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[Sociologia] O processo de industrialização brasileiro

A indústria é o local onde ocorre a transformação de matérias primas em produtos, elaborados pela humanidade,
para fins comerciais. O objetivo da indústria portanto é produzir bens, gerar produtos. É através dela que os objetos de
grande importância para o funcionamento social são gerados.
A indústria gera muitos empregos, apesar de que, atualmente, o processo de automação, ou seja, de tornar
automático o processo industrial, tem substituído grande parte da mão de obra humana por máquinas. Dessa forma,
indústrias mais tecnológicas contam com grande parte da mão de obra qualificada, ou seja, com alto nível de estudo, de
qualificação profissional. Além disso, o crescimento industrial gera uma série de impactos ambientais, seja por se basear na
extração desenfreada de matéria prima em suas fases iniciais, seja pela liberação de gases poluentes para atmosfera e
também pela poluição hídrica com despejo nos rios sem o devido tratamento.

Tipos de Indústria
Até chegar no produto final, existem diversas etapas do processo produtivo. Desde indústrias que existem para viabilizar a
existência de outras indústrias, como as extrativistas, as que preparam a matéria prima para ser utilizada, ou ainda que
fornecem energia para as demais indústrias... passando pelas intermediárias, que transforma a matéria prima já tratada em
equipamentos e ferramentas para as indústrias, até as indústrias de bens de consumo, que finalmente trabalharão até o
produto final... As indústrias são classificadas, portanto, de acordo com seu foco de produção, de acordo com os tipos de
bens que elas produzem. Um bem é tudo aquilo que tem uma utilidade, que pode satisfazer uma necessidade. São objetos
tangíveis, diferente dos serviços prestados por exemplo. Por existirem muitos bens, existe uma classificação econômica para
eles.

Os tipos de indústria portanto são divididas em;

1) Indústrias de Base - produzem os Bens de Produção


2) Indústrias Intermediárias - que produzem os Bens de Capital
3) Indústrias de bens de consumo - que por sua vez se divide na produção de Bens de consumo duráveis e não duráveis.

Bens de Produção
Os bens de produção são os bens primários, associados a matéria prima ou a energia necessária para produção de outros
bens. Eles são produzidos pelas indústrias de base, chamadas de indústrias pesadas ou extrativas. São a base do sistema
industrial. Tratam a matéria prima em seu estado mais básico, gerando produtos ou energia para outras indústrias. Por isso
são chamados de bens de produção, ou seja, são bens que servem para produzir.

Indústrias de base
São as que transformam matéria prima em energia ou em produtos para outras indústrias. Por isso frequentemente são
chamadas de indústrias pesadas. Difere-se das indústrias de bens de consumo por serem típicas e inerentes da própria
produção. São de fato a base, o início de todo processo de transformação de matéria prima, dando condição para que as
intermediárias e de bens de consumo realizem sua produção, ou seja, viabilizam a produção industrial das demais
indústrias.
São elas as indústrias extrativistas ou extrativas, que, como o nome diz, extraem os recursos naturais, como por exemplo:
Mineradoras e Petrolíferas. Ou ainda as industrias madeireiras, que extraem madeira florestal para a indústria de móveis.
Podem também ser relativas a produção de energia como por exemplo as Usinas nucleares geradoras de energia. E podem
também podem contar com a transformação mais básica dos recursos naturais como as Siderúrgicas, que transformam ferro
em aço e as Petroquímicas, que refinam e tratam o petróleo bruto.

Bens de capital
Os bens de capital são intermediários entre os bens de produção e os bens de consumo. Eles são os equipamentos e
instalações necessários para a produção de outros bens e mercadorias. Para indústria intermediária produzir os bens de
capital, se utiliza dos bens de produção, ou seja, da matéria prima já tratada, em energia ou produto, produzidas pelas
indústrias de base, para agregar tecnologia e conhecimento a próxima etapa da produção. São bens que, apesar de mais
complexos, ainda são utilizados no processo de produção, voltados para o consumo industrial. Temos como exemplo aos
bens de capital as máquinas, ferramentas, fábricas, motores...

Indústrias Intermediárias
As indústrias de bens intermediários ou de bens de capital equipam outras indústrias. São intermediárias entre as indústrias
de base e de bens de consumo. Se utilizam da matéria prima já processada pelas indústrias de base produzindo
equipamentos que já podem ser utilizados nas indústrias de bens de consumo. Elas são capazes portanto de produzir
máquinas mais simples e avançadas, instrumentos de trabalho e também a própria infraestrutura física em geral. Um
exemplo desse setor são as Metalúrgicas, que utilizam as ligas metálicas produzidas nas siderúrgicas para produção de
máquinas e ferramentas, e também indústrias de componentes elétricos e eletrônicos, voltadas para produção industrial.

Bens de Consumo

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Os bens de consumo são os bens do fim do ciclo de produção. São os produtos finais, já prontos para serem vendidos a
sociedade, prontos para o consumidor final. As indústrias leves são as responsáveis pela produção dos bens de consumo
que são divididos de acordo com sua durabilidade.

Bens de consumo duráveis: Como o próprio nome diz, são os bens duráveis, que tem longa vida útil, como por exemplo,
carros, eletrodomésticos ou móveis.
Bens de consumo semiduráveis: São os que possuem uma vida útil menor do que dos carros por exemplo, mas também não
são facilmente descartados como roupas, calçados e acessórios.
Bens de consumo não duráveis: Se relacionam ao consumo ou utilização imediata, como alimentos, bebidas, remédios,
materiais de higiene.

Indústria de bens de consumo


São aquelas que utilizam os maquinários e insumos produzidos pelas outras indústrias para produzir mercadorias para o
consumidor de modo geral. São chamadas de indústrias leves, por cuidarem do final do processo produtivo. Essas indústrias
podem ser mais ou menos tecnológicas. Para produtos mais simples, de maneira geral, contam com menos tecnologia,
empregando maior quantidade de trabalhadores, no geral uma mão de obra menos qualificada.

Já as indústrias mais tecnológicas, também chamadas de indústrias de ponta, de maneira geral, contam com menos
trabalhadores, porém mais qualificados. Isto não é uma regra, uma vez que, etapas do processo de produção, mesmo
tecnológico, podem contar com mão de obra não qualificada realizando um trabalho em série.

O início da organização industrial brasileira


As atividades econômicas desenvolvidas no Brasil colonial foram fundamentais para expansão territorial brasileira. A
economia era fundamentada em torno da produção de gêneros primários, voltados para exportação. O que explica o caráter
litorâneo da ocupação do território nacional. Essas atividades são agrupas e estudas a partir dos ciclos econômicos:
Ciclo do Pau Brasil: Nessa fase inicial destacou-se a prática predatória de extração de Pau Brasil, no entanto, esse
primeiro ciclo econômico não foi fundamental para a ocupação e organização do território, uma vez que a atividade tinha
caráter seminômade e predatório, sem o intuito de fixação no lugar, acarretando apenas a construção de algumas vilas e
povoados.
Ciclo do Açúcar: muito importante para a criação dos primeiros povoados, principalmente pela participação da figura dos
bandeirantes. A necessidade de mão de obra para trabalhar nas lavouras e no beneficiamento da cana-de-açúcar leva ao
surgimento das bandeiras. A partir dessas expedições, começa o processo de ocupação portuguesa em território espanhol,
ultrapassando a linha do Tratado de Tordesilhas.
Ciclo do Ouro: com a competição externa ao açúcar brasileiro, a coroa Portuguesa decide voltar a busca por metais
preciosos. Os bandeirantes vão ter um papel fundamental abrindo caminho para a descoberta do ouro em Minas Gerais,
Mato Grosso e em Goiás. Esse ciclo vai ser importante para ocupação de regiões interioranas. A partir dessa atividade vai
ocorrer uma intensa migração em para essas áreas de mineração proporcionando a criação de diversos povoados e cidades
e o surgimento de um mercado interno mais significativo. A capital é transferida para o Rio de Janeiro, e com isso o
Nordeste perde sua importância política e futuramente econômica com o ciclo do café.
Ciclo do Café: a fase mais vigorosa ocorreu no século XIX e início do século XX. O café foi fundamental para a
consolidação do território nacional. O desenvolvimento da produção do café exigiu uma infraestrutura moderna para escoar
a produção, passando a ser atendida pelas ferrovias. Essas futuramente passam até a ditar o caminho da ocupação pelo
interior de São Paulo. A grande contribuição é que atividade possibilitou um maior desenvolvimento e investimento em São
Paulo e Rio de Janeiro, de forma que a região sudeste assegurou a supremacia na economia nacional/

O ciclo do café foi o motor inicial para esse processo. O espaço geográfico brasileiro foi estruturado exclusivamente ao
redor do modelo primário-exportador. A partir do crescimento da economia cafeeira, o processo de urbanização se
intensificou, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Resultando na construção de uma infraestrutura (ferrovias)
para escoar essa produção. Com o fim da escravidão e a chegada dos imigrantes, o mercado consumidor cresceu
consideravelmente, o que possibilitou a produção para o mercado interno e o desenvolvimento das indústrias. A
concentração desse processo na região Sudeste aumentou as disparidades inter-regionais.

Período Vargas e o Nacionalismo


A partir do crescimento da economia cafeeira, o processo de urbanização se intensificou, principalmente no Rio de Janeiro e
em São Paulo. Toda uma infraestrutura de ferrovias e portos foram instalados para escoar essa produção. Com o fim da
escravidão e a chegada dos imigrantes, o mercado consumidor também vinha crescendo consideravelmente, possibilitando
a produção para o mercado interno e o desenvolvimento de algumas indústrias leves como a têxtil e a alimentícia. Dentre os
fatores que beneficiaram a concentração industrial na região Sudeste podemos destacar:
 Concentração de infraestrutura de energia, comunicação e transportes;
 Concentração de mão de obra qualificada (lembrando a entrada de mão de obra estrangeira, em sua maior parte, já
qualificada para os serviços fabris);
 Concentração de mercado consumidor;
 Rede bancária desenvolvida, por conta da presença de centros de produção de café.

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É importante destacar o contexto mundial deste período. O mundo passava pelo fim da Primeira Guerra Mundial, conflito em
que muitos dos principais países produtores de produtos industrializados estavam envolvidos, afetando o abastecimento
mundial. Neste sentido, iniciou-se no Brasil a política de substituição de importações, ou seja, passou-se a produzir aqui o
que antes se importava de outros países. A partir de Getúlio Vargas, pela primeira vez na história brasileira, o governo passa
a investir massivamente na indústria nacional, principalmente através da criação das indústrias de base, fundamentais para
fornecer insumos para outras indústrias, dentre as quais podemos destacar a Companhia Siderúrgica Nacional, a Vale do
Rio Doce e a Petrobrás. Outra questão muito importante em Vargas e fundamental em uma sociedade urbana e industrial foi
a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), em 1º de maio de 1943, introduzindo novos direitos aos trabalhadores,
regulamentando férias remuneradas, horários de trabalho, condições de segurança, salário mínimo e a relação entre patrões
e empregados.

JK e o Nacional Desenvolvimentismo
Juscelino Kubitschek foi eleito nas eleições presidenciais de 1955, após o suicídio de Getúlio Vargas, tendo João Goulart
como vice. Durante o governo de JK (1956-1961) a economia brasileira se abriu para os investimentos internacionais –
momento este em que entraram no Brasil grandes montadoras como a Ford e a Volkswagen. Atendendo assim a proposta
desenvolvimentista que visava a “decolagem” (“take off”) da industrialização brasileira. Essas indústrias instalaram suas
filiais na região Sudeste, principalmente, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e ABC paulista (Santo André, São
Caetano e São Bernardo). As oportunidades de empregos aumentaram muito nesta região, atraindo assim muitos
trabalhadores de todo Brasil. Este fato fez aumentar o êxodo rural e a migração de nordestinos e nortistas para as grandes
cidades do Sudeste.

O lema “50 anos em 5” demonstrou o objetivo audacioso de JK de desenvolver a economia brasileira rapidamente. A
expressão sintetizava a promessa de obter cinquenta anos de progresso em cinco anos de governo. Para isso elaborou o
Plano ou Programa de Metas com 31 metas distribuídas em cinco grandes grupos: energia, transportes, alimentação,
educação e indústrias de base. A construção de Brasília, nova capital, foi apresentada como a síntese de todas as metas.
Com a transferência da capital do Rio de Janeiro para Brasília, JK pretendia desenvolver a região central do país e afastar o
centro das decisões políticas de uma região densamente povoada. Com capital oriundo de empréstimos internacionais,
Brasília foi finalizada e inaugurada, em 1960.

O projeto de industrialização baseava-se em um tripé econômico formado por: capital estatal em infraestrutura e indústria de
base, capital privado nacional em indústrias de bens de consumo não duráveis, e pelo capital privado estrangeiro
responsável pelo investimento em indústrias de bens de consumo com investimento tecnológico.

Durante o governo de JK, o Brasil recebeu mais de 2 bilhões de dólares destinados ao Programa de Metas e o valor da
produção industrial cresceu 80%. O PIB crescia ao ritmo de 7,9% ao ano, o que representava uma alta taxa de crescimento.
No entanto, com os elevados gastos públicos o Programa começou a entrar em déficit, promovendo o endividamento do
Estado. De um lado a entrada de multinacionais gerou empregos, porém, por outro lado deixou o país mais dependente do
capital externo. A migração e o êxodo rural descontrolados fizeram aumentar a pobreza, a miséria e a violência nas grandes
capitais do Sudeste do país.

Abertura Econômica Brasileira

O Estado brasileiro, desde Getúlio Vargas (1930) até o final da Ditadura Militar (1985), foi o responsável pelo processo de
industrialização. Todavia, com a crise econômica, na década de 1980, observa-se o fim desse período. É possível dizer que
isso não ocorre apenas no Brasil e é resultado do fim do modelo keynesiano. Em meio à necessidade de reestruturação,
inicia-se o processo de abertura política e econômica do país. Esse processo foi marcado pela aplicação do Consenso de
Washington – conjunto de medidas macroeconômicas, para promover o desenvolvimento econômico e social, que
representam a concepção do Estado Mínimo. Entre as regras preconizadas por esse plano estão: ajuste fiscal, reforma
tributária, juros e câmbio de mercado, abertura do mercado para investimentos estrangeiros, eliminação das restrições ao
livre mercado e incentivo aos modelos de privatizações, bem como a desregulamentação e desburocratização da máquina
estatal.

O Período Collor (1990) a FHC (2002)


Período marcado pela implementação das recomendações do Consenso de Washington. É quando surgem as ondas de
privatizações das estatais brasileiras, flexibilização das leis trabalhistas, maior abertura do mercado nacional para produtos,
capitais e serviços internacionais, além de uma redução de investimentos em setores sociais. Tudo conforme o manual de
instruções neoliberal. O rápido processo de privatização a que alguns setores estratégicos foram expostos, como o sistema
de transportes, energia e mineração, geraram críticas. Os recursos captados com o processo de privatização, que deveriam
servir para diminuir a dívida pública, foram rapidamente minados, pois a política de juros altos, para conter a inflação e atrair
os investimentos externos, elevou o valor da dívida para níveis superiores àqueles arrecadados com a venda do patrimônio
público.

Desconcentração Espacial das Indústrias


O Estado é mínimo, mas se faz presente. Essa frase representa bem o processo de desconcentração espacial das
indústrias, o qual sofreu um efeito catalisador com a chamada Guerra Fiscal. Uma vez que o governo federal não é mais o
agente nesse processo, os estados passam a disputar o interesse das empresas privadas e, principalmente, das
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transnacionais, quanto ao local da instalação de seus parques e centros produtivos. Assim, os governos estaduais oferecem
incentivos e mesmo renúncias fiscais, no intuito de hospedar os empreendimentos, além do fornecimento de terrenos em
posições estratégicas e da formação dos polos industriais ou tecnopolos. Gradativamente, pode-se observar uma migração
das grandes companhias em direção às chamadas Cidades Médias, devido à evolução das técnicas e dos meios de
transporte e comunicação.

FATORES DETERMINAPNTES DO PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL

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