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A Penetração Militar do
Imperialismo Ianque no Brasil
Jacob Gorender
Julho de 1950
Se bem que, sob todos os pontos de vista, já seja o nosso país um apêndice
dos Estados Unidos, em dois aspectos, principalmente, se_ faz sentir o
encadeamento do Brasil à atividade belicista do imperialismo ianque: na absorção
sistemática e cada vez mais completa do aparelho militar brasileiro pelo comando
norte-americano e no escandaloso roubo de nossas riquezas minerais para
alimentar as usinas armamentistas dos Estados Unidos. Vejamos em que consiste
o aspecto diretamente militar, aquele que se refere à penetração de uma
potência estrangeira no próprio cerne das nossas forças armadas. É evidente que
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nada pode ser mais significativo do que isso para caracterizar a alienação da
soberania nacional, o grau de colonização do país pela potência imperialista mais
interessada na deflagração de uma nova guerra mundial. É evidente também que
aí está a mais decisiva comprovação dos preparativos guerreiros no Brasil.
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A entrada do Brasil na guerra, ao lado das Nações Unidas, não se fará sem a
oposição do núcleo de fascistas mais ativos das forças armadas. Os próprios
ianques irão encontrar, a princípio, a resistência desse núcleo de fascistas que,
até o último instante, tudo fez para sabotar o esforço de guerra e impedir o envio
da Força Expedicionária Brasileira, o que conseguiu durante todo o ano de 1943.
Mas assim que a sorte da guerra se define claramente a favor das Nações Unidas,
não encontraram mais os ianques nenhuma dificuldade para tomar a seu serviço
os simpatizantes declarados e os ativos colaboradores do nazi-fascismo. Com o
apoio dessa gente puderam os ianques aprofundar a infiltração dentro das forças
armadas, contando, para isso, ainda, com as condições excepcionalmente
favoráveis da guerra.
nazi-fascismo, não viam, ao mesmo tempo, que, à sombra dessa luta comum, o
imperialismo ianque não perdia tempo nem media esforço para atingir os seus
próprios objetivos. Neste sentido, afirmou Prestes em maio de 1949:
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presente em qualquer luta ao lado dos Estados Unidos, porque a nossa política
com esse país é de vital importância para a nossa segurança militar, política e
econômica" (o grifo é nosso — J. G.). O general César Obino, chefe do Estado
Maior Geral das Forças Armadas em 1947 ainda parecia resistir ao engodo da
"defesa do hemisfério" e lançava a pergunta: defesa contra quem? Eis, porém, o
que afirmou o mesmo general, na solenidade de abertura das aulas da Escola
Superior de Guerra (Ver "Correio da Manhã" de 16 de março de 1950):
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ASSIM pensam, por conseguinte, alguns dos homens mais responsáveis pela
defesa nacional. É, por isso, com sua conivência que se processa a absorção cada
vez maior do comando das nossas forças armadas pelos agentes militares do
imperialismo ianque.
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A PENETRAÇÃO cada vez mais profunda e extensa dos seus agentes no seio
das forças armadas brasileiras dá ao imperialismo ianque os elementos de que
necessita para acelerar internamente a fascistização do país e, por outro lado,
mobilizar os seus recursos humanos, os seus solda dos, para a cruzada anti-
soviética anunciada com alarde tão histérico. Mas o imperialismo ianque não se
satisfaz com isso. Precisa das nossas bases estratégicas e não confia que os seus
agentes de origem nacional possam, por si sós, manter a "ordem" interna, a
"ordem" da exploração feudal-burguesa aliada à voracidade do capital financeiro
norte-americano. O imperialismo ianque precisa ocupar o nosso solo e já o está
fazendo a partir das principais bases do norte e do nordeste.
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Isso não impede, porem, que seja notória hoje a ocupação das bases de Val-
de-Cãs, Fortaleza, Parnamirim, Recife e Salvador por numerosos aviões militares
ianques, inclusive fortalezas-voadoras, (em outubro de 1949, por exemplo, eram
assinalados no nordeste os repetidos vôos das fortalezas-voadoras de n.º
483.443 e 485.681, respectivamente sob o comando dos capitães-aviadores
Odon e Conkey). Esses aparelhos trafegam sem quaisquer restrições e colhem,
com inteira liberdade, as informações estratégicas de que necessitam.
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automóvel do industrial Baby Costa, que inadvertidamente quis passar pela zona
já considerada de jurisdição norte-americana. O escândalo inominável obrigou a
Assembléia Legislativa de Pernambuco a pedir explicações ao governo do Estado
e este informou que a ocupação norte-americana da Estação do Pina se fizera
com o seu conhecimento e por determinação das autoridades superiores
responsáveis pela "segurança nacional". Atualmente, a nenhum brasileiro é
permitido transitar próximo à Estação do Pina e das redondezas está sendo
brutalmente afastada a população pobre. Recife já é hoje uma cidade ocupada.
Recentemente desembarcaram ali mil e quinhentos soldados ianques, que, por
enquanto, andam á paisana pela cidade, afim de evitar maiores atritos com a
população.
Não satisfeitos com a reocupação cada vez mais completa das antigas bases,
estão os ianques providenciando a construção de outras novas, sob sua direta
orientação, que se faz sempre com o pretexto de "ajuda técnica.
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Não admira, por isso, que, dentro do plano geral de preparação belicista, já
tenha o Conselho de Segurança Nacional baixado oficialmente instruções para o
caso de guerra, prevendo castigos severos contra os que se opuserem à
"mobilização total", inclusive a pena de morte.
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que, afinal, estourou nas mãos dos seus próprios autores, graças à fulminante
denúncia do camarada Prestes, em janeiro deste ano. Nem depois de tão
espetacular desmascaramento, recuaram o general Americano Freire — ou
"Norte-americano" Freire — e os tenebrosos cérebros do seu serviço secreto da
representação de uma ridícula farsa anti-comunista no Recife, com um jeep
fugindo dentro da noite, mas deixando cair, providencialmente, nada menos do
que o plano... da "insurreição vermelha"!
Mas o plano Saville previu para o Exército, não só uma função policial dentro
do país, como o envio de grandes unidades para as frentes de batalha no
exterior. Os agentes do imperialismo ianque não escondem que, na próxima
guerra, exigirão muito mais do que os 25 mil pracinhas da Força Expedicionária
Brasileira. É nesta previsão que nos cursos do Estado Maior do Exército são
realizados exercícios que tomam como tema o desembarque em Dakar e
operações de guerra na África e na Europa contra a URSS. Evidentemente, não
se trata de mera especulação teórica... A questão é colocada de modo prático e
concreto pelos ianques que, agora, em face das necessidades surgidas com a sua
agressão militar ao povo coreano, impuseram ao governo de traição nacional de
Dutra o envio de vinte mil soldados brasileiros para a guerra contra a brava
nação asiática. Apesar das declarações despistadoras dos altos chefes do
Exército, a mobilização dos vinte mil soldados está em andamento, em meio dos
protestos cada vez mais veementes do povo brasileiro, em particular da sua
juventude, que não quer ser sacrificada em holocausto aos Estados Unidos.
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É fora de dúvida que todos esses inquéritos têm um único objetivo: conhecer
com antecipação a quantidade e a qualidade do material humano que o
imperialismo ianque poderá extrair do Brasil para sacrificai em holocausto à
"civilização" cristã e ocidental, ao "modo de vida americano", ao princípio da
«livre empresa" e à intocável santidade dos lucros de Wall Street.
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Notas de rodapé:
(1) O general Zenóbio da Costa chegou a querer imitar a discriminação racial ianque na
organização da FEB. Durante certo tempo, as fichas dos soldados de cor, no Serviço de Saúde,
eram colocadas em separado, na previsão talvez da sua exclusão, ou da formação de unidades de
negros e mulatos à parte dos brancos "puros". Também do mesmo general Zenóbio partiu a idéia
de excluir os soldados negros de um dos desfiles no Rio, antes da partida para a Itália. A
tentativa de discriminação racial não vingou, porém. Por sinal que a participação do general
Zenóbio na FEB se conta quase inteiramente pelos seus fracassos. A ele é que se deve a maior
derrota sofrida pelas nossas tropas, a 12 de dezembro de 1914, diante de Monte Castelo, quando
o celebrado cabo de guerra preferiu correr velozmente para a retaguarda, deixando a um
estupefato oficial seu subordinado, o encargo de ordenar a retirada e coordenar a sua execução.
O conhecido carniceiro se tornou extremamente impopular na FEB e foi responsável pelo sacrifício
inútil de grande número de pracinhas. (retornar ao texto)
(2) Luiz Carlos Prestes — "Forjar a mais Ampla Frente Nacional em Defesa da Paz, da Liberdade e
Contra o Imperialismo", em "Problemas" n.° 19, junho-julho de 1949, página 69, Rio. (retornar
ao texto)
(3) Luiz Carlos Prestes — "Problemas Atuais da Democracia", pág. 354, Editorial Vitória. Rio.
(retornar ao texto)
(4) Chamamos a atenção dos leitores, a propósito, para dois artigos publicados nesta revista e
que apresentam denúncias documentadas e minuciosas sobre aspectos da penetração militar
norte-americana. Um desses artigos é de autoria do dirigente comunista João Amazonas e
apareceu na seção "Nossa Política" de "Problemas", n.° 20 (agosto-setembro de 1949). O outro é
de autoria de Oswaldo Peralva e foi publicado sob o título "O imperialismo ianque domina o
aparelho estatal do Brasil", em "Problemas" n.° 13 (agosto-setembro de 1948). (retornar ao
texto)
(5) Agildo Barata — "A aplicação da Doutrina Truman no Brasil", em "A Voz Operária", n.° 50, (6-
5-1950) — Rio. (retornar ao texto)
(6) Citado por Luiz Carlos Prestes no seu discurso de 26-3-1946 na Assembléia Constituinte —
"Problemas Atuais da Democracia", pg. 311, Editorial Vitória, Rio. (retornar ao texto)
(7) Luiz Carlos Prestes — "Forjar a mais ampla frente nacional em defesa da Paz, da Liberdade e
contra o Imperialismo", em "Problemas", n.° 19, págs. 26 e 27, junho-julho de 1949, Rio.
(retornar ao texto)
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Inclusão 28/08/2009
Última atualização 23/02/2015
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