de cada trabalhador e dos instrumentos de trabalho
acompanhado de uma melhoria da qualidade do serviço prestado ou do bem produzido.,
Ela permite:
1. Aumentar a produção no mesmo tempo de trabalho e com igual ou menor gasto
de recursos matérias, humanos e financeiros;
2. Economizar ou reduzir os esforços, dado que cada tarefa ira ser desempenhada
por um grupo específico de trabalhadores, assim eles adquirem uma maior
eficiência e agilidade considerando o profundo conhecimento que poderão ter
dos instrumentos e das técnicas de trabalho;
3. Reduzir os custos de produção, pois garante a continuidade do trabalho e o
dispêndio (consumo) de menores recursos para a produção dos bens.
Adam Smith demonstrou o aumento da produção, como primeira consequência da
divisão do trabalho. Da observação direta ele pôde concluir que na produção de alfinetes
se podia passar, numa oficina de 18 operários, de uma produção diária de trezentos e
sessenta para noventa mil alfinetes, sendo, para tal, necessário que cada operário, ao
invés de fazer um alfinete completo, realizasse apenas uma das dezoito operações
distintas em que ele decompôs a produção de cada alfinete.
Para Fayol, por seu turno, a divisão do trabalho deverá contribuir para produzir mais e
melhor, com o mesmo esforço, pois a prática de uma tarefa torna-se mais fácil para o
seu executor com as evidentes economias de esforço daí decorrentes, pois o operário ao
fazer todos os dias a mesma peça adquire, por exemplo, mais habilidade, mais
segurança e mais precisão e, consequentemente, aumenta o rendimento. Cada mudança
de ocupação ou de tarefas implica, portanto. um esforço de adaptação que diminui à
produção.
(Perigos da Divisão do Trabalho)
Na verdade, a realização contínua das mesmas tarefas, cada vez mais elementares pode:
1. Provocar o enfraquecimento das capacidades intelectuais, da originalidade e
do poder de criação do trabalhador, bem como do espírito de iniciativa. Pois o
trabalho rotineiro ocasiona um desinteresse por parte do trabalhador;
2. Tornar o trabalho cada vez mais mecanizado, uniforme, impessoal,
caracterizando-se pela repetição das mesmas operações, desta situação resultará,
necessariamente, o seu cansaço físico e psicológico, ou seja, o stress;
3. Provocar a cristalização profissional que traduz na dificuldade de um
indivíduo, que desempenha sempre a mesma tarefa, em se adaptar com
facilidade a outras. Em consequência, no caso de demissão ou de mudança das
condições técnicas de trabalho é difícil o aproveitamento do trabalhador.
Como é óbvio, os princípios necessários para assegurar o bom funcionamento de uma
unidade produtiva, com o máximo aproveitamento dos recursos utilizados devem
adaptar-se à realidade socioeconómica da região, aos interesses e capacidades dos
trabalhadores, às disponibilidades financeiras e materiais existentes, ao tipo de
actividade prosseguida, etc., pelo que se pode considerar racionalização da produção
todos os actos que contribuam para melhor aproveitar os recursos de uma empresa, uma
região ou um país.

ECONOMIA POLÍTICA - PRODUTIVIDADE


CAPÍTULO I
(Noção da produtividade)
A produtividade representa a relação existente entre o que se gasta e o que se produz,
permitindo conhecer o valor da produção por unidade de recurso utilizada. Por exemplo,
quando partimos para um trabalho de grupo pretendemos, certamente, conseguir uma
maior/melhor produção com o mínimo dispêndio de recursos, como o tempo.
Assim, pode definir-se a produtividade geral como a relação entre o valor total da
produção e o valor total de recursos utilizados para a obter, isto é:
Valor de produçãototal
Produtividade Geral=
Valor dos fatores de produção
Naturalmente, é possível determinar a produtividade de um trabalhador, de uma
máquina, isto é, generalizando, é possível determinar a produtividade do trabalho e a
produtividade do capital:
Valor ProduçãoTotal
Produtividade do Trabalho=
Valor dos fatores de produção

Valor de produção total


Produtividade do Capital=
Valor do factor de Capital
CAPÍTULO II
(Lei dos rendimentos decrescentes)
A Lei dos Rendimentos Decrescentes diz-nos que quando mantemos um fator de
produção inalterável e vamos sucessivamente aumentando outro fator de produção, a
partir de um dado momento, embora a produção continua a subir a produtividade
marginal vai decrescendo até atingir o ponto de nulidade.
Portanto, mostra-nos que é possível atingir uma certa combinação ótima, a partir da qual
já não vale a pena adicionar a um fator de produção que se manteve fixo, um outro fator
de produção, pois, a partir de uma certa altura os rendimentos começavam a diminuir.
Suponhamos que certa unidade de produção possui determinada quantidade de capital,
por hipótese, 50 hectares de terra (preparada para a produção de um cereal), um trator e
uma ceifeira-debulhadora. Consideremos, ainda, que esse capital se encontra,
inicialmente, combinado com uma força de trabalho de 10 trabalhadores, sendo a
produção anual de 400 toneladas de cereal. Aceitemos que o fator trabalho é suscetível
de variar sendo o fator capital considerado como uma grandeza fixa.
Naturalmente, e mesmo antecipando os valores numéricos que de seguida se apresentam
é imediato dizer que a partir de certa altura mais trabalhadores não significam acréscimo
de produção pois, por exemplo, a ceifeira-debulhadora só pode ser utilizada por um
trabalhador de cada vez. Mas, vejamos:
Gradualmente, foram-se contratando mais trabalhadores que se combinaram com o
capital existente, tendo sido apurados os seguintes resultados:
1. a admissão do 11.º trabalhador teria proporcionado um aumento de produção de
30 toneladas/ano;
2. a admissão do 12.º trabalhador permitiria um aumento de 42 toneladas/ano:
3. a admissão do 13.º trabalhador só acarretaria um aumento de 36 toneladas/ano:
4. a utilização do 14.0 trabalhador saldar-se-ia por um acréscimo de 24
toneladas/ano:
5. com a admissão do 15.0 trabalhador a produção teria aumentado de 14
toneladas/ano.
Naturalmente, seria admissível continuar com o exemplo. Todavia ele permite-nos
desde já inferir sobre a Lei dos Rendimentos Decrescentes.
O exemplo apresentado poderia traduzir-se num quadro semelhante ao que se segue,
PRODUÇÃO PRODUTIVIDADE
CAPITAL TRABALHADORES (Toneladas) MARGINAL

10 400 ---
50 hectares 11 430 30
1 trator 12 472 42
1ceifeira- 13 508 36
debulhadora 14 532 24
15 546 14

ECONÓMIA POLÍTICA – CUSTOS DE PRODUÇÃO


CAPÍTULO I
(Custos fixos e custos variáveis)
De forma simplificada pode dizer-se que o custo de produção comporta dois tipos de
custos:
a. Custos fixos (ou constantes) - são aquelas despesas que uma empresa tem de
realizar independentemente das quantidades produzidas, ou seja, uma empresa
apresenta certos custos, independentemente de estar parada, de estar a produzir a
10, a 50 ou a 100% das suas capacidades. Exemplos: Os encargos com a
depreciação das máquinas (as amortizações); -As rendas dos terrenos e dos
edifícios; -Os salários do pessoal administrativo, do pessoal técnico; etc.
b. Custos variáveis - São os variam em função da quantidade produzidas, assim, se
a empresa aumentar a produção, estes custos também aumentam.
c. Custo total: é a soma dos custos fixos com os custos variáveis, isto é,
C=CF+CV
CAPÍTULO II
(custo medio)
Também podemos calcular o custo médio, o qual pode ser o custo médio total, o custo
médio fixo e o custo médio variável.
1. Custo médio total – é a relação existente entre o custo total e a quantidade
produzida.
Ct Ct Cm
CMt = CMf = CMv=
QP QP QP

CAPÍTULO III
(A racionalização da produção.
Os custos médios de produção e as economias de escala)
A racionalização da produção associa-se com o objetivo de procurar atingir o máximo
de produção com o mínimo possível de custos conseguindo assim uma solução técnica
ideal
A Lei das Economias de Escala pretende é encontrar a dimensão ótima de uma
empresa, de uma unidade produtiva. Em princípio, a dimensão ótima de uma empresa
será aquela em que se atinjam os menores custos por cada unidade de produto
produzida, com vantagens tanto para a empresa como para a coletividade. O que nos diz
a Lei das Economias de Escala é que, até um certo limite, o aumento da produção
permite diminuir os custos médios de produção.
QUADRO DOS QUOCIENTES
CUSTOS CUSTOS CUSTOS QUANTIDADE CUSTOS
FIXOS VARIAVEIS TOTAIS PRODUZIDA MÉDIOS
25 35 60 10 6$00
25 36 61 15 4$00
25 38 63 20 3$15
25 41 66 25 2$64
25 45 70 30 2$33
25 50 75 35 2$14

A análise do quadro mostra-nos que os custos médios são tanto menores quanto maior
for a quantidade produzida e, portanto, quanto maior for a dimensão da empresa) o que
significa dizer que vale a pena utilizar novas quantidades de trabalho e de capital no ato
produtivo porque isso traz, vantagens para a empresa.
Essas vantagens (as chamadas economias de escala) são, pois, o resultado de uma maior
eficiência, baseada numa dimensão adequada, que permite melhor planificação, maior
especialização e racionalização no uso dos recursos; que permite evitar os desperdícios
de matérias-primas, etc.
Mas claro que há limites físicos para a dimensão da empresa, pois, senão a partir de uma
certa dimensão da empresa poderão verificar-se deseconomias de escala (desvantagens)
e não economias de escala.
Pois uma empresa muito grande já poderá trazer dificuldades na tomada de decisões, na
organização da produção, etc.
Para terminar façamos uma referência ao cálculo também do Custo Marginal. O que é o
custo marginal e como é ele calculado?
Custo marginal (ou adicional ou suplementar) - é aquele que ocorre quando se
acrescenta à produção mais uma unidade de produto. Ou, se quisermos, é o custo da
última unidade de produto produzida.
Um exemplo:
Uma empresa fabrica 1000 discos compactos com um custo total de $100.000500. So o
custo total para produzir 1001 discos for de 100.200$00, qual será então o custo da
unidade adicional, marginal.

ECONOMIA POLÍTICA - PRODUTO, RENDIMENTO E DESPESA


(Óticas de cálculo do valor da produção)
Este cálculo, consoante o objetivo em vista, pode ser feito segundo três óticas distintas,
a da produção, a do rendimento e a da despesa.
1. Pela ótica da produção, os produtos são classificados conforme a sua natureza e
origem. Assim, por exemplo, o valor da produção de uma mina de carvão é
incluído nas Indústrias Extrativas e o valor da produção de uma fábrica de
vestuário é registado nas indústrias Transformadoras.
2. Pela ótica do rendimento, não se atende à produção propriamente dita, mas sim
aos rendimentos obtidos com a sua venda e ao modo como esses rendimentos
são repartidos, quer sob a forma de remunerações do trabalho, quer sob a forma
de excedentes de exploração (juros, lucros, etc.).
3. A ótica da despesa fornece uma perspetiva da produção em função da utilização
que lhe é dada, indicando, por exemplo, se o bem produzido se destina ao
consumo, ao investimento ou à exportação.

O PRODUTO
(O método dos valores acrescentados e o método dos produtos finais)
Uma das principais barreiras que se colocam à determinação do valor da produção de
um país, refere-se ao chamado “problema da múltipla contagem”. A determinação do
valor de certo bem pode ser registada mais do que uma vez. Este facto justifica-se por
muitos bens serem incorporados noutros durante o processo produtivo intermediários,
por exemplo, constituem, consumos intermédios.
(Exemplo de cálculo do valor de um produto pelos métodos dos valores
acrescentados e dos produtos finais)
 Empresa A produziu cereais e vendeu a empresa B no valor de 500 u.m. e a
empresa D no valor de 3000 u.m., vendeu ainda aos consumidores finais no
valor de 600 u.m.
 Empresa B produziu farinha e vendeu a empresa C no valor de 400 u.m. e aos
consumidores finais no valor de 800 u.m.
 Empresa C embalou as farinhas me sacos e vendeu a empresa D no valor de
700 u.m. e ao público no valor de 100 u.m.
 Empresa D fez comida e vendeu ao público no valor de 15000 u.m.
 Empresa Mineira: extraiu o minério que vendeu a uma Empresa Metalúrgica por
100 unidades monetárias (u.m.).
*Método do valor acrescentado
Empresa A = 1400 Empresa B = 700 Empresa C = 400 Empresa D = 500
Compras Vendas Compras Vendas Compras Vendas Compras Vendas TOTAL

500 500 400 400 700 300 1500 3000

300 800 100 700


600
*Método do produto final
Compras dos consumidores = 3000
600
800
100
1500

(O produto a preços de mercado e ao custo dos fatores)


O valor do produto pode ser determinado tendo em conta os preços ao custo dos fatores
ou tendo em conta os preços de venda preços de mercado.
 Designa-se produto ao custo de fatores quando os valores atribuídos ao custo de
produção não incluem os impostos indiretos, mas sim os subsídios dados pelo
Estado à produção. Na verdade, o Estado recolhe impostos que recaem
diretamente sobre os preços de custo dos bens, de que são exemplo o IVA, o
imposto sobre produtos petrolíferos, etc., vindo onerá-los. Por outro lado, o
Estado também concede subsídios à produção de certos bens essenciais a fim de
que o preço de venda desses bens seja acessível a toda a população.
 Desta forma, no preço a custo de fatores vamos incluir o valor dos impostos
indiretos e subtrairmos o montante dos subsídios à produção, obteremos o valor
do produto a preços de mercado.
Produto p.m. = Produto c.f. + Impostos Indiretos - Subsídios à Produção.
O RENDIMENTO
(A repartição funcional do rendimento)
A repartição do rendimento que tem em conta as funções que as forças produtivas
desempenham no processo de produção dá-se o nome de repartição funcional do
rendimento. A repartição funcional do rendimento mostra-nos, portanto, que uma parte
da riqueza criada é entregue aos trabalhadores sob a forma de salários, enquanto a outra
parte é entregue aos proprietários dos meios de produção, sob a forma de rendas, juros e
lucros.
De uma forma mais acentuada, pode-se dizer que cada empresa, através do processo
produtivo, gera rendimentos que constituem o valor acrescentado bruto. A nível de um
país, a riqueza total criada será a soma dos valores acrescentados brutos pelas diversas
empresas. Porém, cada empresa não poderá distribuir a totalidade do valor criado. Uma
parte será posto de reserva. Deste modo, o rendimento dado aos fatores de produção
será o valor acrescentado líquido, isto é, o valor acrescentado bruto deduzido das
poupanças das sociedades.
Com o valor acrescentado líquido as empresas irão remunerar os seus trabalhadores, os
empresários que nelas investiram o seu capital, os indivíduos ou instituições que lhes
atribuíram empréstimos, etc.
FATORES DE PRODUÇÃO RENDIMENTOS DITRIBUIDOS DESTINATARIO
(VALOR LÍQUIDO ACRESCENTADO

Trabalho Salário Trabalhador


Renda Proprietário
Capital Juro Capitalista
Lucro Empresário

(A repartição pessoal do rendimento)


Tal repartição incide, com frequência, sobre as pessoas tomadas como componentes dos
agregados familiares.
Todavia, o que mais contribui para a enorme desigualdade na repartição dos
rendimentos que se verifica na generalidade dos países, diz respeito à remuneração do
fator capital.
População Salários Rendas Juro Lucros Repartição pessoal
s
Família A 650 -- -- -- 650
B 700 80 -- -- 780
C 780 100 60 -- 940
D 920 30 100 300 1350
Repartição funcional 3050 210 160 300 RT = 3720

Conforme podemos verificar, segundo a repartição funcional, a parte do rendimento


total que cabe ao fator Trabalho é de 3050 e a parte que cabe ao fator capital é de 670,
obtidos pela adição das parcelas referentes a rendas (210), a juros (160) e a lucros (300).
Segundo a perspetiva da repartição pessoal, o que se evidencia é a desigualdade da
repartição dos rendimentos pelas famílias que compõem a comunidade considerada.
Assim, enquanto a família A tem apenas 650 de rendimento, a família D recebe rendi-
mentos no total de 1350.
Esta desigualdade pode ter duas origens, as remunerações diferenciadas do fator
trabalho e a propriedade dos meios de produção.
(O papel do Estado na repartição do rendimento)
É importante ter presente que, em nenhum país, os rendimentos são repartidos
igualmente pela população.
Mas se não é possível uma repartição equitativa dos rendimentos, pelo menos
atualmente, é, no entanto, desejável que as desigualdades não sejam profundas. Com
este objetivo, tem-se observado o desenvolvimento das chamadas políticas de
redistribuição de rendimentos que podemos sintetizar em políticas fiscais e políticas
sociais.'
1. As políticas fiscais traduzem-se na criação de impostos que recaiam sobre os
rendimentos chamados “diretos”, apresentam normalmente taxas progressivas,
ou seja, os rendimentos mais elevados estão sujeitos a taxas mais altas,
conduzindo a uma redução na diferença dos rendimentos recebidos pelas
famílias. A aplicação de uma taxa de 5% ao rendimento do trabalho da família A
e de 20% ao rendimento do trabalho da família D, reduziu a diferença de
rendimentos das duas famílias de 270 para 118,5 mil escudos.
(O rendimento “per capita”)
É usado para se poder apreciar melhor o poder de compra da população de um país,
refere aos indicador económico traduz o rendimento que, em média, cada habitante
recebe por ano.
RN
Rendimento per capita=
PT
Este indicador é frequentemente utilizado ao estabelecerem-se comparações entre
diferentes regiões ou países, sendo através dele possível, em certa avaliação, apurar o
desenvolvimento social e económico de um país.
Importa, no entanto, salientar que este valor, precisamente por ser uma média, encobre
as desigualdades existentes entre a população, pelo que as informações através dele
recolhidas são forçosamente limitadas.
A maior parte do rendimento pode estar concentrada nas mãos de algumas famílias,
sendo apenas uma pequena parte dele repartida pela restante população. A sua utilização
como indicador do nível de vida de uma população deverá ser acompanhada, portanto,
de informações complementares.

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