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A

Maçonaria no Brasil e a República



Professor: Alberto Luiz Schneider
Aluno: Pedro Augusto Menna Barreto Magalhães Gomes
Matéria: Brasil III
Curso: História – MBA4
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)










1. INTRODUÇÃO

Este artigo não se trata sobre falar, inventar ou especular sobre os ritos, reuniões
ou símbolos da maçonaria, mas sim, trabalhar com a sua influência direta no que
levou à República no Brasil. Dentro deste, você leitor encontrará elementos de
extrema importância para a Ordem que vão desde sua ideologia bem como, a
importância da imprensa que durante o século XIX, ajudou a disseminar seu
conteúdo filosófico entre a população brasileira.

Faço votos de que este, possa ajudar a você leitor seja acadêmico, membro da
Ordem ou curioso, a entender e a expandir seu conhecimento sobre a maçonaria
e, a importância que esta teve para o nosso país desde sua chegada no século
XVIII até os dias de hoje.
























2. O ARTIGO

Em meu artigo anterior, citei Barata quando este comenta sobre um Império que
estava recebendo inúmeras críticas ainda que este estivesse trabalhando em
novas relações entre o Estado e a sociedade. Também citei Gimenes que
corrobora que a República foi o resultado de vários elementos, dentro destes
como exemplo, questões abolicionistas e militares.

Barata acrescenta que a ideia da República, surge logo após a queda do gabinete
de Zacarias de Góis em 1868 aos conservadores. De forma mais clara dentro de
seu artigo, Horbach detalha que:

A oposição no Senado era combativa, sendo famosa a
fiscalização que faziam os senadores dos atos do ministério.
Zacarias de Góis e Vasconcelos, que dividia com Nabuco de
Araújo a liderança do Partido Liberal, entrou para a história
parlamentar do Império não somente pelos três gabinetes que
comandou, mas principalmente pela oposição firme que, da
tribuna do Palácio do Conde dos Arcos1, impôs a seus êmulos
conservadores. (HORBACH, 2007, p. 222)

Beatriz Coelho Silva afirma que essa queda ou ainda, a substituição do liberal
pelo conservador, “foi entendida como um golpe de Estado”. (SILVA, 2009, p. 1)

Fato é que, dentro do entendimento deste que vos escreve, Zacarias de Góis caiu
e, o Visconde de Itaboraí junto com seus conservadores assumiram o poder de
seu gabinete a mando do Imperador Dom Pedro II. O Visconde de Itaboraí era


1 O Palácio do Conde dos Arcos é um edifício situado na cidade do Rio de Janeiro nas imediações

do Campo de Santana, construído em 1819 para ser a residência de Marcos de Noronha e Brito, o
Conde dos Arcos, último vice-rei do Brasil. Prédio onde fora instalado o Senado brasileiro e
atualmente abriga a Faculdade Nacional de Direito da UFRJ.
conhecido por ser um membro do triunvirato conservador, bem como um dos
principais líderes saquaremas2.

Saldanha Marinho, que segundo Gimenes foi Grão-Mestre maçom, retratou este
movimento do Imperador como uma manobra que ficou conhecida como
“estelionato político” e, isto deu abertura para manifestações contra a “validade e
representatividade das instituições monárquicas”. (BARATA, 1999, p. 125).
Logicamente que os liberais não ficaram quietos por conta do que aconteceu a
Zacarias e rebelaram-se através de seu Manifesto Liberal Radical, estes liberais
exigiram:

[...] amplas reformas eleitorais, descentralização, total liberdade
religiosa, ensino livre, Senado temporário e eletivo, substituição
do trabalho escravo pelo livre, extinção do Poder Moderador.
(BARATA, 199, p. 125)

Para completar a citação de Barata, Silva afirma que:

Em 1869, publicaram um Manifesto em que denunciavam a
instalação de uma ditadura sob a proteção do Poder Moderador
– exercido pelo Imperador Dom Pedro II – e pediam reformas
urgentes: voto direto nas cidades com mais de dez mil
habitantes, separação entra a polícia e o Poder Judiciário,
abolição da Guarda Nacional e a extinção gradativa da
escravidão. (SILVA, 2009, p. 1)

Entretanto, todas estas exigências retratadas acima não tinham como pré-
requisito o término da Monarquia. O pedido do fim desta só ocorreria apenas em
1870 com a fundação do Partido Republicano e o lançamento de seu Manifesto.
Reynaldo Carneiro Pessoa corrobora dizendo que:


2 Designação do sectário do partido conservador.
O Manifesto de 1870 reflete a evidencia da desagregação do
regime monárquico no Brasil. O seu aparecimento é fruto de um
processo cujas raízes encontram-se nos ideais que nortearam as
primeiras manifestações libertárias em terras brasileiras.
(PESSOA, 1970, p. 401)

Basicamente, este Manifesto foi uma dura crítica com relação aos poderes
centralizados apenas no Imperador, o que deixava o resto do país sem uma
representação por si só e ainda, essa forma de administração, governo e reinado
era completamente incompatível com o que Barata afirma ser a soberania
popular. Segundo Barata, ainda sobre o Manifesto:

Após duras críticas à Monarquia, o Manifesto enuncia seu
princípio cardeal: o federalismo. Buscava-se a constituição de
uma República federativa, baseada na soberania do povo e
administrada por um governo representativo, expressa na
fórmula “Centralização-Desmembramento. Descentralização-
Unidade”. (BARATA, 1999, p. 127)

Dentro da obra de Barata, o historiador Ilmar R. de Mattos corrobora que
diferentemente da ordem imperial, a criação de um Partido Republicano levaria
o país à uma direção política, intelectual e moral. Para muitos dos republicanos,
os interesses da sociedade, fosse garantindo liberdades dos brasileiros ou
realizar o bem, dentre outros exemplos não eram mais representados pela
Monarquia. A Monarquia não andava de mãos dadas com o progresso segundo
estes. Reynaldo Pessoa traz uma informação semelhante à citação anterior de
Barata quando diz que:

[...] o Manifesto de 1870, longe de ser vazio e inexpressivo, é um
documento em cujo conteúdo pode ser encontrada uma
cautelosa mensagem revolucionária que requer como
necessárias, reformas em todas as estruturas do país,
fundamentadas ideologicamente nos princípios da liberal
democracia. (PESSOA, 1970, p. 409)

Em resumo, o Manifesto Republicano considerava o federalismo a solução
definitiva para o Brasil, uma vez que o centralismo era atribuído a uma má
administração.

Como um dos idealizadores deste Manifesto, precisamos entender quem foi
Saldanha Marinho e qual foi sua importância para a República no Brasil. Sobre
este irmão maçom, Gimenes afirma que:

A Proclamação da República Brasileira muito deve a esse
poderoso irmão por sua impetuosa defesa do livre pensamento
e dos ideais democráticos. (GIMENES, 2015, p. 159)

Entre 1879 e 1881, Saldanha Marinho era o único Deputado Republicano que
trabalhou pela liberdade total de quaisquer cultos, o que significa uma separação
entre Igreja e Estado. Daí, podemos entender o motivo pelo qual ele foi a favor da
instituição do casamento civil leigo. Tal qual Saldanha Marinho, Quintino
Bocaiúva também foi um dos idealizadores do Manifesto Republicano, Gimenes
corrobora que este passou a ser chamado de “Patriarca da República” e, foi preso
em um golpe em 1891 depois de ter lutado a favor das liberdades nacionais e a
favor da constituinte. Sobre Bocaiúva, Silva diz que:

O texto3 é atribuído ao jornalista Quintino Bocaiúva, maçom
como Saldanha, que se tornaria ministro das Relações
Exteriores da República e, depois, presidente do estado do Rio
de Janeiro. (SILVA, 2009, p. 2)

E ainda segundo Gimenes dentro do primeiro Governo Republicano, Deodoro da
Fonseca, Aristides Lobo, Rui Barbosa, Benjamin Constant, Eduardo Wandenkolk,
Demétrio Ribeiro e como já mencionado anteriormente, Quintino Bocaiúva,
foram maçons. A maçonaria lutou pela República do Brasil sem derramar uma
gota de sangue sequer.

3 Manifesto Republicano.

No entanto, até mesmo entre os próprios maçons haviam diferenças, entre
aqueles que queriam a república e aqueles que queriam a continuidade de um
regime monárquico. Barata em sua obra é bem categórico quando diz que:

Na proporção em que crescia a propaganda republicana,
começavam a fermentar nas lojas maçônicas os debates
referentes à superação ou não do regime monárquico.
(BARATA, 1999, p. 129)

Se fosse dar mais detalhes sobre tais debates, bastava informar a você leitor de
que estaria trabalhando com a Maçonaria “Vermelha” e a Maçonaria “Azul”.
Dentro da obra de Manoel Rodrigues Ferreira e Tito Lívio Ferreira, eles dão a
explicação necessária para que possamos entender que, apesar de lutarem por
uma mesma causa, princípios liberais, cada um dos segmentos acreditava em um
regime de governo diferente. Segundo os Ferreira:

A Maçonaria “Azul” defendia a Monarquia constitucional
parlamentar. A Maçonaria “Vermelha” queria a abolição
completa da Monarquia, com a instalação de Repúblicas
democráticas. (FERREIRA e FERREIRA, 1962, p. 265)

E dentro das discussões nas lojas, não apenas trabalhando com a República
versus Monarquia em si, José Rodorval Ramalho parece completar as citações de
Barata e dos Ferreira, acrescentando outros elementos sobre este debate entre
maçons, quando diz que:

Existiam aqueles grupos moderados e os mais radicais; aqueles
mais ligados à Igreja e outros anticlericais. Essa mesma divisão
pode ser notada em outros momentos importantes da ação
maçônica no Brasil, por exemplo: o abolicionismo e o
republicanismo. (RAMALHO, 2008, p. 39)

Em suma, como vimos acima, entre os próprios maçons havia uma disputa por
interesses, estilos e concepções, nesse caso, precisamos entender que dois ramos
estavam bem fixados dentro do Brasil, sendo estes o francês e seu radicalismo
(vermelhos) e o português com o seu conservadorismo (azuis).

Mas como o intuito deste artigo é a pesquisa sobre a República em nosso país,
voltemos a ela.

Precisamos entender que a propaganda republicana estava lutando para
conquistar um espaço muito bem fechado para às suas ideias, a província do Rio
de Janeiro. Ao contrário das províncias do centro-sul, donde se destacavam São
Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, o Rio de Janeiro ainda não contava com
tantos partidários como as províncias citadas anteriormente. São Paulo por
exemplo, deu uma enorme contribuição ao movimento republicano, quando os
grandes fazendeiros paulistas aderiram a este. Para Barata, estes fazendeiros
paulistas:

[...] criticavam a excessiva centralização administrativa do
Império, que propiciava o controle do poder por representantes
de áreas econômicas inexpressivas. (BARATA, 1999, p. 128)

Barata também descreve com detalhes algumas das diferenças entre paulistas e
fluminenses. Ele diz que:

[...] os republicanos do Rio de Janeiro nunca conseguiram
organizar-se num sólido partido, os republicanos paulistas
constituíam o único grupo civil organizado. (BARATA, 1999, p.
128)

Ele ainda afirma, que os republicanos do Rio de Janeiro queriam um governo que
os representasse e também, que tivessem seus direitos individuais, ao passo que
os paulistas tinham interesse em um sistema de governo federativo, onde cada
estado teria sua própria autonomia. Dentro do âmbito de trabalho, enquanto que
na província de São Paulo haviam mais fazendeiros, dentro da província do Rio
de Janeiro, as atividades profissionais em destaque eram a dos profissionais
liberais e dos homens de negócios.

No entanto dentro da Corte sim, esta contava com a maioria das lideranças
republicanas nacionais que nela estavam alocadas. A Corte detinha dezoito lojas
maçônicas das vinte e seis que haviam dentro da província do Rio de Janeiro e
para Barata, isto é:

[...] o que demonstra, mais uma vez, a fragilidade da penetração
da propaganda republicana no interior da província fluminense
e do vínculo entre Maçonaria e República. (BARATA, 1999, p.
129)

Seguindo o exemplo de vários clubes republicanos, várias lojas maçônicas
começaram a discutir sobre a República em si e, apenas para fazer um adendo,
até mesmo os militares depois da Guerra do Paraguai já tinham uma outra ideia
sobre o regime republicano. Para estes, a abolição da escravidão deveria ser
levada adiante, eles eram a favor de imigrantes, as indústrias deveriam ser
protegidas e principalmente, a Monarquia deveria sair de cena em nome do
progresso. No entanto, precisamos entender que com tantas pessoas de classes
sociais e setores tão diferentes, era óbvio que estas entrariam em conflito dentro
de sua ideologia, sobre o que poderia ser a sua República perfeita. Barata
menciona José Murilo Carvalho, cientista político e historiador, que nos dá três
exemplos de República dentro da expectativa dos republicanos brasileiros. Para
explicar de forma coesa estes três modelos, utilizarei Barata como fonte para tal:

Modelo dos proprietários rurais, mais precisamente os proprietários paulistas:

Para estes homens, a República ideal era a do modelo
americano4 baseado na predominância do interesse individual,
na liberdade dos direitos de ir e vir, de propriedade, de opinião,

4 O mesmo utilizado pelos Estados Unidos da América.
de religião e no caráter federativo da organização do Estado.
(BARATA, 1999, p. 130)

Silva em seu verbete corrobora com esta citação dentro da obra de Barata
quando diz que, o Manifesto Republicano segundo ela:

[...] terminava com a referência ao federalismo norte-
americano: “Somos da América, queremos ser americanos”.
(SILVA, 2009, p. 2)

Modelo dos setores urbanos. Dentro deste modelo se enquadravam estudantes,
profissionais liberais, jornalistas e pequenos proprietários5.

Para estes, República era sinônimo de intervenção direta do
povo no governo. Influenciados pelo jacobinismo6 à francesa,
eram atraídos pelos apelos abstratos em favor da liberdade, da
igualdade, da participação. (BARATA, 1999, p. 130)

Modelo positivista de República.

[...] influenciava sobretudo os militares, com apelo a um
Executivo forte e intervencionista, consubstanciado no princípio
da “Ordem e Progresso”. (BARATA, 1999, p. 130)

Já para os maçons, a República significava uma forma de acabar com a
centralização do poder diretamente no monarca e, ainda por cima, “equacionar
os problemas relativos às liberdades individuais”. (BARATA, 1999, p. 130)


5 Nota do autor, acredito se tratar de pequenos proprietários de terra.

6 Foi um grupo radical na Revolução Francesa. Eram camponeses pobres, porém com
pensamentos radicais, que queriam o extermínio dos nobres, uma vez que a nobreza oprimia os
mais desvalidos. Hoje é usado para uma pessoa que tem uma posição radical relacionada a
determinado assunto.
Só em 1888 que finalmente o Partido Republicano Fluminense é fundado na
província do Rio de Janeiro, muito por conta da quantidade de monarquistas que
não estavam satisfeitos com o fato do Brasil, não poder mais contar com a mão
de obra escrava. Para Silva, ainda que o Partido Republicano fundado em 1870
não tenha sido:

[...] decisivo para a proclamação da República em 1889, 19 anos
depois de sua criação, serviu para disseminar o ideal pelo país,
ao menos entre a elite letrada. (SILVA, 2007, p. 3)

Vimos ao longo deste artigo, que desde 1869 a maçonaria com Saldanha Marinho
a sua frente, vinha trabalhando em meios de aproximar suas ideias republicanas
às ideias da população brasileira.

Não posso deixar de mencionar antes de encerrar este, outro elemento
importante que também foi fundamental para a nossa República, que foi um
folheto publicado por Saldanha Marinho nomeado O Rei e o Partido Liberal.
Neste, o irmão maçom:

[...] expressou o seu diagnóstico da realidade brasileira,
destacando a necessidade de liberalização real das instituições
políticas através da adoção do regime republicano. Segundo ele,
a Monarquia, estruturada pela Carta outorgada de 1824 7 ,
poderia ser responsabilizada pela decadência moral e material
em que se encontrava o país. (BARATA, 1999, p. 130)

Barata afirma que em 1885, depois que o folheto passou por uma avaliação, este
recebeu mais alguns comentários e um novo título, A Monarchia ou a Política do
Rei. Para Saldanha Marinho:

[...] o regime republicano, único regime democrático e
consonante com a índole americana. (BARATA, 1999, p. 131)


7 Constituição Política do Império do Brasil.

Mas lendo o que foi escrito até então, parece que publicar “Manifestos e/ou
Folhetos” parecia ser a coisa mais simples em nosso país. No entanto não foi,
pelo menos por alguns anos. Dentro de sua tese de mestrado, Thiago Werneck
Gonçalves afirma que foi graças à imprensa que “a trajetória do periodismo
maçônico oitocentista”, (GONÇALVES, 2012, p. 65) pôde ser compreendida.

Com a mudança da família real portuguesa para o Rio de Janeiro em 1808, os
primeiros impressos começaram a circular pelo país. Ainda dentro de sua tese:

Mudanças significativas ocorreram no rastro do
estabelecimento da sede do reino no território de sua colônia
americana, a exemplo da implantação da tipografia oficial, cujo
objetivo era publicar os atos governamentais e divulgar
informações convenientes à Coroa. (GONÇALVES, 2012, p. 65)

Gonçalves ainda chama a atenção para o fato que de naquele tempo, prevalecia
no Brasil o que ele chama de censura prévia, a mando da Impressão Régia e,
ainda segundo ele:

Ela era responsável por “examinar os papéis e livros que se
mandaram publicar, e vigiar que nada se imprimisse contra a
religião, governo e bons costumes”. De 1808 a 1821, apenas os
jornais oficiais ou aqueles que eram considerados inócuos pelo
crivo da censura governamental circulavam livremente no
Brasil. (GONÇALVES, 2012, p. 65)

Apenas depois de 1821 que o material impresso começou a circular com mais
força pelo Brasil, depois que Dom João VI anulou a censura prévia, o que
obviamente alavancou uma inúmera quantidade de novos impressos pelo país.
No entanto, devo deixar claro que tanto para Gonçalves, bem como para Barata, o
pensamento maçônico, ainda que tivesse aparecido ao público antes através de
alguns folhetos, começou mesmo a circular através de seus próprios órgãos
impressos somente na década de 1870.

Foi o suficiente para que os maçons da época pudessem finalmente divulgar seus
ideais com foco na civilidade e no progresso. Segundo Barata:

[...] vários foram os maçons que fizeram da imprensa uma
verdadeira tribuna em defesa das ideias maçônicas. (BARATA,
1999, p. 137)

Barata cita dentro de sua obra a defesa da liberdade de expressão, consciência,
religiosa, entre outras. Gonçalves completa a citação de Barata apresentando
outro elemento de extrema importância para que possamos compreender
melhor de onde vieram estas ideias, quando diz que:

A década de 1870 caracterizou-se pela influência das correntes
positivistas e cientificistas, as quais valorizavam as invenções
tecnológicas e o desenvolvimento material das sociedades. No
Império brasileiro, as ideias de “civilização” e “progresso” foram
construídas a partir de um conjunto de valores e conceitos que
estabeleciam o aprimoramento da ciência como uma das
condições necessárias para o aperfeiçoamento da nação.
(GONÇALVES, 2012, p. 68)

Estas correntes das quais Gonçalves cita, vieram proeminentemente da Europa.
Precisamos lembrar que vários dos estudantes que foram ao Velho Mundo para
estudar em suas grandes universidades, voltaram ao Brasil com estas ideias ao
final do século XVIII e, foi dali que surgiram os grandes movimentos que
marcaram nosso país naquela época. Para dar um bom exemplo destes, tivemos a
Inconfidência Mineira, a Revolta dos Alfaiates, a Conjuração Fluminense, entre
outros. José Rodorval Ramalho sobre a maçonaria, acrescenta que:

[...] sua atuação se deu, efetivamente, no campo da formação de
uma cultura política calcada na defesa da laicização da
sociedade brasileira, juntamente com outros segmentos da
intelectualidade. (RAMALHO, 2008, p. 38)
Pudemos reparar que ao longo deste artigo, a popularidade do Imperador Dom
Pedro II despencou junto aos intelectuais da época. Seu regime de governo não
representava mais os interesses de grande maioria da sociedade brasileira e,
somado a um pensamento considerado progressista por parte da oposição
maçônica, não demoraria muito tempo até que a República fosse instaurada em
1889.

Pensando nisso, a ideia da República parecia tão certa que até nos dias de hoje,
algumas especulações sobre apareceram durante as minhas pesquisas e, apenas
para ilustrar uma destas, cito o artigo de Horbach quando este diz que:

Talvez, não fosse o advento da República, o reinado de Pedro II
teria entrado para a história do Brasil como um governo de
transição. (HORBACH, 2007, p. 229)

Especulações à parte, por fim, posso afirmar que ao menos dentro dos meus
estudos Barata, Gimenes e Ramalho concordam que a maçonaria teve sim uma
grande influência para o que hoje é o nosso país. Não que tenham se fixado aqui e
ao contrário do que pensam vários teóricos da conspiração, tenham um projeto
para o controle do Brasil, mas sim, dar ao nosso país um pouco mais de
civilidade, progresso, iluminação por meio de sua razão e, acho que na minha
opinião o mais importante, educação e caridade.











3. CONCLUSÃO

O Brasil passou por inúmeros processos desde sua descoberta até os dias de
hoje. Creio que o movimento maçônico trouxe novas ideias para um país que a
julgar pelo aprendi ao longo deste artigo, estava preso à antigas regras e/ou
tradições que engessaram este por longos anos. Um movimento, é claro que pode
também prender, mas nesse caso, para os autores aqui estudados, a maçonaria
trouxe revoluções que transformaram o Brasil em uma nação que aboliu sua
escravatura, libertou-se de suas amarras junto à Igreja e trabalhou, segundo
estes que compõe a bibliografia deste artigo junto do progresso.























4. REFERÊNCIAS

BARATA, Alexandre Mansur: Luzes e sombras: a ação da maçonaria
brasileira (1870-1910). 1a. Edição. Campinas-SP: Editora UNICAMP, 1999.

FERREIRA, Manoel Rodrigues e FERREIRA, Tito Lívio: A maçonaria na
independência brasileira – volume I. 1ª. Edição. São Paulo-SP: Gráfica Biblos
Ltda. – Editora, 1962.

GIMENES, João Dias: Ordem maçônica: preliminares da iniciação. 1a. Edição.
São Paulo-SP: Fundação Biblioteca Nacional, 2015.

GONÇALVES, Thiago Werneck. Periodismo maçônico e cultura política na
Corte imperial brasileira (1871-1874). 2012. 181 f. Tese (Mestrado em
História) – Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal
Fluminense, Niterói-RJ, 2012.

HORBACH, Carlos Bastide: O parlamentarismo no Império do Brasil (II):
representação e democracia. Brasília-DF: Revista de Informação Legislativa, a.
44 n. 174 abr./jun., pp. 213-231, 2007

KOFES, Suely: Dilemas na maçonaria contemporânea. 1a. Campinas-SP:
Editora UNICAMP, 2015.

PESSOA, Reynaldo Carneiro: O primeiro centenário do manifesto republicano
de 1870. São Paulo-SP: Revista de História – USP, v. 41, n. 84, pp. 401-437, 1970.

RAMALHO, José Rodorval: Novæ sed Antiquæ: tradição e modernidade na
maçonaria brasileira. 1a. Edição. Guarapari-ES: Editora Ex Libris, 2008.

SILVA, Beatriz Coelho: Clube republicano. In: FGV CPDOC. Disponível em:
<http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-
republica/CLUBE%20REPUBLICANO.pdf> acesso em: 18/11/2017.

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