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A palavra República deriva do latim, res publica, “coisa pública”. Isso significa que o
governo deve ser feito em nome do interesse da coisa pública, deve proteger as
instituições estatais e cuidar de seu funcionamento adequado. Não é tão simples e
fácil como parece, e isso já foi percebido ainda no aparecimento da República, em
Roma antiga. No Brasil, a República está em construção desde 1889, a passos muito
lentos e longos recuos.
Cícero, o mais eminente ideólogo do republicanismo romano afirmou que para evitar o
descontrole da plebe, a aristocracia tomava um papel mediador conciliando todos os
interesses em prol do bem-estar do povo. Para o filósofo, a igualdade de direitos era
uma “quimera impossível” e a República, por conseguinte, uma utopia. Na república
romana, a res publica esteva nas mãos dos patrícios, uma elite privilegiada. Assim,
ideal republicano quando foi empregado pela primeira vez, serviu para promover a
manutenção do poder político nas mãos da elite, os patrícios. E conforme Cícero
propunha, a busca pela igualdade social não estava inserida.
A ideia da res publica, a coisa pública, que põe em relevo o interesse comum, a coisa
do povo, o bem comum, a comunidade enfim, não se configurou na República
brasileira. Tampouco o primeiro presidente, Deodoro da Fonseca, demonstrou espírito
republicano quando, em 1891, desentendendo-se com seus ministros e o Congresso,
desferiu um golpe de Estado. O país entrou em um período de autoritarismo que, ao
final, foi apaziguado com as oligarquias tomando o poder em todas as esferas –
municipal, estadual e federal – exercendo-o para garantir seus próprios interesses e
não o interesse comum como preconiza a República. Valeram-se da República para
assegurar a manutenção do status quo dominante. A ordem republicana, isto é, a
busca do bem comum e da coisa pública, não foi instaurada com a República. O Brasil
de 1889 a 1930 pouco se diferenciava da sociedade legada pela escravidão.
“A República foi organizada a partir de um jogo político regionalista, oligárquico
e excludente que reproduziu o fosso entre povo e Estado (…) fincou raízes em
um localismo mandonista e em práticas clientelísticas autoritárias,
desinteressadas da cidadania e da liberdade política. O espírito republicano
formado no embate ideológico dos finais do Império, desta forma, esfriaria
gradualmente durante as três primeiras décadas da implantação do novo
regime.” (NOGUEIRA, 2006,)