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1ª OLIMPÍADA WRJ DE HISTÓRIA

Categoria B - 8º e 9º ano
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*Obrigatório

E-mail *

murilo.balestra08@gmail.com

Nome: *

Murilo Balestra

Série e turma: *

8° Ano A

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo à 1ª Olimpíada WRJ de História! Só de estar


aqui, você já faz parte de nossa história também!

Esta etapa da Olimpíada estará disponível das 14:20 do dia 20/03 às 17:00 do dia
22/03.

Antes de continuar, leia atentamente as instruções abaixo. Boa prova!

INSTRUÇÕES

1. São de preenchimento OBRIGATÓRIO todos os campos deste formulário. Se você


não preencher todos os seus dados e responder todas as questões, não será
possível enviá-lo.

2. Existem questões no modelo WRJ, nas quais apenas uma alternativa está
claramente correta; existem também questões no modelo ONHB (Olimpíada
Nacional de História do Brasil) nas quais mais de uma ou até mesmo todas as
alternativas estão corretas, mas uma delas é a mais pertinente.

3. Apenas 1 (UMA) alternativa deve ser assinalada em cada questão.

4. Para critério de desempate na 2ª fase (Art. 34º), estão assinaladas as questões


específicas sobre África e Brasil Africano.

5. Ao finalizar sua prova, clique em ENVIAR. Certifique-se de que as respostas são


as que você deseja marcar. Uma vez enviadas, as respostas não podem ser
alteradas.

QUESTÃO 01 - (Modelo WRJ) *

Os fragmentos, e a imagem a seguir, se referem ao Período Regencial (1831-


1840).

Texto I

O sete de abril de 1831, mais do que o Sete de Setembro de 1822, representou a


verdadeira independência nacional, o início do governo do país por si mesmo, a
Coroa agora representada apenas pela figura quase simbólica de uma criança de
cinco anos. O governo do país por si mesmo [...] revelou-se difícil e conturbado.
Rebeliões e revoltas pipocaram por todo o país, algumas lideradas por grupos de
elite, outras pela população tanto urbana como rural, outras ainda por escravos.

CARVALHO, J. Murilo et al. Documentação política, 1808-1840. Brasiliana da


Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional/Nova
Fronteira, 2011, s/p.

Texto II

A fatalidade das revoluções é que sem os exaltados não é possível fazê-las e


com eles é impossível governar. Cada revolução subentende uma luta posterior e
aliança de um dos aliados, quase sempre os exaltados, com os vencidos. A
irritação dos exaltados [trouxe] a agitação federalista extrema, o perigo
separatista, que durante a Regência [ameaçou] o país de norte a sul, a
anarquização das províncias. [...] Durante este prazo, que é o da madureza de
uma geração, se o governo do país tivesse funcionado de modo satisfatório –
bastava não produzir abalos insuportáveis –, a desnecessidade do elemento
dinástico teria ficado amplamente demonstrada.

NABUCO, Joaquim. Um Estadista do Império: Nabuco de Araújo, sua vida, suas


opiniões, sua época. 2ed. São Paulo: Editora Nacional, Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1936, p.21.

NADADE ..NEMNo
NEXERNA TRABALHO/
GRANDE ESCRAVO,
ROPRIEDADE!

Disponível em:
https://www.historiadobrasil.net/brasil_monarquia/partidos_brasil_
regencial.htm. Acesso em: 24 fev. 2023

No início do período regencial, o cenário político do país era


dominado por grupos políticos principais que disputavam entre si o
poder. A esse respeito, sabe-se que

a) os liberais moderados desejavam a volta de D. Pedro I ao trono, os


restauradores não desejavam que a ordem estabelecida fosse alterada,
prevalecendo a monarquia, e os liberais exaltados que defendiam a
realização de medidas profundas no sentido de garantir a maior
autonomia para as províncias e alguns mais radicais propunham a
República.

b) os liberais exaltados desejavam a volta de D. Pedro I ao trono, os


liberais moderados não desejavam que a ordem estabelecida fosse
alterada, prevalecendo a monarquia, e os restauradores que defendiam
a realização de medidas profundas no sentido de garantir a maior
autonomia para as províncias e alguns mais radicais propunham a
República.

c) os restauradores ou caramurus desejavam a volta de D. João VI ao


trono, os liberais moderados não desejavam que a ordem estabelecida
fosse alterada, prevalecendo a República, e os liberais exaltados que
defendiam a realização de medidas profundas no sentido de garantir a
maior autonomia para as províncias e alguns mais radicais propunham o
retorno da monarquia.

d) os restauradores ou caramurus desejavam a volta de D. Pedro I ao


trono, os liberais exaltados não desejavam que a ordem estabelecida
fosse alterada, prevalecendo a monarquia, e os liberais moderados que
defendiam a realização de medidas profundas no sentido de garantir a
maior autonomia para as províncias para isso defendiam a proclamação
imediata da República.

e) os restauradores ou caramurus desejavam a volta de D. Pedro I ao


trono, os liberais moderados não desejavam que a ordem estabelecida
fosse alterada, prevalecendo a monarquia, e os liberais exaltados, que
defendiam a realização de medidas profundas no sentido de garantir a
maior autonomia para as províncias e alguns mais radicais, propunham
a República.

QUESTÃO 02 (Modelo WRJ) *

TEXTO 1

O imperador D. Pedro II era um mito antes de ser realidade. Responsável desde


pequeno, pacato e educado, suas imagens constroem um príncipe diferente de
seu pai, D. Pedro I. Não se esperava do futuro monarca que tivesse os mesmos
arroubos do pai, nem a imagem de aventureiro, da qual D. Pedro I não pôde se
desvincular. A expectativa de um imperador capaz de garantir segurança e
estabilidade ao país era muito grande. Na imagem de um monarca maduro,
buscava-se unificar um país muito grande e disperso.

(Adaptado de Lilia Moritz Schwarcz. As barbas do imperador: D. Pedro II, um


monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 64, 70, 91)

TEXTO 2

[...] Em 1837 tinham-se definido os partidos que dominariam a política imperial, o


Conservador e o Liberal. No poder, os conservadores enviaram ao Congresso
projetos de lei que restringiam as conquistas liberais da Regência. Receosos de
serem excluídos permanentemente do poder, os liberais promoveram em 1840
um golpe de Estado para antecipar a maioridade do imperador que, legalmente,
só se verificaria em dezembro de 1843. Apoiados por manifestações de rua,
conseguiram a anuência de dom Pedro, então com 14 anos de idade. Tinha início
o Reinado de Pedro II. [...].

Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-


republica/PEDRO%20II,%20Dom.pdf. Acesso em: 24 fev. 2023

O Segundo Reinado no Brasil se iniciou oficialmente quando Dom Pedro II foi


coroado, em 1841, no chamado Golpe da Maioridade. O jovem imperador tinha
uma missão, conciliar os interesses de liberais e conservadores. Entre os
diversos fatos que marcaram o Segundo Reinado, sabe-se que

a) durante o Segundo Reinado o Estado brasileiro se preocupou com o


investimento em infraestrutura e com o processo de industrialização do
país, e com isso conseguiu acompanhar o mesmo ritmo econômico das
potências europeias.

b) foi D. Pedro II quem tornou o Estado brasileiro laico, minimizando a


influência política que a Igreja Católica exerceu durante o Primeiro
Reinado, com isso tornou como legítimas outras crenças religiosas, além
de ter permitido o livre culto das religiões de origem africana.

c) apesar de marcado pelas disputas entre o Partido Liberal e o Partido


Restaurador, foi bastante comum a conciliação entre ambos, uma vez
que não possuíam diferenças ideológicas profundas.

d) diferente das monarquias europeias, nas quais o poder era exercido


pelo Parlamento, no caso brasileiro, durante todo o Segundo Reinado, o
poder esteve centralizado nas mãos de D. Pedro II, que se valeu das
prerrogativas do Poder Moderador para governar.

e) politicamente houve um acentuado avanço dos grupos populares


como negros libertos, trabalhadores urbanos e pequenos proprietários
agrícolas no processo político nacional, e foi durante esse período que
começaram a ocorrer eleições livres no país.

QUESTÃO 03 (Modelo ONHB) *

Cada uma das particularidades físicas e morais, que distinguem as diversas


raças, oferece a este respeito um motor especial; e tanto maior será sua
influência para o desenvolvimento comum, quanto maior for a energia, número e
dignidade da sociedade de cada uma dessas raças. Disso necessariamente se
segue que o Português, que, como descobridor, conquistador e senhor,
poderosamente influiu naquele desenvolvimento; o Português, que deu as
condições e garantias morais e físicas para um reino independente; que o
Português se apresenta como o mais poderoso e essencial motor. Mas também
de certo seria um grande erro [...] se se desprezassem as forças dos indígenas e
dos negros importados, forças estas que igualmente concorreram para o
desenvolvimento físico, moral e civil da totalidade da população. Tanto os
indígenas, como os negros, reagiram sobre a raça predominante [...]. Jamais nos
será permitido duvidar que a vontade da Providência predestinou ao Brasil esta
mescla. O sangue português, em um poderoso rio deverá absorver pequenos
confluentes das raças índia [indígena] e etiópica [africana].

MARTIUS, Karl Friedrich von. “Como se deve escrever a História do Brasil” (1845),
Revista de Historia de América, No. 42 (Dec., 1956), p. 442-443.

O texto acima foi o vencedor de um concurso realizado pelo IHGB (Instituto


Histórico e Geográfico Brasileiro) em 1838 e trata do modo de se escrever a
história do Brasil. Observando seus argumentos,

a) percebe-se a paridade das raças na produção da nação;

b) vê-se como a hierarquia racial e cultural é o elemento que estrutura


a sua narrativa histórica;

c) conclui-se que as três raças formadoras do Brasil estão em paridade


de recursos até o presente;

d) entende-se que a metáfora dos rios é a mais adequada para


expressar o antirracismo evidente do autor;

e) percebe-se a influência de autores brasileiros defensores do mito das


três raças e da democracia racial no Brasil.

QUESTÃO 04 (Modelo ONHB) *

Max Leclerc, viajante francês que percorria o Brasil por ocasião da proclamação
da República, deixou suas impressões num livro que se chamou Cartas do Brasil.
“A revolução está terminada e ninguém parece discuti-la; mas aconteceu que os
que fizeram a revolução não tinham de modo algum a intenção de fazê-la e há
atualmente na América um presidente da República à força. Deodoro desejava
apenas derrubar um ministério hostil. Era contra Ouro Preto e não contra a
Monarquia. A Monarquia caíra. Colheram-na sem esforço como um fruto
maduro.” Falara-se em cumplicidade dos fazendeiros, mas a seu ver a verdadeira
cumplicidade era a do silêncio e da força de inércia. “O edifício imperial, mal
construído, edificado para outros tempos e outros destinos, já não bastava às
necessidades dos novos tempos. Incapaz de resistir à pressão das idéias, das
coisas e dos homens novos já se tornara caduco e tinha seus alicerces
abalados.” Que forças eram essas, quais os grupos novos que exigiam uma
mudança de regime, Max Leclerc não diz, limitando-se a invocar as razões
conhecidas para explicar o movimento de 15 de novembro. Atribui a queda da
Monarquia ao fato de o poder estar concentrado nas mãos do imperador que
envelhecera perdendo o controle da situação, alude à má disposição existente
em relação às perspectivas de um terceiro reinado, refere-se, enfim, a causas
meramente circunstanciais.

COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república. Momentos decisivos. São


Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1999, p. 396.

O texto acima se refere ao evento da proclamação da República no Brasil em


1889. Considerando o modo como a população brasileira reagiu, em sua
generalidade, a tal acontecimento, o texto

a) indica a inércia das forças capitalistas do Império;

b) delineia os planos arquitetados pelos militares para a Proclamação da


República;

c) atesta a diferença entre as motivações e os resultados da ação


política dos republicanos em 1889;

d) apresenta a ação de Deodoro da Fonseca e dos jacobinos como


positiva para a nação brasileira;

e) indica a precariedade dos instrumentos analíticos que insistem em


glorificar a fuga da família real.

QUESTÃO 05 (Modelo WRJ) *

Texto I
A Constituição de 24 de fevereiro de 1891 veio consolidar a instauração do
Regime Republicano, sendo esse caracterizado pela forma federativa. Ao mesmo
tempo, essa nova forma de governo rompe com as estruturas vigentes e
concretiza algumas permanências, mostrando assim uma dicotomia entre o
discurso e prática. A primeira Constituição republicana mantinha nuances
advindas do Império. Sua principal “inovação” foi a forma de governo federalista,
marcada por duas frentes, a unionista, perpetuadora da política centralizadora
imperial, e a federalista, almejando certa autonomia estatal, seguindo os moldes
da constituição estadunidense. Diferentemente da obra idealizadora, a
Constituição da República foi caracterizada pela centralização, sem vetar o poder
estatal. Os Estados tinham o direito de possuir uma constituição própria, mas o
poder máximo era da nacional. A centralização referente à Constituição Federal
devia regulamentar amplamente as atividades nacionais, concedendo aos
Estados o direito de legislar sobre aspectos específicos, sendo a Constituição
Estadual subsidiária à nacional. A política que permitiu certa autonomia regional
vai favorecer a entrada de novos atores sociais no cenário político: as oligarquias
cafeeiras mineira e paulista. Essas novas figuras políticas não são produtos
exclusivos da mudança na prática política – são visivelmente caracterizadas por
uma mudança na economia e na sociedade [...].

Disponível em: https://periodicos.furg.br/biblos/article/view/1313/597. Acesso


em: 24 fev. 2023

À esquerda: Charge mostra chegada de 1891 e da Constituição (imagem:


Biblioteca Nacional Digital)

À direita: As províncias do Império, que se transformaram nos estados da


República (imagem: Biblioteca do Senado) Fonte: Agência Senado

A partir da leitura do texto e das imagens, depreende-se que a Constituição


de 1891

a) garantiu a vigência da democracia no país, pois ao contrário da


Constituição de 1824 a nova carta constitucional instituiu o federalismo
e viabilizou a influência das oligarquias regionais.

b) inaugurou uma nova experiência política, pois ao instituir a


descentralização por meio da proposta federativa, garantiu a
supremacia das classes dominantes, com ênfase na manutenção dos
privilégios da aristocracia.

c) demarcou uma nova fase política para o país, extinguiu estruturas


típicas do período do Império, além disso, o modelo federativo
inaugurou a atuação das oligarquias regionais, lhes garantido autonomia
política.

d) a novidade da nova carta constitucional foi o modelo federativo que


garantiu a consolidação de uma experiência efetivamente democrática,
em virtude da total autonomia concedida aos Estados garantida pela
constituição.

e) promoveu uma ruptura no que diz respeito as estruturas de poder


vigentes na Constituição anterior, ao mesmo tempo institucionalizou o
modelo federativo, garantindo autonomia aos Estados, o que permitiu a
manutenção das oligarquias regionais no poder por um longo período da
história republicana.

QUESTÃO 06 (Modelo ONHB) *

Ao fundo, por trás do balcão, estava sentada uma mulher, cujo rosto amarelo e
bexiguento não se destacava logo, à primeira vista; mas logo que se destacava
era um espetáculo curioso. Não podia ter sido feia; ao contrário, via-se que fora
bonita, e não pouco bonita; mas a doença e uma velhice precoce, destruíam-lhe a
flor das graças. As bexigas tinham sido terríveis; os sinais, grandes e muitos,
faziam saliências e encarnas, declives e aclives, e davam uma sensação de lixa
grossa, enormemente grossa. Eram os olhos a melhor parte do vulto, e aliás
tinham uma expressão singular e repugnante, que mudou, entretanto, logo que eu
comecei a falar [...] Crê-lo-eis, pósteros? essa mulher era Marcela.

[...]

Virgília... seria Virgília aquela moça? Fitei-a muito, e a sensação foi tão penosa,
que recuei um passo e desviei a vista. Tornei a olhá-la. As bexigas tinham-lhe
comido o rosto; a pele, ainda na véspera tão fina, rosada e pura, aparecia-me
agora amarela, estigmada pelo mesmo flagelo, que devastara o rosto da
espanhola. Os olhos, que eram travessos, fizeram-se murchos; tinha o lábio triste
e a atitude cansada. Olhei-a bem; peguei-lhe na mão, e chamei-a brandamente a
mim. Não me enganava; eram as bexigas. Creio que fiz um gesto de repulsa.

ASSIS, Machado. Memórias póstumas de Brás Cubas. Disponível em:


http://machado.mec.gov.br/images/stories/pdf/romance/marm05.pdf

Site 1

Sobre as epidemias no Brasil: https://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/dossie-


historia-saude-com-a-variola-nasce-a-saude-publica/

O trecho acima, do famoso livro de Machado de Assis, publicado em 1881, trata


de uma doença bastante conhecida no Brasil, a varíola (também chamada de
“bexiga”). A partir do contexto histórico em que foi escrito, verifica-se

a) a difusão de uma doença que desafiava a saúde pública no Império;

b) as impressões do narrador diante de uma doença inédita no Rio de


Janeiro;

c) no texto e no site, a presença das doenças no imaginário dos


cariocas, graças à ficção literária;

d) o tom impressionista do relato, misturando descrição médica e apuro


intelectual para traduzi-la em termos ficcionais;

e) o despreparo das pessoas no Brasil para reagir de modo adequado às


demandas sanitárias e ao exercício da saúde pública.

QUESTÃO 07 (Modelo WRJ) *

À esquerda: D. Pedro II é coroado por indígena (1869). Apud.


SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do Imperador. D. Pedro II – Um
monarca nos trópicos. São Paulo: Cia. das Letras, 1998, p. 191.

À direita: D. Pedro II com vestes indígenas (1882). Disponível em:


https://osprimeirosbrasileiros.mn.ufrj.br/pt/mundo-colonial/o-
indianismo-e-o-imperio-do-brasil/i/cG9zdDo0NTM=

As imagens acima são do Segundo Reinado (1840-1889). Observando-


as, conclui-se que:

a) D. Pedro governava sem convicção por se trajar sem o devido


respeito;

b) os indígenas representavam a nacionalidade autêntica e


constitucional do Imperador;

c) o Império nada mais era do que um sistema de governo em que o


indigenismo foi essencial;

d) os motivos gregos e romanos sobrepunham-se sempre ao caráter


tropical das vestimentas indígenas;

e) o indigenismo romântico brasileiro era utilizado como alegoria ou


satirizado em suas relações com a política.

QUESTÃO 08 (Modelo ONHB) - África e Brasil Africano *

O negro [escravizado] não podia se defender materialmente contra um regime


onde todos os direitos pertenciam aos brancos; refugiou-se, pois, no conforto
dado pela religião [...] Na África, as divindades eram cultuadas em benefício de
toda a comunidade, comunidade de criadores ou de camponeses; pedia-se-lhes a
fecundidade dos rebanhos, das mulheres e das colheitas. As grandes festas da
Nigéria e do Daomé são ainda festas agrárias. No Brasil, como pedir aos deuses
a fertilidade das mulheres se elas põem no mundo apenas pequenos escravos?
[Como pedir a abundância das colheitas] se as colheitas abundantes se
traduziriam finalmente num acréscimo de trabalho, de fadiga e de miséria? [...] É
assim que ocorre uma primeira seleção dos deuses; as divindades protetoras da
agricultura são postas à parte, acabando por serem completamente esquecidas
no século XX. Em compensação, a figura de Xangô, por exemplo, o deus da
justiça [foi valorizada e muito cultuada] para lutar contra a desordem de uma
sociedade de exploração racial. Em suma, a cultura africana deixou de ser a
cultura comunitária de uma sociedade, para se tornar a cultura exclusiva de uma
classe social, de um único grupo da sociedade brasileira, a de um grupo
explorado economicamente e subordinado socialmente.

BASTIDE, Roger. “Os novos quadros sociais das religiões afro-brasileiras”, In:
BASTIDE, Roger. As religiões africanas no Brasil. Contribuição a uma sociologia
das interpenetrações de civilizações. São Paulo: Pioneira, 1989, p. 85-112.
Adaptado.

O texto acima, do sociólogo e antropólogo francês Roger Bastide, reforça as


transformações históricas sofridas pelas religiosidades de matriz-africana no
Brasil. Tendo em vista os argumentos do texto e o contexto da escravidão, o
autor defende a tese

a) de que a religião é inseparável das forças econômicas;

b) segundo a qual a escravidão impôs restrições no culto e condicionou


escolhas religiosas;

c) de que o mundo religioso afro-brasileiro é o resultado de misturas de


elementos étnicos distintos;

d) da miscigenação cultural afro-americana a partir do culto dos orixás


da costa da Nigéria e do Golfo do Benin;

e) do determinismo geográfico e social no campo das produções


culturais e religiosas, cuja lógica interna o texto apresenta.

QUESTÃO 09 (Modelo ONHB) - África e Brasil Africano *

Trabalho e escravidão

O trabalho escravo foi uma das marcas da colonização portuguesa na América.


Uma das razões apontadas pelos historiadores para explicar tal fato está ligada à
maneira como foi montada a estrutura produtiva colonial. Para produzir gêneros
tropicais em larga escala, era fundamental que houvesse terras e um fluxo
contínuo de mão de obra. Como as terras eram abundantes, as famílias
portuguesas que porventura se deslocassem para a colônia teriam amplas
condições de ocupá-las para garantir sua sobrevivência. Em função disso,
certamente não estariam dispostas – e nem poderiam ser obrigadas – a
trabalhar nas grandes fazendas de açúcar ou de qualquer outro gênero tropical. A
solução encontrada foi a utilização do trabalho escravo indígena. Durante o
primeiro século da colonização portuguesa, a escravidão indígena foi adotada
em diversas regiões da colônia, tanto nas mais dinâmicas (como Pernambuco e
Bahia), quanto nas menos ativas (como São Vicente). Em meados do século XVI,
a escravidão indígena nas grandes áreas produtoras de gêneros tropicais foi
sendo substituída pela africana.

A historiografia recente tem levantado argumentos de natureza demográfica para


explicar a substituição da escravidão indígena pela africana. Em linhas gerais,
afirma-se que um ciclo de epidemias de doenças como a gripe, a varíola e o
sarampo, ocorrido na segunda metade do século XVI, foi responsável pela morte
de milhares de indígenas em diversas regiões litorâneas da colônia. Diante da
“falta de braços” para a lavoura daí decorrente, os produtores coloniais voltaram-
se para a utilização em larga escala da mão de obra escrava africana. Para tanto,
contaram com um organizado “comércio de homens” da África para o resto do
mundo, levado a cabo por traficantes portugueses e de outras nacionalidades
europeias. Devido à crescente demanda de braços na América Portuguesa e em
outras áreas coloniais, o tráfico negreiro iria se tornar um dos mais importantes
negócios nas relações entre a metrópole portuguesa e sua colônia americana.

A utilização da escravidão e de outras formas de trabalho compulsório na


América Portuguesa também tem sido explicada pelo caráter fortemente
hierárquico da sociedade portuguesa da época. A escravidão era vista como algo
natural pelos colonizadores.

Texto extraído do livro História em curso: o Brasil e suas relações com o mundo
ocidental de Américo Freire, Marly Silva da Motta e Dora Rocha (São Paulo:
Editora do Brasil; Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2004 – Coleção
Aprender). Adaptado.

Gravura de um mercado de escravos, séc. XVIII

O uso do trabalho escravo de africanos na América Colonial representou para


setores das colônias e das metrópoles

a) o aumento do lucro na produção agrícola e a concentração de capital


por meio dos ganhos com o tráfico negreiro, especialmente após a
transição da exploração do trabalho indígena para o africano.

b) o aumento considerável dos lucros com o tráfico negreiro face ao


controle absoluto da circulação de mercadorias, de acordo com as
regras do exclusivo colonial.

c) uma maior especialização da mão de obra, e acumulação de lucros


como consequência da exploração do trabalho escravo.

d) a substituição da mão de obra indígena e a semelhança com as


relações de trabalho então existentes na Europa, e consideradas
naturais.

e) a consolidação da exploração dos territórios, haja vista que o uso do


trabalho escravo seria a força motriz tão necessária à produção de
mercadorias.

QUESTÃO 10 (Modelo ONHB) - África e Brasil Africano *

TEXTO 1

“A escravidão não deve ser definida como um status, mas sim como um processo
de transformação de status que pode prolongar-se uma vida inteira e inclusive
estender-se para as gerações seguintes. O escravo começa como um
estrangeiro [outsider] social e passa por um processo para se tornar um
membro. Um indivíduo, despido de sua identidade social prévia, é colocado à
margem de um novo grupo social que lhe dá uma nova identidade social. A
estraneidade, então, é sociológica e não étnica.”

Cf. Miller, Joseph C. "O Atlântico escravista: açúcar, escravos e engenhos".

Afro-Ásia, nos 19-20, 1997.

TEXTO 2

O historiador francês Pierre Gaxotte escreveu, na revista Revue de Paris:

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