Você está na página 1de 7

História do Brasil Imperial | Prof. Dr.

Francisco Cancela

AVALIAÇÃO

Discente: Diogo Pimenta Lopes Turma: 3° Semestre

Escolha três das questões a seguir. Para cada resposta, desenvolva um texto
dissertativo que apresente coerência textual, diálogo com a bibliografia
trabalhada e reflexões históricas e historiográficas.
Os critérios para avaliação serão: 1) uso correto da língua portuguesa; 2)
estruturação coerente de cada resposta (com introdução, desenvolvimento e
conclusão); 3) uso crítico e coerente da bibliografia indicada e discutida nas
aulas; 4) apresentação de problematização das temáticas levantadas em cada
questão.

1) Alguns autores defendem a ideia de crise do antigo sistema


colonial para explicar o contexto geral no qual estavam inseridos
os episódios que levaram à independência do Brasil. Explique essa
perspectiva analítica, apresentando suas contribuições e seus
limites.

Conforme compreendido pelas leituras e discussões em sala de aula, a


crise do sistema colonial não se deu de forma isolada, mas sim como fator
resultante de uma série de acontecimentos externos e internos que
contribuíram para o resultado final.

Primeiramente, vale lembrar que na Europa estava vigente o


pensamento Iluminista, que pregava o racionalismo, liberdade, dentro outros.
Estes ideais que inclusive influenciaram nações absolutistas, não ficando de
fora, é claro, Portugal. Um bom exemplo da consequência destes pensamentos
foram os avanços tecnológicos na Inglaterra que culminaram na Revolução
Industrial (Como precisavam expandir seu mercado consumidor para
escoamento do excedente de produção, foram, por motivos econômicos,
História do Brasil Imperial | Prof. Dr. Francisco Cancela

AVALIAÇÃO

ávidos na propaganda abolicionista no Brasil), bem como a Revolução


Francesa na França.

Já no império Português, o principal representante deste Iluminismo foi o


Marquês de Pombal, que instalou uma série de inovações nas colônias com o
fim de aumentar a produção e extração econômica. Todavia, nas palavras de
Fernando Novais: “No plano econômico, para conseguir aproveitar os estímulos
da exploração de sua grande colônia, Portugal precisava desenvolver-se; mas
a exploração da colônia era condição para seu desenvolvimento. Imaginar uma
“integração” era quanto se conseguia propor para superar esse dilema
insolúvel. Mesmo assim, para conseguir “integrar”, tinha que modernizar-se,
mas, agora no nível interno, isso levava a um novo dilema: Mobilizar o
pensamento critica para empreender as reformas, e conte-lo para que não
revelasse a sua face revolucionaria. O ecletismo teórico e o reformismo pratico
não conseguiram, pois, superar as agudas contradições por onde se
manifestava a crise”.

Conforme fala do próprio professor da disciplina, não é possível explorar


a colônia, senão investir nela, sem criar condições mínimas de
desenvolvimento. É o “dilema do colonizador”, mobilizar o crescimento
econômico-social para empreender reformas, mas contê-lo para que não
fomentasse uma face revolucionaria por parte da revolução. E foi justamente
neste ponto que a “balança de crescimento” pesou no sentido dos processos
emancipatórios dentro da Colônia. Não apenas as elites, mas setores
populares cada vez mais desejavam uma estrutura política representativa que
fomentaria o sistema educacional e a industrialização do país. Lembrando que,
neste momento, as províncias pensavam de forma separada e discutiam seus
processos emancipatórios também de forma distinta. Todavia, o que não
História do Brasil Imperial | Prof. Dr. Francisco Cancela

AVALIAÇÃO

diminuía o descontentamento com a colônia e o desejo do rompimento com o


antigo regime.

3) A independência do Brasil foi acompanhada por uma ampla


cobertura e agitação jornalística. Como os jornais impressos
interpretaram esse processo político? Quais ideias e teorias
formularam ou reproduziram? Qual era sua importância naquele
contexto?

Antes de discutir a influencia dos jornais no processo de independência


do Brasil, é preciso ter ciência que a imprensa é um agente histórico, uma
fonte documental importante que retrata diferentes perspectivas, ideais e
tendências dos pensamentos da sua época.
Antes da vinda da família real para o Brasil em 1808, o acesso a livros,
além de ser restrito a determinadas matérias, era de uso quase que
exclusivo das elites. O que não se podia dizer sobre os periódicos, que
custavam até um centésimo do preço de um livro, por exemplo. Conforme
Marco Morel, era comum, na época, impressos periódicos transcrevem
longos trechos de livros, bem como interpreta-los. Assim, mesmo a parcela
da população sem condições para ter acesso a livros, poderia
eventualmente lê-los na imprensa periódica.
A vinda da corte portuguesa para o Brasil trouxe uma série de melhorias
e novidades para a sociedade, a Monarquia Constituinte “está junto” com a
formação da imprensa na colônia. Por não ser apenas um objeto, mas
possibilita criar mecanismos de sociabilidade, os jornais impressos
retratavam todo o cenário político efervescente não apenas da colônia, mas
História do Brasil Imperial | Prof. Dr. Francisco Cancela

AVALIAÇÃO

mundial. Um individuo no interior do Rio de Janeiro agora tinha informações


sobre os processos emancipatórios das 13 colônias. Da mesma forma, se
publicavam textos críticos a favor da manutenção da escravatura, etc.
Conforme Marco Morel: “ No mesmo jornal vem citados outros debates,
ocorridos na Inglaterra, na imprensa e no parlamento, que apontavam para
o mesmo cenário, isto fez a desagregação da nação Portuguesa e a
possível opção do monarca em ficar no Brasil, já que, mesmo após a
derrota definitiva de Napoleão Bonaparte em 1815, a corte Lusa
permanecia no Rio de Janeiro, sem previsão de retorno. Havia, pois, na
década de 1810, um debate que ocupava, também, os papeis impressos,
livros, e jornais, sobre a possível separação do Brasil ou de partes da
América Portuguesa, do reino de Portugal. E as proposições de
independência (no sentido de rompimento de laços), como a do abade De
Pradt, eram não só bem conhecidas, mas formuladas e recebidas de
maneiras diversas no mundo Ibero-americano”.
Como agente histórico, a formação dos jornais impressos foi decisiva
para o processo de independência do Brasil na medida que cria os espaços
de liberdade de expressão e debates políticos.

5) O imperador d. Pedro I ascendeu ao poder como símbolo da


unidade da nação. No fim de seu reinado, foi alvo de inúmeras
críticas, tensões e denúncias. Comente os principais aspectos do
primeiro reinado da monarquia brasileira

O momento politico do primeiro reinado foi a solidificação do processo


de independência do Brasil perante Portugal e o mundo. Sob a figura de D.
História do Brasil Imperial | Prof. Dr. Francisco Cancela

AVALIAÇÃO

Pedro I, se inicia a construção da noção de nação, e para isso, era


necessário a finalização dos processos emancipatórios das províncias
rebeldes, bem como a redação de uma nova constituição por meio da
Assembleia Constituinte.

Conforme o autor Gladys Ribeiro pontua, não podemos de “Deixar de


olhar para esse período como a ocasião em que todo o edifício legal e
político do império foi montado, quando as instituições se reergueram sob
novos prismas, e novos marcos temporais foram inventados. Devemos,
portanto, ampliar a ideia de uma crise limitada a fatos pontuais, circunscrita
a um tempo coeso. É dessa época, por exemplo, a criação dos principais
mecanismos legais desse Estado, tais como a Constituição de 1824, a lei
dos juízes de paz, o Supremo Tribunal de Justiça, o Código Criminal,
dentre outros”.

Todavia, os primeiros anos do reinado de D. Pedro I no Brasil também


foram marcados por contradições e tensões entre diversos setores da
sociedade, tanto na política, quanto na economia. A visão tradicional de
unificação do governo pelo imperador ia de encontro com os novos ideais
iluministas pós independência das elites locais. Não é à toa que, com
exceção do México por um curto período de tempo, nenhum outro país nas
américas se tornou uma monarquia após processo de independência.
Algumas justificativas para tal, podemos observar o medo das elites em
que o território do Brasil fosse fragmentado em razão do pluralismo politico
trazido pela republico, bem como a vontade destas mesmas elites em se
manterem no status quo vigente.

Como ensinado pelo próprio autor, o estudante necessita se desvincular


com a noção estratificada dos acontecimentos no primeiro reinado que
culminaram na renuncia de D. Pedro I; porém, não pode se esquivar de
História do Brasil Imperial | Prof. Dr. Francisco Cancela

AVALIAÇÃO

entender que o autoritarismo que marcou o processo de outorga da


Constituição de 1824 (após o cerco ao parlamento e a dissolução da
Assembleia Nacional Constituinte anterior) e os desgastes com a guerra
da Cisplatina, inauguraram uma fase na história política do Brasil em que a
noção de centralização de poder em uma figura uma passou a ser
duramente criticada.

Como vemos: “Ao contrário de 1823, a câmara dos deputados tornara-se


instituição solida, capaz de fazer frente às propostas ministeriais, minando-
as. Dito de outro modo, o poder executivo encontrava equivalente a seu
peso e representação. A câmara conseguia chamar para si parte do peso
do sistema representativo. Da parte dos deputados sempre houve esforço
para incorporar essa representação e até almejavam tornar a câmara dos
deputados um poder capaz de hegemonizar o processo político”.

Referências

ARRUDA, José Jobson de Andrade. O sentido da colônia. Revisitando a crise


do Antigo Sistema Colonial no Brasil (1780-1830). In: TENGARRINHA, José
(org.). História de Portugal. 2ª ed. Bauru: Edusc; São Paulo: Unesp; Lisboa:
Instituto Camões, 2001, p. 245-263.

MOREL, Marco. Independência no papel: a imprensa periódica. In: JANCSÓ,


István (Org). Independência: história e historiografia. São Paulo:
Hucitec/FAPESP, 2005, p.617-636.
História do Brasil Imperial | Prof. Dr. Francisco Cancela

AVALIAÇÃO

RIBEIRO, Gladys; PEREIRA, Vantuil. O Primeiro Reinado em revisão. In:


GRINBERG, Keila; SALLES, Ricardo. (Org). O Brasil Imperial. vol. I: 1808-
1821. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, pp. 137-174.

Você também pode gostar