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Os Sertões, o Campo e a Cidade na Primeira Aristides Lobo considerava a proclamação da

República República um acontecimento puramente militar, sem

muita participação dos civis republicanos.


1 Projetos republicanos e experiência política dos
primeiros anos da República Diferentemente do que acontecera cem anos antes, na

Brasil ou Brasis? Revolução Francesa, o povo não era o protagonista


Vamos começar nosso estudo contextualizando o
Brasil real, que “Brasis” diferentes assistem a daqueles acontecimentos.
Constituição da República.

Primeiros anos da República

No dia 15 de novembro de 1889, um acontecimento

ocorrido nas ruas do Rio de Janeiro mudou a vida

política do país: um movimento militar derrubou a

monarquia brasileira e implantou a República.

Quatro dias depois, escrevia o jornalista Aristides


Proclamação da República no Brasil
Lobo:

“Eu quisera dar a esta data a denominação seguinte:

15 de novembro do primeiro ano da República; mas

não posso, infelizmente, fazê-lo. O que se fez é um

degrau, talvez nem tanto, para o advento da grande

era. Em todo o caso, o que está feito pode ser muito,

se os homens que vão tomar a responsabilidade do

poder tiverem juízo, patriotismo e sincero amor à Revolução francesa

Liberdade. Como trabalho de saneamento, a obra é


Para José Murilo de Carvalho (1987), o
edificante. Por ora, a cor do governo é puramente
adjetivo bestializado indica o afastamento do povo
militar e deverá ser assim. O fato foi deles, deles só,
em relação à República, não apenas no 15 de
porque a colaboração do elemento civil foi quase
novembro, mas ao longo de toda a experiência
nula. O povo assistiu àquilo bestializado, atônito,
republicana, uma espécie de pecado original do novo
surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos
regime.
acreditavam sinceramente estar vendo uma parada.”

No entender da historiadora Maria Teresa Chaves de


(CARONE, 1972, p. 288)
Mello (2007), Aristides Lobo expressou surpresa

diante do modo pelo qual acontecimento do dia 15 de


novembro se desenvolveu. Entretanto, é necessário Havia ainda os chamados republicanos

ressaltar o clima político republicano instaurado nas revolucionários: inspirados no período jacobino da

décadas de 1870 e 1880, capaz de formar um Revolução Francesa, defendiam a participação direta

consentimento em relação à cultura política do novo e uma República que garantisse o governo da coisa

regime. pública sem a mediação de representantes - nos

termos do historiador José Murilo de Carvalho, uma


A República abrigou o desejo de muitos descontentes
liberdade à moda antiga (CARVALHO, 1987).
com a monarquia e deu forma política a sonhos e
Federalismo
projetos republicanos muito diferentes entre si. Os

republicanos históricos projetavam um governo de Os interesses divergentes entre federalistas -


corte liberal e de forma federalista, ou seja: defensores da autonomia regional - e positivistas -

que defendiam uma centralização em torno da figura


Passando de uma monarquia unitarista, ou seja,
do presidente da República - caracterizaram não
centrada na figura do imperador.
apenas o momento de proclamação, mas também

Para um regime descentralizado, dando poder às atravessaram o período de instauração da República

lideranças regionais (presidentes de província, no Brasil, chamado pelos historiadores de Primeira

atualmente são os governadores de estado). República (1889-1930).

Também os positivistas reforçaram o movimento que Gerador de tantas expectativas, o regime republicano

implantou a República. Além dos positivistas foi capaz de causar também frustrações. Ao final da

militares, como Benjamin Constant, que sua vida, Joaquim Saldanha Marinho (1816-1895),

participaram ativamente da revolta militar que que assinara, em 1870, o Manifesto Republicano,

derrubou a monarquia, positivistas civis viam na afirmou:

República a possibilidade de levar adiante seu projeto

político: “Esta não é a república dos meus sonhos”.

Uma ditadura republicana que garantisse um governo Em Os Sertões, Euclides da Cunha (1866-1909)

escreveu: “Vivendo quatrocentos anos no litoral


científico, os direitos do proletariado e a eliminação
vastíssimo, em que palejam reflexos da vida
dos privilégios, levando em conta o princípio de que
civilizada, tivemos de improviso, como herança
somente a ordem é capaz de garantir o progresso -
inesperada, a República” (CUNHA, 1984, p.87). A
lema inscrito na bandeira nacional republicana.
frase vem em um contexto no qual o autor procura

sublinhar a diferença entre:


Teria sido a República brasileira uma República de

improviso?

Cabem muitas respostas a essa pergunta, que nos

ajuda a pensar as mudanças e as permanências no

cenário político brasileiro do final do século.


O Brasil do litoral

Um império em crise
Sempre pronto a deixar-se levar pelo caudal dos

ideais modernos e a copiar ideias e instituições de O processo de abolição da escravidão reforçou, de

outras nações. distintas formas, o movimento republicano. Muitos

abolicionistas das cidades eram também republicanos.

A maioria dos fazendeiros do Oeste novo paulista

defendia a República por julgar o império retrógrado

e escravista. Por razão oposta, boa parte dos

fazendeiros escravistas da região do Vale do Paraíba

deixou de apoiar a monarquia por considerar que a

abolição prejudicava seus interesses.


O Brasil dos sertões

Cabe ressaltar, nesse contexto, a importância da


Onde vivem os que ele chama de nossos rudes
Guerra do Paraguai (1864-1870):
patrícios.

O papel decisivo de negros e mestiços livres, bem


No calor da hora, Aristides Lobo, em sua famosa
como de libertos, na vitória sobre o Paraguai, abriu
carta à surpresa da Proclamação da República, afirma
uma frente de disputa e negociação social entre os
que, no dia 15 de novembro de 1889, o novo regime

não era senão um esboço rude, incompleto. Queria setores populares da sociedade, especialmente os

com isso lembrar que o movimento militar que escravos, por um lado, e o Estado imperial e a classe

implantou a República não era exatamente fruto da senhorial dominante, por outro.

propaganda republicana e do movimento liderado


(SALLES, 2003, p. 190)
pelo Partido Republicano que ele próprio ajudara a

criar ao assinar o Manifesto de 1870.


A guerra do Paraguai, que terminou em 1870,

mantinha em sua fileira soldados escravizados

negros, trazendo o seguinte dilema ao Estado:


Como reescravizar heróis de guerra? estabelecer um fundo de emancipação e a matrícula

obrigatória de todos os escravizados.

Por outro lado, como perder o apoio da classe


Todavia, ao aprofundar a intervenção do governo do
senhorial, base política da monarquia, não
Estado nas relações entre senhores e escravizados, a
devolvendo aos donos de escravizados a sua
lei desagradou as forças mais conservadoras, como
“propriedade” cedida à guerra?
inúmeros fazendeiros, além de setores comerciais e

financeiros a eles vinculados.


Ainda que de modo lento, a escravidão começava a

perder sua legitimidade, transformando-se em uma


O movimento abolicionista, no parlamento, em
“questão”.
clubes e associações e nos jornais, estava dissociando

a opinião pública do sistema escravista. A resistência


O gabinete conservador do visconde do Rio Branco
da população negra, escravizada ou não, propiciava o
propôs e realizou um conjunto de reformas, das quais
abandono das fazendas pelos cativos, bem como
a mais importante foi a Lei nº 2.040 de 28 de
protegia negros fugidos e aquilombados. Assinada
setembro de 1871, que declarou: “de condição livre
pela princesa Isabel, a Lei Áurea declarava “extinta a
os filhos de mulher escrava que nascerem desde a
escravidão no país” em 13 de maio de 1888.
data desta lei, libertos os escravos da nação e outros,

e providencia sobre o tratamento e criação daqueles

filhos menores e sobre a libertação anual de

escravos”.

A Pátria repele os escravocratas (Revista


Ilustrada, c. 1880-1888).

A distribuição extremamente irregular da população

pelo território era fator constitutivo das diferenças

entre as províncias e regiões do império: a região de

A Lei do Ventre Livre, de 1871, aprovada quando a colonização estrangeira no extremo Sul diferia da

princesa Isabel exercia a regência do império, região do vale amazônico, onde crescia a atividade

estabelecia a condição de livre (“ingênuo”) para os extrativa da borracha (látex), e do Sul da província da

filhos da mulher escravizada e optava pela Bahia, exportadora de cacau e tabaco. O grau de

emancipação gradual e com indenização ao integração nas linhas do comércio internacional


contribuía, em larga escala, para o aprofundamento processos de crítica e de história literária,

das desigualdades regionais, dando destaque à região transformação da intuição do direito e da política,

do café - motor da economia brasileira desde a tudo então se agitou e o brado de alarma partiu da

década de 1830 até um século depois. escola do Recife

As terras roxas do Oeste paulista eram o cenário (SCHWARCZ, 1993, p. 185)

principal da mais importante mudança ocorrida na


Desde os anos 1860, a questão do federalismo era,
sociedade. A substituição das relações de trabalho
por muitos, considerada um dos principais problemas
escravistas pelo trabalho livre, sob a forma do
do país ao colocar em xeque a organização político-
colonato, era acompanhada pela substituição do
administrativa centralizada que fundava a ordem
próprio trabalhador, do negro pelo imigrante de
imperial. Para Tavares Bastos (1839-1875), um dos
origem europeia.
principais defensores do regime federalista, a
Comentário
descentralização não resolveria, meramente, uma

Cabe ressaltar nesse contexto de crise do império a questão administrativa, mas a possibilidade de

força dos princípios cientificistas. As ferrovias e o construir uma base sólida de instituições

telégrafo materializavam o progresso, representando a democráticas.

expressão do poder da técnica e da ciência na


A desconfiança a respeito de um terceiro reinado
efetivação da ocupação do interior.
ampliava-se à medida que os dirigentes imperiais

O sergipano Silvio Romero (1851-1914), considerado revelavam dificuldades para prosseguir ou promover

um dos principais intérpretes do Brasil, no final do as reformas, sendo elas:

século XIX, usou o termo bando de ideias 1. A ampliação dos direitos civis e políticos.

novas para capturar o espírito de mudança. 2. O federalismo.

3. A separação entre a Igreja e o Estado.


O decênio que vai de 1868 a 1878 é o mais notável de
4. A incorporação dos militares do Exército.
quantos no século XIX constituíram a nossa vida
5. A reforma educacional.
espiritual. Quem não viveu nesse tempo não conhece
6. A expansão da infraestrutura.
por ter sentido diretamente em si as mais fundas

comoções da alma nacional. [...] Um bando de ideias


O novo regime era resultado do papel desempenhado
novas esvoaçou sobre nós de todos os pontos do
pelo movimento republicano desde 1870 através
horizonte [...] Positivismo, evolucionismo,
da imprensa e da ação dos propagandistas.
darwinismo, crítica religiosa, naturalismo,

cientificismo na poesia e no romance, folclore, novos


A República da espada: a ordem é condição para o
progresso

Havia diferenças significativas entre os três militares

que compunham o governo provisório: Deodoro da

Fonseca, Benjamin Constant e Eduardo

Wandenkolk.
Pertencia à Marinha, uma força militar elitista que

Vamos ver quais são essas diferenças? não admitia negros em sua oficialidade e nem sempre

concordava com o protagonismo político do Exército.


Deodoro da Fonseca

Também entre os ministros civis e os militares, as

diferenças eram significativas.

Era diverso o projeto de República de liberais como

Rui Barbosa ou Aristides Lobo, que defendiam

Era um militar de velha cepa, herói da guerra do uma república presidencialista, e a separação dos

Paraguai cujas convicções republicanas datavam do três poderes segundo o modelo norte-americano.

dia da proclamação. Para Deodoro, governar era uma Os positivistas, como Demétrio Ribeiro e Benjamin

questão de autoridade e dirigiu o país como aprendeu Constant, aspiravam a uma ditadura ilustrada, tal

a administrar os quartéis. como proposta pelo intelectual francês positivista

Auguste Comte. Também eram diferentes os


Benjamin Constant
interesses defendidos por representantes

dos cafeicultores paulistas, como Campos Salles,

centrados no federalismo como modelo capaz de

garantir a autonomia regional para a produção de

café.

No dia 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada a


Representava uma nova geração militar. Positivista primeira Constituição Republicana do Brasil, uma
convicto, desejava um governo forte, pois entendia vitória para os federalistas. Calcada sobre o modelo
que a arte de governar era uma ciência. norte-americano, instaurava o presidencialismo,

Eduardo Wandenkolk o federalismo e três poderes que deveriam ser

independentes entre si e complementares:

Executivo
Legislativo
Judiciário
Floriano Peixoto governou o Brasil com pulso forte

A Constituição estabelecia também a separação entre entre 23 de novembro de 1891 e 15 de novembro de

a Igreja e o Estado, bem como o voto direto, ainda 1894. Um de seus primeiros atos foi a derrubada dos

que apenas para homens alfabetizados e maiores de governadores de estados nomeados por Deodoro e

21 anos. A aprovação da Constituição, no entanto, sua substituição por outros, que não se opusessem a

não apaziguou as dificuldades do governo provisório seu governo. Mais hábil politicamente que seu

militar em construir uma estabilidade política capaz antecessor, soube buscar o apoio da oligarquia

de compatibilizar interesses regionais e central. paulista, a mais poderosa do país, ao favorecer a

consolidação no plano nacional do Partido


A chamada República da Espada (1889-1894) foi Republicano Paulista (PRP). O poderoso partido
incapaz de promover uma distribuição de poder entre fundado em 1873 abrigava os cafeicultores paulistas.
as elites econômicas que efetivamente construíram o

regime republicano, utilizando o expediente Floriano fez do paulista Rodrigues Alves seu ministro

da violência para garantir autoridade. Mais afeito à da Fazenda e favoreceu a indicação de Bernardino de

rígida disciplina das casernas do que à política, o Campos para a presidência da Câmara dos Deputados

governo de Deodoro foi marcado por medidas que e de Prudente de Morais para a presidência do

revelavam essa inabilidade política, tais como: Senado. Solidamente instalados no Poder Executivo e

no Poder Legislativo, os paulistas passaram a apoiar


1. Decretar a dissolução do Congresso.
Floriano, que, por sua vez, também soube buscar
2. Entrar em choque com oligarquias gaúchas após
apoio de outras oligarquias estaduais, da jovem
depor Júlio de Castilhos, que havia sido eleito para
oficialidade militar e de setores populares do Rio de
governar o Rio Grande do Sul.
Janeiro, ao tomar medidas que impediram o aumento
3. Enfrentar as manifestações de militares descontentes
incontrolável dos aluguéis de moradias e do preço de
no Rio de Janeiro.
alimentos.

Uma revolta foi capitaneada pela Marinha em


Floriano passou a ser conhecido como o marechal de
protesto pelo fechamento do Congresso. Chefiada
ferro após ter enfrentado com sucesso fortes pressões
pelo Almirante Custódio de Mello, a revolta chegou a
políticas e dois movimentos revoltosos de grande
ameaçar bombardear a cidade do Rio de Janeiro.
porte: a Revolta da Armada e a Revolução
Havia também uma greve de ferroviários. Deodoro
Federalista.
não resistiu às pressões de militares e civis e

renunciou à presidência em novembro de 1891

(NEVES, 2003a).
Partido federalista liderado por Gaspar Silveira

Martins, Joca Tavares e Gumercindo Saraiva.

Com o apoio de Floriano Peixoto, Júlio de Castilhos,

de tendências centralistas, assumiu o governo gaúcho


Tropas do Exército na zona portuaria do Rio na
Revolta da Armada. em 1893. Os federalistas, porém, tentaram impedir

sua posse, dando início a uma sangrenta guerra civil


A Revolta da Armada foi um movimento
no Sul do Brasil entre os dois grupos.
revolucionário promovido por unidades da Marinha e

liderado pelos almirantes Wandenkolk, Custódio de No dia 15 de novembro de 1894, tomou posse o

Mello e Saldanha da Gama, que não reconheciam a primeiro presidente civil da República brasileira,

legitimidade do governo Floriano Peixoto e não se Prudente de Morais. Com ele, a hegemonia da

conformavam com a desproporção entre o poder do oligarquia cafeeira paulista, já evidente no Poder

Exército e o pouco reconhecimento político da Legislativo, chegou ao Poder Executivo. Durante esse

Marinha. governo, a República brasileira ainda enfrentou

terrenos movediços tanto no cenário internacional


A revolta teve início em setembro de 1893 nas águas
quanto na política interna.
da Baía de Guanabara e seus chefes deslocaram a

armada revoltada para o Sul do país, onde tentaram No comércio exterior, a desvalorização do café,

unir forças com os revoltosos que participavam da


produto que ocupava mais de 60% da pauta de
Revolução Federalista. O governo de Floriano venceu
exportação brasileira, equivalia a um forte abalo nos
a Revolta da Armada em março de 1894.
alicerces econômicos e políticos da República.

A Revolução Federalista agitou o Rio Grande do


Na política interna, a queda dos preços internacionais
Sul entre 1893 e 1895 e resultou no enfrentamento
do café tornava ainda mais complexas as negociações
entre:
entre as oligarquias regionais, que além de resistirem

Os pica-paus ao protagonismo da oligarquia paulista, mostravam

desconforto com as medidas protecionistas tomadas


Partidários de Júlio de Castilhos reunidos no Partido pelo Executivo em relação aos cafeicultores.
Republicano Rio Grandense.
Além disso, Prudente de Morais foi obrigado a

Os maragatos enfrentar uma guerra civil cujo desenrolar

surpreendeu a todos. Para destruir a aldeia de

Canudos, onde Antônio Conselheiro convocava


milhares de sertanejos pobres para o que Euclides da disputas ocorriam, sobretudo, no campo ideológico

Cunha disse ser uma Tróia de taipa, foram entre três correntes: liberalismo, jacobinismo e

necessárias nada menos que quatro expedições positivismo.

militares.

( ) Pode-se afirmar que os governos do período

conhecido como Primeira República implementaram

medidas sociais de grande alcance, beneficiando a

sociedade brasileira como um todo e visando acabar

com as desigualdades sociais do país.

Sertanejos de Canudos rendidos pela cavalaria


do Exército durante a última expedição ao ( ) O Brasil da chamada Primeira República era um

arraial, em outubro de 1897. país, sobretudo, rural; a agricultura permanecia como

principal atividade econômica.


O governo de Prudente de Morais anunciou novos

tempos republicanos, mas a consolidação da lógica


Assinale a alternativa que contém a sequência correta,
própria da república oligárquica brasileira coube a
de cima para baixo.
outro paulista: Campos Salles.
A
Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1
F-V-V-F

B
O termo Primeira República foi cunhado por

historiadores para identificar o período que vai de


V-V-F-V
1889 a 1930 e que marca a consolidação da ordem
C
republicana no Brasil. Sobre as características desse

período, assinale V (verdadeiro) para as proposições


V-F-F-V
verdadeiras e F (falso) para as falsas, antes de marcar
D
a opção correta.

V-V-F-V
( ) Os dois primeiros governos da recém-inaugurada
E
República brasileira eram militares.

V-V-V-V

( ) Com o novo regime, surgiram divergências tanto


.
no meio militar quanto no civil. No meio civil, as
Questão 2
Apenas I, II e III

A Proclamação da República, em 15 de novembro de D

1889, levou à formação de um governo provisório,


Apenas I e IV
que lançou as bases para uma nova Constituinte e

uma nova Constituição. A nova Constituição E

brasileira foi promulgada em 1891 e implantou


Apenas II e IV
grandes mudanças no Brasil. A respeito dessa
2 Campos Salles e a consolidação da República: a
Constituição, analise as afirmações:
política dos governadores
República do Café com Leite e República Velha

I. Implantou o federalismo no Brasil, um sistema


Vamos nos aprofundar no debate historiográfico do
político que concedia certo grau de autonomia para os
período por meio dos conceitos de República do Café
estados em relação à União.
com Leite e República Velha.

Política dos estados


II. Implantou o sufrágio universal masculino para

todos os homens maiores de 21 anos, alfabetizados e


Vamos abordar, neste módulo, os elementos
que não fossem mendigos ou soldados rasos.
fundamentais que conformam o modelo político

característico da Primeira República brasileira a partir


III. O presidente foi determinado como o chefe do
do governo de Campos Salles. Esses elementos
Executivo, e a escolha do presidente ocorreria a partir
deram forma ao que o então presidente denominou de
de eleições diretas para um mandato de quatro anos.
Política dos estados e os historiadores chamaram

de República Oligárquica.
IV. Consolidou a vitória dos valores positivistas

encarnados na figura dos presidentes militares, que “Outros deram à minha política a denominação de

compunham a chamada República da Espada.


‘Política dos Governadores’. Teriam acertado se

dissessem ‘Política dos Estados’. Esta denominação


Está correto o que se afirma em:
exprimiria melhor o meu pensamento!”
A

(CAMPOS SALLES, 1983, p. 236)


Apenas I, III e IV

B Depois dos conturbados períodos entre os governos

militares e de Prudente de Morais, é no mandato de

Apenas II, III e IV Manuel Ferraz de Campos Salles (15 de novembro de

C 1898 a 15 de novembro de 1902) que a Primeira


República brasileira encontra um modelo de - Construir um pacto político com as oligarquias

funcionamento que permitiu sua relativa estabilidade estaduais que fortalecesse o Poder Executivo.

até o final da década de 1920.


Para realizar a negociação da dívida externa, Campos

O modelo de funcionamento republicano Salles foi à Europa antes mesmo de sua posse para

implementado por Campos Salles propiciou a negociar com os banqueiros ingleses, principais

“rotinização do regime” (LESSA, 2001, p. 44) e credores do governo brasileiro. O acordo conhecido

baseava-se em um acordo tácito a fim de evitar que as como funding loan se traduziu pela obtenção de um

disputas oligárquicas nos estados ou a agitação das novo e vultuoso empréstimo financeiro, pela

ruas da capital federal impedissem a estabilidade suspensão por três anos do pagamento dos juros dessa

republicana. dívida e pelo adiamento do pagamento desse novo

Comentário empréstimo por um prazo de treze anos.

A palavra de origem grega oligarquia significa A folga financeira trazida pelo funding loan permitiu

governo de poucos. No Brasil da Primeira República, que o ministro da Fazenda, Joaquim Murtinho,

esse termo significou, sobretudo, o poder em tomasse medidas para sanear as finanças internas sem

benefício próprio, exercido pelos grandes aumentar os impostos cobrados aos governos dos

proprietários locais, conhecidos como coronéis; pelo estados, o que começava a pavimentar o caminho

arranjo entre esses poderosos locais expresso no para o pacto oligárquico. Para combater a inflação, o

governo dos estados da federação; e pela equação de governo:

forças das oligarquias estaduais na definição do poder 1. Proibiu a emissão de moeda, para
combater a inflação.
nacional. Havia o predomínio de duas oligarquias em 2. Cortou o orçamento e aumentou os
impostos cobrados diretamente à população, para
todo o país: a paulista, cuja base era a riqueza aumentar a receita.
3. Criou novos impostos, como a Lei do Selo,
econômica, e a mineira, cuja força residia em ter o que supunha o pagamento dos carimbos oficiais para
a circulação de mercadorias e valeu ao presidente o
maior eleitorado do país. apelido de Campos Selos.

Campos Salles decidiu fortalecer seu governo com


Foram, no entanto, as medidas tomadas para alcançar
uma ação decidida que tinha em vista três objetivos:
seu objetivo político de construir um pacto não

escrito, mas muito eficiente para garantir os acordos


- Negociar a dívida externa brasileira de modo a
oligárquicos, a docilidade do Poder Legislativo, e o
aliviar o governo da pressão dos credores externos.
fortalecimento do Poder Executivo, que fizeram de

- Sanear a economia interna ameaçada pela inflação. Campos Salles o grande arquiteto da direção política

na Primeira República.
Foi o próprio Campos Salles quem formulou a Que necessitava construir um equilíbrio entre os três

melhor síntese da arquitetura política que, a partir de níveis da vida administrativa e política do país.

seu governo, presidiu a República brasileira, quando


Para isso, era preciso conceder às oligarquias
escreveu em seu livro de memórias políticas o
estaduais a autonomia necessária para que
segredo de sua fórmula para governar:
exercessem seu mando inconteste no interior dos

“Nessa, como em todas as lutas, procurei fortalecer- estados e, assim, pudessem apoiar decididamente o

me com o apoio dos Estados, porque - não cessarei governo federal. Essas oligarquias eram a força

de repeti-lo - é lá que reside a verdadeira força política da República, seu verdadeiro público e, nessa

política [...]. Em que pese os centralistas, o perspectiva, nelas residia a opinião, a direção e o

verdadeiro público que forma a opinião e imprime sentimento nacional.

direção ao sentimento nacional é o que está nos


Além disso, era necessário estabelecer as condições
Estados. É de lá que se governa a República, por cima
de um pacto político de modo que o Poder Executivo
das multidões que tumultuam, agitadas, as ruas da
se fortalecesse, efetivamente, com seu apoio, e não se
Capital Federal.”
subordinasse aos conflitos que opunham diferentes

(CAMPOS SALLES, 1983, p. 127) grupos, famílias e interesses em conflito em cada um

A política dos governadores: dos municípios aos dos estados.


estados

Para compreender o funcionamento da política dos A denominação de República oligárquica,

estados, é preciso identificar as relações estabelecidas


frequentemente atribuída aos primeiros 40 anos da
entre:

República, denuncia um sistema baseado na

Os municípios
dominação de uma minoria e na exclusão de uma

Espaço por excelência do poder pessoal dos coronéis.


maioria do processo de participação política.

Os estados (RESENDE, 2003, p. 91)

Onde se orquestravam os acordos entre as oligarquias


Representante da oligarquia paulista, uma das mais
regionais
poderosas do país, o campineiro Campos Salles sabia

que era no Poder Legislativo que os conflitos entre os


O Poder Executivo federal
interesses e as paixões estaduais se expressavam.
Por isso, encontrou uma fórmula na qual o governo o mecanismo adequado, e Campos Salles fez os

federal pactuava diretamente com as oligarquias ajustes necessários para não a deixar ao sabor das

dominantes nos estados da federação ao garantir sua disputas no interior do Legislativo. Nas raras ocasiões

perpetuação no poder e receber em troca apoio à em que as eleições estaduais escapavam às rédeas da

política do Executivo, bem como resultados de situação, a Comissão simplesmente impedia a

eleições que garantissem deputados e senadores titulação dos eleitos.

dóceis ao comando do presidente da República. Esse


Esse equilíbrio político era complexo e frágil. Ainda
pacto não escrito foi chamado de política dos
que, na prática, negasse os princípios da cidadania
governadores, e a República pautada por essa
republicana, foi eficiente até que uma das unidades da
política foi denominada de República oligárquica.
federação, o Rio Grande do Sul, rompesse o pacto

O governo federal dispunha de instrumentos que lhe não escrito entre o governo federal e as oligarquias

assegurassem a direção do pacto não escrito. Vamos estaduais, aliando-se a outros setores da sociedade

ver a seguir esses dois instrumentos: brasileira descontentes com os rumos políticos da

Garantia de verbas para as oligarquias Primeira República e tomando o poder pela força na

chamada Revolução de 1930.

O primeiro desses instrumentos era a garantia das


Coronelismo: a base municipal do acordo
verbas necessárias para a manutenção do prestígio

das oligarquias que dominassem o poder estadual. No O livro Coronelismo, enxada e voto, do sociólogo

caso dos estados economicamente mais poderosos, a Victor Nunes Leal, é uma síntese da vida política

política financeira adotada garantia essas verbas ao brasileira na Primeira República. Publicado pela

não retirar deles sua principal fonte de renda, que primeira vez em 1949, a obra tornou-se um clássico e

vinha dos impostos de exportação, e ao não criar nela seu autor esquadrinha a prática política nos

novos impostos estaduais. Nos estados mais pobres, municípios e o significado do poder pessoal dos

que não podiam contar com receitas significativas dos coronéis.

impostos sobre a exportação, a concessão de verbas

federais a conta-gotas funcionou perfeitamente como

elemento de cooptação.

Impedimento da titulação dos eleitos

O segundo instrumento era acionado em casos de


Coronel Marcolino Diniz e seus homens de
necessidade. A comissão de verificação de poderes,
confiança, Paraíba.
encarregada de corroborar os resultados eleitorais, era
(LEAL, 1976, p. 37)
Para manter o poder que detinham no mundo rural, os

coronéis usavam a força em muitas circunstâncias,


Coronéis eram os poderosos locais, assim chamados
tanto para mostrar seu poderio a outros coronéis
porque muitos deles tinham a patente de coronel da
quanto, sobretudo, para exercer a dominação sobre os
Guarda Nacional, instituição fundada no império,
trabalhadores rurais, em relação aos quais não só
mas que perdurou na República até 1918. A patente
usavam de sua autoridade e poder no cotidiano, mas
de oficial da guarda nacional confirmava o poder
também se utilizavam da violência quando isso lhes
local ao conferir a chancela do Estado ao mando
parecia adequado.
pessoal que exerciam.

No entanto, a força e a violência não eram


As melhorias que os coronéis faziam ou conseguiam
suficientes. Era preciso que os coronéis
que o governo fizesse no município eram de seu
construíssem prestígio no município. Esse prestígio
interesse, pois confirmavam aos olhos de todos o seu
era posto em evidência pelos sinais de riqueza e
poder pessoal e a sua influência. Para tanto, usavam
poder que ostentavam, pelas benesses que distribuíam
uma moeda de troca poderosa: os votos que
como favores pessoais, pelas melhorias que obtinham
controlavam em seus currais eleitorais, ou seja,
para o município através de suas relações com o
o voto de cabresto.
governo estadual ou federal e pelos investimentos que

faziam com suas próprias fortunas, pois lidavam com

o que era público como algo que privadamente lhes

pertencesse.

“É ao seu interesse e à sua insistência que se devem

os principais melhoramentos dos lugares. A escola, a

estrada, o correio, o telégrafo, a ferrovia, a igreja, o


Ilustração do voto de cabresto.
posto de saúde, o hospital, o clube, o football, a linha

de tiro, a luz elétrica, a rede de esgotos, a água Você sabe o que é voto de cabresto?

encanada, tudo exige o seu esforço [...] É com essas Voto de cabresto

realizações de utilidade pública, algumas das quais

dependem só do seu empenho e prestígio político, Voto de cabresto é o nome dado ao abuso do poder

enquanto outras podem requerer contribuições 3 local que levava ao controle dos coronéis sobre os

pessoais suas e dos amigos, é com elas que, em eleitores para que votassem nos candidatos por eles

grande parte, o chefe municipal constrói ou conserva apoiados. O controle do eleitorado se fazia pela troca

sua posição de liderança.” do voto por algum favor, pela compra do voto ou pelo

uso da violência e da coerção. Violentas


(ANDRADA, 1982, p. 47)
estruturalmente, as eleições aumentavam ainda mais

o grau de truculência em função das rivalidades entre


Na perspectiva de Victor Nunes Leal, no entanto, era
coronéis de facções opostas.
certo que os coronéis continuassem a exercer o poder

local tal como o haviam feito no império. O


Na Primeira República, as eleições eram um ritual
coronelismo era um elemento do sistema político
vazio, distante da prática democrática e do exercício
próprio de um momento específico da República, e
da cidadania pelo voto. A fraude eleitoral era a
isso ocorria por três razões:
norma e supunha desde o roubo de urnas até o
1. As práticas coronelísticas do século XIX
desaparecimento das cédulas depositadas por
ocorriam em um contexto em que o poder local era
eleitores da oposição, passando pelo voto dos autônomo e, para afirmar-se localmente, não era
necessário negociar com poderes regionais ou com o
fósforos, nome dado a pessoas já mortas, mas que poder central: no império, a malha municipal corria
solta na trama da administração e da política.
continuavam a figurar nas listas eleitorais. 2. O coronelismo era próprio de uma
sociedade eminentemente agrária, em que o
eleitorado estava concentrado nas áreas rurais.
Além disso, o voto não era secreto e o eleitor devia Logo, se pensarmos nos dias de hoje, embora as
práticas coronelísticas subsistam depois da Primeira
declará-lo à mesa eleitoral. A condição de República, não é possível utilizar o conceito de
coronelismo tal como proposto por Leal depois que
alfabetizado, imposta pela Constituição para ser o país se industrializou e a população se tornou
eminentemente urbana.
eleitor, era atestada através da mera capacidade de 3. O coronelismo da Primeira República
evidenciava não a força, mas, sim, o
assinar toscamente o nome. enfraquecimento do poder local no sistema político
nacional, uma vez que, ainda que controlassem os
votos nos municípios, os coronéis necessitavam e
buscavam o apoio do poder público dos governos
Para os eleitores pobres, a sobrevivência era a grande
estaduais e do governo federal para manter seu
poder privado.
questão que se impunha, e o voto dado a algum

poderoso local poderia trazer em troca um emprego, a Embora o coronelismo, a enxada e o voto

proteção da família, a escola para os filhos. costurassem pela base a arquitetura política da

Primeira República, não é possível afirmar que era do


Na perspectiva dos coronéis, eram eles que
município que se governava o país.
comandavam a política republicana, assim como
A política dos estados e a estabilidade da ordem
atestou o depoimento de José Bonifácio Lafayette de oligárquica

Andrada, político mineiro que se reconhecia como


Nos municípios, os grupos chefiados pelos coronéis
coronel por exercer o poder político municipal:
locais disputavam o poder, faziam e desfaziam
“A base é o chefe local, o coronel, que manda seus
alianças, estabeleciam e rompiam acordos. Nos
eleitores votarem contra ou a favor de determinado
estados, os conflitos e arranjos oligárquicos
candidato. Isso é a base. O coronel é o homem que
reproduziam essa mesma lógica e incidiam sobre a
comanda a política nacional, porque é ele quem elege
vida municipal. No governo federal, o Poder
os homens que a fazem. Sem ele ninguém é eleito.”
permitiam confirmar seu prestígio e seu poder
Legislativo espelhava as disputas oligárquicas
pessoal no município.
estaduais e regionais na Câmara dos Deputados

federal e no Senado e as alimentavam. O terreno


A estabilidade da ordem oligárquica assim obtida era
sempre movediço das alianças e dos ódios entre as
o resultado desse jogo de interesses mútuos que
oligarquias paralisava o Poder Executivo e
criava condições para o acordo não formal entre o
inviabilizava a estabilidade da política nacional.
governo federal e as oligarquias estaduais, cuja

correlação de forças se expressava no governo de


Os partidos políticos não existiam ou simplesmente
cada estado da federação. As condições para que o
expressavam disputas entre oligarquias. Os cargos
presidente da República efetivamente exercesse sua
políticos eram vistos como uma propriedade a mais
autoridade e governasse o país dependiam de seu
das famílias poderosas. Algumas dessas famílias
entendimento com os chefes das oligarquias
influentes eram: os Accioly, no Ceará; os Sousa
estaduais, já que a composição do Poder Legislativo
Campos, no Sergipe; os Calmon, os Vianna e
expressava a direção que essas oligarquias exerciam
os Seabra na Bahia; os Vieira, os Cunha Martins e
em seus estados.
os Araújo, no Maranhão; os Rosa e Silva em

Pernambuco; os Albuquerque Maranhão, no Rio

Grande do Norte.

Para construir a estabilidade política e a possibilidade

de governar, Campos Salles estabeleceu

uma pauta para a República que foi mantida por seus

sucessores. Segundo essa pauta política:

1. O Poder Executivo federal não interferia na política


Compromisso Constitucional de 1891.
estadual e apoiava uma dada oligarquia no controle
do poder estadual para receber em troca o suporte
Uma alteração no Regimento Interno da Câmara e a
político daquele estado e o apoio das bancadas
fraude sistemática nas eleições transformaram a
estaduais no Legislativo para seu governo.
2. Da mesma maneira, a oligarquia no poder em situação anterior que fazia do Legislativo a principal
determinado estado não intervinha na política arena das disputas oligárquicas estaduais: com a
municipal e recebia em troca os votos que elegiam
garantia de não intervenção do governo federal, as
seus correligionários para o Legislativo estadual e
para a Câmara federal e o Senado. oligarquias dominantes se estabilizaram no poder

3. Os coronéis que manipulavam os votos nos estadual e puderam comandar as eleições para o
municípios, por sua vez, recebiam em troca cargos
Legislativo federal, cuja composição passou a ser
políticos e verbas estaduais e federais que lhes
(BARBOSA, 1975, p. 14)
expressão da força dessas oligarquias em seus

estados.
Vamos refletir um pouco sobre fraude com a

pergunta a seguir.
Para que o presidente da República governasse, era
O que você tem a discutir sobre a fraude e a
fundamental seu entendimento direto com os chefes corrupção na história do Brasil?

estaduais e, por consequência, a submissão do


Não lhe daremos uma resposta certa, mas um
Legislativo federal ao Executivo. A esse
estímulo a continuar sua pesquisa, notando as
entendimento chamou-se política dos governadores.
características estruturais e simbólicas de nossa

sociedade.
No reverso da estabilidade republicana, estabelecida

através da política dos governadores, a triste Estabilidade? Vamos a um exemplo: Contestado

combinação entre fraude eleitoral e poder oligárquico


Na região chamada de Contestado, ocorreu, entre
indicava seu lado obscuro, que Rui Barbosa assim
1912 e 1916, um movimento rural de cunho
resumiu:
messiânico.

“Apreciando a eleição de 31 de dezembro nesta Saiba mais

capital, disse o nosso colega da Tribuna que o


Importante destacar que essa área era denominada
resultado trazido a lume pelos jornais ‘não exprime
Contestado devido ao fato de ser disputada por
senão o que a fraude mais desbragada e indecente,
Paraná e Santa Catarina.
como 10 jamais se praticou, resolveu que fosse a

expressão do voto popular’. [...] O crime de todos nós


Um movimento de caráter messiânico se estrutura a
está principalmente em não determinarmos confessar
partir de uma liderança de caráter místico,
de uma vez a verdade inteira. Ela não produzirá os
sustentando a ideia de redenção após um dado
seus efeitos salutares, enquanto nós não deliberarmos,
período de sofrimento. Para o movimento ter esse
afinal, a fazer cada qual a sua penitência do nosso
caráter, é preciso que mantenha a noção de
quinhão de co-responsabilidade na peste das
sacralidade e providência divina, a partir da qual se
instituições, reconhecendo sem rodeios que elas
ampara, durante e depois do período de provações,
mentem despejadamente ao país, isto é que, sob o
aqueles que nele estiverem engajados.
nome de república e democracia, o que a nossa pátria

está a suportar, com tanta resignação quanto náusea, é Em Contestado, o conflito ocorreu tanto por se tratar

o absolutismo de uma oligarquia quase tão opressiva de uma zona rica em erva-mate como por ter

em cada um dos seus feudos quanto a dos mandarins importantes recursos florestais. Além disso, havia os

e a dos paxás.” confrontos de terras nos quais os posseiros eram


expulsos por pretensos proprietários, além do As autoridades civis não aceitavam o fato de ele

coronelismo presente naquela região. Os grandes auxiliar rebeldes federalistas feridos. O segundo

proprietários locais buscavam manter expressivas monge João Maria permaneceria na região até 1908,

quantidades de agregados às suas fazendas. quando não mais foi visto.

Em um clima de insegurança social, emergiu uma Contudo, sua pregação foi suficiente para que os

figura que ganhou imensa projeção local: o monge. A camponeses locais lhe dessem um imenso crédito.

figura do monge estava associada não só à reza, mas


Em agosto de 1912, realizou-se uma festa no arraial
também à cura com ervas, benzimentos e fórmulas.
de Taquaruçu, comandada por Praxedes Gomes
Cabe ressaltar que, nessa região, os médicos eram
Damasceno, um pequeno comerciante e proprietário
escassos e havia um olhar pejorativo em relação à
de terras. No desafio dos cantadores, venceu o que
medicina, como se ela fosse invasiva e nem sempre
afirmava ser a monarquia Lei de Deus e o
eficaz.
ajuntamento para a festa não se dispersou. Francisco

Ferreira de Albuquerque, chefe político do município

de Curitibanos, cidade onde se localizava o arraial,

temia que a reunião fosse um movimento liderado por

seu opositor, o coronel Henriquinho de Almeida.

Desse modo, exigiu a presença do monge José Maria

em Curitibanos, mas este argumentou que a distância

era rigorosamente a mesma e, portanto, ele aguardava

o prefeito em Taquaruçu. O coronel Albuquerque


João Maria de Jesus.
considerou a recusa um ato de insubordinação e

Entre os diversos monges da região, se comunicou-se com o governador do estado, Vidal

destacava João Maria. Ramos, informando sobre a criação de uma

“monarquia” em Taquaruçu, na qual o “rei” José


Recomendando águas santas, remédios caseiros e a
Maria teria formado seu ministério com festeiros
penitência, João Maria foi expulso do Rio Grande do
locais.
Sul pelo presidente da província em 1849.

Rapidamente, a polícia aproximou-se do ajuntamento,


Contudo, sua fama de caridoso e curandeiro
mas José Maria e seus seguidores marcharam para os
continuaria por todo o Sul do país.
campos do Irani, na época sob jurisdição do Paraná.

A polícia paranaense foi informada por José Maria,


mas, na imprensa do estado, difundiu-se que a marcha Nos anos 1930, a experiência do Contestado seria

de “fanáticos” era uma ação do governo catarinense demonizada como comunista no discurso dos padres

para forçar o cumprimento da sentença do Supremo da região.

Tribunal Federal que lhe garantia a maior parte da Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
área contestada.

A reação foi uma ação policial comandada pelo Leia atentamente o texto a seguir:

coronel João Gualberto, que prometia trazer os

“fanáticos” amarrados até Curitiba. “Completamente analfabeto, ou quase, sem

assistência médica, não lendo jornais, nem

revistas, nas quais se limita a ver as figuras, o

trabalhador rural, a não ser em casos

esporádicos, tem o patrão na conta de benfeitor.

No plano político, ele luta com o “coronel” e

pelo “coronel”. Aí estão os votos de cabresto,

que resultam, em grande parte, da nossa

organização econômica rural.” (Adaptado de:

Tropas de infantaria na linha de frente na LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. São


Guerra do Contestado.
Paulo: Alfa-Ômega, 1976)

Domingos Soares, chefe político de Palmas,


O coronelismo, fenômeno político da Primeira
município onde se localizavam os campos do Irani,
República (1889-1930), tinha como uma de suas
tentou uma mediação, para que houvesse a dispersão
principais características o controle do voto, o
do grupo, e José Maria lhe pediu três dias de prazo
que limitava, portanto, o exercício da cidadania.
para que todos pudessem voltar às suas casas.
Nesse período, essa prática estava vinculada a
Contudo, a polícia atacou antes do prazo, morrendo
uma estrutura social
os dois líderes: João Gualberto e José Maria.
A
No início de 1916, pressionados pela fome e sem

condições de manter a resistência, muitos rebeldes igualitária, com um nível satisfatório de

renderam-se. Adeodato, último chefe, foi preso distribuição da renda.

alguns meses mais tarde e condenado a trinta anos de B


prisão. Morreria, segundo a versão oficial, em uma

tentativa de fuga.
estagnada, com uma relativa harmonia entre as governar com a adesão popular.

classes. B

C
atrair o apoio das oligarquias regionais.

tradicional, com a manutenção da escravidão check_circle


nos engenhos como forma produtiva típica. C

D
conferir maior autonomia às prefeituras.

ditatorial, perturbada por um constante clima de D


opressão mantido pelo Exército e polícia.
democratizar o poder do governo central.
E
E
agrária, marcada pela concentração da terra e do

poder político local e regional. ampliar a influência da capital no cenário

nacional.
Questão 2
3 O Rio de Janeiro, cidade capital: a vitrine do
progresso republicano
O problema central a ser resolvido pelo Novo
Entre muitas cidades e a criação da cidade-
Regime era a organização de outro pacto de símbolo
poder que pudesse substituir o arranjo imperial

com grau suficiente de estabilidade. O próprio O sucessor de Campos Salles na presidência da

presidente Campos Salles resumiu claramente República, Rodrigues Alves, governou o país de 1902

seu objetivo: “É de lá, dos estados, que se a 1906 e tinha como um de seus projetos principais a

governa a República, por cima das multidões reforma da capital federal.

que tumultuam agitadas nas ruas da capital da


A intenção do governo de Rodrigues Alves era
União. A política dos estados é a política
modernizar a cidade, já que a mesma ainda tinha ares
nacional” (Adaptado de: CARVALHO, J. M. Os
coloniais, ruazinhas estreitas e tortuosas, ambulantes
bestializados: o Rio de Janeiro e a República
e graves problemas de saneamento que assustavam os
que não foi. São Paulo: Companhia das Letras,
moradores, os visitantes vindos de outros estados e os
1987).
viajantes estrangeiros.

Nessa citação, o presidente do Brasil no período

expressa uma estratégia política no sentido de

A
catraias e barquinhos para desembarcarem na praça

Quinze de novembro

Pessoas caminhando pela rua do Ouvidor,


centro do Rio de Janeiro, maio de 1942.

Praça Mauá.
Para realizar essa transformação, Rodrigues Alves Terceira frente

não poupou verbas conseguidas através de novos


A criação da soberba linha reta da avenida Central.
empréstimos feitos junto a banqueiros internacionais

nem mediu esforços. A fim de ordenar e embelezar a

cidade, as obras iniciadas por Pereira Passos, o

Haussmann tropical (BENCHIMOL, 1990), e

comandadas pelos engenheiros tinham três frentes:

Primeira frente
Avenida central.

A urbanização da avenida Beira Mar, para embelezar


Limpar, sanear, e civilizar a capital da República
a enseada de Botafogo, cartão postal da cidade

Enquanto os engenheiros derrubavam e construíam

prédios monumentais planejados por

arquitetos, Oswaldo Cruz empreendia uma cruzada

para sanear a cidade. Cientista com estudos em

microbiologia e soroterapia feitos em Paris, o médico


Avenida Beira Mar.
comandava as ações saneadoras voltadas para

Segunda frente moradias insalubres, ruas cheias de ratos

transmissores de peste bubônica e hábitos pouco


A construção do novo cais do porto na praça Mauá, saudáveis da população.
para permitir que navios de grande calado atracassem
Comentário
na cidade, evitando o velho cais no qual antes

atracavam ao largo, obrigando passageiros e O Rio de Janeiro foi tomado por um exército da

mercadorias a utilizarem um precário serviço de saúde pública, que o povo logo chamou de mata-

mosquitos, pois entravam nas casas com seus


Exemplo
instrumentos de combate aos insetos transmissores de

doenças como a febre amarela. Na compreensão da historiadora Margarida de Souza

Neves (2003b), isso ocorreu porque uma cidade-


Para controlar a varíola que assolava a cidade
capital não o é apenas por sediar o governo, ou por
(CHALHOUB, 1996), o governo encaminhou um
ser a mais populosa ou por concentrar as principais
projeto de lei que tornava obrigatória a vacina
atividades econômicas e culturais do país. Uma
antivariólica. Os agentes da saúde pública, que antes
cidade-capital é uma representação do país para
devassavam as casas para combater mosquitos e
ele mesmo e para o mundo. Por esse motivo, deve
ratos, passaram a devassar também os corpos dos
ser a síntese dos projetos e da identidade que se quer
moradores da cidade para vacinar, mesmo contra a
para esse país.
vontade, toda a população.

Ainda que a ordem tivesse seus alicerces nas práticas

políticas do passado, era importante que a República

construísse, no Rio de Janeiro, um cenário de

progresso que apagasse a memória colonial e

anunciasse um projeto de futuro que já fosse uma

realidade no presente, mesmo se pouco mudasse na

A revolta da vacina (publicada na revista O cidade e no país. Para o discurso oficial, os dois
Malho, em 1904).
quilômetros da avenida Central eram a imagem do

Rio de Janeiro, e a cidade-capital, por sua vez, era a


A população se via descontente com as reformas, e
imagem do Brasil.
também sem compreender as medidas saneadoras

impostas pelo governo e as posturas municipais


Na virada do século XIX para o XX, a Europa viveu
supostamente civilizadoras que proibiam, por
um período de grande otimismo chamado de Belle
exemplo, a circulação na avenida sem sapatos, paletó
Époque, expressão francesa que significa Bela Época.
e gravata. Por conta disso, se insurgiu o movimento
Eram tempos de paz no continente europeu. Havia
conhecido como Revolta da Vacina.
grande entusiasmo com o progresso e com as novas
O papel simbólico do Rio de Janeiro e o Brasil invenções da ciência e da técnica, tais como
da Belle Époque
o telefone, o cinema, o avião e o telégrafo. Houve

O que explicava o empenho, os gastos astronômicos e também grandes transformações nos hábitos

o desgaste político para reformar e sanear a cidade do cotidianos, crescimento da indústria e novidades no

Rio de Janeiro, se Rodrigues Alves sabia que era com campo das artes e da cultura.

a influência dos demais estados que se governava?


Sarau, de Columbano Pinheiro (1880)

Santos Dumont - 14 Bis.


O café das fazendas paulistas continuava a ser o

primeiro produto da pauta de exportação. A borracha


No Brasil, a Belle Époque foi, sobretudo, uma moda
ocupou um lugar significativo em nossas exportações
vivida pelos elegantes que copiavam formas e modos
apenas por um curto período, até que em 1910 a
de vida da burguesia francesa sem que o país tivesse
produção dos seringais amazônicos passou por uma
de fato uma burguesia industrial. Nicolau Sevcenko
crise de difícil e penosa extração. A economia
(2003, p. 35) alude a uma inserção compulsória do
brasileira continuava sem um mercado consumidor
Brasil na Belle Époque.
interno solidamente constituído e sem atividades

industriais consolidadas.

A economia do país era sustentada pela exportação de

produtos agrícolas não essenciais para as atividades

industriais dos países europeus e para os Estados

Exemplo de construção na Belle Époque: Unidos, que os importavam ou suplantavam por


Palácio Monroe.
novos mercados produtores, tais como: cacau,

borracha, algodão, açúcar, tabaco, erva mate, couro e


O lugar periférico do Brasil no cenário internacional

fez com que o país, sempre atento ao que se passava e pele.

ao que se pensava nas capitais europeias, copiasse


Esses produtos, somados ao café que imperava
modismos da Belle Époque. Contudo, os tempos não
absoluto na pauta de exportações brasileiras,
eram efetivamente belos para os brasileiros, a não ser
representaram de 1870 até a Primeira Grande Guerra
para uma minoria de privilegiados que, por certo,
de 1914 mais de 90% do que exportava o país. Sua
passavam longas temporadas em Londres, em Paris
fragilidade se faria patente quando a guerra trouxe
ou em Viena.
cortes significativos das exportações e queda nas

importações de produtos industrializados.


O fim da política dos governadores nos anos 1920
Na sociedade, poucos foram os que puderam gozar

dos luxos e dos prazeres da Belle Époque. No interior Segundo Ferreira e Pinto (2003):
dos estados da federação, os trabalhadores

continuavam a viver em condições precárias, “Na década de 1920, a sociedade brasileira viveu um

submetidos ao poder pessoal dos coronéis e período de grande efervescência e profundas


dependentes de sua vontade soberana.
transformações. Mergulhado numa crise cujos

sintomas se manifestam nos mais variados planos, o


Nas cidades, os pobres continuaram a trabalhar nas

fábricas nascentes, no comércio e no setor de serviços país experimentou uma fase de transição cujas

em troca de salários baixos, sem nenhuma conquista rupturas mais drásticas se concretizaram a partir de

no campo da legislação trabalhista e em condições de 1930.”


vida e de trabalho aviltantes.
(FERREIRA; PINTO 2003, p. 389)

No plano político, os problemas do “federalismo

desigual”, que confundia os interesses nacionais com

os de Minas Gerais e de São Paulo e subordinava os

demais estados da federação ao comando político das

oligarquias paulista e mineira, começavam a aparecer.

“Assim, bem pesada, a Política dos Governadores não

se resumia a transferir as disputas oligárquicas que se


Retirantes de Candido Portinari (1944)
concentravam no Congresso para o âmbito dos

As reformas urbanas construíram uma fachada estados; ela se caracterizou também por criar uma

moderna nas cidades, buscaram controlar e hierarquia entre eles - as oligarquias de primeira

disciplinar as multidões urbanas quer pela imposição


grandeza decidiam sobre a chefia do Executivo
de uma ética positiva do trabalho, quer pela ação das
Federal e as demais apoiavam a decisão, em nome da
forças de segurança e ordem. Mas mesmo na capital
garantia de sua permanência à frente dos governos de
federal as melhorias dividiam a cidade entre os
seus respectivos estados.”
bairros elegantes, beneficiados pelas obras de

saneamento e urbanização, e os subúrbios, cujos


(CARVALHO, 2001, p. 98)
bairros pobres eram quase sempre abandonados pelo

poder público.
Nem sempre, no entanto, as oligarquias de segunda Em 3 de novembro de 1930, Getúlio Vargas,

grandeza, em especial as do Rio de Janeiro, Bahia, derrotado nas eleições, foi empossado no cargo de

Rio Grande do Sul e Pernambuco, se conformavam presidente da República pelas forças revolucionárias

com seu lugar subordinado. Foi o que sucedeu que se haviam levantado contra o arbítrio oligárquico

quando esses estados, no movimento conhecido e em nome dos novos tempos. O poder foi tomado

como Reação Republicana, se congregaram em com a pretensão de construir um país moderno e de

torno das eleições presidenciais realizadas em março responder às novas demandas sociais postas em cena

de 1922, com as candidaturas de: ao longo dos anos 1920.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

O governo de Rodrigues Alves (1902-1906) foi

responsável pelos processos de modernização e

urbanização da então capital federal, o Rio de Janeiro.


Nilo Peçanha
Coube ao prefeito Pereira Passos a urbanização da

Candidato de Minas Gerais. cidade e ao doutor Oswaldo Cruz o seu saneamento,

visando combater principalmente a febre amarela, a

peste bubônica e a varíola. Essa política de

urbanização e saneamento público, apesar de

necessária e modernizante, encontrou forte oposição

junto à população pobre da cidade e à opinião pública

Artur Bernardes porque

A
Candidato de São Paulo.

mudava o perfil da cidade e acabava com os altos


Artur Bernardes foi eleito, como era previsível, mas a
índices de mortalidade infantil entre a população
crise estava anunciada e retornaria, irreversivelmente,
pobre.
na campanha à sucessão de Washington Luís em
B
1930, quando os resultados eleitorais que deram a

vitória a Júlio Prestes não foram reconhecidos e a


transformava o centro da cidade em área
revolução estourou no Rio Grande do Sul, em Minas
exclusivamente comercial e financeira e acabava com
Gerais e no Nordeste.
os infectos quiosques.

C
desabrigava milhares de famílias, em virtude da época do império e impulsionar a cultura francesa.

desapropriação de suas residências, e obrigava a

vacinação antivariólica. II. A cidade expressava as contradições de um

D processo de transformações urbanas, sociais e

políticas nas primeiras décadas da República.

provocava o surgimento de novos bairros que

receberiam, desde o início, energia elétrica e III. A modernização representou um processo de

saneamento básico. exclusão social e cultural, patrocinado pelo governo

E francês, que financiava obras públicas e impunha os

produtos franceses à população brasileira.


implantava uma política habitacional e de saúde para

as novas áreas de expansão urbana, em harmonia com IV. Os costumes franceses eram elementos
o programa de ampliação dos transportes coletivos. incorporados pela sociedade carioca como sinônimo

Questão 2 da modernização republicana.

(UNICAMP, 2016) “O Rio civiliza-se!” eis a


Está correto o que se afirma em:
exclamação que irrompe de todos os peitos cariocas.
A
Temos a avenida Central, a Avenida Beira Mar (os

nossos Campos Elíseos), estátuas em toda a parte,


Apenas I, II e III
cafés e confeitarias (…), um assassinato por dia, um
B
escândalo por semana, cartomantes, médiuns,

automóveis, autobus, autores dramáticos, Apenas I, III e IV

grandmonde, demi-monde, enfim todos os apetrechos


C
das grandes capitais. (“O Chat Noir”, em Fon-Fon!

Nº 41, 1907. Extraído de Apenas I, II e IV

www.objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/f D
onfon/fonfon1907)

Apenas II e IV

A partir do excerto, que se refere ao período da Belle E

Époque no Brasil, no início do século XX, analise as

afirmações: Apenas I e II

I. O Rio de Janeiro procurava apagar aspectos da


Considerações finais

Sertão, campo e cidade na política brasileira

representaram uma estrutura que hoje nos ajuda a

entender o funcionamento da República fundada no

início do século XX. Ao longo de nosso estudo,

passamos pela relação existente entre o sertão, o

campo e a cidade associados aos fenômenos políticos

da Primeira República. Assim, pudemos conhecer a

política dos governadores, o coronelismo e os novos

ideais de urbanidade no Brasil.

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