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EMEF: _______________________________________________________________________

ALUNO(A): ___________________________________________________ TURMA: ________


EF08HI16 - Identificar, comparar e analisar a diversidade política, social e regional nas rebeliões e nos movimentos contestatórios ao poder
centralizado, durante o período regencial do Brasil.

Introdução
O governo do D. Pedro I não transcorreu de forma pacífica. Ao proclamar a independência do Brasil em relação
à Portugal, o primeiro imperador do país tupiniquim, logo se viu em meio a uma grande crise política e
econômica, sobretudo, pelo fato dele não estar confortável com as diversas perspectivas liberais que se
impunham sobre o seu curto reinado. Além disso, disputas entre brasileiros e portugueses que viviam no Brasil
também acabaram por acirrar essas disputas.

Com a morte de D. João VI, em 1826, D. Pedro abdicou do seu trono em Portugal em favor de sua filha Maria
da Glória, porém o reino lusitano ficou sob a regência do seu tio D. Miguel até que ela completasse a
maioridade. No entanto, o regente tentou dar um golpe e assumir para si a coroa portuguesa. Com tudo isso, em
1831, D. Pedro acabou abrindo mão também do seu trono no Brasil em nome do seu filho D. Pedro II, e indo
para Portugal lutar em favor de sua filha.

Ocorre que D. Pedro II também era menor de idade (apenas 5 anos) e, portanto, não poderia assumir o trono.
Logo, o Brasil passou pelo seu chamado “Período Regencial", no qual foi governado por regentes em nome de
D. Pedro II que só assumiria o trono em 1840.

Para o desenvolvimento dessas atividades, serão utilizados os textos das páginas 153 a 168 do livro
didático História Sociedade e Cidadania, 8º ano do autor Alfredo Boulos Júnior.

Mapa de síntese dos principais eventos do 1º


Reinado, período no qual o Brasil foi
governado por D. Pedro I.

Disponível em:
https://infinittusexatas.com.br/historia-do-brasil-primeiro
-reinado-resumos-e-mapas-mentais/

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O período regencial foi marcado por grande instabilidade política, sobretudo por conta das disputas políticas
entre liberais exaltados (que desejavam maior autonomia política para as províncias, que hoje chamamos de
estados), os moderados (que defendiam a centralização política com um governo forte a partir da capital) e os
restauradores (que defendiam o retorno de D. Pedro I ao poder).

Para conciliar essas diferentes visões políticas, foram feitas diversas tentativas. Com a
saída de D. Pedro I, veio, de imediato, a Regência Trina Provisória, onde três pessoas
(Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, José Joaquim Carneiro de Campos e Francisco de
Lima e Silva) lideraram o país enquanto faziam a transição de governo que,
posteriormente, adotou uma nova regência trina, agora liderada por Francisco Lima e
Silva, João Bráulio Muniz e José da Costa Carvalho. Esse governo se mostrou centralista,
ou seja, intervinha nas políticas das províncias sem que as elites locais pudessem
participar dessas decisões, fato que os desagradava.

Mais tarde, Diogo Feijó, através de articulações políticas, promoveu o chamado Ato
Institucional de 1834, no qual garantiu algumas das reivindicações liberais das províncias, tais
como a criação das suas próprias assembleias legislativas. Além disso, a regência do Brasil passou a ser
desempenhada por apenas uma pessoa, o que beneficiou a figura de Diogo Feijó que governou o país entre
1835 e 1837, no que compreendeu o avanço liberal. Contudo, isso não necessariamente serviu para inibir as
revoltas que explodiram em todo o território brasileiro desde 1831.

Leia com atenção e responda ao que se pede.

“Quando se sabe que muitas das antigas queixas das províncias se voltavam contra a centralização monárquica,
pode parecer estranho o surgimento de tantas revoltas nesse período (após 1834). Afinal de contas, a Regência
procurou dar alguma autonomia às Assembléias Provinciais e organizar a distribuição de rendas entre o
governo central e as províncias Ocorre porém que, agindo nesse sentido, os regentes acabaram incentivando as
disputas entre elites regionais pelo controle das províncias cuja importância crescia. Além disso, o governo
perdera a aura de legitimidade que, bem ou mal, tivera enquanto um imperador esteve no trono. Algumas
indicações equivocadas para presidente de províncias fizeram o resto.”
FAUSTO, Boris, História do Brasil. EDUSP, 2006. p.165.

A partir das suas leituras, responda:


A) Como a flexibilização política acabou favorecendo as revoltas durante o período regencial, após 1834?
B) Por que o governo brasileiro teria perdido sua legitimidade, como afirmou o historiador Boris Fausto?

As disputas políticas que ocorriam na capital refletiam diretamente nas províncias. Dessa maneira, as elites
locais, dotadas dos seus próprios interesses, amparavam-se nas reivindicações populares de uma gente
miserável que lutava por meios de subsistência.

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Refletindo

Como podemos explicar a intensa participação popular nas disputas políticas que envolviam as elites locais de
revoltas como a Cabanagem (1835-1840) e a Balaiada (1838 a 1841)?

A fotografia, ao lado, é de uma cena comum no estado do


Maranhão, onde a população mais carente vive em
palafitas (casas sustentadas por estacas fixadas em rios).

● O que há de semelhante entre essa cena e as


condições das populações presentes nas revoltas da
Cabanagem e da Balaiada?

● Que ações deveriam ser tomadas para extinguir a extrema pobreza?

Leia com atenção.


Sobre a Revolução Farroupilha, responda:
A) Quais eram os principais grupos sociais que
sustentaram a maior revolta do período regencial?

B) Quais eram as principais reivindicações do


movimento farroupilha?

C) É possível afirmarmos que todos os


movimentos de revolta tiveram as mesmas causas?
Justifique.

FAUSTO, Boris, História do Brasil. EDUSP, 2006. p.165

Traição e oportunismo
Um traço interessante da Revolução Farroupilha foi a forma como negros e escravizados foram empregados nos
combates contra as tropas do governo pelo exército farroupilha. Para essas pessoas foi prometida a tão sonhada
liberdade, em troca de que combatessem o governo central. Noutras palavras, os negros que combatiam na
Revolução do sul não lutavam pelos ideais dos revoltosos, mas sim pela esperança de liberdade.

Leia o trecho da reportagem da BBC Brasil, publicada em dezembro de


2020.

Há 176 anos, na madrugada de 14 de novembro de 1844, um esquadrão de lanceiros negros


acampado no Cerro dos Porongos foi surpreendido e arrasado pelas tropas imperais. Pouco

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mais de cem homens negros foram assassinados. Os que não escaparam para quilombos ou para o Uruguai
acabaram enviados à corte, no Rio de Janeiro, onde seguiram escravizados até a Lei Áurea, 43 anos depois.
À época, reconhecendo a iminente derrota, os rebeldes (farroupilhas) tentavam negociar uma anistia com o
império. O governo de Dom Pedro II prometeu pensar na proposta. Entre as condições para o indulto, constava
a devolução dos escravos capturados.

O problema é que a exigência não agradaria muitos dos chefes rebeldes, envergonhados com a renúncia, e
tampouco os negros a quem os farroupilhas tinham prometido liberdade. Para resolver o impasse, Canabarro
(um dos generais farroupilha) teria feito um conchavo com os imperiais. "Ele escreveu ao Barão de Caxias,
tramando a data e o local para um ataque ao acampamento dos negros.”
PUJOL, Leonardo. Massacre dos Porongos: a história da chacina dos soldados negros no Rio Grande do Sul. BBC Brasil. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-55236674. Visitado em: 27/09/2021.

Refletindo.

Com base nos seus conhecimentos históricos, sobretudo relacionados ao movimento iluminista e a as
consequências para a América da Revolução Francesa, explique por que foi preferível promover um massacre
de negros ao invés de libertá-los.

Finalizando

A maioria das revoltas que eclodiram durante o período regencial tiveram como base a luta das populações
excluídas econômica e politicamente. Ribeirinhos, negros livres e escravizados, mestiços enxergaram nas lutas
uma forma de se fazerem ouvidos e reivindicar a dignidade que lhes era negada. Em associação a isso, as
disputas políticas dos grupos dominantes que rivalizavam quanto ao seu projeto de nação acabaram se
misturando à onda revoltosa, noutras palavras, um meio para um fim.

Sabemos, no entanto, que as revoltas populares foram duramente reprimidas e seus líderes presos ou mortos,
embora a Farroupilha, liderada por senhores de terras e estancieiros conseguiram negociar com o governo
central, mais do que pelo seu poderio militar, sua posição na proteção dos territórios brasileiros contra invasões
de países vizinhos no sul foi um grande incentivo à pacificação dos conflitos.

As revoltas do período regencial não foram as únicas em que o povo se ergueu para reivindicar direitos dentro
de um projeto nacional, ainda que, em muitos casos, propusessem a formação de um novo país separado do
Brasil. No período colonial, no Primeiro Reinado, na regência, no Segundo Reinado ou mesmo na República, o
povo lutou para se fazer ouvido e atendido e ainda o faz.

A beleza da democracia está na livre participação popular exprimindo suas vontades, seja na forma do voto, ou
mesmo dos protestos. Os direitos são resultado do esforço coletivo e, portanto, lutar para garantia de uma vida
melhor é também uma obrigação de todos aqueles que desejam uma sociedade integrada e equitativa.

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