Você está na página 1de 6

1 - Relacione as mudanças tecnológicas e científicas no fim do século XIX com a

proclamação da República
2 - Explique como a esfera pública foi ocupada por setores da sociedade (elites, classe
média e pobres) na república
A segunda metade do século XIX, foi marcado por uma intensa expansão do
capitalismo, principalmente, devido a Segunda Revolução Industrial que disseminou
transformações, nos setores de energéticos, metalúrgicos e de engenharia, também
alcançando áreas da química, medicina, entre outros. O progresso num ritmo célere
passou a projetar o ideal de avanço nas civilizações ocidentais, com base na ciência,
expansão de transportes e na economia industrial.
Nesse sentido de expansão, algumas potências europeias e norte-americanas,
passaram a perceber uma necessidade de produção em escalas cada vez maiores e novos
lugares para a obtenção desses recursos. A exploração desses novos territórios,
assinalaram a necessidade de imposição quanto a uma base científico-tecnológica,
modificando culturas e estruturas tradicionais dessas sociedades (SEVCENKO, 1998).
A partir, desses movimentos algumas dessas ideias cientificistas também se expandiram
em terras brasileiras.
Em contrapartida, o Brasil passava por um momento de impopular, havia
contraído dívidas exorbitantes, inclusive, pela participação na Guerra do Paraguai.
Nesse sentido, a estrutura de governo constituída pelo Império sofria intensas críticas,
tanto pela abolição da escravatura como pela possível aplicação de uma política
republicana, amparada a uma modernidade industrial, ocasionando o apoio de membros
do comércio, assim como de produtores rurais. Esses integrantes das elites, eram em sua
maioria cientificistas, defensores do Darwinismo social e do positivismo francês, além
de militares radicais. (SEVCENKO, 1998).
Assim, os republicanistas conseguiram alcançar um maior número de adeptos,
conquistando o poder aos poucos e posteriormente, proclamando a República no Brasil,
em 15 de novembro de 1889. Dessa forma, é possível perceber que o progresso político
brasileiro, veio estruturado por diversos interesses econômicos e sociais, influenciado
por pensamentos positivistas e de mudanças quanto a ordem. Passou a ocorrer um fluxo
intenso de capital inglês e americano no país exercendo o ideal de modernidade
(SEVCENKO, 1998).
2)
No contexto de Brasil República, novos membros das elites passaram a fazer
parte das instituições de poder. Nesse cenário as relações internacionais configuravam
grande na configuração do mercado de ações e atuação dos grandes proprietários de
terras. Os ricos fazendeiros do café no Sudeste, os cafeicultores paulistas e políticos
republicanos já estabeleciam o que esperavam alcançar no novo momento, como aponta
Sevcenko (1998. p. 15) A ideia das novas elites era promover uma industrialização
imediata e a modernização do país “a todo custo”. Assim foram consolidadas tanto a
hegemonia política das oligarquias paulistas, como das mineiras.
Considerando que o ideal republicano foi disseminado através de conceitos
positivistas e pautados no darwinismo social, acreditavam que o império havia
representado o retrocesso do país, utilizando de seu conceito para apontar retrocessos e
invisibilizar ainda mais as classes carentes, distanciando os mais pobres de políticas
públicas e oprimindo com exacerbada violência, qualquer tipo de revolta, como no caso
da Guerra de Canudos.
Diante da aplicação de reformas urbanas, a desigualdade social ficou ainda mais
evidente, nesse sentido as classes médias e baixas, ainda dividiam o mesmo ambiente
extremamente populoso e marginalizado de comunidades periféricas, cortiços e favelas.
A falta de saneamento básico e o acumulo de lixo, acabaram disseminando vários tipos
de doenças e proliferação de pragas. Além disso, camadas paupérrimas de ex-
escravizados foram ignoradas por medidas públicas que pudessem vir a ajudar no fim de
sua exploração.
A prática de revoltas populares, também foi inflamada pela perseguição exercida
aos contrários do ideal republicano, além do exercício de rituais religiosos clandestinos
com danças e cantos profanos. Ou seja, a disparidade social era a principal característica
da esfera pública durante a república, uma pequena elite dominante ainda exercia o
poder, ao mesmo tempo que os menos favorecidos eram perseguidos e massacrados
pelo governo. Porém, a nova elite republicana ainda difundia a imagem de sociedade
progressista e civilizada com características da sociedade europeia (SEVCENKO,
1998).
1 - "A Primeira República delimita-se pelos parênteses de duas intervenções
militares e pontua-se com várias outras intervenções de menor consequência".
(CARVALHO, José Murilo). Cite e comente 2 fatores que expliquem as constantes
intervenções militares na Primeira República.
Ao longo do texto Carvalho, aponta mudanças significativas no contexto social e
também da organização militar no período da Primeira República. Nesse sentido, o
Exército desempenha uma reforma quanto a sua identidade, como instituição de
organização totalitária. Contudo, a força de seu recrutamento operava mediante
privilégios formulados, a partir de fatores externos de uma elite aristocrata. Assim a
composição desse sistema ficava marcada por um recrutamento desigual e corrupto de
seus membros.
No primeiro momento é necessário mencionar o fator estrutural quanto ao
interior dessa organização, como exemplo o desempenho de um recrutamento militar
baseado em privilégios sociais, sendo os cargos mais baixos direcionados aos pobres,
marginalizados e desempregados. Em contrapartida, os cargos mais elevados ficavam
restritos à classe média aristocrata, influenciados por uma natureza política que se fazia
presente, inclusive, na distribuição geográfica desses oficiais, incompatível com as
necessidades de alguns Estados, com os quais não pretendiam estabelecer alianças, ou
seja, muitas intervenções organizacionais passaram a ocorrer dentro do Exército.
O segundo ponto explanado, seria composto pelo fator ideológico, com o
início do modelo de República o exército passou a desempenhar outras influencias para
sua formação. A primeira teria uma vertente positivista, relacionada com o bacharelado,
já a segunda seria composta por uma técnica militar mais profissional, sem tanto
domínio político. A organização militar na formação de sua estrutura, estaria sempre a
defesa da nação e lutaria de forma ampla por seus interesses, inclusive, se fosse
necessário intervindo em crises políticas. (CARVALHO, 2019)
Com o aumento das intervenções militares contra influência das oligarquias e
sistemas de corrupção, passou a ser incentivado um pensamento de que o Exército além
de uma força nacional, seria o responsável por preservar a ordem no país. O modelo
republicano ainda passou por algumas intervenções militares ao longo do tempo,
construindo a experiência de um grupo importante quanto aos rumos da nação.
2 - "Temos, assim, três conceitos relacionados, mas não sinônimos, guardando
cada uma sua especificidade, além de representarem curvas diferentes de evolução. O
(1) retrata-se com uma curva tipo sino: surge, atinge o apogeu e cai num período de
tempo relativamente curto. O (2) segue uma curva sempre descendente. O (3) apresenta
uma curva ascendente com oscilações e uma virada para baixo nos últimos anos. Os três
conceitos, assim concebidos, mantêm uma característica apontada com razão por
Raymond Buve (1992) como essencial em uma abordagem histórica: a ideia de
diacronia, de processo, de dinamismo". Os conceitos que compõem as descrições são:
O coronelismo retrata-se com uma curva tipo sino: surge, atinge o apogeu e cai
num período de tempo relativamente curto. O mandonismo segue uma curva sempre
descendente. O clientelismo apresenta uma curva ascendente com oscilações e uma
virada para baixo nos últimos anos. A resposta correta é a segunda alternativa.
3 - "Estabelecia-se desta forma um tipo novo de federalismo, uma criação
genuinamente nacional. (...) conformou-se no Brasil um federalismo de estados-atores".
(VISCARDI, Cláudia). Explique a razão da autora ter definido o federalismo da
Primeira República como "estados-atores".
De acordo, com o texto de Viscardi, os estados-atores seriam aqueles com uma
maior influência na política brasileira, esses tinham ampla atuação nas organizações
públicas e motivações governamentais, exercendo papel de protagonismo no modelo
federalista. A intenção desses Estados não seria fazer parte de uma estrutura nacional,
mas de ter representação própria sobre seus interesses. Assim as disputas políticas
passaram a se concentrar numa elite oligárquica, não oportunizando a possibilidade de
minorias chegarem ao poder.
Como pontua Viscardi (2017, p.123) “Os elos formados entre os principais
estados-atores eram de caráter pragmático e se faziam e se desfaziam ao sabor das
conjunturas. Não se formavam grupos nacionais duráveis.”. Nesse sentido, as disputas
entre o Parlamento ficavam restritas a esses estados-atores. Ainda como estratégia de
controle foi instituído o voto literário assegurando a continuidade de limitações
impostas pela concentração de poder, dessas principais forças governamentais e a
consolidação de alianças políticas.
Nesse sentido, na Primeira República o sistema federalista era marcado,
principalmente, pela atuação dos estados-atores, entre eles detinham um poder
expressivo pela cultura cafeicultora os Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio
Grande do Sul. Dessa forma, o texto aponta como a elite oligárquica influenciava
completamente o Estado, concentrando as forças políticas na composição dos estados-
atores, não oportunizando espaços de participação nas organizações pela população
mais carente que ainda sofriam políticas violentas, como o voto literário e de cabresto.
4 - " A abordagem alternativa proposta é constituída de três princípios
norteadores, a saber: 1. Os atores políticos republicanos são desiguais e hierarquizados
entre si; 2. Existe uma renovação parcial entre os atores, rejeitando-se atitudes
monopólicas; 3. As raízes da dissolução do regime se encontram na sua incapacidade de
manter as bases da hierarquia e de preservar a sua parcial renovação. (VISCARDI,
Cláudia). A partir das novas abordagens da autora sobre a política do café-com-leite,
escolha 1 dos 3 princípios citados explicando sua significação. A partir da página 66 do
pdf do texto "o teatro das oligarquias" da viscardi, vcs respondem a questão 4.
De acordo, com o terceiro princípio envolvendo as raízes da dissolução do
regime que se encontram na sua incapacidade de manter as bases da hierarquia e de
preservar a sua parcial renovação, é abordado a questão da exclusão de agentes que
fugiam dos eixos já consolidados do poder dominante, a partir, dessa constante de
competitividade passava a ocasionar diversas manifestações. Um dos principais motivos
para essa retaliação era a não concordância quanto aos nomes apontados para as
candidaturas, gerando assíduas contestações quanto aos resultados.
Logo na divulgação dos resultados eleitorais se formavam protestos,
subdivididos em três categorias, a denúncia por fraude entre a imprensa; uma batalha
jurídica priorizando a formação de um tribunal de honra; E a revolta armada, como a
exemplo a Revolução de 1930. Poucos processos de sucessões não sofriam qualquer
tipo de contestação.
Como pontua Viscardi (2012, p. 32) “Das doze sucessões ocorridas, menos de
30% não sofreram nenhum tipo de contestação ou não tiveram árdua disputa prévia [...]
A primeira ocorreu no período em que nenhum outro estado ousava ameaçar a
hegemonia paulista sobre a Federação. As duas últimas, por terem sido as únicas, em
que se reuniram, em torno de seus candidatos, os principais estados da Federação, sem
exceção.”
Nesse sentido, cerca de 75% das sucessões passavam por contestações que
geravam intensa instabilidade política, resultando eleições que não chegavam a
acontecer por não encontrar apoio de todas as partes pertinentes. A problemática
envolvendo a falta de flexibilização desse regime, alcançava ainda mais protestos e
fragilidade partidária.
Em contrapartida, com a integração da ação alternativa-oposicionista passou a
ser favorecido o desgaste de sua estrutura frente ao esgotamento, já perceptível na
quarta década da República, principalmente, pela emergência de novos fatores políticos
envolvendo o setor industrial e urbano, o rebaixamento econômico de São Paulo e por
último a monopolização do poder por parte de Minas Gerais. (VISCARDI, 2012).

Você também pode gostar