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HISTÓRIA DO BRASIL REPÚBLICA I

Prof.ª Dr.ª Beatriz Polidori Zechlinski


Aluna: Maria Letícia Pereira Nery

COSTA, Emília Viotti da. “A Proclamação da República”. In.: . Da Monarquia à


República: momentos decisivos. 6ª ed. São Paulo: Ed. UNESP, 1999. PP. 447-490.

Atividade

1. Defina a problemática proposta por Emília Viotti da Costa em seu trabalho. Defina
também os objetivos que foram traçados pela autora para chegar ao resultado final
de sua pesquisa.

A autora Emília da Costa refuta a historiografia tradicional a respeito da Proclamação


da República Brasileira fazendo uma análise das transformações socioeconômicas da
segunda metade do século XIX, problematizando as questões que levaram a
proclamação. A autora defende uma nova tese, resiginigicando esse momento
brasileiro, em que boa parte da historiografia afirmava ser fruto da crise do segundo
reinado, que caiu por conta de 3 problemas base: Questão religiosa, Questão militar e
abolição. Os objetivos da autora se baseiam em pontuar problemas com base nesses 3
pilares, demonstrando outros fatores mais importantes, que levaram a queda do
Império e a primeira República brasileira, no intuito de compreender esse momento de
transição, analisando diferentes visões e discursos históricos, além de trazer a visão
econômica do declínio do Império a assenção republicana.

2. Explique os argumentos da autora para refutar as interpretações da


historiografia tradicional sobre a Proclamação da República.

A autora afirma que a interferência do Estado na Igreja não era fato novo, o imperador
já havia feito isso outras vezes. Além disso, a maior parte dos republicanos já não eram
católicos devotos fervorosos, mas sim livres- pensadores. Por isso, a prisão dos bispos
não gerou tanta revolta como afirma a historiografia tradicional. A população urbana
já não era tão clerical, estavam mais preocupados em desenvolver o estilo de vida
“burguês” que estava ganhando força na época. Os republicanos assumidos
publicamente possuiam um discurso anti-clerical, afirmando abertamente serem
contra a interferência da Igreja no Estado. Ou seja, o discurso republicano contra o
pensamento religioso não “atrairia” a população católica fervorosa.

Em relação aos militares, a autora afirma que um pequeno grupo específico de


militares de alta potente (generais, marechais), apoiaram até o fim o Império. Estavam
insatisfeitos pós guerra do Paraguai, mas não o suficiente para derrubar o imperador.
Aqueles que apoiaram a República eram militares de baixo escalão (soldados, capitães,
etc), influenciados pelo pensamento positivista da época, incluso na escola militar,
inspirados nos ideias positivistas e cientificistas. Para os militares influenciados por
esses ideais, era missão do exército direcionar o país ao progresso.

Referente a Abolição, a autora diz que os fazendeiros tradicionais dependentes do


sistema escravista nunca mudaram de lado, permanencendo a favor do Imperador até
o fim. Porém, um outro grupo de fazendeiros surgiu na segunda metade do século XIX,
os quais já não dependiam da escravidão, e utilzavam de mão de obra livre, vistos
como fazendeiros progressistas. A elite oligárquica passava por mundanças, tendo os
fazendeiros progressistas em assenção, apoiando o Regime Republicano. Assim, para
esse grupo em específico, a abolição não teve tanto impacto.

O mito do Poder Pessoal também é refutado pela autora, na qual afirma que desde a
Carta Constitucional de 1824, o imperador não abusou do Poder Moderador, mas sim
foi controlado por ele. Quem realmente controlou as políticas imperiarias foi o poder
executivo, as oligarquias representadas no Conselho de Estado, Assembléias, Câmaras
dos Deputados, etc. Caso o rei utilizasse seu poder Moderador para dissolver a
Câmara, o descontentamento levava a intensos protestos sociais. O imperador sempre
procurava atender os interesses das oligarquias, fomentando insatisfações sociais e
políticas de outros grupos.

3. Explicite qual é a tese de Emília Viotti da Costa sobre o processo de instauração da


República no Brasil e demonstre os seus argumentos.

Segundo a autora, haviam fatores mais importantes que deveriam ser levados em
consideração além dos considerados 3 pilares para a queda do império. Era necessário
uma revisão historiográfica, com novas fontes o objetos de estudos, de forma mais
objetiva, utilizando estudos de história econômica e monografias sobre o movimento
republicano, trazendo um novo olhar para a queda do segundo reinado. A Autora trás
novos dados para a revisão historiográfica, baseado nos dados econômicos e sociais, a
“modernização” do Brasil com base nas mudanças feitas no longo reinado de Pedro II. A
modernização das ferroviárias, a substituição dos barcos a vela para os barcos a vapor,
novos meios no fabrico de açúcar, o desenvolvimento do capitalismo e especialmente o
surgimento de uma nova oligarquia agricultora, os fazendeiros progressistas do oeste
paulista. O surgimento dessa nova elite continua sendo agrária, preocupados com a
importação, ligada a terras. Esse ponto é crucial pois leva a dicidência intraoligárquica com
os fazendeiros progressistas em assenção, inclinados ao partido republicano, enquanto os
retrógrados ficam para trás. Esses argumentos são usados para sustentar a tese de que a
proclamação da República é fruto das mudanças que acontecia no país, como o
enfraquecimento das oligarquias tradiconais, a Abolição, a imigração, a industrialização e
urbanização e a campanha pró federação. Analisando novas documentações que
demonstrem tensões nos momentos finais do Segundo Reinado, é possível compreender
de uma forma mais clara como desencadeou o processo de proclamação da República.
4. Identifique qual é a linha teórica e a área historiográfica a partir da qual a autora
realiza a sua interpretação.

Em termos de área historiográfica, Emilia Viotti da Costa utiliza da história social e


econômica para analisar suas fontes. Apresenta uma linha teórica baseada no
pensamento marxista, utilizando o método dialético marxista de análise da realidade
social brasileira, partindo de um revisionismo historiográfico utilizando fontes
diferentes das utilizadas pelos historiadores tradicionais. Analisa transformações
sociais, levando em consideração todos os sujeitos históricos e suas relações
interpessoais. Analizando a Proclamação da República não como algo natural, mas uma
construção social derivada de muitos fatores anteriores. Levando em consideração
aspectos econômicos, sociais e políticos, utiliza a dialética marxista para observar a
realidade no fim do império e suas contradições na historiografica tradicional, por
meio da contradição, refutando teses originais.

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