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praticavam a agricultura, plantando principalmente a mandioca. Viviam de forma semi-
sedentária, morando por alguns anos numa região até que o solo perdesse a fertilidade e
depois se mudavam para outro local. A maioria das tribos praticava a antropofagia ritual
dos prisioneiros capturados. Eles costumavam viver em aldeias grandes, em grandes
casas comunitárias chamadas “tabas” ou “ocas”. Sua religião variava de tribo para tribo,
mas tinha alguns mitos e histórias em comum e deuses semelhantes, como o deus do
trovão (geralmente chamado de Tupã) e a deusa da lua. Os pajés eram os homens santos
dos Tupis, curandeiros e conhecedores dos deuses.
Quanto aos Tapuias, seu modo de vida variava de tribo para tribo. Algumas
praticavam a agricultura da mandioca, como os tupis, enquanto que outras viviam
exclusivamente da caça, da pesca e da coleta. Algumas tribos eram semi-sedentárias,
embora a maioria pareça ter sido muito nômade. Algumas tribos praticavam a
antropofagia, outras não. Mesmo as que praticavam a antropofagia, faziam isso de
forma diferente dos tupis, pois eles não costumavam comer seus inimigos, e sim seus
entes queridos que faleciam. Eles falavam muitos idiomas diferentes, o que tornava a
comunicação com eles difícil. Pouco se sabe sobre sua religião e costumes. Eram,
enfim, povos muito diferentes entre si.
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jovem. Martim Soares Moreno havia feito amizade com um chefe indígena chamado
Jacaúna e sabia falar a língua tupi. Graças a isso ele conseguiu o posto de Capitão-mor
do Ceará e voltou para cá em 1611, acompanhado de uns poucos soldados e um padre.
Graças a sua amizade com os índios ele foi capaz de construir um novo forte no Rio
Ceará, chamado de São Sebastião. Muitos chamam Martim Soares Moreno de
“fundador do Ceará”, embora na verdade o forte fosse muito pequeno e ele não tivesse
força para fazer quase nada, dependendo da amizade com os índios para conservar o
território. Ele, entretanto, garantiu a posse das terras para a Coroa portuguesa com a
ajuda dos índios que se aliaram com ele, expulsando contrabandistas e “piratas”
franceses e holandeses que vieram aqui.
Devemos lembrar, entretanto, que a posição dos portugueses aqui era ainda
muito precária e que eles, de fato, não controlavam a maior parte das terras. Martim
Soares foi capitão-mor do Ceará entre 1611 e 1631, mas passou muitos anos nesse
período lutando no Maranhão e esteve duas vezes na Europa. Enquanto ele se ausentava
a capitania invariavelmente decaia, com o forte e os soldados em péssimo estado e os
índios muitas vezes tornando-se hostis aos outros portugueses. A única atividade
econômica desenvolvida era a agricultura e a pecuária de subsistência e,
esporadicamente, a coleta de âmbar e madeiras. A influência da colonização portuguesa
nesse período estava limitada às imediações do forte, ou seja, nas imediações de onde
hoje fica Fortaleza.
O sucesso de Martim Soares pode ser entendido porque, ao contrário de seu
antecessor, ele procurava tratar os índios como aliados e não os escravizava. Ao invés
de um grande conquistador e fundador do Ceará, como se costuma dizer, Martim Soares
Moreno foi mais um homem que soube se adaptar às condições que encontrava,
aliciando os índios a lutar do seu lado.
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aos poucos, ao redor do forte, depois que este foi reconquistado pelos portugueses e não
há um único homem responsável pela sua fundação.
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integração do território e das populações indígenas ao mundo colonial, um processo
brutal que foi conduzido, de grosso modo, entre as décadas de 1670 e 1720.
Para consolidar esse domínio os portugueses usaram tanto da força das armas,
contra as tribos que tentavam resistir ao processo de colonização, quanto da força da
religião, para “pacificar” as tribos vencidas ou aliadas. Em certas ocasiões a Cruz
(representada pelos aldeamentos jesuíticos), confrontava-se com a Espada (representada
pelas milícias e pelos funcionários reais) pelo direito de saber qual das duas decidiria o
futuro das terras e seus habitantes, mas na maior parte do tempo havia colaboração
estreita entre as duas instituições. Pela força da cruz e da espada a população indígena
era enquadrada na sociedade colonial ou exterminada.
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de se meterem no conflito, deixando a defesa das terras para as milícias portuguesas. Os
índios novamente atacaram, pilharam e destruíram fazendas isoladas e chegaram a
atacar Aquiraz, a primeira vila do Ceará e uma das regiões mais povoadas do Ceará na
época. Cerca de duzentos homens morreram tentando defender-se dos índios enquanto o
resto da população correu para procurar proteção no Forte de Nossa Senhora, em
Fortaleza. O ataque à vila do Aquiraz seria, entretanto, a última grande ação armada de
grupos indígenas contra o governo da colônia. O levante foi eventualmente esmagado
pelas milícias portuguesas e houve grande número de mortos e escravizados entre os
índios.
Aldeamentos :
Além da subjugação e do extermínio dos grupos indígenas através da escravidão
e das guerras, havia outros caminhos que a Coroa tomava para pacificar e tornar
produtivas as terras do Brasil. Essa alternativa, preferida pela Coroa inclusive, era a
evangelização dos índios e a sua inclusão na sociedade colonial que nascia, formada por
brancos, mestiços e índios e negros incorporados. O principal instrumento para a
catequização era o aldeamento, organizado pioneiramente pelos padres da Companhia
de Jesus, os Jesuítas. Eram levados para os aldeamentos os índios derrotados em
guerras, as crianças e as mulheres, bem como índios que fulgiam dos colonos e
buscavam refúgio contra a morte ou escravidão dentro dos aldeamentos, outro tanto de
índios era aldeado por sua própria vontade, após serem catequizados por algum padre
missionário.
O maior aldeamento do Brasil ficava localizado no Ceará, especialmente na
serra da Ibiapaba. Vários outros aldeamentos existiam, como os quatro aldeamentos
defensivos que cercavam Fortaleza: Parangaba, Caucaia, Monte-Mor Velho (atualmente
Pacajus) e Paupina (atualmente Messejana). Existiam aldeamentos também em
Almofala, Iguatu e Baturité, entre outros. O objetivo desses aldeamentos era tirar os
grupos indígenas de sua rotina e seus modos de vida tradicionais, expulsando os líderes
religiosos (pajés, etc), misturando diversas tribos num mesmo aldeamento, forçando-as
a falar um idioma em comum e vigiando seus hábitos e modo de vida. O objetivo era
“destribalizar” os índios para facilitar o processo de catequização. A vida no aldeamento
era marcada por rígidos ciclos de trabalho, oração e vida familiar, tudo sob a direção das
autoridades eclesiásticas.
Os índios no aldeamento ficavam submetidos à supervisão de um jesuíta e eram
incorporados ao mercado colonial como força de trabalho, seja para manter as
plantações e os currais da própria Companhia de Jesus, seja como força de trabalho a ser
“alugada” pelos colonos. Era também esperado que eles pegassem em armas para
defender os colonos contra ameaças, tais como invasões de outros países e ataques de
índios hostis. É por essa razão que muitos aldeamentos foram construídos ao redor de
Fortaleza, pois assim concentravam-se índios perto da sede da capitania, ao alcance do
Capitão-mor para serem usados em caso de emergência.
A difusão da religião católica ajudava o projeto colonizador, embora não seja
correto dizer que a cultura indígena foi destruída pelo contato com os europeus e suas
crenças. Pelo contrário, os povos indígenas mantiveram muitos de seus hábitos e
crenças, absorveram alguns dos hábitos e crenças européias e rearranjaram outros para
que se adaptassem a eles. Muitos traços da cultura indígena ainda podem ser
encontrados nos costumes populares, no artesanato, na práticas medicinais e na
religiosidade popular. Por outro lado, não podemos esquecer que a língua, os costumes
e a religião portuguesa foram implantados com a ajuda da força e da coerção. Os índios
que não se adaptavam estavam fadados ao extermínio.
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Papel de fortaleza no período:
Fortaleza, embora ainda fosse habitada praticamente apenas pelo Capitão-mor e
pelos soldados do forte, adquiriu certa importância no período. Em primeiro lugar, a
própria presença do Capitão-mor, que ganhava cada vez mais poder, tornava o lugar
importante. Em segundo lugar, Fortaleza passou a servir como refúgio contra os ataques
indígenas (como aquele realizado contra Aquiraz em 1712), bem como fornecedor de
soldados e índios para serem usados nas guerras de conquista ou punição contra tribos
indígenas do sertão. Nessa época a cidade continuava possuindo pouca atividade
econômica e os únicos prédios importantes eram o Forte de Nossa Senhora da Assunção
e uma meia dúzia de sobrados erguidos pelos cidadãos mais abastados. Somente em
1726, quando a cidade foi erguida ao status de Vila, recebeu seu pelourinho e um prédio
(ainda bastante rústico) para servir de Casa de Câmara (o forte servia de cadeia). É
inegável, porem, que a cidade adquiriu nova importância por sua posição estratégica e
pela relevância política que advinha da presença do Capitão-mor e outros oficiais
régios.
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portanto, apenas um ouvidor para toda a capitania. Sua função era a de percorrer as
diversas vilas e arraias e administrar a justiça. O processo todo era, claramente, muito
precário. Piorava a situação o fato de que muitos ouvidores eram corruptos ou tomavam
parte nas brigas que envolviam famílias no sertão, como o caso clássico do primeiro
ouvidor do Ceará, José Mendes Machado. Este ouvidor tomou parte na rixa entre as
famílias Montes e Feitosas, ajudando esses últimos sempre que pode.
Independência de Pernambuco
Durante todo o século XVIII o Ceará foi uma capitania subordinada à
Pernambuco. Isso significava que as comunicações com a Coroa, as ordens e o aparato
administrativo eram subordinados ao capitão-mor de Pernambuco. Isso se refletia
também na economia, pois o Ceará era proibido de negociar diretamente com Portugal
ou com as outras colônias portuguesas. Assim, todo o comércio do Ceará era
intermediado por Recife. Nossos produtos de exportação eram primeiro enviado para
Recife, para depois serem mandados a seus destinos e nossas importações vinham
também de Recife.
Essa situação perdurou durante todo o século XVIII, apesar de muitas
reclamações por parte da elite local para que a situação fosse mudada. O poder político
de Pernambuco e os interesses dos comerciantes ligados com a praça comercial do
Recife tornaram difícil a separação do Ceará, que só foi conseguida em 1799. A partir
daí a administração cearense passou a se comunicar diretamente com a metrópole e,
mais importante, os portos cearenses passaram a ter o direito de negociar por conta
própria, o que significava maiores possibilidades econômicas para a capitania. Essa
separação, evidentemente, não foi imediata. A influência econômica de Recife no Ceará
ainda era muito forte e a região do Cariri, em especial, continuou profundamente ligada
à Pernambuco, como ficou demonstrada pela adesão das elites daquela região aos
movimentos de 1817 e 1824, organizados em Pernambuco.
O movimento de 1817
A chamada Revolução de 1817 que aconteceu em Pernambuco era um
movimento de anti-colonial, de cunho liberal e republicano, influenciado pelos ideais da
Independência Americana e da Revolução Francesa. Era um movimento organizado
pelas elites pernambucanas, insatisfeitas com a decadência político e econômica de sua
capitania, pela crescente centralização monárquica e pela cobrança de tributos. Grande
parte da força do movimento partiu da raiva que a população e a elite pernambucana
sentiam pelos comerciantes portugueses que praticamente dominavam todo o comércio
da região. A influência dos padres formados no Seminário de Olinda também foi
decisiva na organização do movimento. Não se pode pensar, entretanto, que fosse um
movimento que quisesse seriamente mudar a situação social interna da capitania. O
movimento acabou exercendo atração sobre certos setores da sociedade cearense,
especialmente na elite latifundiária do Cariri, liderados pela família Alencar.
Achava-se que a capitania do Ceará podia aderir em peso a revolta, e foram
enviados embaixadores de Pernambuco com destino a Icó e Aracati para tentar
convencer essas vilas a juntarem-se ao movimento, o que não foi bem sucedido. Apenas
a família Alencar e o Cariri aderiram a revolução, mas sua pequena insurreição foi
derrotada em apenas oito dias pelas forças organizadas pelo Governador Manuel Inácio
de Sampaio, um fiel monarquista. 25 pessoas foram presas mas acabaram sendo
anistiadas em 1821, ao contrário da maioria dos líderes pernambucanos, que foram
mortos.
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Fortaleza no período
Fortaleza continuou sendo uma região de pouca atividade econômica durante
boa parte do período, mas continuou concentrando muito do poder político da capitania.
A cidade era ainda muito pequena e pobre, mas crescia de maneira cada vez mais
rápida. Em 1812 o governador da província, Luís Barba Alardo de Meneses, realizou
um censo da população da capitania e descobriu que as vilas Fortaleza e Aquiraz
tinham, cada uma 10 mil habitantes, comparadas com apenas 5 mil em Aracati. Apesar
dos dados desse censo serem muito precário, temos uma idéia de como a cidade cresceu
no período. Especialmente depois da independência de Pernambuco, foram feitas
reformas no Forte, foi criada uma bateria de canhões no Mucuripe para proteger o porto,
caminhos e estradas foram abertos e tentou-se melhorar o caminho que levava do porto
do Mucuripe até o Forte.
Em 1808, após a abertura dos portos brasileiros ao comércio internacional,
Fortaleza (e os outros portos da capitania) passou a receber navios que vinham ou iam
diretamente para a Inglaterra, para outros países europeus e para os Estados Unidos.
Esses navios vinha, principalmente, por causa do algodão, do couro e, em menor
medida, pelo café que era exportado do Ceará. Esse novo fluxo de navios ajudou a
dinamizar a economia da capitania. Fortaleza começava a se afirmar como importante
centro comercial e econômico, além de político, situação que se confirmaria ao longo do
século XIX.
Atividades econômicas
Primeiras atividades:
Antes da chegada dos europeus ao Ceará, os diferentes povos indígenas viviam
em um sistema econômico muito simples, voltado para a subsistência. Havia caça,
pesca, coleta de frutos e alguma agricultura. Os índios não possuíam animais
domesticados. Eles faziam roupas e outros instrumentos, bem como algum artesanato.
Os principais materiais eram o algodão, a madeira, penas e couros de animais, bem
como pedras. O metal era desconhecido.
Desde as primeiras expedições, os europeus tentaram implantar novas atividades
econômicas, atividades de caráter mercantilista voltadas para a produção de um
excedente produtivo que pudesse ser exportado e gerasse lucro. Esse sistema, claro, era
completamente diferente do modo de vida praticado pelos indígenas anteriormente. Nos
primeiros anos da capitania, os portugueses e holandeses tentaram produzir diversos
produtos coloniais. Cana-de-açúcar, madeiras (como o pau-violeta), âmbar-gris, sal,
gado e, principalmente, a procura por minas de prata e ouro. Nenhuma dessas atividades
foi muito bem sucedida nos primeiros anos, por diversos motivos. As minas que se
achavam existir não foram encontradas, o solo na maior parte da capitania não era
propício para a cana-de-açúcar, o âmbar-gris, embora valioso, era encontrado em
pequenas quantidades e a madeira tinha um valor baixo e também quantidade limitada.
Somente o gado e a agricultura de subsistência (mandioca e outros vegetais) foram bem
sucedidos nesses primeiros anos, mas limitados aos arredores do forte.
A expansão da pecuária:
A primeira atividade econômica significativa do Ceará foi a pecuária, que
começou a crescer no Ceará nas últimas décadas do século XVII. A pecuária, no Brasil,
era uma atividade econômica secundária, mas extremamente importante. Ela fornecia
parte da alimentação da população, bem como fornecia os bois usados nos engenhos e
nas carroças usadas para transportar todo tipo de material. O couro era também
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aproveitado. Inicialmente o gado foi criado próximo ao litoral, na zona da mata
nordestina, ao lado dos canaviais e das plantações de mandioca e outros alimentos. A
quantidade de terras férteis, entretanto, era limitada e os canaviais tinham preferência,
pois o açúcar era a principal mercadoria exportadora e geradora de lucro da colônia.
Assim, o gado foi sendo movido para o sertão, chegando então ao Ceará.
Vieram, para o Ceará, basicamente duas correntes de povoadores ligados a
agropecuária. Uma era a chamada rota do “sertão de fora”, próximo ao litoral,
desenvolvida principalmente por pessoas vindas de Pernambuco. Essa rota chegou ao
Ceará na foz do Rio Jaguaribe, próximo ao mar e adentrou nos sertões por ali. A
segunda rota, chamada do “sertão de dentro”, partia do médio São Francisco, uma
região ligada à Bahia, indo em direção ao rio Parnaíba (no Piauí), essa rota chegou à
nascente do Jaguaribe no Ceará e acabou se encontrando com a rota do sertão de fora. A
ocupação das terras era feita mediante a expulsão ou extermínio dos grupos indígenas
que habitavam originalmente aqueles lugares, mediante os aldeamentos ou a guerra.
Assim, o gado foi o grande responsável pela “conquista do sertão”, ou seja, o processo
de expulsão e extermínio da população indígena e a implantação da povoação mestiça e
branca portuguesa.
As terras eram concedidas pela Coroa portuguesa para os colonos mediante o
sistema de sesmarias, onde o colono apenas precisava pedir as terras e ter os meios
necessários de povoá-la (ou seja, ter dinheiro e homens). Assim, a terra não tinha
nenhum custo, era vista como coisa praticamente ilimitada, vazia, bastando expulsar os
índios. As sesmarias no sertão eram, via de regra, muito grandes e sempre eram
delimitadas a partir de algum dos rios mais importantes. Elas deram origens às enormes
“fazendas de criar”, com seus currais nas beiras dos rios. O mais importante desses rios
era o Jaguaribe e seus tributários e, em seguida, o Acaraú.
Até 1750, de modo geral, o gado era levado para os mercados consumidores
ainda vivo e abatido no local. Essa era a chamada “carne verde” e seu principal mercado
consumidor era a capitania de Pernambuco, embora os rebanhos também fossem
levados para outros pontos, como a Bahia. As grandes boaiadas percorriam o sertão na
época propícia, marchando para seus locais de destino, onde seriam usadas como
animais de carga ou abatidos para o consumo. Os lugares onde essas boiadas se
concentravam, as regiões onde elas paravam e se abasteciam, deram início as primeiras
povoações do Ceará longe de Fortaleza, tais como Icó, Sobral e Quixeramobim.
De modo geral, os donos das grandes fazendas de gado raramente moravam
nelas, preferindo manter casas nas vilas ou mesmo em outras capitanias. O trabalho de
criar e cuidar do gado eram delegados para um empregado denominado de “vaqueiro” e
sua família. O vaqueiro era, em geral, um homem pobre e livre, branco, mestiço ou
negro liberto. Muitos índios também se tornaram vaqueiros, incorporando-se ao
processo colonial como “caboclos”. O vaqueiro não recebia pagamento regular, sendo
sua principal forma de pagamento o sistema de “quarteação”, ou seja, um em cada
quatro bezerros nascidos na boiada era do vaqueiro, enquanto os outros três eram do
proprietário. O vaqueiro, assim, vendia o seu gado para obter seu sustento ou tentava
juntar uma pequena boaiada para conseguir a independência do fazendeiro, o que era
raro. Nas grandes fazendas havia também alguma agricultura, de mandioca e outros
produtos para a alimentação local, geralmente executada pelas mulheres e crianças com
a ajuda dos homens nas épocas em que os bois ficavam soltos no sertão. Quando os
proprietários moravam nas fazendas, costumavam haver outros agregados da fazenda e
mesmo escravos domésticos. A vida nessas fazendas era sóbria e sem luxos, mesmo
para os fazendeiros, e a vida dos vaqueiros e outros empregados era de um trabalho duro
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e constante, marcado também pela falta de segurança. Uma seca podia dizimar os
rebanhos e levar os vaqueiros a perder tudo que possuíam.
O gado se adaptou bem ao sertão e era criado solto, com poucos cuidados. Os
rebanhos dos diversos fazendeiros e dos vaqueiros se misturavam no sertão e, para
separá-los, os vaqueiros se reuniam na época certa e percorriam o sertão para juntar o
gado e separar as reses entre os diferentes fazendeiros. Isso era feito através da
marcação dos bois com o ferro quente. Essa atividade de derrubar, separar e marcar os
bois deu origem à vaquejada que ainda hoje é praticada no Ceará. O rebanho foi
tornando-se cada vez maior. Em um testamento datado de 1723, o Capitão Félix da
Cunha Linhares deixava para seus descendentes seis fazendas de criação, com 8000
cabeças de gado, por exemplo.
As charqueadas:
Ao lado do sistema da venda do gado como “carne verde”, desenvolveu-se
também a Charqueada, a produção do charque, ou seja, da carne seca. Embora não
saibamos desde quando começou a prática, a expansão das charqueadas se deu a partir
de 1740, mais ou menos. O clima da região litorânea; seco, quente, com ventos
regulares e abundância de sal favorecia a produção do charque e as primeiras oficinas de
charque foram sendo montadas ao redor de Aracati, na foz do Rio Jaguaribe. Dali, as
charqueadas se expandiram para o Acaraú e o Coreaú, indo chegar até o Rio Grande do
Norte e o Piauí. A maior parte da produção do charque, entretanto, concentrava-se no
Ceará, de onde era exportado para as outras capitanias e até para a África e Portugal. A
produção do charque alterou profundamente a economia e a sociedade cearense, como
veremos.
O charque é um modo de melhor conservar a carne, através da preservação.
Através da charqueada as boiadas não tinham que andar tanto para chegar aos locais de
destino, o que era muito vantajoso porque nessas viagens o gado perdia muito peso e
muitas cabeças se perdiam no caminho, pelos mais variados motivos (inclusive ataques
indígenas). Essas viagens também só eram possíveis em determinada época do ano, o
que limitava o escoamento da produção. Com a instalação das oficinas de charquear o
gado podia ser levado até Aracati ou às outras vilas que possuíam as oficinas e colocado
em fazendas de engorda antes de ser abatido e transformado no charque. Essa atividade
levou a uma maior divisão do trabalho na capitania, surgindo assim o setor dos
criadores e dos vaqueiros, o setor dos charqueadores e seus empregados, que
trabalhavam nas oficinas e o dos comerciantes que intermediavam a exportação do
charque pelos navios e a importação dos produtos que a capitania precisava. Duas vilas
tornaram-se os grandes centros da produção e comercialização do charque no Ceará:
Aracati e Sobral. Aracati, em particular, tornou-se a maior e mais rica cidade do Ceará
graças ao charque.
A produção do charque era uma atividade complexa que envolvia as fazendas de
engorda, os abatedouros, as oficinas de charqueamento propriamente ditas, as áreas de
secagem e preparação dos couros e armazéns, além dos portos necessários para
embarcar os produtos. Das vilas onde o charque era produzido eram exportadas a carne
seca e os couros, e importados o sal necessário para a fabricação e todo tipo de produto
a ser usado na capitania, desde comidas e bebidas até roupas, instrumentos de trabalho e
mobília. As charqueadas, entretanto, começaram a entrar em decadência no final do
século XVIII. As secas de 1777-78 e 1790-93 reduziram drasticamente o rebanho
cearense e o processo de fabricação do charque foi levado do Ceará para o Rio Grande
do Sul por um morador de Aracati, fazendo com que a competição com o produto
gaúcho rapidamente destruísse grande parte da indústria do charque.
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O algodão:
Já existia, na América, uma variedade de algodão antes da chegada dos
europeus. Ele era usado pelos índios na fabricação de tecidos para suas roupas. Os
portugueses continuaram com essa prática, plantando e usando o algodão para a
fabricação de panos e roupas baratos, especialmente para os escravos. A expansão do
algodão como mercadoria colonial, entretanto, só aconteceu no final do século XVIII. O
principal motivo dessa expansão do algodão é ligada com o processo da revolução
industrial que acontecia na Inglaterra. A primeira indústria a ser atingida pela revolução
industrial foi justamente a indústria têxtil, que aumentou fenomenalmente a sua
produção, daí necessitando cada vez de mais matéria prima. O algodão usado na
Inglaterra originalmente vinha da Índia e das suas colônias americanas, mas os
capitalistas ingleses estavam dispostos a comprar algodão a bom preço de onde quer que
ele viesse.
Durante a Guerra de Independência Americana, entre 1774 a 1783, a produção
de algodão americana deixou de ser enviada à Inglaterra, o que aumentou o preço do
produto e tornou o algodão do Brasil competitivo, aumentando bastante a sua produção
e exportação. Até a segunda década do século XIX as relações entre os Estados Unidos
e a Inglaterra continuaram abaladas e a exportação americana de algodão cresceu apenas
aos poucos, embora acabasse dominando novamente o comércio de algodão mundial e
causando uma crise na produção cearense. Houve um novo surto de crescimento na
nossa produção de algodão, dessa vez mais curto, durante a Guerra Civil Americana
(1861-1864), quando novamente a produção americana foi paralisada. Esse foi o
chamado período dourado da cultura do algodão no Ceará. A partir daí a produção
começou a decair, embora continuasse sendo o principal produto da pauta exportadora
do estado ainda por muitos anos.
A cultura do algodão ajudou a povoar ainda mais o sertão, pois podia ser
plantando nas áreas mais secas do planalto central e na região norte, onde a criação de
gado era pequena. Na verdade, a cultura do algodão dava-se muito bem com a pecuária,
pois permitia às famílias que trabalhavam com a pecuária plantar um pouco de algodão
nas suas terras e obter alguma renda extra. Essa característica da cultura do algodão
deve ser lembrada, ou seja, a de que ele também era plantando em pequenas e médias
propriedades e não apenas nas grandes fazendas. Costuma-se usar a expressão “binômio
gado-algodão” para designar as atividades econômicas do Ceará entre meados do século
XVIII até fins do século XIX, tal era a importância desses dois produtos.
A cultura do algodão, como já dissemos, era praticada tanto nas grandes
fazendas especializadas como em pequenas e médias propriedades, paralelamente à
pecuária e a agricultura de subsistência. A mão-de-obra usada era formada basicamente
por pessoas livres, pobres, no sistema de arrendamento e por salário na época da
colheita. A mão-de-obra escrava era usada ocasionalmente, mas não em grandes
quantidades. A produção do algodão era escoada pelos principais portos do estado, ou
seja, Aracati, Camocim (ligado a Sobral) e Fortaleza. Graças ao algodão é que Fortaleza
começou a tornar-se economicamente importante no Estado, mas isso aconteceu
principalmente durante o século XIX, depois da Independência.
Escravidão no Ceará:
Como já dissemos antes, a maior parte da população cearense no período
colonial era formada por trabalhadores livres com uma importante minoria escrava. A
maior parte da mão-de-obra usada tanto na pecuária como na cultura do algodão era
formado por mestiços e índios incorporados ao processo colonial, além de brancos e
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negros libertos ou forros. A mão-de-obra escrava concentrava-se em algumas
atividades, especialmente a doméstica e, até certo ponto, nas oficinas de charqueadas.
Os escravos eram mais comuns nas vilas do que no campo. Eles também eram usados
nas áreas de serra onde se plantava café e em outras atividades de trabalho intensivo.
Devemos lembrar que, apesar da mão-de-obra escrava não ter sido predominante
no Ceará, ela foi de fato usada e havia um número expressivo de escravos na capitania,
além de negros e mestiços libertos ou forros.
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Independência e a Proclamação da Republica e da Liberdade de comércio para os
comerciantes brasileiros e nenhum privilégio aos comerciantes portugueses.
A pesar da mobilização do movimento nas províncias que eram dominadas ou
sofriam influência de Pernambuco, no Ceará a participação não foi tão intensa, a pouca
mobilização entre as elites locais a desorganização da Igreja e a intensa repressão
exercida pelo Governador Sampaio fizeram com que o movimento não obtivesse no
Ceará muita repercussão, fazendo com que o movimento se isolasse quase que
unicamente em uma região, o Cariri, e a uma família, os Alencar.
Com o apoio de Bárbara de Alencar, José Martiniano de Alencar e Tristão
Gonçalves, o Cariri aderiu a Revolução, porém duraram apenas oito dias sendo sufocada
pelas tropas imperiais, tendo os seus líderes presos e depois anistiados.
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por Pinheiro Landim, que em seu governo foi que a vila de Fortaleza foi elevada a
categoria de cidade.
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Em 1834, Pinto Madeira fora julgado e condenado pelo assassinato do liberal
José P. Cidade, sendo fuzilado na Vila do Crato neste mesmo ano.
Contexto
Política
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Representação nacional da Província ). Por fim a capital da Província de um prefeito
nomeado de pelo presidente da província.
Com a vigência de novas instituições políticas no Império, os fazendeiros
passaram se integrar nas facções e partidos tomando cabo na disputa do poder
provincial e local e ainda de todo o processo das eleições. Sendo assim, fazendeiros e
latifundiários permaneceram durante o império, na chefia política da província,
mantendo inalterado o quadro de controle político do Ceará nas mãos dos poderosos
clãs de familiares oligarcas oriundos do período colonial, como os Monte, os Feitosa, os
Pompeu, os Paula Pessoa e posteriormente oligarquia Accyolina.
Como já foi explicitado anteriormente, esses fazendeiros e latifundiários se
aglutinaram em dois diferentes grupos, o Partido Liberal (inicialmente comandado pelo
Senador Alencar e posteriormente pelo Senador Pompeu ), que após a morte do Senador
Pompeu o Partido Liberal se divide entre a representação política de duas famílias ou
clãs, que eram os Liberais Pompeus e os Liberais Paulas. E o Partido Conservador que
já fora explicitado anteriormente, após dissidências interiores também vai se subdividir
em graúdos e miúdos.
Ora, os clãs familiares constituíam as elites na província cearense,
principalmente se referindo aos aspectos políticos, sendo que esses grupos buscavam a
todo custo manter-se no poder, preparando-se e preparando seus filhos para o ingresso
na carreira política e assim a perpetuação de sua dominação política. Parafraseando a
pesquisadora Celeste Cordeiro, o perfil do político “deveria preencher os seguintes pré-
requisitos: ser um intelectual; pertencer a um clã familiar; ser cearense e não
adventício aos meios; possuir dons oratórios; e ter apoio das personalidades da cúpula
do Governo Central”. (CORDEIRO, Celeste. IN: SOUSA, Simone de. Uma Nova
História do Ceará, Ed. Fundação Demócrito Rocha, Fortaleza – Ce. 1999.
Enfim ser de família influente e estar preparado, já que a maioria possuía
diplomação superior, ou seja, foram preparados por suas famílias, ou ingressarem na
política e elitizarem seu grupo familiar, ou manterem seu grupo familiar no poder.
Economia e Sociedade
Durante a segunda metade do século XIX, o Ceará teve com principais produtos
de sua economia o algodão, atividade de destaque na província que atingiu seu auge
neste período e ainda o café que fora cultivado principalmente nas Serras do Baturité,
Maranguape e Araripe bem como a cera de carnaúba e borracha de maniçoba. O
algodão teve seu auge de exportação entre os anos de 1870 e 1875, onde foram
exportadas mais de 31 mil toneladas do produto.
Esse crescimento, se deu a partir de 1860, quando fora incrementada pela
procura exterior dos ingleses ( principalmente ) pelo produto, isso porque o seu maior
fornecedor, no caso os Estados Unidos da América, estavam com a produção reduzida
em decorrência de uma crise interna ocasionada pela Guerra de Secessão.
A partir de 1875, os lucros com essa atividade caem na medida em que cai
também o volume de exportação, isso porque a própria procura cai, já que os EUA
voltam a produzir o produto com maior regularidade e retomam a preferência no
mercado inglês e europeu como um todo.
Mesmo com a queda do lucro e do volume de exportação, continua o Ceará a ter
o algodão como principal produto de sua economia, fator de prosperidade
principalmente para Fortaleza, por onde todo o algodão cearense era negociado para
fora da província e para o exterior. Durante o período de safra e sua venda, o comércio
17
fortalezense crescia demasiadamente, fazendo com que, com o passar do tempo, a
capital se consolidasse como centro econômico e social do Ceará.
O historiador Airton de Farias em seu livro “História do Ceará – dos Índios a
Geração Cambeba” enumera alguns fatores que podem nos auxiliar na nossa
compreensão acerca da hegemonia político-econômica de Fortaleza iniciada entre os
anos de 1820 e 1830, e consolidada na segunda metade do século XIX, são eles:
Fortaleza era uma região que na época não possuía mais que 30 mil habitantes,
sendo que desses tinham condições culturais e educacionais e participar de sua vida
intelectual. Mesmo porque poucas eram as instituições educacionais. Até 1870, apenas
18
seis escolas estavam em funcionamento: o Liceu, O Ateneu, o Panteon, o Colégio
Cearense ( para homens ), o Colégio Imaculada Conceição e o Cearense para mulheres.
No plano intelectual, a instituição de maior expressão era a Biblioteca Pública,
criada em 1865. Nas profissões liberais, existiam na década de 1870, advogados,
médicos, farmacêuticos, dentistas e outros.
A atividade jornalística contava com a atenção de seus jornais. Sendo eles Pedro
II e Constituição (diários e conservadores ), Cearense e Jornal de Fortaleza ( diários e
liberais ) e o Tribuna Católica e o Imparcial ( jornais semanais e católicos ),
posteriormente teríamos circulando em Fortaleza os jornais; Fraternidade ( maçons ) e o
Libertador ( abolicionista ).
ESCRAVISMO NO CEARÁ
As Campanhas abolicionistas.
19
cidade de Fortaleza e a grupos economicamente emergentes. Essa sociedade promoveu
ações emancipacionistas dos escravos negros através de arrecadações de recursos
pecuniários para promover alforrias. No ano de 1880 era instalada outra sociedade
abolicionista, denominada Sociedade Cearense Libertadora. Esse grupo tinha João
Cordeiro como figura de destaque, além de tomar atitudes mais radicais, ficando
conhecido, esse grupo, por abolicionistas carbonários. O meio de difusão das idéias
desse grupo foi o jornal "O Libertador" de 1881. Em 1882, surge o Centro
Abolicionista, no qual seus membros ficaram conhecidos como abolicionistas
moderados. Nesse mesmo ano, formou-se nas chácaras do Benfica a sociedade feminina
das Cearenses Libertadoras. A partir de 1883 diversos municípios cearenses alforriaram
seus escravos, começando por Acarape (atual município de Redenção). Esse dado foi
contestado na época pelo jornal "O Libertador" de 1º de janeiro de 1884. Havia uma
disputa entre esses grupos abolicionistas pela legitimidade de suas ações.
O contingente de escravos negros no Ceará era bem menor que noutras
províncias e boa parte dos escravos eram domésticos, pois ter um escravo negro era
sinal de "status". O "Tráfico Interprovincial" e a mudança da utilização do cativo negro
por outros trabalhadores contribuíram para o fim da escravidão negra no Ceará. As
razões da abolição estão mais próximas dos interesses político e econômicos das elites
locais do que uma mera filantropia.
20
o Clube Democrático e em 9 de julho do mesmo ano, Antônio Pinto Nogueira Accioly
fundou a União Repúblicana. Assim, o antigo jornal dos Pompeus "A Gazeta do Norte",
ligado a Accioly, tornou-se "O Estado do Ceará".
O Centro Republicano sofria com divergências internas. Quando se deu a
ascensão de Floriano Peixoto à Presidência da República houve uma divisão no grupo.
Os que apoiavam o Marechal Deodoro saíram do grupo e fundaram o jornal "O Norte".
A facção que permaneceu no Centro Republicano continuou com 'O Libertador" como
meio de difusão de suas idéias. Porém, esse dois grupos entraram em atrito, pois, o
Centro Republicano apoiou Floriano Peixoto. Temos então, uma disputa entre
deodoristas e florianistas, onde, os primeiros eram perseguidos e apelidados de
'maloqueiros' e os últimos denominados de "cafinfins" pelos seus opositores. Essa
disputa se espalhou por todo o interior do Estado, principalmente nos grandes centros
urbanos do interior na época, como Limoeiro do Norte. Dentro dessa disputa Accioly
"costurou", durante um ano, uma união com os "cafinfins", na qual resultou o Partido
Republicano Federalista (PRF) em meados de 1892. Além do apoio á Floriano
fundaram o jornal "A República".
Em 1891, com a morte do Presidente do Estado Cel. Luiz Ferraz o Gal. Clarindo
de Queiroz e o Major Benjamim Liberato Barroso foram eleitos presidente e vice,
respectivamente. Porém, o fato de Clarindo de Queiroz ser deodorista ocasionou sua
deposição em 17 de fevereiro de 1891, assumindo de imediato o Cel. José Bezerril
Fontinele, o qual, após dois dias passou o governo à Liberato Barroso. Nesse momento,
Accioly assumiu a vice-presidência do Estado do Ceará, entre 1892 e 1896, quando foi
eleito presidente e dando início ao período oligárquico, até a revolta popular de 1912
ocasionando sua deposição.
A Padaria Espiritual.
21
1896-1898 e Antônio Sales o "mola mestra", que foi presidente interino na ocasião das
duas instalações.
A REMODELAÇÃO DE FORTALEZA.
22
grupos sociais. Em relação a Fortaleza esse processo foi mais pontual, tendo início a
partir de 1850 e se intensificando com a República, onde, em meados do século XIX,
intensificou-se a exportação de produtos primários para o mercado externo. O fato
dessas mudanças serem pontuais não minimiza os efeitos dos investimentos realizados
na sociedade fortalezense, como o controle na saúde, hábitos e alterações no espaço
urbano.
A remodelação urbana em Fortaleza tem início em 1850. Tanto o poder público
como o privado investiram nessas mudanças, mas, isso não significa que estes poderes
estava alinhados. O único intuito em comum entre esses poderes era o de civilizar tanto
a cidade quanto a população. Apesar das desigualdades geradas pelo acúmulo de capital,
as elites de Fortaleza ergueram edificações luxuosas para evidenciar seu poder
econômico e o alinhamento com o mundo moderno. Surgiram, então, novos prédios que
romperam com a arquitetura horizontal da cidade. Essas edificações adotaram novos
equipamentos arquitetônicos utilizados na época.
Nas últimas décadas do século XIX, além da nova planta urbanística de
Herbester, outros acontecimentos marcaram o período. Entre eles temos a construção da
ferrovia de Baturité e a seca de 1877. Com a ferrovia o fluxo de mercadorias para
exportação tornou-se mais dinâmico. Porém a seca de 1877-1880 trouxe um cenário
trágico. Nesta estiagem ocorreu uma violenta epidemia de varíola que dizimou boa parte
da população da cidade e fechou várias casas comerciais. Mesmo com a mobilização
governamental, pouco foi obtido. Pois, a cidade contava apenas com dois hospitais: a
Santa Casa de Misericórdia e o Lazareto da Lagoa Funda. Esse acontecimento
contribuiu para reforçar o discurso médico-político e instaurar uma política sanitária.
Na década de 1880, com a volta das chuvas, a normalidade volta e intensifica-se
o processo de urbanização da capital. Surgem, então, inúmeros equipamentos e serviços
de controle social. Com o crescimento espacial e populacional a cidade de Fortaleza
passa a dispor, a partir de década de 1880, de serviços de transporte coletivo, instalado
pela companhia Ferro Carril. Três pontos da cidade eram conectados pela primeira linha
instalada (centro, porto e matadouro). Após a primeira década do século XX intensifica-
se o fluxo de transportes na cidade. Temos os automóveis em 1910 e os bondes elétricos
em 1913. Assim, houve uma necessidade de remodelar a malha urbana e o transporte de
passageiros. Os meios de comunicação se desenvolveram a partir dessa época em
Fortaleza. Surgiram vários jornais, além do cabo submarino em 1882 e as caixas postais
em 1889.
Como espaço de sociabilidade, surgiu nessa época, o Passeio Público.
Localizado na Praça dos Mártires, foi todo remodelado e recebeu uma infra-estrutura
que buscava satisfazer os anseios modernizados do período. Este espaço estava dividido
em três planos, ou avenidas, como era denominada na época e existia uma forte divisão
social neste lugar. Havia um plano para as elites, um para as camadas médias e um para
os populares. O passeio público passou a ser menos freqüentado com a chegada dos
grandes cinemas em Fortaleza no final da década de 1910 início da posterior. Nesse
mesmo período de surgimento do passeio público temos a construção do novo porto de
Fortaleza e do prédio da Alfândega, localizados no bairro da Prainha, atual Praia de
Iracema.
O auge da produção algodoeira ocasionou a tentativa de industrialização no
Ceará. Surge nesse momento (1883) a primeira fábrica de tecidos de Fortaleza, de
propriedade do Dr. Thomas Pompeu de Sousa Brasil. Durante a 1ª República surgiram
outras fábricas, tanto de tecidos como de outros produtos. A importância dessa
"industrialização" tem um peso social maior que o econômico. Pois, deu possibilidade
ao aparecimento de operários e novos empresários.
23
Paralelamente à reforma urbana e social na cidade, surge o movimento
abolicionista, o qual expressa os anseios de progresso das elites e camadas médias
urbanas de então. Todas essas transformações concorreram para o aumento
populacional, o qual, atingiu um percentual de aproximadamente 85% num período de
13 anos (1887-1900). Para conter os atritos sociais causados pelo aumento população
pobre de Fortaleza o poder público tomou várias medidas para tentar controlar e
disciplinar esse grande contingente que vinha ocupando a urbe.
24
foram alvo de críticas dos oposicionistas do oligarca Accioly, como o jornalista João
Brígido, que denominava o Mercado de Ferro de "pardieiro".
Esses agentes modernizadores estavam sintonizados com as reformas que
ocorriam na Europa, principalmente com a França e a Inglaterra. Em Fortaleza, a
influência desses dois países era muito forte, inclusive, existiam na cidade muitas
firmas, técnicos e capitalistas oriundos desses países. Em poucas décadas, Fortaleza
passou mudanças que transformaram, praticamente, por completo a fisionomia da
cidade. Alguns cronistas fazem críticas à esse processo modernizador. Pois, a pesar de
inserir novos hábitos, vistos de forma positiva, haviam hábitos considerados nocivos,
como o jogo, o alto consumo de bebida alcoólica nos cassinos e a promiscuidade,
condenados pela medicina social e ocorrente nesses locais. Mas, esses cronistas não
deixavam de reconhecer os progressos que transformaram a cidade.
Além do Poder Público, os grupos emergentes também deixaram sua marca no
que diz respeito à remodelação urbana. Suas iniciativas levaram a construção de
edificações em estilo eclético, muito comum na época. Dentre essas edificações
oriundas do que podemos chamar de iniciativa privada, temos, como exemplo, a sede da
Fênix Caixeral, a Associação Comercial e o Palacete de Carvalho Mota. Uma das obras
que mais se destacou durante o período da Belle Époque em Fortaleza foi o Teatro José
de Alencar de 1910 na, então, Praça Marquês de Herval. Esse edifício possui um denso
significado cultural para a cidade. Além disso, o Teatro contou como fator decisivo para
a construção de uma ordem civilizatória em Fortaleza. É válido ressaltar que, até os
opositores de Accioly contemplaram a referida obra e reconheceram a sua importância e
grandiosidade. Contemporâneo ao Teatro José de Alencar foi a tentativa de implantação
do serviço de água e esgoto. Porém, a falta de capacidade técnica e pecuniária do Estado
para implantar projetos desse porte adiaram esta obra para a década de 1920. A revolta
de 1912 foi outro fator para esse adiamento.
A Revolta de 1912.
25
coronéis acciolistas e com o apoio do Padre Cícero tentou depor Rabelo na chamada
"Sedição de Juazeiro". Nesse momento houve uma intervenção federal no Estado e
assume o poder o Interventor Federal Setembrino de Carvalho.
Durante o governo de Franco Rabelo o intendente foi Idelfonso Albano. Em sua
gestão procurou continuar o processo modernizador da cidade e civilizatório da
população. Dentre suas realizações temos: a reforma da Cadeia Pública e o novo sistema
penitenciário com base na criminologia moderna e práticas humanitárias, criação da
guarda cívica para disciplinar a população pobre, combate à febre amarela, recuperação
da salubridade pública, instauração de uma polícia médica, instalação do Instituto de
Amparo à infância, início do projeto de abastecimento de água da cidade e a rede de
esgoto, criação de vilas operárias, divisão da cidade em 4 distritos dentro da cidade para
viabilizar a limpeza e a abertura da AV. Sena Madureira. Além destas obras temos,
também, a chegada da energia elétrica na cidade em 1914 através da companhia Ceará
Light Power.
Juazeiro do Norte nos fins do século XIX e inicio do XX sofre a forte influencia
da figura do Padre Cícero, e de todo um contexto social e político que o rodeou. Um
homem que exerceu uma função decisiva no contexto do catolicismo popular cearense e
que usou tal influencia como uma habilidade política que transformaria o Cariri em um
enorme reduto de poder no Ceará.
26
de julgamento Cícero é proibido de exercer os sacramentos (1894). Após tais eventos
Juazeiro sofre uma peregrinação que acontece até hoje, se tornando uma das cidades que
mais lucram no Cariri, e o Padre Cícero se torna símbolo do catolicismo popular do
Cariri.
O Padre agora mescla o seu poder religioso com o poder dos coronéis, e aquele
religioso de outrora, que ajudava e aconselhava os pobres e necessitados, passa a fechar
acordos com os poderosos, acordos esse que muitas vezes vem em detrimento da
população. Surge então o famoso “Coronel de Batinas” que vai exercer uma ampla
influencia na política cearense.
A Sedição
27
uma coisa não se pode negar, como argumentador e manipulador, ele exerceu uma
influencia fundamental nos sertanejos que acreditavam estar lutando em defesa do
“Padim”.
A Sedição de Juazeiro pode ser encarada como um movimento que envolveu
varias classes sociais com realidades diferentes, e por isso tem muitos significados
diferentes. Os acciolistas conseguem seu objetivo e derrubam Franco Rabelo, mas sem
Accioly no poder já que sua figura estava bastante desgastada, surge assim o
“acciolismo sem Accioly”. Já os sertanejos que defendiam Juazeiro, e que encararam o
movimento como uma “Guerra Santa”, achavam que tinham defendido bem o seu
“Padim”. Jagunços e cangaceiros protegeram seus coronéis e conseqüentemente seus
empregos. A heterogeneidade da massa que participou da Sedição garantiu a
heterogeneidade do movimento.
28
reprimir mais as atividades de cangaceiros no território, assim como a tentativa da
diminuição do poder dos coronéis.
Após a Sedição o governo é entregue a Setembrino de Carvalho e pouco depois
é passado a Liberato Barroso, que governa até 1916 e imprime constante perseguição a
criminosos no interior.
Entre 1916 e 1920 é a vez de José Tomé de Sabóia e Silva governar o Ceará, e
procurar sanar a economia cearense através de obras publicas, financiamento agrícola e
colocando em dia o funcionalismo publico. Já nos anos compreendidos entre 1920 e
1924, foi a vez de Justiniano de Serpa e Idelfonso Albano, período em que aumenta a
criminalidade no interior do Ceará mesmo com a tentativa do governo de coibir tais
atos.
O Desembargador Moreira assume o governo entre 1924 e 1928, uma gestão
marcada por perseguições políticas aos seus adversários. A população se mostra
insatisfeita com os precários transportes, a criminalidade aumenta mais uma vez no
interior, e a Coluna Prestes cruza parte do Ceará em sua marcha contra a Republica
das Oligarquias.
29
Os campos de concentração conseguiram isolar a pobreza em lugares
“adequados”, no entanto gerou conflitos sociais marcantes até os dias atuais na
sociedade cearense.
As chuvas chegaram em 1933, e então se intensificam o discurso em prol do fim
dos campos de concentração. Para o governo não era difícil “soltar” os retirantes a
própria sorte. O ministro Jose Américo Bastos autoriza o fornecimento de passagens
para o retorno dos retirantes. No entanto seria melhor ter transformado os campos em
centros que auxiliassem a mendicância, problema este que continuou sempre existindo
no ceará.
30
próprio Estado, promoveram, no dia 10 de setembro de 1936, a destruição total do
Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, a qual, por intermédio de saques e incêndios,
culminou com a expulsão de todos os sertanejos e com a usurpação por parte da polícia
de quase todos os bens produzidos durante os dez anos de existência do Caldeirão.
Texto Complementar
Em: 14.09.2006
A Cavalgada que vai refazer os Caminhos do Beato Zé Lourenço, foi objeto de matéria
publicada no jornal “Diário do Nordeste”, desta 5ª feira, dia 14. Abaixo a reportagem:
31
O lugar era uma comunidade auto-suficiente economicamente no que diz respeito à
fabricação de instrumentos e ferramentas de trabalho utilizados nas oficinas, lavoura e
no beneficiamento do consumo alimentar. O trabalho realizado pelo Beato durante dez
anos, de 1926 a 1936, pode ser visto como uma reforma agrária de origem popular. Ao
mesmo tempo em que crescia a fama do Caldeirão, transformado em celeiro agrícola do
Cariri e santuário de oração do Nordeste, cresciam também as atenções das autoridades
que viram naquele grupo social uma ameaça à ordem constituída. A solução foi
expulsar das terras, que pertenceram ao Padre Cícero, o Beato e seus seguidores.
José Lourenço, que conseguiu fugir de Caldeirão, fundou mais tarde nova comunidade
na Serra do Araripe. Embora fosse pacífica, alguns seguidores, pregavam a luta armada
de resistência. A nova comunidade foi destruída e mais de mil camponeses foram
mortos.
Fonte: www.urca.br
O período de 1945 a 1986 tem três fases muito distintas. A primeira, que
termina em 1964, denominada redemocratização, se caracteriza pelo retorno da vida
democrática no País após a ditadura do Estado novo quando Getúlio Vargas aproveita
para potencializar dois partidos: PSD (Partido Social Democrático) e o PTB (Partido
Trabalhista Brasileiro). Ela foi dominada pela explosão da população das grandes
cidades, fruto da migração rural-urbana e encontramos o incipiente processo de
industrialização brasileira tendo como correspondente, no plano político, o fenômeno do
populismo. A segunda fase começa com o movimento político de 1964 e se caracteriza
pela “modernização conservadora”, uma modernização promovida pelo Estado
autoritário, e vai até o Governo Geisel, que completa o processo de abertura. A última
fase, iniciada com Sarney, se caracteriza pela convocação da nova constituinte e de
eleições diretas para presidente da República.
32
nas duas ultimas eleições. Essa realidade mostra o declínio da liderança de Olavo
oliveira, do PSP, e a liderança em ascensão de Carlos Jereissati, do PTB.
Olavo Oliveira era um político tradicional e um burocrata do Estado Novo, Em
1947 pertencia à direção nacional do PSD. Ele recebeu a incumbência de ser o
organizador daquele partido no Ceará. Mas encontrando resistência no Estado por parte
do interventor Menezes Pimentel e seus seguidores, rompeu com o PSD e articulou a
criação do Partido Social Progressista (PSP) que, em São Paulo, gravitava em torno de
Ademar de Barros.
Dos partidos que alternavam no poder, a UDN surgiu da oposição natural ao
Estado novo e, no caso do Ceará, a LEC (Liga Eleitoral Católica). Esse partido possuía
dois ramos bem distintos no Estado: Um liderado no sul pela família Távora, tendo
como figura representativa Fernandes Távora, e outro ramo, na região norte, liderado
pelo Dr. José Sabóia de Albuquerque, juiz de direito em sobral.
Na eleição de 1947, a UDN, vitoriosa, elege o juiz Dr. Faustino de
Albuquerque para o governo do Estado. Não conseguindo assim o Dr. Menezes
Pimentel, no poder desde 1935, eleger seu sucessor pelo PSD. Foi também derrotado
anteriormente na disputa pelo Senado Federal, em 1945, quando não consegue se eleger
senador junto com César Cals de Oliveira. Naquela eleição os senadores eleitos pela
coligação UDN-PSP foram: Plínio Pompeu, genro de Sabóia, pela UDN, e Olavo
Oliveira, pelo PSP. Essa coligação vencedora, contudo, não durou muito tempo. Olavo
Oliveira rompeu com o partido coligado, e com o governador. O principal motivo era
sempre os recursos escassos a distribuir: cargos e funções.
Na eleição de 1950, o partido vencedor foi a oposição ao governador,
representada pelo PSD. Dr.Olavo Oliveira, senador do PSP e um dos responsáveis por
esse desempenho do PSD, elege quatro deputados estaduais e um federal, enquanto o
PTB ainda permanência um partido inexpressivo, já dirigido por Carlos Jereissati,
elegendo apenas um deputado estadual, enquanto o pequeno PR (Partido Republicano)
elegeu dois. Neste momento foi realmente o PSP o partido fiel da balança e decisivo
para a eleição do governador. Raul Barbosa, o governador eleito, era um tecnocrata e
professor da Faculdade de Direito do Ceará. A vitória do PSD, na eleição de 1950 em
coligação com o PSP, foi quase empatada e, por isto mesmo, não correspondeu a uma
folgada maioria do governo na assembléia legislativa. Raul Barbosa teve, como
Faustino de Albuquerque, que cooptar deputados da oposição, no caso da UDN. Esse
comportamento, contudo, passou a sr normal dentro deste quadro de convivência de
elites civis frágeis.
Chico Monte, uma antiga liderança da UDN, agora no PDS, rompe com o
Governador e com o partido indo engrossar as fileiras do então inexpressivo PTB. O
PSP com este crescimento inicial do PTB viu se assim enfraquecido na eleição de 1954,
enfraquecimento este agravado principalmente porque seu líder, Olavo Oliveira, não
conseguiu se reeleger senador, perdendo para Fernandes Távora da UDN.
A eleição de 1954 também traz a vitória do partido de oposição ao governo, e
uma liderança não ligada diretamente o meio rural, Paulo Sarasate da UDN. O
concorrente era Armando Falcão representante da ala jovem do PSD, indicado pelo
PSP. Este apesar de perder a eleição assumiu a cadeira de Deputado Federal, mandato
que passou a exercer pela segunda vez, sendo inclusive líder do governo. O vice de
Paulo Sarasate foi Flavio Marcilio do PTB, advogado e pessoa de confiança de Carlos
Jereissati. Em 1954, o partido que fez o papel de fiel da balança para a vitória da UDN,
foi o PTB e não mais o PSP.
A força da dissidência da zona norte, representada por Chico Monte, fez o
PTB cearense mais forte. Na eleição de 1958, é a vez de Sobral eleger Governador um
33
de seus representantes. Naquele momento, o Presidente Juscelino Kubitschek, do PSD,
sofria uma oposição cerrada da maior parte da UDN liderada por Carlos Lacerda. Não
era o caso do partido no Ceará. Seu representante no congresso, Virgilio Távora,
integrava uma dissidência do seu partido. Távora, no Ceará, foi o concorrente de
Parsifal Barroso pela UDN, e foi derrotado na eleição de 1958. Parsifal Barroso, quando
indicado para concorrer ao governo pelo PTB em coligação com o PSD, tinha total
apoio também de Juscelino Kubitscheck. A vitória da coligação PSD-PTB não se
refletiu no legislativo, pois UDN e PSD elegeram quase o mesmo número de deputados
estaduais e federais. E o PSP e PTB também empataram tecnicamente em número de
eleitos.
A característica dessa eleição de 1958 no Ceará e que o PTB já despontava
como u partido em ascensão e a grande liderança não estava apenas na zona norte do
Estado, mas em Fortaleza na figura de Carlos Jereissati. Ele recebeu a simpatia de
Getúlio e de João Goulart. O governo de Parsifal Barroso teve então a concorrência não
só dos opositores tradicionais da UDN no plano da administração estadual, mas também
teve que administrar uma luta interna pelo controle do seu partido, o PTB, com a força
emergente de Carlos Jereissati. Em pouco tempo alegando desentendimento com este,
Barroso rompe com o PTB para entrar no, até então inexpressivo, PTN (Partido
Trabalhista Nacional). A realidade partidária já começava, assim, a se estruturar e duas
lideranças começavam a se fortalecer: Carlos Jereissati, por tutela do Governo Federal,
e Virgilio Távora, também apoiado pelo mesmo governo.
A eleição mais representativa dos aspectos estruturais das elites políticas
cearenses aconteceu no ano de 1962. Até então, como já examinamos, nenhum
governador conseguiu eleger seu sucessor, esta eleição parece ter sido uma exceção. O
governador Parsifal Barroso, do PTN, pôde reivindicar ter tido a paternidade da
indicação do candidato vitorioso ao governo do Estado. Mas quem ele indicou? Nada
mais do que seu opositor derrotado na eleição de 1958, o então ministro da viação do
governo parlamentar de João Goulart, Virgilio Távora. Não foi, portanto um candidato
que desse continuidade ao grupo político de Barroso.
No inicio das Articulações para a eleição de 1962, o deputado do PTB Flavio
Marcilio, inconformado com a exclusão do seu nome da lista dos candidatos, cria o PRT
fazendo depois, em um jornal local, uma declaração de apoio à candidatura de José
Flavio Costa Lima. A UDN por sua vez, não aceitava a proposta do PTB, de Carlos
Jereissati, que, ciente de sua importância, indicava a si mesmo para senador numa
possível coligação, e indicava Fausto Cabral para vice-governador. Parsifal Barroso,
inconformado então com a derrota que Jereissati lhe impôs no PTB, interfere no
processo, e assume imediatamente a proposta de uma coligação da UDN com o PSD e o
partido que ele então sustentava: o PTN. A chapa aceita, depois de muito debate, ficou
assim formada: Governador Virgilio Távora; Vice para o PSD com nome indicado por
José Martins Rodrigues (o indicado era Joaquim de Figueredo Correa); senadores
escolhidos, Dr. Tancredo Halley de Alcântara, e Wilson Gonçalves. Esta chapa eleitoral
ficou conhecida como união pelo Ceará. O PTB, o PSP, o PRT e o PR, partidos que
eram o fiéis da balança, lançaram um candidato alternativo ao governo, também em
coligação, Adahil Barreto, dissidente da UDN para governador e Fausto Cabral para
vice. Para o senado os lideres do PSP e do PTB, respectivamente Olavo Oliveira e
Carlos Jereissati. Era a primeira vez que estes partidos se coligavam para enfrentar os
dois partidos mais tradicionais.
Pode-se perceber que a vitória desse esforço das elites cearenses não foi plena.
A união pelo Ceará elegeu o governador, o vice e um senador. Mas perdeu a outra
cadeira para o senado, que ficou para Jereissati. Com essa eleição, acontece a
34
consolidação de duas lideranças estaduais muito representativas: Carlos Jereissati e
Virgilio Távora. Estas são duas formas de lideranças diferentes entre si, mas
representativas de uma transição para a ideologia da modernidade, refletindo as idéias
de Celso Furtado e do Banco do Nordeste. Os partidos cearenses se estruturaram numa
sociedade que buscava o caminho para a modernidade que, naquela época, já era
identificada com a industrialização. A fragilidade estrutural das elites cearenses não
impediu que, com o apoio da ideologia nacional-desenvolvimentista, se fortalecessem
lideranças com as acima citadas.
35
O governo Virgilio Távora e a crise dos coronéis
36
mulheres “sem reputação”, advindas das classes inferiores. Aos poucos, pólos foram
sendo demarcados, mesmo que sem nenhuma oficialidade. A praia de Iracema seria o
local das noites boêmias, como é até hoje, o Meirelles e arredores, local da elite que ia
se estabelecendo, e locais como Pirambú, Barra do Ceará e Mucuripe, iam sendo
ocupados pelas camadas mais pobres, tanto para moradia como para lazer.
Vários clubes e sociais como o Iate clube, o Ideal clube o Náutico foram se
constituindo em espaços sociais destinados a classe media e alta da cidade. O cinema
era também um outro espaço de lazer para quem tinha dinheiro para freqüentar os
cinemas como o Diogo e o São Luiz. Nota-se que a grande maioria dos habitantes não
tinham opções de lazer, a não ser em momentos raros como as festas públicas como o
carnaval, que ia aos poucos sendo privatizado também nos clubes.
37
pouco atuante quanto ao aspecto social como um todo. A concentração de renda do
Ceará ainda é altíssima, poucos concentram a grande maioria da renda do estado,
enquanto a grande população vive em condições precárias. A pobreza intensificou-se, as
favelas continuam crescendo, a taxa de desemprego continua alta. As secas, apesar de
todo a tecnologia atual para se preparar para tais fenômenos, ainda assola os sertões
cearenses, fazendo a vida dos moradores do sertão uma eterna luta. A educação, apesar
do crescimento quantitativo de crianças na escola, ainda hoje apresenta problemas sérios
quanto a sua qualidade.
Por outro lado, cada vez mais industrias estrangeiras se instalaram no Ceará,
incentivadas pela mão-de-obra barata, pela isenção de impostos, pelos empréstimos de
terrenos para sua instalação, sufocando pouco a pouco, as empresas da região,
principalmente as de pequeno e médio porte.
Se por um lado a economia cresceu, o estado produziu mais, gerou riqueza,
desenvolveu o turismo, mostrou-se atraente para a visita e para os investimentos, saneou
suas estradas, modernizou suas entradas (construção do porto de Pecem, e
reestruturação do aeroporto Pinto Martins), por outro o Estado ainda se mostra um dos
mais pobres do País. Segundo o IBGE (1991), 98% dos chefes de família do Estado
ganham no Maximo até três salários mínimos, enquanto apenas 0,99% desses chefes
chegam a ganhar acima dos 20 salários mínimos, denotando um altíssimo nível de
concentração de renda.
Enfim, é inegável que o estado cresceu, mas é lamentável que esse
crescimento tenha favorecido e se concentrado nas mãos de uma minoria. Tasso
Jereissati possui três mandatos, o primeiro de 1987-1991, depois fez seu sucessor Ciro
Gomes 1991-1995, tendo seu segundo mandato de 1995-1998 e o terceiro de 1998-
2002. Durante sua carreira política, foi membro do PMDB, partido pelo qual como já
foi tido venceu sua primeira eleição, passando posteriormente para o PSDB no qual se
mantém até hoje.
Geografia do Ceará
Localização
Estando colocado um pouco abaixo da linha do Equador, o Ceará tem sua posição
nitidamente tropical. Em sua configuração "triangular", "de um coração” limita-se a
oeste com o Estado do Piauí, a sul com Pernambuco, a leste com o Rio Grande do Norte
e Paraíba, e a norte com o Oceano Atlântico, formando com ele uma extensa moldura
litorânea de 573km.
38
Área
O Estado do Ceará tem uma área de 146.348,3 quilômetros quadrados, onde sua
participação é da ocupação de 1,71% da área do Brasil e 9,37% da área que compreende
a Região Nordeste. Sua área ocupada por águas internas é de 0,8%.
A área de litígio do Ceará com o Piauí é de 2.977,4 quilômetros quadrados.
concentração das chuvas num curto período anual (de 3 a 5 meses), com uma
média de precipitação de 775mm e um coeficiente de variação de 30%;
médias térmicas elevadas, variando de 23º a 27º C;
forte insolação, numa média de 2.800 h/ano;
umidade relativa do ar com 82% no litoral e inferior a 70% no sertão.
Litoral: com clima quente e úmido, suas médias térmicas são de 26ºC a 27ºC,
com máximas de 30ºC e mínimas de 19ºC;
Serras: com clima frio e úmido, têm médias térmicas em torno de 22ºC, com
máximas de 27º e mínimas de 17ºC.
Sertão: de clima semi-árido e médias térmicas não definidas, tendo média das
máximas entre 32ºC e 33ºC, e média das mínimas de 23ºC (nas noites);
Topografia
39
Geologia
Vegetação
Caatinga: do tupi, mata branca, espalha-se por todo o espaço ocupando cerca de
70% de sua área. Suas características são de porte arbustivos, troncos retorcidos,
folhas pequenas e caducifólias, xerófila (adaptada à escassez d'água) e raízes
profundas
A caatinga hipoxerófila, que tem maior porte e densidade, aparece nas faixas de
menos rigor climático, tais como a baixada litorânea e o sopé da Ibiapaba.
A caatinga hiperxerófila é a vegetação das regiões mais áridas, apresentando-se
mais baixas e rala, bem como com maior quantidade de espécies espinhosas;
Tem como algumas de suas espécies: algaroba, mulungu, aroeira, marmeleiro,
juazeiro, pau-branco, sabiá e predeiro. As espécies cactáceas são: xique-xique,
palma, facheiro e mandacaru. Seu desequilíbrio está nas queimadas e
desmatamentos (retirante de lenha).
Formações Florestais: em meio a aridez predominante, destacam-se as manchas
verdes das florestas que cobrem as serras e os vales úmidos;
Vegetação de dunas, mangues e tabuleiros: ocupam espaços pouco
representativos na área total do Estado. São predominantemente litorâneos.
- A vegetação de mangue é encontrada em áreas sob influência das marés, tendo
como características porte arbóreo/arbustivo, pobre em variedade (mangue preto,
mangue branco e mangue vermelho), higráfila (adaptada à umidade) , halófita
(adaptada a salinidade) e raízes suspensas. Sua importância está na manutenção
do clima, evita o alagamento das áreas adjacentes, alimentação e reprodução da
fauna marinha, pesca de peixe, caranguejo, camarão, e matérias-primas como
madeira (construção de moradias, produção de carvão artesanato) e cipós
(artesanato). As espécie animais encontradas são: garças, galinha d'água,
martim-pescador, beija-flor, lavandeira, gaivotas, etc. Seus desequilíbrios estão
na especulação imobiliária, desmatamentos, queimadas e despejos de esgotos e
lixo;
Vegetação ciliar ou mata de galeria: ocorre como ocorrência dispersa em todo
o Estado, ocupando os vales úmidos dos rios e riachos, formando densos
povoamentos, nos quais a carnaúba, a oiticica, o juazeiro e o mulungu são
espécies dominantes.
A economia do Ceará é uma das que mais cresce nos últimos anos entre os
estados do Nordeste. Sua industrialização vem superando limites, onde o governo tem
trabalhado bastante na implantação de várias indústrias no interior do Ceará, através de
40
incentivos fiscais. O turismo também não fica para trás. É um dos maiores
investimentos do Ceará, que vem atraindo cada vez mais turistas, e também por abrir
vários setores da economia, como na indústria hoteleira, que tem vários ramos como
restaurantes, lavanderias, serviços de limpeza, etc.
Artesanato:
A imagem do Ceará está para sempre ligada a figura da mulher rendeira. A renda,
também conhecida como renda-de-bilbo ou renda da terra é a atividade exercida por
mulheres nas comunidades interioranas e sua produção está distribuída
principalmente na faixa litorânea.
Agricultura
41
feijão, milho e mandioca, em regime de sequeiro e em regime irrigado
com o maracujá, melão e melancia.
Pecuária
Extrativismo Vegetal
População
42
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,7 segundo o Atlas de
Desenvolvimento Humano/PNUD (2000).
Pirâmide Etária
Com uma base larga e um topo estreito, a pirâmide etária cearense mostra que o
predomínio da faixa de crianças e jovens, e uma diminuição gradativa à medida que
aumentam as idades.
Distribuição da População
EXERCÍCIOS.
a) O trabalho de vaqueiro, no Ceará colonial, era ocupado por homens livres que
percebiam salários.
b) A cultura algodoeira foi responsável pelo povoamento da terra cearense a partir
do século XVI.
c) As oficinas de charque e a comercialização da carne seca fizeram do cariri a
principal região econômica do Ceará colonial
d) A predominância da exportação do Algodão pelo porto de Fortaleza contribuiu
para consolidar a capital como principal centro urbano do Ceará no século XIX
e) O café, no Ceará, só foi cultivado as regiões de Sobral e Camocim, e não teve
nenhuma expressividade na economia exportadora cearense do século passado.
43
08. A falta de catequese missionária no Ceará tornou mais longa e árdua a
dominação portuguesa sobre as tribos indígenas cearenses
16. O comércio do charque e do couro pelo porto de Aracati fez desta vila o
principal centro econômico do Ceará
32. A criação de gado possibilitou a ocupação do interior cearense, e do couro se
faziam desde mobília a vestuário, utensílios domésticos e artefatos de trabalho.
44
06 (UFC) Durante o período colonial, a Pecuária foi a principal atividade
econômica do Ceará. A predominância da atividade criatória e de um de seus
produtos – o Couro – foi tão marcante, à época, no sertões nordestinos,
sobretudo no cearense, que acabaram por formar, no dizer de Capistrano de
Abreu, uma civilização do couro;
a) Regencial
b) Republicano
c) Colonial
d) Do Estado Novo.
45
b) Vitória Cearense na luta contra as revoltas provinciais no período
regencial
c) Comemoração da morte do Padre Mororó, herói cearense, em 30 de Abril
de 1826.
d) Proclamação de Tristão Gonçalves como Presidente da Província
cearense.
46
13 (UFC/95.1) Durante o período colonial, a pecuária foi a principal atividade
econômica do Ceará. A predominância da atividade criatória e de um de seus
produtos — o couro — foi tão marcante, à época, nos sertões nordestinos,
sobretudo no cearense, que acabaram por formar, no dizer de Capistrano de Abreu,
uma “civilização do couro”,
“As secas de 1777-78, 1790-93 são apresentadas, (...) como causa única dos
primeiros impasses desenvolvimentistas do criatório do Ceará, e pela falência das
charqueadas. (...) Não deve ser esquecido, porém, que naquele período o Ceará não
apenas perdeu parte do rebanho e ganhou um competidor no comércio da carne
seca; um outro fato foi acrescido à economia cearense, a partir daí (...)“ (Fonte:
GIRAO, Valdelice Carneiro — As Oficinas ou Charqueadas no Ceará. Fortaleza:
Secretaria de Cultura e Desportos’ 1984, p. 127).
47
b) Analise o outro elemento responsável pela falência das charqueadas,
considerando o contexto histórico.
48
c) alemães, belgas e suíços.
d) espanhóis, italianos e franceses.
e) alemães, russos e noruegueses.
22 (UFC/96.l) “(...) a EFB (Estrada de Ferro Baturité) surge quando o Ceará [vai-se in-
corporando] ao mercado internacional através de seus produtos (...), ora sofre as in-
fluências do mercado externo, ora as conseqüências da política nacional e ora a
interferência de fatores internos quer históricos, quer naturais”.
(Fonte: FERREIRA, Benedito Genésio. A Estrada de Ferro Baturité: 1870 —
1930. Fortaleza, Edições UFC/Stylus, 1989, p. 194).
Tendo como base o texto acima e os conhecimentos de História do Ceará, podemos
afirmar:
1. A EFB procurava atender a demanda de transporte para o café e o algodão,
produzidos no Ceará.
2. Na construção da EFB explorava-se a mão-de-obra de flagelados das secas
que se abatiam sobre o Ceará.
4. Como “o sertanejo é antes de tudo um forte”, nos períodos de seca a
produtividade de seu trabalho aumentava.
8. A inserção do Ceará no mercado internacional se fazia com a produção e
comercialização de produtos primários.
16. A construção da EFB excluía o Ceará do quadro da divisão internacional do
trabalho.
23 (UFC/99) “ESCRAVOS”
Vende uma pessoa chegada há pouco do Norte bonitos e moços, entre chies notam-
se um oficial de ourives, uma bonita crioula, uma parda de 18 a 20 annos com
habilidades, um preto padeiro e forneiro, um bonito pardo de 17 annos, optimo
para pagem e mais pretos moleques; na rua da Alfandega n. 278.”
Fonte: Jornal do Commercio, 1854 apud NOVAIS, Fernando. A História da vida
Privada no Brasil. v. 2. São Paulo. Companhia das Letras, 1997, p. 251.
O anúncio acima, publicado num Jornal do Rio de Janeiro, indica que os referidos
escravos eram oriundos de uma Província do Norte, classificação onde se inseria o
Ceará, que participou do comércio negreiro interprovincial, em virtude:
49
a) da promulgação da Lei do Ventre Livre que proibia a permanência da mão-
de-obra escrava nas atividades agrárias algodoeiras;
24. (UFC/99 — 2ª Fase) “Ceará: Terra da Luz”. Esta denominação foi conferida ao
Ceará por ter sido a primeira província brasileira a libertar seus escravos.
25. (UECE/94.2) A alcunha “Terra da Luz” foi atribuída ao Ceará por ter sido a
primeira Província a libertar oficialmente seus escravos, ainda em 1884. Sobre a
abolição precoce dos escravos no Ceará, podemos afirmar também corretamente
que:
26. (UECE/96.2) O epíteto ‘Terra da Luz’ foi atribuído ao Ceará por ter sido a primeira
província brasileira a abolir oficialmente a escravidão.
Sobre este episódio tão marcante para a História do Ceará, assinale a alternativa cor-
reta:
a) a campanha abolicionista foi muito intensa, contando inclusive com a
.participação dos jangadeiros, já que os escravos constituíam quase a
metade da população da província.
50
b) a escravidão representava a principal fonte de mão-de-obra para a
província, principalmente na pecuária e na cultura do algodão
c) o movimento abolicionista foi liderado pelos proprietários de terras
insatisfeitos com a escravidão e interessados na imigração de europeus.
d) na década de 1880, o número de escravos já era muito reduzido, fato
agravado pela seca de 1877, quando as fugas e as alforrias foram
intensificadas.
29. (UECE/00) No Ceará, a segunda metade do século XIX foi um período de intensa
atividade intelectual e política, multiplicando-se os jornais e os clubes literários.
Assinale a opção que expressa corretamente alguns aspectos sociais dessa
efervescência cultural:
51
c) As atividades intelectuais eram, em verdade, frutos tardios da expansão
algodoeira do século XVIII, quando os senhores de terras se estabeleceram na
capital.
d) Os grêmios, apesar de muitos, mantinham poucos sócios e uma rarefeita
programação cultural, resultado do acanhado porte intelectual de seus membros.
31. (UNIFOR/00.l) “No princípio era o gado e os homens que o tangiam. Em lenta pro-
gressão, vindos do vale do São Francisco, na Bahia, do sertão de Pernambuco e de
Sergipe, no final do século XVIII, aqueles rudes peregrinos da fortuna subiram os
contra-fortes da Chapada do Araripe e chegaram a um vale fértil, habitado pelos
índios Kariris, no sul do atual território cearense. Os desbravadores plantaram vilas,
que se transformariam em cidades, e por causa desse movimento migratório, a
colonização do Ceará começou pelo interior e não pelo litoral. Das numerosas
cidades que se formaram e dentre as que compõem o triângulo Crajubar, a última a
nascer, em 1872, foi a cidade do Padre Cícero Romão Baptista.”O texto
refere-se a.
a) Juazeiro do Norte
b) Fortaleza
c) Crato.
d) Maracanaú.
e) Barbalha.
33. (UFC-95.0) A Legião Cearense do Trabalho (LCT) foi uma organização política
que se desenvolveu entre 1931 e 1937. Apresenta duas características políticas e
ideológicas desse movimento.
34. (UFC/95.2) Padre Cícero Romão Batista foi unia das principais figuras sócio -
político- religiosas do Ceará durante o período da Primeira República brasileira
52
(1889 — 1930). Cite e comente dois acontecimentos em que o referido padre teve
participação marcante.
16. a busca de espaços políticos pela Igreja Católica a fim de neutralizar a ação,
exclusivamente, dos movimentos de direita.
37. (UFC/96.2) “A existência dessas hierarquias sociais nos eventos e espaços públicos
não foi novidade de fim de século. Constituiu uma mentalidade enraizada no
comportamento da cidade, em especial, uma idéia recorrente entre membros da
elite. E muito provável que o final do século tenha posto a nu as contradições
sociais, face a uma Fortaleza que integrava-se ao mercado internacional através do
algodão. Durante as secas ela recebia levas de migrantes do interior e sua elite
queria ter, na desprezível e insignificante região econômica de que fazia parte, uma
ilusão moderna”.
(PIMENTEL FILHO, José Ernesto. A Aristocratização Provinciana em Fortaleza:
1840 — 1890. Recife. Dissert. Mestrado — UFPE, 1995, p. 89). No final do século
XIX, Fortaleza passou por um processo de remodelação urbana associada:
53
de seus negócios de importação/exportação.
8. aos interesses da administração pública em disciplinar o uso do espaço urbano
por uma população crescente.
16. aos interesses dos artistas locais em preservar o patrimônio arquitetônico
colonial da cidade.
39. (UFC/98 — 2~ Fase) “Sobre o Ceará pesa maldição maior do que as secas: a
inépcia e má vontade dos homens que dirigem a Nação e a falta de patriotismo de
nós cearenses.
(TEÕFILO, Rodolfo. A seca de 1915. Fortaleza. Edições UFC. 1980. p. 32)
40. (UFC/2000) O filme “For All” (Para Todos), lançado em 1998, trouxe aos cinemas
alguns aspectos da presença de militares norte-americanos em algumas cidades
brasileiras (Fortaleza e Natal), durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
54
a) significou o retorno de Nogueira Accioly ao poder, com o apoio do Padre Cícero
e do governo federal.
b) a formação de exércitos de sertanejos representou um dado de instabilidade que
levou o governo federal a reprimir violentamente a Sedição, recolocando Franco
Rebelo no poder.
c) foi provocada pelas dissidências oligárquicas entre rabelistas e aciolistas, que
disputavam o apoio do governo federal.
d) representou uma manifestação do poder do Padre Cícero, que se sentiu
ameaçado pelo governo liberal e democrático de Franco Rabelo.
43. (UECE/97.1) “O Ceará é uma terra condenada mais pela tirania dos governos do
que pela inclemência da natureza.” (TEÓFILO, Rodolfo. A seca de 1915.
Fortaleza. Ed. UFC. 1980. p. 31)
Esta frase, escrita em 1916, expressa uma revolta com aquilo que o autor via
acontecer no governo deste período. Marque a alternativa que indica corretamente
algumas características da política cearense na Primeira República:
55
revoltas urbanas, como a Sedição de Juazeiro, em 1914.
a) do babaçu.
b) da carnaúba.
c) do caroá
d) da oiticica.
e) do algodão.
56
d) grande adensamento populacional,
e) concentração de minifúndios.
50. (UNIFOR/95.1) “... Patrocínio deu ao Ceará o nome de Terra da Luz”. O Imperador
aplaudiu comovido; e até Victor Hugo mandou da França sua saudação aos
cearenses...
Os fatos a que o texto se refere relacionam-se com a
a) abolição da escravidão em toda a província do Ceará, em 25 de março de 1884.
b) vitória cearense na luta contra as revoltas provinciais, no período regencial.
c) comemoração da morte do Padre Mororó, herói cearense, em 30 de abril de
1826.
d) proclamação de Tristão Gonçalves como presidente da província cearense, em
26 de agosto de 1824.
e) expulsão dos franceses e flamengos da província do Ceará.
51. (UNIFOR/96.1)
Quem for para Juazeiro
Vá com dor no coração
Visitar Nossa Senhora
e o Padre Cícero Romão
Que o meu padim é um santo Isso tá mais que provado basta atentar os milagres
que ele tem realizado
O 1º foi ter feito em certa manhã pacata não me lembro bem a data a hóstia virar
sangue na boca de uma beata (Dias Gomes)
a) Maria Rosa.
b)Angélica
c) Maria de Araújo.
d)VirgemTeodora.
57
e) Violeta Matos
58
d) mantém uma tradição de vida política tranqüila.
e) desenvolveu cidades, como Araripe, que é considerado o município de maior
desenvolvimento em todo o Brasil.
a) Coronel Accioly.
b) Manoel da Nóbrega.
c) Franco Rabelo.
d) Padre Cícero.
60. (UNIFOR/99.1) A capital do Ceará, Fortaleza, é famosa por suas praias como a do
Mucuripe e a do Futuro, mas apresentou grande crescimento populacional em
1991, principalmente:
59
caranguejo.
b) no centro-oeste, em função da inauguração da Companhia Siderúrgica do Ceará.
C) no lado sudeste, devido à construção de açudes, como os de Orós e Araras.
d) na região metropolitana que atrai migrantes de todo o estado.
e) na região noroeste da cidade, que em função dos incentivos fiscais fizeram
crescer os setores têxtil e alimentício.
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