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FAUSTO ARRUDA

05 NOVEMBRO 2022

História da democracia e luta de


classe: Democracia Popular e Nova
Democracia

(http://www.anovademocracia.com.br/no-5/1303-parte-i-
m/chan historia-da-democracia-e-luta-de-classe-democracia-popular-e-
nova-democracia)

aland)

SSh28q

Nota da Redação: Publicamos o importante artigo teórico do


professor Fausto Arruda "História da democracia e luta de
classes: Democracia Popular e Nova Democracia", publicado nas
edições 5, 6 e 7 do ano I do AND, por conta de sua relevância
histórica no atual contexto político nacional e também como
parte das celebrações dos 20 anos do jornal AND.
História da democracia e
luta de classe:
Democracia Popular e
Nova Democracia
Ano I, nº 5, dezembro de 2002
(http://www.anovademocracia.com.br/no-5)

A eleição de Luiz Inácio da Silva para presidente do Brasil,


m/chan
segundo nosso critério, é resultado direto da combinação de
dois fatores: a profunda divisão a que chegaram as classes
dominantes locais e o crescente descontentamento popular.
aland) Estes dois fatores, por sua vez, decorrem da grave crise
econômica e social que se arrasta no país. Condicionada e
potenciada pela crise de todo o sistema capitalista mundial.
Situação que já conduziu a uma crise política e moral, expressa
SSh28q
na decomposição do velho Estado brasileiro.

A eleição de Luiz Inácio da Silva, ademais de representar a


expectativa de milhões de brasileiros por mudanças e melhorias
(assim como todas as demais eleições presidenciais, porém,
agora de uma forma mais abrangente), significa, acima de tudo,
o encerramento de todo um longo ciclo da luta de classes no
país. Pela primeira vez na nossa história, todo um campo que se
denomina "esquerda", uniu-se com o aparelho do velho e podre
Estado de grandes burgueses e latifundiários, serviçal do
imperialismo. Dado o grau de divisão das classes dominantes,
seus setores e frações mais golpeados se reaglutinaram em
torno da candidatura Luís Inácio da Silva, como via de retomar
seu domínio perdido – caso do período Collor-Cardoso – no
controle do aparelho de Estado. O fato do PT não ser um partido
tradicional da burguesia não representa qualquer ameaça ao
sistema, pois é parte dele, está integrado. E, sendo um partido
popular burguês, vinculado às classes populares, pode cumprir o
papel de dar legitimidade e meia vida ao corrupto,
desmoralizado e quase-defunto Estado, com reformas de sua
fachada.

Mas, o que queremos destacar neste momento, é o fato de que


este acontecimento tem suscitado a questão prática sobre
possíveis mudanças e o caráter de que elas possam se re-vestir.
Ou seja, se trata-se ou não de transformações no conteúdo da
organização social do Estado e da democracia no país.
m/chan
Usualmente, dirigentes do PT denominam governo popular ou
governo popular democrático suas administrações nas
prefeituras e estados. Agora, tratam de dar a mesma
denominação à administração central que vão assumir. Também
aland) dirigentes funda-dores deste partido, representantes de suas

correntes políticas chamados pela mídia de "radicais", outros


partidos aliados, também denominados de "esquerda", e
SSh28qintelectuais acadêmicos, têm formulado e defendido como
estratégia para o socialismo no Brasil, uma transição que
caracterizam de democracia popular. Interessante ainda
recordar que os defensores destas teses – em sua grande
maioria originados de correntes trotsquistas e da igreja católica
– durante a fase final do regime militar, principalmente quando
se despertou um movimento estudantil, sindical e popular,
sustentaram acaloradas polêmicas regadas ao mais crasso
sectarismo. Desta forma, combatiam qualquer tese que erguia
consignas como estas de democracia popular, luta pela
democracia, bem como a de frente popular, opondo às mesmas
as de democracia socialista, democracia operária e governo
revolucionário dos trabalhadores.
Enfim, proclamavam-se os verdadeiros representantes do
marxismo revolucionário, partidários da revolução socialista já e
inimigos jurados dos reformistas, populistas e nacionalistas.
Eram demonizados, indiscriminadamente, com a alcunha de
stalinistas – expressão de seu anticomunismo. Estas eram as
questões centrais da luta política que ocupou dezenas e
centenas de quadros da esquerda bra-sileira no período
imediatamente anterior e pós-fundação do PT.

Passados mais de 20 anos, já experimentados na administração


de inúmeras prefeituras e governos de estados, os ideólogos
daquelas teses voltaram-se contra suas bandeiras atirando-as
por terra e empalmaram as que até então combatiam, de frente
m/chan
popular e governo popular democrático. Essa aparentemente
brusca conversão, nada mais é que a representação da
passagem do oportunismo de "esquerda" – para arregimentar
aland) forças e ganhar prestígio entre os explorados – ao oportunismo
de direita, na prática, para integrar-se ao sistema e ordem que
combatiam ardorosamente com toda aquela fraseologia ultra-
radical. Na realidade, através da vulgarização do conteúdo real
SSh28q
daquelas consignas, prostituíam bandeiras tão caras, que tanto
sangue têm custado aos revolucionários brasileiros, como nova
forma de apregoar o mesmo ensebado anticomunismo.
Entretanto, não são poucos os que interpretam de forma
diferente este fenômeno, vendo nele um processo de
amadurecimento da "esquerda". E sobram, em nossos dias,
articulistas da chamada "grande imprensa", "cientistas políticos"
e marqueteiros afins, dedicados ao seu enaltecimento como
heróis, para encobrir a façanha da capitulação.

Nosso objetivo aqui, não é o de remontar às lutas políticas e


formulações teóricas de referida época. É, sim – na medida em
que teremos muito em voga a denominação governo
democrático popular para o governo que se inicia em 1º de
janeiro de 2003, – indagar e tentar responder o que, do ponto de
vista teórico e prático, pode caracterizar-se por democracia
popular. E que relação tem esta questão com a luta concreta
pela democracia em nosso país – historicamente e,
particularmente, nos dias atuais.

Ainda que já tenhamos abordado em outro artigo a questão da


democracia (AND nº 3), partimos do conceito geral de
democracia que sustenta o marxismo. Apoiando-nos nele,
tratamos de uma fase do seu desenvolvimento – a democracia
burguesa – e de alguns de seus aspectos, sua importância e a
sua falência histórica. Agora, para melhor exame, necessitamos
partir da gênese, do conceito científico de democracia, situando-
a historicamente. As questões do Estado, da Ditadura e da
m/chan
Democracia são problemas complexos, de capital e singular
importância para todos que se empenham na luta por
transformações sociais. Sua vulgarização sempre apareceu,
aland) principalmente, nos momentos de crises na história moderna,
como um recurso de tergiversação à serviço do engano e
manutenção da ordem através de mudanças de aparências. Tal
como nesses períodos, está muito em voga no Brasil de hoje.
SSh28q
Para seu exame, mesmo sob pena de parecer falar como
novidades coisas já sabidas, julgamos inevitável e
imprescindível, recorrer constantemente a citações mais ou
menos longas dos imperecíveis alfarrábios.

HISTÓRIA DA DEMOCRACIA E LUTA DE CLASSES


AS BASES ECONÔMICAS DO SURGIMENTO,
DESENVOLVIMENTO E SUPERAÇÃO DA DEMOCRACIA
A democracia, como categoria e fenômeno social concreto – e
não a noção ou idéia de que os homens fazem dela – apareceu
numa época determinada do desenvolvimento histórico da
sociedade. Exatamente quando surgiu a divisão da sociedade
em classes sociais, como consequência direta do aparecimento
da propriedade privada. Já remonta séculos a aceitação, no
mundo científico em geral e na antropologia em particular, a
divisão da sociedade humana em três grandes épocas: a
selvagem, a barbárie e a civilização, e cada uma delas divididas
em dois estágios: inferior e superior.

A ciência pôde comprovar [1]  que foi na passagem do estágio


superior da barbárie para a civilização que, com um maior
domínio sobre a natureza, pôde o homem aumentar sua
produção e com isso obter um excedente. Até então a produção
e a exploração da terra eram comuns. Com o excedente, a
diferenciação entre os indivíduos na posse de bens diversos,
principalmente alimento, vestuário e habitação, a divisão na
produção
m/chan entre dirigentes e executores. Surge então a
propriedade privada, a divisão do trabalho e com ela um salto no
desenvolvimento da história. Paralela-mente, se dá a passagem
da família sindiásmica (baseada no matriarcado) para a
aland) monogâmica (patriarcado). A mulher sofre sua grande derrota
histórica ao perder o direito materno. Até então a filiação e
descendência só se conhecia pela linha materna dentro das
gens, em função da poliandria prevalecente.
SSh28q
"A ordem social em que vivem os homens numa época ou e num
país dados, está condicionado por essas duas espécies de
produção: pelo grau de desenvolvimento do trabalho, de uma
parte, e da família, da outra. Quanto menos desenvolvido está o
trabalho, mais restringida é a quantidade de seus produtos e, por
conseguinte, a riqueza da sociedade, com tanta maior força se
manifesta a influência dominante dos laços de parentescos
sobre o regime social."[2]

Com a propriedade privada, os produtores não produziam mais


em comum para seu próprio consumo, mas individualmente. E
se separam do resultado de seu trabalho, não sabem mais de
seu destino. Agora produzem para a troca. Surge a exploração
individual da terra e sua posse privada, tornando-a, por
consequência, uma mercadoria. No seu desenvolvimento, a
troca fez surgir o mercador. Alguém separado totalmente da
produção que passa a dominar o produto e a produção. A
divisão de classes na sociedade não é mais somente entre os
produtores, dirigentes e executores, pequenos e grandes. O
mercador, como parasita, passa a dominar e acumula grande
riqueza e com ela, prestígio e poder. Aparece o dinheiro e a
moeda cunhada, instrumento de domínio do mercador sobre os
produtores e a produção. A terra como mercadoria passível de
compra, venda e arrendo faz surgir a hipoteca. A recente divisão
em classes, e a luta entre elas fez desagregar-se a sociedade
baseada nas uniões gentílicas, dando lugar a uma nova
m/chan
organizada no Estado – cuja base passou às unidades
territoriais – e na família monogâmica, que surge acompanhada
de suas irmãs siamesas: a poligamia masculina e a prostituição
feminina.
aland)
O dinheiro como equivalente geral elevou-se à condição de
mercadoria especial. Aparecem o empréstimo, os juros e a
usura. Com a riqueza privada, o domínio territorial como
SSh28q
propriedade privada. Logo o próprio homem, como força de
trabalho é também mercadoria. Junto à riqueza de mercadorias,
escravos, a fortuna e a riqueza territorial. A partir da divisão da
sociedade em classes, ocasionada pelo surgimento da
propriedade privada, as guerras de rapina e domínio, alcançam a
forma suprema, a mais eficiente e honrada de ter posses, de
alargar os domínios. Surgiu a primeira sociedade de classes – o
escravismo.

Como consequência direta da divisão de classes se expressou


na organização pela classe dominante de um instrumento
especial para a repressão e opressão da classe dominada.
Engels afirma que "Uma sociedade deste gênero não podia
existir senão em meio de uma luta aberta e incessante destas
classes entre si ou sob o domínio de um terceiro poder que,
colocado aparentemente por cima das classes em luta,
suprimisse seus conflitos abertos e não permitisse a luta de
classes mais que no terreno econômico, sob a forma chamada
legal. O regime gentílico era já algo caduco, foi destruído pela
divisão do trabalho, que dividiu a sociedade em classes e
substituído pelo Estado."[3]

Antes da divisão em classes, processo que a sociedade percorre


desde sua origem – a época selvagem e a barbárie – ela se
desenvolve como comuna primitiva, em que o homem engatinha
na luta pelo domínio da natureza, pela produção e reprodução
das condições materiais imediatas de sua existência. Da caça e
pesca, da agricultura ao pastoreio, toda a produção e exploração
m/chan
da terra, se dá de forma coletiva em todas as esferas. A comuna
primitiva, no seu desenvolvimento, sua base, as gens que
conformavam frátrias e estas em tribos, era uma organização
aland) social regida pelo igualitarismo, pelas decisões coletivas em
assembléias de homens e mulheres adultos.

"Portanto, o Estado não existiu eternamente. Houve sociedades


SSh28qque se organizaram sem ele, que não tiveram a menor noção do
Estado nem do seu poder. Ao chegar a certa fase do
desenvolvimento econômico, que estava ligada,
necessariamente, à divisão da sociedade em classes, esta
divisão fez do Estado uma necessidade."[4]

Diferentemente, na fase anterior, particularmente do estágio


superior da barbárie, a sociedade estava armada
espontaneamente para a guerra de defesa e, logo, de conquista.
"Essa força pública especial é necessária, porque na divisão da
sociedade em classes é já impossível uma organização armada
espontânea da população."[5]

Essa força pública especial se desenvolve como polícia, cadeias,


instituições coercitivas de todo tipo, leis de exceção. Tudo como
instrumento da classe economicamente dominante que se
transforma em poder político. Deriva-se em burocracia
administrativa-militar, surgem impostos, o Estado contrata
empréstimos, dívidas, etc.

A prática social dos homens vai se aprofundando, da luta pela


produção – e desta nas condições da propriedade privada e da
divisão do trabalho – à da luta de classes. A base da sociedade
na época da civilização, de uma forma geral está dada pela
produção mercantil e as "...leis econômicas da produção
mercantil se modificam, segundo os diversos graus de
desenvolvimento desta forma de produzir; porém, em geral, todo
o período da civilização está regido por elas."[6]
m/chan
No seu desenvolvimento através dos mais dolorosos partos, a
sociedade, ao chegar ao modo de produção capitalista, atinge o
mais elevado estágio da produção mercantil. "Hoje [na
sociedade capitalista] , o produto domina o produtor; hoje, toda a
aland) produção social está ainda regulada, não conforme um plano

elaborado em comum, senão por leis cegas que se impõem com


a violência dos elementos, em último termo, nas tempestades
SSh28qdas crises comerciais periódicas."[7]

O conflito social entre classes antagônicas levantadas sobre o


modo de produzir da situação material objetiva, desenvolve-se
como fator subjetivo na condição de motor da história,
impulsionando o desenvolvimento das forças produtivas e vice-
versa. Chegando a um determinado grau de desenvolvimento,
estas forças produtivas entram em conflito aberto com as
relações de produção que as abrigam, transformando-se em
contradição antagônica. A superação desta contradição faz
explodir tais relações caducas conformando outras e novas
relações de produção, que, libertando as forças produtivas vão
impulsioná-las no seu desenvolvimento, num ciclo tal que só se
encerra com a abolição das classes na sociedade.
No curso do seu desenvolvimento, a sociedade tem percorrido
na época da civilização, um longo caminho da luta de classes.
Tendo conhecido o escravismo e o feudalismo, o capitalismo,
entrou definitivamente na etapa de transição para o comunismo.
Com o advento do socialismo no século XX e, sob seu influxo, a
libertação nacional e quebra do velho sistema colonial
capitalista, o campo revolucionário e do socialismo chegou a
abarcar dois terços dos países do mundo. O socialismo, como
etapa de transição do capitalismo para o comunismo, ou como o
próprio fundador do socialismo científico precisou, fase inferior
do comunismo[8], é também uma sociedade de classes.
Portanto, de luta de classes. Ainda que, nas novas condições, o
m/chan
proletariado seja, agora, classe dominante. Consequentemente,
a democracia existe, pela primeira vez na história, para a imensa
maioria dessa sociedade. Enfim, os expropriados expropriam os
expropriadores.
aland)
"Agora nos aproximamos com rapidez de uma fase de
desenvolvimento da produção, em que a existência destas
classes não só deixa de ser uma necessidade, senão que se
SSh28q
converte em um obstáculo direto para a produção. As classes
desaparecerão de um modo tão inevitável como surgiram um
dia. Com o desaparecimento das classes desaparecerá
inevitavelmente o Estado. A sociedade, reorganizando de um
modo novo a produção sobre a base de uma associação livre de
produtores iguais, enviará toda a máquina do Estado ao lugar
que então lhe há de corresponder: ao museu de antiguidades,
junto à roca e o machado de bronze."[9]

Conclui-se, então, que a democracia historicamente apareceu,


com a propriedade privada e as classes sociais, através do
Estado, como a "liberdade" concreta da classe dominante de
exercer toda a ditadura sobre a classe dominada e assegurar
sua exploração. O Estado é o instrumento desta ditadura.
Desenvolve-se, aprimora-se, agiganta-se e sofistíca-se, segundo
o progresso material econômico e cultural das sociedades de
classes numa concatenação, que passa de estágios inferiores a
superiores. E "A força coesiva da sociedade civilizada constitui o
Estado, que, em todos os períodos típicos, é exclusivamente o
Estado da classe dominante e, em todos os casos, uma máquina
essencialmente destinada a reprimir a classe oprimida e
explorada."[10]

A concepção materialista da história e a experiência histórica


concreta da humanidade mostram que a democracia é o
processo e caminho, através do qual o progresso econômico-
social, como domínio da natureza pelo homem, na luta pela
conquista da liberdade, conduz à abolição das classes. Uma
m/chan
sociedade nova, em que cada um de seus estágios corres-ponde
diretamente ao grau de desenvolvimento e progresso obtido na
produção. O que, de forma geral, traduz-se como a luta da
aland) humanidade pelo domínio da natureza, por passar do reino da
necessidade ao reino da liberdade. Este processo, este caminho,
no transcurso de milênios, não é um simples desenvolvimento,
uma evolução meramente quantitativa. Conjuga evolução lenta e
SSh28q
viragens por saltos, via revolucionária, pelo conflito tormentoso
da luta de classes como seu motor e a violência como parteira.
Neste sentido, a democracia atingiu na época da grande
indústria, do capitalismo, a forma mais desenvolvida possível
dentro de uma sociedade de classes antagônicas, baseada na
exploração do homem pelo homem. É, ao mesmo tempo, a
forma e caminho para o desaparecimento completo, com a
implantação do socialismo e a abolição das classes.

Mas, se o socialismo é também uma sociedade de classes, a


democracia socialista também é uma ditadura – ditadura do
proletariado. Só que, diferentemente da democracia burguesa
que, como afirmamos, é a forma mais desenvolvida. Mas só é
mais desenvolvida nas condições da sociedade de classes
assentada na exploração do homem, é a ditadura da maioria
sobre a minoria. A democracia no socialismo é, então, não
somente sua forma superior, mais autêntica, verdadeira. É
também, sua etapa derradeira, premissa de sua superação
histórica. Democracia quer dizer igualdade. No capitalismo ela é
uma igualdade apenas formal. No socialismo é verdadeira e
autêntica. Ao contrário da democracia burguesa que é de uma
minoria e é ditadura para a imensa maioria, a democracia
socialista é democracia para a imensa maioria (os
trabalhadores) e ditadura para a minoria (classes exploradoras).
Por isto mesmo, seu conteúdo já não é exatamente o mesmo
das ditaduras anteriores. É uma ditadura revolucionária
democrática dos explorados.
m/chan
Numa passagem de uma de suas correspondências, datada de 5
de março de 1852, Marx esclarece, em forma de síntese, sua
concepção sobre a história, que é sumamente importante ser
aland) aqui citada. Ele afirma que: "E agora, no que me diz respeito, não
ostento o título de descobridor da existência das classes na
sociedade moderna, nem tampouco da luta entre elas. Muito
antes que eu, os historiadores burgueses haviam descrito o
SSh28q
desenvolvimento histórico desta luta de classes, e os
economistas burgueses da anatomia econômica das classes. O
novo que aportei foi demonstrar: 1) que  a existência das
classes  está vinculada unicamente a  fases particulares,
históricas, do desenvolvimento da produção; 2) que a luta de
classes conduz necessariamente à  ditadura do proletariado; 3)
que esta mesma ditadura só constitui a transição da abolição de
todas as classes  e a uma  sociedade sem classes.." [os grifos
são de Marx].

E arrematando, "Os estúpidos ignorantes como Heinzen, que não


só negam a luta de classes, senão, inclusive, a existência das
classes, só provam que, apesar de seus grunhidos aterradores e
dos ares humanitários que se dão, consideram às condições
sociais nas quais se baseia a dominação da burguesia, como o
produto final, o  nec plus ultra  [limite final] da história; eles
provam que são tão somente serviçais da burguesia. E quanto
menos compreendem estes palhaços da grandeza e, inclusive,
da necessidade temporária do regime burguês, tanto mais
repugnante é seu servilismo." [11]

De passagem, podemos verificar aqui, além do que é mais


importante, que a tese do "fim da história", tão dourada e elevada
à quinta essência da sabedoria burguesa de nossos dias pela
mídia mundial e meios acadêmicos, nos anos 90 e ainda em
voga, não tem nada de original. Os Fukuyamas sempre
pelejaram em vão contra o velho Marx.
m/chan
ESTADO, DITADURA E DEMOCRACIA
Comumente se pensa e se tem como verdade, confundir o
Estado Nacional, o Estado Nação com o Estado enquanto
aland) organização, aparelho e instrumento de manutenção do status
quo, que se acha aparentemente acima das classes sociais.
Uma coisa é a Nação Brasileira, que ainda de formação
incompleta dada a situação de domínio e subjugação externas
SSh28q
que tem condicionado historicamente seu desenvolvimento, e
em cujo território se encontram, diferentes classes sociais
como, a grosso modo podemos definir, a grande burguesia e
latifundiários que exploram a classe operária e outras classes de
trabalhadores. Na cidade e no campo. Outra coisa é o Estado
brasileiro como instrumento de manutenção da ordem de
dominação, a máquina burocrática-administrativa-militar das
classes exploradoras dominantes, serviçais do imperialismo.
Então, o Estado Nacional, a Nação, seu território, sua gente, seu
povo, o país, não é o mesmo que a máquina burocrática-
admistrativa-militar incrementada fê-las classes dominantes
para exercer, de forma sistemática, a repressão sobre as classes
exploradas.
O Estado, como uma força especial para a repressão, em toda a
sua história, desde a origem e desenvolvimento à sua extinção,
não tem interesse na liberdade, mas na repressão. Isto é tão
verdadeiro que, "quando for possível falar de liberdade não
haverá Estado."[12]

Da mesma forma se maneja os conceitos de ditadura e


democracia. Como sendo contrários e independentes. Que se
dão separadamente em realidades determinadas. Ou seja, a
ditadura é uma coisa e a democracia é outra. Assim, difunde,
ensina, prega e propagandeia a ideologia burguesa.

Ditadura e democracia são contrários interdependentes de uma


m/chan
mesma unidade, cujo Estado é uma de suas manifestações.
Ditadura e Democracia formam uma unidade de contrários
(essência da dialética materialista). Sempre e inevitavelmente,
onde existe ditadura existe democracia. É ditadura para os
aland) dominados e democracia para os dominantes. Onde existe

Estado existe invariavelmente ditadura e democracia. Sendo o


Estado uma força especial de repressão, instrumento das
SSh28qclasses dominantes para submeter à classe dominada, é,
independente da forma que se reveste, ditadura para os
dominados e democracia para os dominantes. Lenin afirma que
"A democracia é uma forma de Estado, uma das suas
variedades." e que, "...consequentemente, ela representa em si,
como qualquer Estado, aplicação organizada, sistemática, da
violência sobre as pessoas"[13]

O Estado é uma de suas variedades, porque a democracia, em


suas diferentes fases de desenvolvimento, existe também fora e
além do Estado. Como é nas organizações das massas
populares. Aqui, também podemos examinar que o princípio
revolucionário de centralismo democrático, que se assenta no
critério geral da sujeição da minoria pela maioria – e em que se
baseia toda democracia revolucionária –, não desaparece com a
extinção do Estado, que leva consigo ao desaparecimento da
democracia. O princípio da sujeição da minoria à maioria só
coincide com a democracia nas sociedades de classes em geral
e no Estado em particular. Na sociedade sem classes é tão
somente um princípio, um critério.

Há que ressaltar ainda que, a não explicitação da distinção entre


sistema de poder e sistema de governo que compõe o Estado,
serve à vulgarização e à propaganda ideológica das classes
exploradoras. Faz-se necessário que remarquemos isto. O
sistema de poder diz respeito à essência, à natureza do Estado,
do seu caráter de classes. Que por sua vez só se pode alterar via
revolução, o derrocamento completo das classes dominantes
m/chan
pelas dominadas. Já o sistema de governo diz respeito somente
às formas de que se reveste esta dominação. A ditadura
burguesa revelou ao longo da existência da sociedade
aland) capitalista, duas formas básicas de exercer a sua dominação: a
demo-liberal ou o parlamentarismo representativo, e a fascista.
Vulgar-mente se denomina de democracia a primeira e de
ditadura a segunda, quando ambas são formas distintas de se
SSh28q
exercer a ditadura burguesa segundo a gravidade que o conflito
da luta de classes tenha escalado.

Outra questão de suma importância quanto ao Estado é sobre


como se dá seu desaparecimento. Abordaremos apenas de
passagem. Já citamos a diferença que o distingue no socialismo
de toda a fase anterior. À base de ser, no socialismo, a ditadura
exercida pela maioria, a função de força especial para repressão
se reveste de formas distintas. A construção do socialismo, ou
seja, a ditadura do proletariado, é o processo da participação
crescente de toda a população nas funções de controle e
administração pública. Quando, cada um e todos estiverem
participando das atividades de controle e administração pública,
a razão de reprimir não existirá mais. As classes sociais terão
desaparecido e, com isso, o conflito de classes. O Estado então
se extinguirá. Portanto, ele não pode ser abolido por força ou
meio algum. Só pode extinguir-se na medida em que
desapareçam as bases materiais que o fizeram surgir e o
mantiveram como necessidade histórica.

É interessante verificar, frente a isto, toda a mistificação que a


burguesia e a reação em geral fazem a respeito da questão do
Estado. Acusam os marxistas de defensores do estatismo e
adoradores do Estado. Quando do desmoronamento da ex-URSS,
este discurso transformou-se em bordão da moda. E claro, feito
sob o cálculo da luta ideológica, que a burguesia, mesmo
vaticinando o fim do comunismo, tem que manter latente contra
o proletariado. Não pode descansar dele, porque o "fim do
m/chan
comunismo" é apenas uma mentira que, mesmo repetida mil
vezes, é desmentida pela realidade brutal da luta de classes. O
que ocorreu de fato, é que o que desmoronava na ex-URSS, Leste
aland) Europeu e outros, não era nenhum estatismo comunista ou
socialista, e sim a burocracia de um capitalismo decadente e
muito débil que foi restaurado a partir da segunda metade da
década de 50 na União Soviética. Daí em diante, não houve nada
SSh28q
de socialismo naquele Estado, além de aparências e formas. O
capitalismo se restabeleceu sob essas formas e o seu
derrocamento nos anos 90, nada mais era que parte da crise
geral do capitalismo, sua manifestação ali onde se revestia de
uma forma burocrática estatal. É o mesmo que se passa hoje na
China (desde 76), que o imperialismo taxa de regime comunista.
Não existe aí socialismo algum ou partido comunista que não
seja uma caricatura grosseira, que agora, publicamente tem
assumido capitalistas no seu comitê central. Na China de hoje,
como antítese direta da época do socialismo, opera um sistema
capitalista dos mais ferozes, onde a taxa de exploração dos
trabalhadores chega às raias do trabalho escravo. Este é o
segredo da grande expansão e competitividade das mercadorias
chinesas no mercado mundial.
Esta luta ideológica que a reação trava contra o proletariado, é a
de identificar estes sistemas capitalistas como comunismo para
desfigurar e difamar o socialismo e o comunismo. Não distinguir
o período em que se construiu o socialismo com o que passou a
capitalismo restaurado, chamando tudo de socialismo e
comunismo, serve a esta luta ideológica que é de extrema
importância para a reação. Somente os oportunistas mais
descarados, falsificadores do marxismo, colaboram com a
reação na defesa da existência de socialismo aí, como
mediocremente justificam como "socialismo de mercado".

Os marxistas, lutam pelo fim do Estado, só que à diferença do


m/chan anarquismo que o nega totalmente desde já, compreendem
cientificamente o curso histórico que, inevitavelmente, há que
percorrer a sociedade na luta de classes, para estabelecer a
ditadura do proletariado para cumprir sua missão histórica
aland) exclusiva de abolir as classes e, com isso, conduzir o Estado à
sua extinção. "Propomos como objetivo final a supressão do
Estado, isto é, de toda a violência organizada e sistemática, de
toda a violência sobre os homens em geral. Não esperamos o
SSh28q
advento de uma ordem social em que o princípio da
subordinação da minoria à maioria não seja observado. Mas,
aspirando ao socialismo, estamos convencidos de que ele se
transformará em comunismo e, em ligação com isto,
desaparecerá toda a necessidade da violência sobre os homens
em geral, da subordinação de um homem a outro, de uma parte
da população a outra parte dela, porque os homens se
habituarão a observar as condições elementares da convivência
social sem violência e sem subordinação."[14]

Foi exatamente a burguesia que erigiu o Estado à sua


onipotência e à sua adoração, à fé e superstição nele, cuja
representação filosófica, segundo seus ideólogos, é a de que
"...o Estado é a realização da Idéia ou reino de Deus na Terra."
Superstição esta levada às últimas consequências pela moral
pequeno-burguesa, por suas direções que são capazes de tudo
pelos lugarzinhos "honrosos" e lucrativos, e quando não muito
lucrativos, servem de trampolim para saltar para lugares
altamente lucrativos nos bancos e nas sociedades de ações.

Parte II - Ditadura burguesa e Ditadura do proletariado


(http://www.anovademocracia.com.br/no-5/1303-parte-i-
historia-da-democracia-e-luta-de-classe-democracia-popular-e-
nova-democracia)

Ano I, nº 6, janeiro de 2003


(http://www.anovademocracia.com.br/no-6)

Democracia
m/chan popular e nova democracia

Dado o grande progresso econômico que se atingiu,


particularmente na Europa no século XVIII, foi que a democracia
aland) deu seu primeiro grande salto com o advento das revoluções

burguesas que instauraram a República democrática. Esta foi a


via por excelência, mais fecunda, portanto clássica, pela qual a
SSh28qburguesia, através da violência revolucionária, demoliu a velha e
caduca ordem feudal, liquidando suas instituições, completando
a transformação que, na base da sociedade, já amadurecera.
Libertando e revolucionando assim, ainda mais, as forças
produtivas, impulsionando a produção em saltos como nenhuma
época até então. Precedeu a este grande acontecimento e
correspondente a todo progresso na produção, uma encarniçada
luta no terreno do pensamento e da experimentação científica.

Para varrer a ordem feudal era inevitável contrapor-se


frontalmente a ela e arrancar o véu clerical que monopolizava
toda sua cultura. No campo da filosofia o materialismo retornou
ao primeiro plano e de uma forma mais vigorosa que seu
bordejo na civilização antiga. A metafísica se desfigurava frente
aos progressos materiais e o próprio idealismo saltou ao campo
da dialética, movimentos decisivos no pensamento – filosofia e
política – dos quais Kant e, principalmente, Hegel foram
luminares. Com o materialismo de Feuerbach logo vai se revelar
o esgotamento e limite histórico de toda concepção burguesa do
mundo e da sociedade. Mas a "... burguesia, desde o
estabelecimento da grande indústria e do mercado mundial,
conquistou, finalmente, a soberania política exclusiva no Estado
representativo moderno. O governo moderno não é senão um
comitê para gerir os negócios comuns de toda a classe
burguesa."[15]

A grande indústria fizera surgir, não somente a burguesia


m/chan moderna, mas, junto dela e na condição antagônica de
interesses, o proletariado. O modo de produção capitalista,
nascido das entranhas da sociedade feudal em decomposição,
revolucionando de forma gigantesca, material e culturalmente, a
aland) sociedade, sentou, assim, as bases para uma transformação de
magnitude colossal da história, preparou as condições para a
abolição da sociedade de classes e sua substituição por uma
forma superior de organização social, o socialismo, o
SSh28q
comunismo. Somente nesta época, dado o grau de
desenvolvimento das forças produtivas que gerou o proletariado
como seu produto mais novo e genuíno, foi possível à ciência
saltar a um patamar superior. A crítica, do ponto de vista de
classe do proletariado, do seu campo de classe explorada, ao
que de mais avançado a humanidade havia acumulado
conhecimento, a saber, na filosofia expressa na filosofia clássica
alemã, na economia política expressa na economia política
inglesa e no campo social expresso no pensamento socialista
francês, feita por Karl Marx e Engels, fundou o socialismo
científico, o marxismo.

A república democrática condensou todo o formidável salto que


se operava, colocou as relações sociais em patamares jamais
conhecidos na história e consolidou o domínio político da
burguesia. Consolida-se o Estado Nacional e os direitos e
liberdades democráticas. Porém, "A burguesia só pode existir
com a condição de revolucionar incessantemente os
instrumentos de produção, por conseguinte, as relações de
produção e, com isso, todas as relações sociais...Essa
subversão contínua da produção, esse abalo permanente e essa
falta de segurança distinguem a época burguesa de todas as
precedentes."[16]

A burguesia, como classe exploradora e última classe


exploradora na história, é de natureza dual, de classe
revolucionária que demoliu e sepultou a ordem feudal, passa à
guerra permanente com o proletariado, à reação e contra-
m/chan
revolução.

Quanto ao desenvolvimento e organização estatal, ainda que a


república democrática significasse grande progresso, a
aland) burguesia, dado seu caráter de classe exploradora, reforçou-a na

sua condição medular de força pública especial para reprimir.


Remontando às análises que Marx faz dos acontecimentos da
SSh28qComuna de Paris[17], Lenin destaca passagens importantes e as
comenta: "No século XIX desenvolveu-se, vindo da Idade Média,
‘o poder centralizado do Estado, como seus órgãos
onipresentes: exército permanente, polícia, burocracia, clero e
magistratura.' Com o desenvolvimento do antagonismo de
classe entre capital e o trabalho, ‘o poder de Estado assumia
cada vez mais o caráter do poder nacional do capital sobre o
trabalho, de uma força organizada para a escravização social, de
uma máquina de despotismo de classe. Depois de qualquer
revolução que marque uma fase progressiva na luta de classes,
o caráter puramente repressivo do poder de Estado abre
caminho com um relevo cada vez mais acentuado'. O poder de
Estado torna-se depois da revolução de 1848-1849, a ‘máquina
de guerra nacional do capital contra o trabalho'. O segundo
império consolidou isto"[18]
E esta essência de força especial para a repressão, mais do que
nunca achou razões para aperfeiçoar-se frente ao inevitável,
crescente e irreversível conflito de classes, que na sociedade
capitalista ganhou contornos bem marcados, dados a
velocidade com que o revolucionamento na produção alcançava-
se incessantemente. Contudo, "A república democrática e o
sufrágio universal constituíram um grande progresso em relação
ao feudalismo. Permitiram ao proletariado atingir o grau de
união, de coesão, que é hoje o seu, formar organizações
disciplinadas que travam uma luta sistemática contra o capital."
[19]

Neste aspecto, reside toda a importância da democracia


m/chan
burguesa na história, ao adubar o terreno político para que o
proletariado, através da revolução leve à democracia, não
somente ao seu estágio superior, senão que à própria
aland) superação. O regime de livre concorrência, em sua expansão
mundial, em meio às guerras nacionais, na segunda metade do
século XIX, engendrava os monopólios. E a burguesia francesa já
se achava encurralada pela ameaça de ser derrocada do poder
SSh28q
pelo proletariado, como foi a experiência da Comuna de Paris
(1871), movimento de alcance transcendental, que fez época e
marcou indelevelmente a luta de classe entre burguesia e
proletariado em todo mundo civilizado. Mas foi com a passagem
do capitalismo à sua etapa monopolista que a burguesia
revelaria, de forma permanente, todo seu caráter reacionário, em
que o aspecto reacionário de sua natureza de classe torna-se
principal, dominante, absoluto e definitivo.

Da oscilação à passagem direta para a contra-revolução. É na


época do imperialismo – fase monopolista do capitalismo –
cuja essência está calcada nos monopólios, surgimento e
supremacia do capital financeiro, exportação de capitais e
política colonial, que a burguesia revelou todo seu caráter
reacionário e toda a sua podridão. Já nos anos 80 do século XIX,
Engels, embora não pudesse compreender a passagem do
capitalismo à uma nova, superior e particular etapa: o
imperialismo, analisava com precisão admirável os elementos
da essência desse fenômeno. Numa de suas observações sobre
a época, quanto à caracterização da própria república
democrática nas condições dadas, afirmava que "A forma mais
elevada do Estado, a república democrática, que, em nossas
condições sociais modernas vai se fazendo uma necessidade
cada vez mais ineludível, e que é a única forma de Estado sob a
qual pode dar-se a batalha última e definitiva entre o proletariado
e a burguesia, não reconhece oficialmente diferenças de fortuna.
Nela, a riqueza exerce seu poder indiretamente, porém de um
m/chan
modo mais seguro. De uma parte, sob a forma de corrupção
direta dos funcionários [corpo de administração do Estado], do
qual é a América [Estados Unidos da América] um modelo
clássico, e, de outra parte, sob a forma de aliança entre o
aland) Governo e a Bolsa. Esta aliança se realiza com tanta maior

facilidade, quanto mais crescem as dívidas do Estado e mais


vão concentrando em suas mãos as sociedades por ações, não
SSh28qsó o transporte, senão também a própria produção, fazendo da
Bolsa seu centro."[20]

Determinados pela lei do desenvolvimento desigual do


capitalismo e sua passagem à fase monopolista, a época do
imperialismo dividiu o mundo entre um punhado de nações
avançadas, possuidoras de colônias, opressoras e a grande
maioria de nações atrasadas, subjugadas na condição de
colônias e semicolônias, oprimidas. A guerra de rapina tornou-se
inevitável, e único meio, em últimos termos, para repartir o
mundo entre as potências. Lenin muito bem sintetizou que "O
imperialismo é uma luta encarniçada das grandes potências pela
partilha e repartilha do mundo, e, por isso, tem que conduzir,
inevitavelmente, a um reforçamento da militarização em todos
os países, inclusive nos neutros e pequenos."[21]
O imperialismo, sendo o capitalismo monopolista, capitalismo
parasitário, em decomposição e agonizante, como muito bem
precisou Lenin, é uma tendência para a reação e a violência. A
história do imperialismo é a história do limite e falência
históricos do capitalismo e, portanto, da burguesia enquanto
classe. Nesta sociedade, a democracia, como ditadura da
burguesia imperialista, lançou por terra as bandeiras de
soberania nacional e dos direitos e liberdades democráticas,
substituindo-as, ora pelo fascismo mais descarado e hediondo,
ora por um simulacro de democracia. O que pode ser o balanço
da história da burguesia, de uma forma geral, no século XX e o
nascente XXI.
m/chan
Em todo seu curso, quando da agudização da luta de classes, a
burguesia violou a própria democracia, suprimindo as liberdades
democráticas de imediato e descaradamente. Além do que, de
aland) forma geral, a experiência histórica revelou que a passagem do
capitalismo à fase monopolista, imperialista, de república
democrática só guardou a moldura. A burguesia imperialista
rasgou os estatutos que a própria revolução burguesa
SSh28q
estabeleceu. Como afirmamos em artigo anterior, "Exercer todo
o monopólio, fazer a guerra de rapina e repartir o mundo entre as
maiores potências tornou-se a essência do capitalismo sob o
domínio dos monopólios e do capital financeiro. Portanto, as
guerras tornaram-se inevitáveis na época do imperialismo e só
desaparecerão com o fim completo de todo esse sistema de
exploração e opressão mundiais. Isto significa que, com o
advento do imperialismo, a burguesia jogou por terra de modo
definitivo as bandeiras de soberania nacional e a democracia,
entrando pela via da negação de toda e qualquer democracia e
liberdade, entrando pela via do fascismo, do genocídio e da
opressão sem limites, só tornando a erguer tais bandeiras como
farsa e para o engano."[22]
No referido artigo, tratamos a fundo da questão em respeito à
falência histórica da democracia burguesa. Mais que em
qualquer outra época anterior, e, não poderia deixar de ser, o
Estado como instrumento especial para repressão chegou ao
ponto máximo de desenvolvimento. Lenin afirma que "...temos
no capitalismo o Estado no sentido próprio da palavra, uma
máquina especial para a repressão de uma classe por outra, e,
além disso, da maioria pela minoria. Compreende-se que, para
êxito de uma coisa como a repressão sistemática da maioria
dos explorados pela minoria dos exploradores, é necessária uma
crueldade, uma ferocidade extremas da repressão. São
necessários mares de sangue, através dos quais a humanidade
m/chan
segue seu caminho nas condições da escravatura, da servidão,
do salariado"[23]. A história recente conheceu o fascismo em
várias modalidades. E ele não é um regime levantado por
psicopatas e dementes, como é muito comum caracterizar tais
aland)
experiências e com isto encobrir suas verdadeiras bases
objetivas.

Definitivamente, o fascismo, seja com qual indumentária se


SSh28q
apresente, é o regime das frações mais reacionárias do capital
financeiro. Já de muito, que a bandeira da soberania nacional e
das liberdades democráticas, enfim da República Democrática,
passaram às mãos da classe historicamente encarregada de
emancipar a humanidade, o proletariado. Hoje, mais do que
nunca, tanto aos países imperialistas, quanto aos países
dominados, que em sua esmagadora maioria estão subjugados
a regimes lacaios do imperialismo, seus sistemas políticos
expressam muito bem essa falência. Basta que verifiquemos a
prima-dona democracia ianque. Vetusta democracia das
canhoneiras, democracia dos senhores da guerra, gendarme do
mundo, promotora mundial do fascismo, do terrorismo sem
fronteiras.
Estados Unidos, seu fascismo e terrorismo de Estado, não são
exceção como querem alguns, senão a expressão concentrada
dessa falência histórica a que temos nos referido. As demais
potências não são diferentes, são da mesma essência e só se
rivalizam pela partilha e domínio do mundo. O imperialismo (e as
diferentes potências capitalistas) é o desenvolvimento alternado
de colusão e pugna entre estas mesmas potências. Conluiam-se
para agredir e subjugar as nações e povos do resto do mundo,
contra sua liberdade, e pugnam entre si pela partilha para a
exploração e escravização destas nações e das massas. A
violência política, a repressão sem limites escondidas pela mídia
mundial, é a realidade mais brutal sobre as organizações
m/chan
combativas e revolucionárias nos países capitalistas
desenvolvidos. Os demais países dominados, com seu sistema
secular serviçal do imperialismo, não são mais que caricaturas
das metrópoles. São "democracias" surgidas, não da revolução
aland)
popular, mas, do rearranjo no Estado dos interesses das
carcomidas classes latifundiárias e de grandes burgueses, como
manifestação do sistema econômico-social engendrado pelo
SSh28qimperialismo, instituições capengas ungidas por ele, arremedos

de república democrática.

Após intervir em tantos destes países, à menor ameaça de


qualquer movimento reformista, impondo os mais ferozes e
sanguinários regimes, o imperialismo impõe, sanciona, hoje,
como regra, a aceitação por sua "comunidade internacional",
somente a via constitucional dos mais podres e corruptos
processos eleitorais, como meios válidos para que o povo
manifeste suas aspirações. Caso contrário, em nome da
democracia e dos direitos humanos, enviam os marines. O que
se pode chamar hoje de democracia burguesa, não passa de
uma marcha sinistra, hedionda, um sistema mafioso de
achaques, chantagens e ameaças, de matanças e genocídios. É
uma coluna errante de toda a maquinaria de morte, uma
caravana macabra que deixa o rastro de sangue e corpos
despedaçados. Um teatro de opressão e horror. À sua testa vai
Bush, hasteando suas negras bandeiras onde o cinismo sem
limites inscreveu as palavras paz e democracia.

A DITADURA E DEMOCRACIA PROLETÁRIAS


As questões essenciais sobre a ditadura e democracia
proletárias são: 1) quanto aos meios de alcançá-las; 2) quanto à
sua forma e conteúdo e; 3) de como processa sua própria
superação.

Primeiro, quanto aos meios de alcançá-la devemos destacar que


m/chan Marx, em toda sua obra, marcou com relevo, "...que a república
democrática é a via de acesso mais próxima para a ditadura do
proletariado. Pois, tal república, não eliminando de modo
nenhum o domínio do capital e, consequentemente, a opressão
aland) das massas e a luta de classes, conduz inevitavelmente a um tal
alargamento, desenvolvimento, patentização, agravamento desta
luta que, uma vez que surge a possibilidade de satisfazer os
SSh28q
interesses fundamentais das massas oprimidas, esta
possibilidade se realiza inevitável e unicamente na ditadura do
proletariado, na direção destas massas pelo proletariado."[24]

Ao criticar o programa do Partido Operário Alemão, em 1875,


sobre a questão do socialismo Marx afirmou que "Entre a
sociedade capitalista e a comunista fica o período da
transformação revolucionária de uma na outra. Ao qual
corresponde, também, um período político de transição cujo
Estado não pode ser senão a ditadura revolucionária do
proletariado."[25]

Por sua vez, nessa transição, para o estabelecimento e


realização dessa ditadura não bastaria ao proletariado tomar
para seu controle o poder de Estado da burguesia, tomar o
controle do aparelho de Estado burguês. Após os
acontecimentos da Comuna de Paris, Marx observou a
necessidade de retificar em O Manifesto do Partido
Comunista,uma questão de fundo. Exatamente a que se referia à
conquista do poder de Estado pelo proletariado, o que Engels fez
constar no prefácio à sua Edição Alemã de 1872. Como
resultado das novas condições que se desenvolvera a revolução
com a Comuna de Paris, Marx, ao submeter ao mais rigoroso
balanço esta experiência verificou que "a classe operária não
pode limitar-se, simplesmente, a tomar posse da máquina do
Estado tal e como está e servir-se dela para seus próprios fins."
[26]

Haveria
m/chan de quebrar toda a velha máquina burocrático-
administrativa-militar em que constituiu-se o Estado de forma
mais desenvolvida com o capitalismo e substituí-la por outra e
nova. Esta, tornou-se a pedra angular da transição do Estado da
aland) ditadura burguesa à ditadura proletária. Nela reside a diferença.
O salto qualitativo que separa a ditadura proletária da burguesa
e de todas antecedentes. Sem quebrar essa velha máquina
burguesa de repressão, estivesse ela na forma monárquica ou
SSh28q
republicana, seria impossível à classe operária e às massas
populares, manter-se no poder e realizar seu programa de
libertação, menos ainda, edificar uma nova sociedade sem
exploração do homem.

Segundo, quanto às formas e conteúdo que se revestem a


ditadura e democracia proletárias, as experiências das
revoluções resolveram, no fundamental, a questão. Muitas
revoluções sucederam-se no século XX. Particularmente, a
Revolução Russa de Outubro de 1917 e a Revolução Chinesa
foram escolas de gigantescos ensinamentos para a luta dos
explorados, em particular, e para humanidade em geral. No
entanto, elas aprenderam o caminho tomando, uma após outra,
suas experiências em que a Comuna foi a mãe de todas. O
fracasso é mãe do êxito, diz o antigo provérbio. A Comuna foi, no
fracasso e no êxito, mãe das grandes transformações sociais
que inauguraram uma Nova Era para a humanidade. O que os
operários de Paris, organizados em poder na Comuna,
realizaram em parcos dois meses revelou maravilhas. E foi
exatamente neste ponto que a experiência da Comuna resolveu
o caminho para a transformação revolucionária para por fim a
toda a exploração, que ela mais falhou. Como observou Marx, o
fato de a Comuna não ter exercido de forma mais enérgica a
ditadura revolucionária sobre os exploradores, exatamente por
ter dado tempo ao rebotalho reacionário encabeçado pelo
traidor da França, Thiers, que fugiu para Versalhes, possibilitou à
contra-revolução estruturar-se. Tal paradoxo explica-se pela
m/chan
carência por parte dos insurretos de um verdadeiro partido
proletário que mantivesse de forma inflexível e levasse até as
últimas consequências a sua ditadura.

aland) Ao desbaratar toda a maquinaria de burocratas e aparatos


repressivos, os operários de Paris criaram um novo Estado,
completamente diferente e oposto aos anteriormente
conhecidos na história. O primeiro decreto da Comuna foi a
SSh28q
destituição do exército permanente e sua substituição pelo povo
armado. "A este respeito é particularmente notável uma medida
da Comuna sublinhada por Marx: abolição de todos as verbas de
representação, de todos os privilégios pecuniários dos
funcionários, redução dos vencimentos de todos os funcionários
do Estado ao nível do ‘salário de operários'. É aqui, exatamente,
que se manifesta de modo mais evidente a viragem da
democracia burguesa para a democracia proletária, da
democracia dos opressores para a democracia das classes
oprimidas, do Estado como ‘força especial' para a repressão dos
opressores pela força geral da maioria do povo, dos operários e
dos camponeses"[27]
As revoluções proletárias seguintes se apoiaram na magnífica e
transcendental experiência da Comuna que representou, sem
dúvidas, o ensaio geral da revolução proletária mundial. Dela,
Marx extraiu, de forma minuciosa e rigorosamente científica, a
doutrina da revolução proletária, mais desenvolvida e
confirmada cabalmente pela revolução de Outubro de 1917, sob
a direção teórica e prática do Partido Bolchevique. Todas as
peripécias que o proletariado enfrentou no curso de tantas
revoluções agigantaram sua doutrina sobre o Estado e colocou
este problema como questão crucial, teórica e prática, da época
do imperialismo. A construção do socialismo na URSS, sem
passar um só dia sem provocações, pressões, sabotagens e
m/chan
toda sorte de conspirações por parte da reação interna e
externa, constituiu-se numa escala de democracia, até então
desconhecida, da participação popular na produção material e
cultural, enfim do controle e gestão do Estado. Somente a
aland)
revolução chinesa, com a Grande Revolução Cultural Proletária a
superou e conduziu a experiência da ditadura do proletariado, a
democracia proletária a seu patamar mais elevado em toda a
SSh28qhistória.

A Grande Revolução Cultural Proletária na China mobilizou


centenas de milhões de massas trabalhadoras, construtoras do
socialismo, em torno das questões ideológicas e do Poder. Na
produção de forma geral expressou-se através das Comuna
Populares. Na esfera da superestrutura, do Poder político, da
ditadura e democracia proletárias, através dos Comitês
Revolucionários Três em Um.[28]

Neles estavam representados diretamente, aos moldes da


Comuna de 1871, os operários, camponeses, soldados,
estudantes, intelectuais, revolucionários, eleitos nas
assembléias de cada unidade de produção, de trabalho, de
estudo e investigação e das atividades militares, para mandatos
revogáveis a qualquer momento. Os Comitês Revolucionários
estavam organizados numa estrutura reproduzida do nível local
ao nacional, unidos segundo os princípios do centralismo
democrático. Não aqui, mas, oportunamente, analisaremos a
experiência histórica da ditadura do proletariado, seus êxitos,
erros e limites, os problemas da restauração capitalista, suas
causas, as bases econômicas, políticas e ideológicas que a
possibilitaram, bem como das suas consequências para a
revolução proletária mundial na atualidade. No momento,
apenas registramos a experiência concreta da construção
socialista para expor as formas e conteúdo que revestem a
ditadura e democracia na transição do capitalismo para o
comunismo, ou seja, na sua fase inferior, o socialismo.
m/chan
A Grande Revolução Cultural Proletária na China, resolveu o
problema da continuidade da revolução proletária e da luta de
classes nas condições da ditadura do proletariado. Questão que
aland) não foi devidamente resolvida e compreendida na experiência
soviética. Na luta contra os restauradores do capitalismo na
URSS, a direção revolucionária da China, na defesa do marxismo
e em combate frontal com os modernos revisionistas, pôs em
SSh28q
relevo, entre inúmeras questões, o problema da ditadura do
proletariado, o problema da compreensão de que no socialismo
existem classes e luta de classes e da necessidade de o
proletariado exercer sua ditadura de forma omnímoda sobre a
burguesia em todo período que abarca a construção socialista
para e, até, conduzir à abolição das classes na sociedade. Tal
experiência confirmou, ao contrário do que pretendiam os
falsificadores do marxismo, quanto à doutrina sobre o Estado,
que em todas sociedades de classes, as classes antagônicas
conformam uma unidade de contrários e que, portanto, a
sociedade socialista, como uma sociedade de classes,
proletariado e burguesia são os dois aspectos contrários e
interdependentes da contradição. Ou seja, que a sociedade
socialista é uma unidade de contrários, onde o proletariado é o
aspecto principal e dominante e a burguesia expropriada dos
meios de produção e despojada de poder político e de liberdade,
é o aspecto secundário e dominado. Isto significa que a
necessidade e existência da ditadura do proletariado têm como
antítese direta a existência da burguesia como classe
subjugada.

No entanto, a sociedade socialista não é uma simples inversão


das posições das classes antagônicas e, menos ainda, o
desaparecimento da burguesia enquanto classe. Corresponde às
leis da dialética materialista, de que na luta dos aspectos
contrários de uma unidade, em determinadas condições, um
m/chan tende a se transformar no outro, ou seja, que cada um dos
aspectos transforma-se no seu contrário. Ao ocorrer isto,
completado a superação daquela contradição, concluído o
fenômeno ele dá lugar a outro e novo fenômeno. De classe
aland) dominada em luta contra a burguesia como classe dominante,
que caracteriza em essência a sociedade capitalista, nas
condições da revolução triunfante, estas classes transformam-
se cada uma no seu contrário: o proletariado passa à condição
SSh28q
de classe dominante e a burguesia à de classe dominada. Só
que, aí já não é mais o mesmo fenômeno, sociedade capitalista,
mas sim um outro e novo, a sociedade socialista. O que
caracteriza este novo fenômeno não é a simples inversão de
posições das classes, mas, sim, novas relações sociais que
passarão cada vez mais a predominar a partir da supressão da
propriedade privada dos meios de produção e distribuição, agora
socializados. Portanto, o proletariado aqui não é mais o mesmo
de antes, não é mais classe explorada e assalariada, tampouco a
burguesia é a mesma. Foi expropriada, não detém mais a
propriedade dos meios de produção e nem explora mais a força
de trabalho dos proletários.
Em terceiro, que como todo fenômeno, a sociedade socialista,
nas suas mais diferentes fases de desenvolvimento – entenda-
se por desenvolvimento não um movimento uniforme e retilíneo,
mas sim dialeticamente, como tudo é – é uma unidade de
contrários e que cada um dos aspectos desta contradição só
pode desaparecer junto ao seu contrário, como superação de
todo fenômeno, dando lugar a outro e novo. Já aqui, este outro e
novo fenômeno, não mais uma sociedade de classes, e, sim, a
sociedade sem classes. De forma tal, que a ditadura do
proletariado existirá para fazer desaparecer todo e qualquer
vestígio de classes. E ela, como a forma última do Estado na
história da sociedade, se extinguirá com o desaparecimento
m/chan
destas classes, no caso, ambas, proletariado e burguesia. Isto
por si só é indicativo que este trânsito não pode se dar de um só
e único golpe e da noite ao dia. Se processará por etapas e de
forma ziguezagueante, percorrendo um período histórico mais
aland)
ou menos longo.

EXTINÇÃO DO ESTADO E SUPERAÇÃO DA


SSh28qDEMOCRACIA

A experiência da ditadura do proletariado ao longo do século XX


correspondeu e desenvolveu a doutrina marxista sobre o Estado.
Por um lado, confirmando as leis da concepção materialista
histórica e sobre a superação da democracia, os fundadores do
socialismo científico puderam apenas bordejar. Por outro, elevou
esta doutrina para responder a todo este período transcendental
da história da humanidade – o da eliminação total e cabal da
exploração do homem pelo homem, das diferenças entre o
trabalho manual e intelectual, entre o homem e mulher, entre a
cidade e o campo. Sobre a extinção do Estado, ainda que de
passagem julgamos necessário distinguir a concepções
marxista e anarquista. Para fazê-lo de forma breve, recorremos
aqui a um resumo esclarecedor apresentado por Lenin: "A
distinção entre os marxistas e os anarquistas consiste em que:
1) os primeiros, colocando como seu objetivo a completa
supressão do Estado, reconhecem que este objetivo só é
realizável depois da supressão das classes pela revolução
socialista, como resultado da instauração do socialismo, que
leva à extinção do Estado; os segundos querem a supressão
completa do Estado de um dia para o outro, sem
compreenderem as condições da realização de tal supressão; 2)
os primeiros reconhecem a necessidade para o proletariado,
depois de ter conquistado o poder político, de destruir
inteiramente a velha máquina de Estado, de a substituir por uma
nova, que consiste na organização dos operários armados,
segundo o tipo da Comuna; os segundos, defendendo a
m/chan
destruição da máquina de Estado, tem uma idéia absolutamente
confusa de pelo que o proletariado a substituirá e como usará o
poder revolucionário; os anarquistas negam mesmo o emprego
do poder de Estado pelo proletariado revolucionário, a sua
aland)
ditadura revolucionária; 3) os primeiros exigem a preparação do
proletariado para a revolução por meio do emprego do Estado
moderno; os anarquistas negam isto"[29]
SSh28q
Em síntese, a questão que necessitamos responder aqui é
quanto ao caráter da ditadura proletária e sua diferenciação das
demais. O essencial nesta questão, é que sua missão histórica é
a de conduzir à abolição das classes através da socialização
dos meios fundamentais de produção e distribuição, e da
participação crescente de todos no controle e gestão pública,
para o que necessita o Estado proletário, ou seja, as massas
populares armadas e sob a direção do proletariado exercer a
supressão da liberdade e democracia para as classes
exploradoras e opressoras. O distingue portanto, das formas
anteriores de Estado, porque já não é mais completamente o
mesmo Estado, a mesma força pública especial para a
repressão conhecida ao longo da história da civilização,
particularmente no Estado burguês.
Mas, ao mesmo tempo, trás em si aspectos do Estado burguês
quanto ao problema do direito. Em toda fase do socialismo
ainda prevalecerá o direito burguês, não por completo, mas, em
parte. Marx afirma que "...estes inconvenientes são inevitáveis
na primeira fase da sociedade comunista [o socialismo], tal
como precisamente saiu da sociedade capitalista, após longas
dores de parto. O direito nunca pode ser superior à configuração
econômica – e ao desenvolvimento da cultura por ela
condicionada – da sociedade... "[30]

A parte do direito burguês que é superado no socialismo é


quanto à propriedade dos meios de produção que nele é comum,
é propriedade social de todos os produtores. O direito burguês
m/chan
reconhece sua propriedade privada por indivíduos e o socialismo
faz dele propriedade comum. Mas, quanto à distribuição dos
produtos prevalece o direito burguês, na medida que se
aland) estabelece a igualdade para todos. Para igual quantidade de
trabalho, igual quantidade de produtos. Sendo os homens
diferentes, na sociedade, uns são mais fortes, outros mais
fracos, uns tem filhos, outros não, uns tem mais filhos que
SSh28q
outros. A injustiça não está eliminada e a igualdade é uma
igualdade de fundo burguês. O Estado burguês é a afirmação do
direito de todos perante a lei, ou seja, exploradores e explorados.
O socialismo, ao contrário, reconhece as desigualdades. No
entanto, para se chegar a aplicação deste critério como justo
faz-se necessário eliminar, não somente, toda a propriedade
privada dos meios de produção via sua socialização, mas
transformar por completo os hábitos e costumes baseados na
propriedade privada para eliminar toda e qualquer diferenciação
de classes até à sua abolição completa através de sucessivas
revoluções culturais de caráter proletário. Nesta fase, as
relações sociais devem ser regidas pela fórmula de cada um
segundo sua capacidade e a cada um segundo seu trabalho.
Aqui temos, então, a vigência do direito burguês. O Estado existe
apenas como o protetor da propriedade social dos meios de
produção e para- impedir qualquer forma de exploração do
homem. Desaparecidas as classes e quaisquer de seus
vestígios, não existe mais o capitalista explorador, não há mais
resistência capitalista. Todos participam da produção e da
gestão publica de todos os assuntos, então o Estado torna-se
supérfluo e extingue-se por completo e todos seus vestígios,
passando as relações regerem-se por de cada um segundo sua
capacidade e a cada um segundo suas necessidades.

A DITADURA CONJUNTA DE CLASSES


REVOLUCIONÁRIAS
m/chan
Tratamos, então, do trânsito que a sociedade percorre na luta
pela sua emancipação, observando que a sociedade de classes
constitui-se o estágio particular da civilização em que a luta de
classes é o seu motor, que ela conduz inevitavelmente à ditadura
aland)
do proletariado, cuja missão é a da abolição das classes. Dentro
deste estágio, a cada uma das etapas históricas ou modos de
produção corresponderam determinadas classes sociais, cuja
SSh28q
inevitável luta entre si, estava condicionada pelo grau de
desenvolvimento das forças produtivas daquela etapa.
Destacamos na história moderna a importância do advento das
revoluções burguesas que, ao instalar sua ditadura inauguraram
a república democrática e que sob ela, a batalha entre o
proletariado e a burguesia, resultou ser a via de acesso mais
próxima para a ditadura do proletariado.

No entanto, a história moderna não conheceu apenas estes dois


tipos de ditadura: a burguesa e a proletária. As velhas revoluções
democráticas burguesas instauraram a ditadura burguesa e as
revoluções proletárias instauraram a ditadura do proletariado.
Entretanto, segundo o desenvolvimento desigual do capitalismo
no mundo e com a passagem do capitalismo de sua etapa de
livre concorrência à etapa monopolista, o mundo ficou dividido
entre um punhado de nações adiantadas opressoras e o resto,
grande maioria, de nações atrasadas oprimidas. Tal fenômeno
constituiu-se, num determinado tempo, num único sistema
capitalista imperialista, num único mercado mundial. Com a
revolução russa de 1917 rompeu-se o monopólio do sistema
imperialista no mundo, bem como o mercado mundial único.
Com a Segunda Guerra Mundial, guerra pela repartilha do mundo
entre as potências imperialistas, a revolução proletária saltou a
um grande patamar, ruiu-se o velho sistema colonial capitalista e
estrei-tou ainda mais o mercado capitalista mundial. Este
período histórico marca, de uma forma geral, o início de novos
acontecimentos para a luta de libertação do proletariado e das
m/chan
nações oprimidas pelo imperialismo. Nele, surgirá, como
resultado das lutas de libertação nos países dominados pelo
imperialismo, um outro tipo de ditadura que já não é mais a
ditadura burguesa e nem é ainda a ditadura proletária, senão
aland)
uma ditadura conjunta de classes revolucionárias. Ou seja, não é
mais a velha democracia burguesa e nem é ainda a democracia
proletária. Como transição entre uma e outra é uma democracia
SSh28qburguesa, porém de tipo novo. É democracia burguesa, porque

não suprime a propriedade privada em geral, senão que


nacionaliza a grande propriedade monopolista. Porém, é
democracia de tipo novo porque situa-se na época imperialista,
pertence à categoria de revolução proletária mundial e se
estabelece sob a hegemonia do proletariado. É, precisamente, a
ditadura que corresponde ao domínio conjunto de classes
oprimidas pelo imperialismo, pela grande burguesia dos países
dominados e grandes proprietários de terra, sendo elas o
proletariado, o campesinato, a pequena burguesia (além do
campesinato) e a média burguesia.

Ditadura conjunta esta, que só pode desenvolver-se estando sob


a hegemonia do proletariado e baseada na aliança deste com o
campesinato, principalmente sua camada mais pobre que
representa sua esmagadora maioria. Esta ditadura conjunta de
classes revolucionárias se estabelece via revolução democrática
burguesa nos países dominados pelo imperialismo, portanto na
época do imperialismo, sendo, assim, então parte integrante da
época da revolução proletária mundial. Não pertencendo à
revolução mundial burguesa, fenômeno superado,
historicamente, com o advento do imperialismo, essa revolução
democrática só pode ser levada a cabo sob a hegemonia do
proletariado. Como revolução democrática burguesa não
pertence à classe das velhas revoluções democráticas
burguesas e são, assim, revoluções democráticas burguesas de
um novo tipo. Seu conteúdo é democrático e nacional, seus
m/chan
alvos são as classes exploradoras – grande burguesia e grandes
proprietários de terras – que, juntos com o imperialismo,
oprimem o povo e a nação. Suas tarefas são as de confiscar
estas classes reacionárias, nacionalizar todo o grande capital
aland)
nacional e estrangeiro, entregar a terra aos camponeses pobres
sem terra ou com pouca terra, libertar as forças produtivas de
forma geral e, particularmente, no campo, impulsionar uma nova
SSh28qeconomia, uma nova política e uma nova cultura, enfim, uma

nova democracia. Tal revolução, do ponto de vista medular, da


conformação estatal, dá lugar não à velha democracia e, sim, a
uma democracia de tipo novo.

DEMOCRACIA BURGUESA DE NOVO TIPO OU NOVA


DEMOCRACIA
Ao assinalar o caráter burguês da revolução na Rússia no início
do século XX, Lenin advogava que o proletariado era o mais
interessado na revolução democrática e que o mesmo não
poderia colocar-se à margem do processo, nem mesmo delegar
à burguesia sua direção. Muito pelo contrário, sustentava ele,
que o proletariado deveria atuar ativamente na luta por unir-se às
amplas massas do campesinato e dirigir a revolução por sua
vitória decisiva. Por vitória decisiva, definia a destruição
completa do regime tzarista através da derrubada violenta da
autocracia e instauração, em seu lugar, da república
democrática, liquidando todo o regime de servidão na Rússia.
Afirmava que, deixar a direção da revolução a cargo da
burguesia era condenar a revolução ao pântano, pois, a
burguesia, ainda que interessada na democracia, trabalhava, não
pela sua completa realização, e sim, por seus interesses
egoístas, que ao serem atendidos com algumas reformas
concedidas pelo tzar, se poriam de acordo com a nobreza e
instalariam, nada mais que um regime constitucional
monárquico. Isto representava paralisar a revolução
democrática, não levá-la a termo. Lenin defendia, assim, a
m/chan
transformação da revolução democrática em revolução
socialista. "Da revolução democrática começaremos a passar,
em seguida, e precisamente, na medida de nossas forças, das
forças do proletariado consciente e organizado, à revolução
aland)
socialista. Nós somos partidários da revolução ininterrupta. Não
pararemos no meio do caminho..."[31]

Triunfando a revolução sob a direção do proletariado deveria se


SSh28q
conformar um governo provisório revolucionário, expressão da
ditadura democrática revolucionária do proletariado e do
campesinato.

A revolução russa de 1905 foi derrotada, mas, passados doze


anos, em meio da guerra imperialista (Primeira Guerra Mundial
1914/1918), em fevereiro de 1917, ela voltou a eclodir e, desta
vez, triunfante. Já nas jornadas de 1905, como instrumento de
sua luta, o proletariado revolucionário russo havia criado os
sovietes (conselhos de delegados eleitos diretamente nas
fábricas) e novamente na revolução de fevereiro reapareceram
com grande vigor. Neste momento, Lenin, ao contrário do que
postulara em 1905, não defende mais a participação do
proletariado no governo provisório surgido da revolução. Julgava
que, na nova situação, o governo provisório era a representação
do poder da burguesia enquanto que o proletariado havia criado
seus próprios órgãos de poder, os sovietes. Situação que
caracterizou como de dualidade de poder.

Quando alguns partidários de Lenin, defendendo a participação


no governo provisório, reclamavam que ele rompia com sua tese
de que o proletariado deveria assumir a direção da revolução
democrática burguesa e alargar ao máximo a liberdade política
nos seus limites, respondia que quem representava a revolução
democrática burguesa, naquele momento, não era o governo
provisório, e sim, os sovietes de operários, camponeses e
soldados. Que nos sovietes se realizara a ditadura democrática
m/chan revolucionária do proletariado e do campesinato, e que, no
fundamental, a revolução democrática nas particularidades da
Rússia havia se realizado. E, em consequência, afirmava que se
a revolução não avançasse imediatamente à etapa socialista
aland) através da passagem de todo poder aos sovietes, as conquistas
democráticas seriam suprimidas pela contrarevolução
encabeçada pela burguesia e toda a reação unida. Contudo, os
partidos que detinham a hegemonia nos sovietes,
SSh28q
representantes da pequena-burguesia, mantinham os sovietes a
reboque do governo provisório, abrindo, assim, uma grande
brecha para que a contra-revolução avançasse.

Em outubro do mesmo ano, encabeçado pelo partido de Lenin, o


proletariado se levantou novamente em insurreição, derrubou o
governo provisório e entregou o poder ao Congresso dos
Sovietes de Toda a Rússia. Estes acontecimentos do ano de
1917 na Rússia, confirmaram por completo as teses de Lenin
sobre o papel do proletariado na revolução democrática
burguesa, que, com sua derrota em 1905, não pôde se verificar
com tanta clareza como em fevereiro de 1917. Encabeçar a
revolução democrática para preparar as condições para a
revolução socialista, nisto consistia as tarefas do proletariado na
revolução democrática burguesa na época do imperialismo.
No entanto, na época do imperialismo e com o advento da
revolução proletária de Outubro de 1917, a burguesia havia
passado por completo para o campo da reação. Ou seja, havia
terminado a época da revolução burguesa mundial e iniciado a
época da revolução proletária mundial. Com o triunfo da
revolução proletária na Rússia, com o proletariado no poder, a
burguesia obrigatoriamente passava totalmente ao campo da
contra-revolução. Dessa forma, as revoluções democráticas
burguesas, que estavam em curso nos países oprimidos pelo
imperialismo, países coloniais e semicoloniais, passavam a
pertencer à categoria da revolução proletária mundial. Ou seja,
que as revoluções democráticas pendentes no mundo só
m/chan
poderiam ser levadas a cabo sob a direção do proletariado e
contar com o apoio internacional somente do proletariado
revolucionário. Isto modificava a qualidade da revolução
democrática burguesa.
aland)
Lenin aprofundou suas teses sobre a revolução democrática nos
congressos da Internacional Comunista. Tratando do problema
colonial e nacional, fazia destacar que "...Qual é a idéia mais
SSh28q
importante, a idéia fundamental de nossas teses? É a distinção
entre nações oprimidas e nações opressoras. Nós sublinhamos
esta distinção, em oposição à II Internacional[32] e a democracia
burguesa."[33] Esta distinção que destacava como a de um
grande número de nações oprimidas, por um lado e de um
número insignificante de nações opressoras, por outro, é o pano
de fundo de todas as relações econômicas e políticas no mundo
na época do imperialismo. Destacava ainda, em decorrência
dessa compreensão, a questão do movimento democrático
burguês nos países atrasados. Mostrava a necessidade de
diferenciar nestes movimentos a posição da burguesia e a do
proletariado e propunha utilizar a denominação de "nacional-
revolucionário" para caracterizar o movimento liderado pelo
proletariado. Precisava a questão afirmando que "Não cabe a
menor dúvida de que todo movimento nacional só poder ser um
movimento democrático burguês, pois a massa fundamental da
população nos países atrasados constituem os camponeses
que representam as relações capitalistas burguesas."[34] e que,
portanto, se caracterizasse apenas como "movimento
democrático burguês" apagaria toda a diferença entre o
movimento reformista e o revolucionário.

"...nos últimos tempos, esta diferença entre o movimento


reformista se manifestou com plena clareza nas colônias e nos
países atrasados, já que a burguesia imperialista trata por todos
os meios que o movimento reformista se desenvolva também
m/chan entre os povos oprimidos. Entre a burguesia dos países
exploradores e das colônias, se produziu certa aproximação,
devido à qual e muito amiúde – e quiçá, inclusive, na maioria dos
casos –, a burguesia dos países oprimidos, em que pese a
aland) prestar seu apoio aos movimentos nacionais, luta, ao mesmo
tempo, de acordo com a burguesia imperialista, quer dizer, ao
lado dela, contra todos os movimentos revolucionários e as
classes revolucionárias.". Em seguida conclui que o sentido de
SSh28q
tal diferenciação é o de que "como comunistas devemos apoiar
e apoiaremos os movimentos burgueses de libertação nas
colônias, somente no caso de que estes movimentos sejam
verdadeiramente revolucionários, só no caso de que seus
representantes não nos impeçam deeducar e organizar num
espírito revolucionário aos camponeses e as grandes massas
exploradas. Se não se dão estas condições, os comunistas
devem lutar em ditos países contra a burguesia reformista, a
qual pertencem também os heróis da II Internacional. Nas
colônias existem já partidos reformistas, e seus representantes
se denominam às vezes social- democratas e socialistas."[35]

Ainda, sobre o conteúdo do movimento nacional-revolucionário,


as revoluções de libertação, revoluções democráticas dos países
dominados pelo imperialismo, Lenin, ao lado de ressaltar seu
caráter burguês, advoga a necessidade do papel dirigente do
proletariado nelas, como condição sine qua non, para que as
mesmas se qualificassem revolucionárias.

E isto, estava em função de que o novo poder, a ditadura


revolucionária que aí se instalasse, não poderia ser uma ditadura
burguesa para desenvolver o capitalismo, e sim uma ditadura
sob a direção do proletariado para libertar a nação do domínio
imperialista, das relações pré-capitalistas, do poder da grande
burguesia aliada aos latifundiários, e que, ainda que mantendo a
propriedade privada, impulsionasse o desenvolvimento das
forças produtivas preparando as condições para passar
m/chan ininterruptamente à etapa socialista da revolução. E que, a
organização estatal do novo poder revolucionário surgido das
revoluções democráticas dos países dominados pelo
imperialismo, devia se revestir da mesma forma soviética
aland) (conselhos): "É evidente que mesmo as massas oprimidas –
exploradas não só pelo capital mercantil, senão também pelos
senhores feudais e por um Estado que se assenta sobre bases
feudais – podem aplicar também esta arma, este tipo de
SSh28q
organização, nas condições em que se encontram. A idéia da
organização soviética é simples e capaz de ser aplicada não só
nas relações proletárias, senão também às relações
camponesas feudais e semifeudais."[36]

Lenin chamava a atenção, inclusive, para o problema de que, nos


países em que o capitalismo não se desenvolvera ainda, onde
prevaleciam relações feudais e semifeudais, não era inevitável o
desenvolvimento capitalista. Nas condições da época, em que a
revolução proletária progredia, em que existiam cada vez mais
novos países no campo da revolução proletária, tais países
muito atrasados poderiam passar, através de determinadas
etapas, à construção do socialismo, desde que contassem com
o suporte de determinados meios por parte dos países
socialistas. Estes aportes de Lenin ao problema da revolução
democrática na época do imperialismo foram sustentados por
Stalin e a Internacional Comunista. Mas, será com a revolução
chinesa e seu prolongado processo, que os problemas teóricos
da revolução democrática na época do imperialismo, ganharão
seu maior desenvolvimento e formulação completos.

Democracia popular e a nova democracia - Parte 3


(http://www.anovademocracia.com.br/no-7/1498-democracia-
popular-e-a-nova-democracia-parte-3)

Ano I, nº 7, março de 2003


(http://www.anovademocracia.com.br/no-7)

Mao
m/chan Tsetung e a Nova Democracia
COM A REVOLUÇÃO CHINESA SE RESOLVE
DEFINITIVAMENTE A QUESTÃO DA DEMOCRACIA NOS
PAÍSES ATRASADOS E SUA PASSAGEM À
aland)
CONSTRUÇÃO SOCIALISTA.
A Rússia, embora atrasada, teve seu peculiar desenvolvimento
SSh28qcapitalista, beneficiado em muito pela sua condição de país
imperialista (Lenin a caracterizou de império militar-feudal). Já a
China era um país em que o capitalismo era ainda mais atrasado
e estava dominado pelo imperialismo de várias potências. A
condição de país atrasado e dominado pelo imperialismo, cujas
relações de produção fundamentais eram de caráter feudal e
semifeudal, fez da China palco de grandes e prolongadas
revoluções. Na China, a revolução democrática burguesa se
iniciou em 1911 pondo fim ao sistema monárquico da dinastia
Ching. Porém a revolução encabeçada pela burguesia, através
do Kuomitang (Partido Nacionalista), revelou logo suas
limitações, o fim da monarquia deu lugar a uma fragmentação
do poder. Nas vastas regiões interioranas surgiram governos de
poderosos senhores de terras, Senhores da Guerra. Com o
surgimento do Partido Comunista em 1921, a revolução chinesa
ganha uma nova qualidade, o proletariado luta para tomar a
direção da mesma. Inicialmente se estabelece uma profunda
aliança com o Kuomitang e realiza-se a Expedição ao Norte para
liquidar com o poder dos senhores da guerra e firmar o poder
nacional da Republica. Já em 1927, a nova liderança do
Kuomitang (Chiang Kai-shek assume após a morte do Dr. Sun
Yat-sen) rompe a aliança com os comunistas passando para o
campo da grande burguesia e do imperialismo. O Kuomitang,
sob a liderança de Chiang Kai-shek promove matanças de
comunistas nas grandes cidades da costa, os comunistas vão
para o campo, surgem as Bases de Apoio Revolucionárias e o
poder vermelho. A revolução agrária ganha novo impulso e dá
m/chan
mais profundidade à revolução democrática em curso. O Japão
que já ocupara a Manchúria (nordeste da China) em 1931, inicia
a sua expansão em direção ao interior da China. Inicia-se assim
nova fase da revolução – de libertação nacional – através da
aland)
guerra anti-japonesa. O Partido Comunista propugna a Frente
Única Anti-japonesa para a guerra de resistência e propõe nova
aliança ao Kuomitang. Embora contra sua vontade, o Kuomitang
SSh28qnão a pôde negar frente às pressões da opinião pública nacional

e com a situação internacional marcada pelo início da Segunda


Guerra Mundial. Nela, o Japão se alinhara com a Alemanha de
Hitler. Em 1945, finda a guerra mundial com a vitória dos Aliados,
com a expulsão do Japão e sua rendição, o Kuomitang de
Chiang Kai-shek, apoiado pelos Estados Unidos se volta à tarefa
de aplastar o Partido Comunista e destruir suas Bases
Revolucionárias. Eclode nova guerra civil a qual conduz ao
triunfo da revolução em todo o país, restando apenas a ilha de
Formosa (Taiwan) sobre controle do Kuomitang e com a
proteção dos Estados Unidos.

Para seu triunfo em 1949, a revolução chinesa teve que percorrer


mais de 30 anos de luta armada, dos quais mais de 20 liderados
pelo Partido Comunista da China, passando por uma variedade
de contradições, problemas e guerras de vários tipos, fases bem
definidas dentro da revolução democrática, e se constituiu numa
riqueza teórica e prática das mais importantes para o processo
de transformação social em toda a história mundial. Expedição
ao Norte pela centralização do poder revolucionário da república,
revolução agrária anti-feudal, revolução de libertação nacional
anti-japonesa e guerra civil revolucionária e de libertação. Na
primeira fase a contradição principal achava-se entre os
camponeses pobres e os senhores de terra, nela o alvo central
da revolução era varrer as relações feudais e semifeudais que
imperavam nas vastas regiões do interior. Ao longo de anos, a
luta armada revolucionária dirigida pelo Partido Comunista da
m/chan
China estabelece Bases de Apoio Revolucionárias, onde se
organizam governos revolucionários, que são a expressão da
ditadura conjunta das classes revolucionárias, o proletariado, o
campesinato pobre principalmente, a pequena e média
aland)
burguesias urbanas. Na fase da guerra anti-japonesa a frente
para derrotar o invasor necessita ampliar-se e as bases
revolucionárias não expressam apenas o poder das classes do
SSh28qperíodo anterior. Agora, são bases revolucionárias anti-

japonesas, na qual setores antes objeto do confisco da


revolução, por sua posição patriótica anti-japonesa, passam a ter
contemplados seus interesses no novo poder.

ESCRAVISMO, FEUDALISMO E CAPITALISMO SÃO O


CAMINHO PERCORRIDO PELA SOCIEDADE COM BASE
NA DIVISÃO DE CLASSES
Ao aprofundar a análise da sociedade chinesa, em 1939,
compreendendo-a como uma sociedade colonial, semicolonial e
semifeudal, Mao Tsetung indagava, dada estas condições do
desenvolvimento da China, qual era então o caráter da revolução
chinesa naquela etapa, "É uma revolução democrático-burguesa
ou uma revolução socialista proletária? De cara é a primeira e
não a segunda. Posto que a sociedade chinesa é colonial,
semicolonial e semifeudal, que os inimigos principais da
revolução chinesa são o imperialismo e as forças feudais, que
as tarefas da revolução chinesa consistem em derrocar a estes
dois inimigos principais por meio de uma revolução nacional e
democrática, que nesta revolução também a burguesia toma
parte em certos períodos, e que, inclusive quando a grande
burguesia trai a revolução passando a ser inimiga sua, o fio da
revolução segue dirigido contra o imperialismo e o feudalismo e
não contra o capitalismo e a propriedade privada capitalista em
geral, dado tudo isto, a revolução chinesa na presente etapa não
é, por seu caráter, socialista proletária, senão democrático-
m/chan
burguesa."[37]

Esclarecia na continuidade que, embora fosse este o seu caráter,


ou seja, democrático-burguês, a revolução na China de então já
aland) não era do velho tipo corrente e antiquado e sim de um tipo novo
e particular. "Este é o tipo de revolução que se desenvolve
atualmente na China e em todas as colônias e semicolônias, e o
denominamos revolução de nova democracia. A revolução de
SSh28q
nova democracia forma parte da revolução socialista proletária
mundial, pois se opõe resolutamente ao imperialismo ou
capitalismo internacional."[38] Especificando as tarefas da
revolução chinesa de nova democracia afirmava: "No político,
propõe-se a implantar a ditadura conjunta das diversas classes
revolucionárias contra os imperialistas, os colaboracionistas e
os reacionários e se opõe à transformação da sociedade
chinesa numa sociedade de ditadura burguesa. No econômico,
tem como propósito nacionalizar o grande capital e as grandes
empresas dos imperialistas, os colaboracionistas e os
reacionários; distribuir a terra da classe latifundiária entre os
camponeses, junto com ele, conservará as empresas
capitalistas privadas em geral e não eliminará a economia do
campesinato rico." Ressaltava portanto, que "A presente etapa da
revolução chinesa é uma etapa de transição cujo objetivo
consiste em por fim à sociedade colonial, semicolonial e
semifeudal e preparar as condições para a edificação da
sociedade socialista, ou seja, é o processo de uma revolução de
nova democracia. Este processo começou somente depois da
Primeira Guerra Mundial e da Revolução de Outubro na Rússia, e,
na China, começou com o Movimento do 4 de Maio de 1919. Por
revolução de nova democracia se entende uma revolução
antiimperialista e antifeudal das grandes massas populares sob
a direção do proletariado. Só através de uma revolução
semelhante pode a sociedade chinesa avançar para o
socialismo, não outro caminho. "[39]
m/chan
Ao definir a natureza da revolução de nova democracia como
"ditadura conjunta de diversas classes revolucionárias sob a
direção do proletariado" esclarecia que a mesma "não é nem a
aland) ditadura só da burguesia nem a ditadura só do proletariado". Tais
classes revolucionárias são o proletariado, o campesinato, a
pequena-burguesia e a burguesia nacional (média burguesia).
Esta definição não é uma simples interpretação de
SSh28q
características da revolução na China feita por Mao Tsetung, ela
é um desenvolvimento da teoria revolucionária marxista de uma
forma geral e da doutrina marxista do Estado em particular. De
onde e como Mao Tsetung chegou a estas conclusões
confirmadas pelos acontecimentos da revolução chinesa e
outras revoluções em diferentes partes do mundo?

Na parte anterior, quando definimos e tratamos de forma geral a


questão da nova democracia ou ditadura conjunta de classes
revolucionárias, expusemos já os elementos essenciais desta
questão. No entanto, vamos retomá-la uma vez mais, e de forma
concentrada na experiência concreta da revolução chinesa sob a
liderança de Mao Tsetung para examinarmos com exatidão a
formulação que ele desenvolve. Já de muito tempo este
problema tem grande significado na transformação social, desde
que a imensa maioria dos países passou à condição de
dominada e oprimida pelo imperialismo que só fez agravar tal
opressão e se revestiu de particular importância frente à
realidade do mundo atual. Isto representa alguns bilhões de
massas exploradas e oprimidas pelo imperialismo e as classes
de grandes burgueses e latifundiários nesses países dominados.
O contingente de bilhões de massas exploradas e a imensa
maioria de nações oprimidas no mundo conforma o campo e a
força principal do processo revolucionário mundial, enquanto
que o movimento proletário revolucionário internacional joga
papel de direção.

A
m/chan DEMOCRACIA POPULAR SOMENTE É POSSÍVEL
ATRAVÉS DO PODER DAS CLASSES EXPLORADORAS E
OPRIMIDAS SOB A HEGEMONIA DO PROLETARIADO
No tema sobre "A Ditadura Conjunta de Classes Revolucionárias"
aland)
expusemos o desenvolvimento que Lenin faz da tese marxista
sobre relação da democracia e o socialismo, a da transformação
da revolução democrática em revolução socialista. É de grande
SSh28q
importância este desenvolvimento e como Stalin buscou aplicá-
lo nos estudos e definições da Internacional Comunista (Terceira
Internacional), no tratamento dos problemas nacional e colonial.
Entretanto, será com o desenvolvimento teórico que faz Mao
Tsetung que esta questão teórica do marxismo obterá um
aprofundamento e solução completa. Exatamente por isto,
consideramos de suma importância, seguir os passos através
dos quais ele chega a estas conclusões. Em muitos de seus
trabalhos teóricos e políticos Mao Tsetung dedicou a investigar
e responder aos problemas de como dar uma definição acertada
e precisa relativo ao caráter da revolução chinesa na etapa em
que ela transcorria, nas primeiras décadas do século passado.
No seu trabalho "Sobre a Nova Democracia", de 1940, ele tratou
de forma abrangente a questão. Tomemos algumas de suas
passagens:

Primeiro, através da análise histórica e de classes da China, de


onde obtém as leis do seu desenvolvimento econômico-social,
ele estabelece o caráter da revolução na China de então, como já
exposto acima, sendo uma revolução democrático-burguesa de
novo tipo ou de nova democracia afirmando que "Por um lado,
essa república de nova democracia será diferente da velha
forma, européia e americana, de república capitalista sob
ditadura da burguesia, forma democrática antiga, que está já
fora de tempo."[40]

Em seguida, diferenciando-a da revolução socialista soviética:


m/chan
"Por outro lado, ela será também diferente da república
socialista de tipo soviético, sob ditadura do proletariado, que
atualmente floresce na União Soviética e há de estabelecer-se
aland) em todos os países capitalistas, convertendo-se, sem dúvida, na
forma dominante de estrutura de Estado e poder de todos os
países industriais avançados."[41]Esclarece ainda que "Durante
certo período histórico, porém, essa forma não será a adequada
SSh28q
às revoluções dos países coloniais e semicoloniais."[42] E logo
aponta uma terceira forma de Estado e o caracteriza como
sendo transitória afirmando que "Tal forma convém apenas a um
certo período histórico, sendo por consequência transitória; não
obstante, trata-se duma forma necessária que não pode
dispensar-se."[43]

Sistematizando os numerosos tipos de sistemas de Estado no


mundo os resume a "três espécies básicas, de acordo com a
natureza de classe do poder político: 1) repúblicas sob ditadura
da burguesia; 2) repúblicas sob ditadura do proletariado; e 3)
repúblicas sob ditadura conjunta de várias classes
revolucionárias."[44]
Conceituando estas três espécies de sistemas de Estado, afirma
que a primeira é a dos velhos Estados democráticos, que com o
advento da Segunda Guerra Mundial "...muito dificilmente se
encontra um vestígio de democracia em muitos dos países
capitalistas."[45] Diz que os Estados nos países dominados pelo
imperialismo, que são de ditadura conjunta dos senhores de
terra e da burguesia estão incluídos nesta mesma espécie. A
segunda espécie, afirma ele, que à época se encontrava
existência apenas na União Soviética (de 1917 a 1956) e
posteriormente na própria China (do início dos anos 50 a
meados dos 70, do século passado), se acha em gestação em
todos os países capitalistas e que "...no futuro será a forma
m/chan
dominante em todo o mundo, para um determinado período."
[46]E que, a terceira espécie "...é a forma de transição de Estado
que se adotará nas revoluções dos países coloniais e
semicoloniais. Cada uma dessas revoluções terá
aland)
necessariamente características específicas próprias, mas tudo
isso não representará mais do que variação menor ao tema
comum. Como revoluções de países coloniais e semicoloniais,
SSh28qas suas estruturas de Estado e poder serão necessariamente as

mesmas, no fundamental, quer dizer, um Estado de nova


democracia sob ditadura conjunta das várias classes
antiimperialistas." [47]

A TEORIA DE UMA SÓ REVOLUÇÃO NÃO É OUTRA


COISA SENÃO A TEORIA DA NÃO REVOLUÇÃO, ESSE É
O FUNDO DO PROBLEMA
Sobre como a república de nova democracia expressa o sistema
de Estado e sistema de poder resumiu: "Sistema de Estado,
ditadura conjunta de várias classes revolucionárias, e sistema de
poder, centralismo democrático – eis a política de nova
democracia, a república de nova democracia, a república de
frente única revolucionária..."[48]
Ao estudar os problemas da revolução na China Mao Tsetung
tomou o universal das teses leninistas sobre a questão do
imperialismo e a questão nacional e colonial aprofundando-as
na prática da revolução chinesa, estendendo este
aprofundamento às decorrentes teses da transformação da
revolução democrática em revolução socialista. Mas, para que
triunfassem as concepções de Mao Tsetung e com elas a
grande Revolução Chinesa, teve que confrontar duramente com
contestadores de vários tipos. Teve que refutar, no interior da
própria Frente Única Anti-japonesa, as teses de um capitalismo
independente na China, ou a da "ditadura burguesa", e as dos
"obstinados" e as do palavreado de "esquerda". As primeiras
m/chan
preconizadas pelos burgueses que compunham a Frente Única
Anti-japonesa e desenvolviam uma política sistemática de
ataques ao Partido Comunista propagando, ora a necessidade
de afastar o Partido Comunista da Frente, ora apelando para que
aland)
o mesmo de dissolvesse em nome da unidade da Frente, ou as
duas juntas. Houve até mesmo, quem apelasse por um
"Kemalismo"[49] chinês. Aí também se encontravam aqueles que
SSh28qabertamente advogavam a "teoria da subjugação nacional",

segundo a qual, a China só poderia resistir ao imperialismo


japonês, aliando-se (entenda-se sujeitando-se) ao imperialismo
ocidental. Mao demonstrou que tais posições em verdade eram
preparativos para a capitulação frente aos invasores japoneses e
que, a presença do Partido Comunista na Frente, e não somente
sua presença, mas na direção da mesma, era a condição única
para manter os objetivos da Frente de derrotar a invasão
japonesa, libertar a China e estabelecer de fato a república
democrática, até então só de palavras. Esta condição de direção
do Partido Comunista na Frente Única expressava a hegemonia
do proletariado e a vertebração dela pela aliança operário-
camponesa.
Já o oportunismo de "esquerda" que se escondia detrás das
fraseologias radicais, apregoando que a revolução chinesa, a
exemplo da Rússia, era de caráter socialista com sua "teoria da
revolução de um só golpe" somavam forças com os que
advogavam a "teoria de uma só revolução". Mao respondia que
"Esses senhores, que com grande seriedade aparente avançam
com a ‘teoria de uma só revolução' oposta ao comunismo e ao
Partido Comunista, não buscam mais do que os seus quarenta e
nove ou cinquenta e um por cento...A teoria de uma só revolução
não é outra coisa senão a teoria da não revolução, esse é o
fundo do problema."[50]

Quanto às correntes pequeno-burguesas e trotsquistas, que


m/chan
"aparentemente sem más intenções, vivem enganadas pela
chamada ‘teoria de uma só revolução' e por essa pura ilusão
subjetiva que é o chamado ‘cumprimento em um só golpe da
aland) revolução política e da revolução social'. Não compreendem que
a revolução se desdobra em etapas, que só podemos avançar
para a segunda etapa depois de termos concluído a primeira,
não existindo o tal ‘cumprimento de um só golpe'...Dizer que a
SSh28q
revolução democrática não tem tarefas nem período específicos,
que podem realizar-se juntamente com as tarefas da
democracia as tarefas de outro período específico, por exemplo
as tarefas do socialismo, é ‘cumprimento de um só golpe', é
utopia inaceitável para verdadeiros revolucionários."[51]

O OPORTUNISMO DE ESQUERDA APREGOAVA QUE A


REVOLUÇÃO CHINESA ERA DE CARÁTER SOCIALISTA
Este velho problema segue sendo de grande importância para
compreensão da questão democrática. Os exemplos de tais
posições que se opõem ao caminho da revolução de nova
democracia só faz se repetir nos diferentes países dominados,
encontrando aí, em todos eles, os partidários da "teoria da
subjugação nacional", bem como os das teorias de "uma só
revolução" e "cumprimento de um só golpe da revolução política
e revolução social". No curso do último século aos dias de hoje
essas velhas teorias se acumulam juntamente com suas
falências e as capitulações seguidas de seus defensores
perante o imperialismo e a reação. No Brasil, os exemplos são
notórios, desde as das direções oportunistas na história do
Partido Comunista com suas concepções direitistas da
revolução democrático-nacional, à reboque da grande burguesia
a que lhes premiam com títulos pomposos de "burguesia
nacional" ou "nacionalistas", até ao socialismo pequeno-burguês,
onde pululam toda variedade de correntes tão radicais em se
opor a etapas na revolução, transformados, em tão pouco
m/chan
tempo, em capituladores de seus esbravejamentos de "revolução
socialista já", trocados por mansas e domesticadas poses de
"gente séria" no poder. Cumprem hoje seu triste papel de
auxiliares da burguesia e dos latifundiários na perpetuação de
aland)
seu podre e decrépito Estado, serviçal dos interesses do
imperialismo.

A questão da revolução de nova democracia, não é somente o


SSh28q
principal problema teórico da época, ela consiste em ser o meio
e caminho concreto pelos quais a grande maioria da população
terra, neste século que se inicia, realizará a transformação do
mundo, enterrando o imperialismo e toda a reação mundial,
emancipando a sociedade humana.

O CAMINHO PARA A EDIFICAÇÃO DA NOVA


DEMOCRACIA E A QUESTÃO DOS TRÊS
INSTRUMENTOS DA REVOLUÇÃO
Toda a concepção da revolução de nova democracia
desenvolvida pelo grande dirigente chinês, constituiu-se num
dos mais importantes aportes ao marxismo na medida que a
mesma não se limitava apenas em desenvolver a teoria marxista
do Estado, mas numa teoria integral em que se conjugavam uma
variedade de problemas, tais como os meios e as formas da
realização da nova democracia, o problema do poder que ocupa
o centro de toda sua concepção, bem como as condições para
se assegurar a passagem da nova democracia, de forma
ininterrupta, à revolução e construção socialistas. A questão do
papel do Partido Comunista, a importância de uma Frente Única
das várias classes revolucionárias, sua construção e a luta
armada como forma principal de luta, constituem-se elementos
inseparáveis de sua concepção. Mao concebeu no processo
revolucionário da China, que os mais variados instrumentos que
surgem no processo revolucionário se condensam em "três
instrumentos fundamentais da revolução". E estes são o Partido
m/chan
Comunista, a Frente Única e o Exército Popular. Em 1939, ao
fazer um balanço dos 18 anos de experiência de luta Mao
ressalta que "A frente única, a luta armada e a edificação do
Partido são pois as três questões fundamentais que interessam
aland)
ao nosso Partido na revolução chinesa. Compreender
corretamente essas três questões e as suas inter-relações,
significa dar uma direção justa a toda a revolução chinesa."[52]
SSh28q
Sintetizando o que chamou de "três tesouros" da experiência de
18 anos de luta, condensa as condições em que se desenvolveu,
até então, a experiência da revolução chinesa quanto à aplicação
desses três instrumentos em três situações diferentes
correspondentes a três etapas diferentes: a Primeira Grande
Revolução de 1924/1927, a Guerra Revolucionária Agrária de
1927/1937 e a Guerra de Resistência contra o Japão, donde
extraiu as seguintes leis: 1) que a burguesia chinesa podia fazer
parte da luta contra o imperialismo e contra os caudilhos
militares feudais, na medida que a opressão estrangeira era a
maior que pesava sobre a China. Isto possibilitava ao
proletariado estabelecer uma frente única com a burguesia
nacional em determinados períodos e dentro de certos limites.;
2) que em outras condições históricas a burguesia nacional
podia vacilar e trair em função de suas debilidades econômicas
e políticas. Isto mostra que a frente única do proletariado não
permanece constante e se modifica no transcurso do processo
revolucionário; 3) que a grande burguesia compradora chinesa
estava vinculada diretamente ao imperialismo e era alimentada
por ele, sendo assim um dos alvos da revolução de nova
democracia. No entanto, como o imperialismo era formado por
diferentes potências, a grande burguesia chinesa também era
formada por diferentes grupos e frações e que, nos momentos
de agudização entre as potências, os grupos da burguesia
chinesa também se dividiam e nisto a política de frente única do
proletariado poderia tirar vantagens, ainda que por curtos
m/chan
períodos; 4) que a grande burguesia compradora chinesa,
mesmo nos curtos períodos em que forma frente única com o
proletariado, ela segue sendo muito reacionária e busca o tempo
todo obstinadamente atacar o proletariado e o seu partido,
aland)
fazendo uma política de preparação para a capitulação e romper
a frente única contra o inimigo invasor; 5) que o campesinato era
o aliado firme do proletariado; e 6) que a pequena burguesia
SSh28qurbana também era um aliado seguro do proletariado.

A CONCEPÇÃO DA REVOLUÇÃO DE NOVA


DEMOCRACIA CONSTITUI-SE NUM DOS MAIS
IMPORTANTES APORTES AO MARXISMO
Buscando analisar a fundo as contradições no sentido de
explorar todo potencial favorável ao proletariado na revolução
chinesa, Mao ressalta que "O duplo caráter da burguesia chinesa
na revolução democrático-burguesa influi profundamente sobre
a linha política e a edificação do Partido Comunista da China.
Sem compreender esse duplo caráter da burguesia chinesa, é
impossível compreender a linha política e o processo de
edificação do Partido Comunista da China."[53] Com isto,
destaca que uma característica da linha política do Partido
Comunista da China foi compreender bem o duplo caráter da
burguesia nacional e saber unir-se com ela e ao mesmo tempo
lutar contra ela. Unir no sentido de fazer frente única com ela e
lutar, como forma pacífica de deslindar as contradições, a
independência do Partido, nos períodos de frente única com ela
e de passar à luta armada contra ela, no momento que ela
rompia a frente única.

Afirmou que, na luta pela revolução de nova democracia, a luta


armada conduzida pelo Partido Comunista da China era a guerra
dos camponeses sob direção do proletariado. E que, unir à
burguesia sem dar luta contra ela consistia num oportunismo de
direita e apenas lutar contra ela sem unir-se com ela nos
m/chan
períodos e momentos possíveis e necessários consistia num
oportunismo de "esquerda". Naqueles 18 anos o Partido havia
aprendido muito e se desenvolvido no sentido de manejar com
aland) maiores acertos as leis da revolução e da edificação do Partido
Comunista, às custas de erros dos dois tipos cometidos no seu
curso. "A experiência destes dezoito anos nos ensina que a
Frente Única e a luta armada são as duas principais armas para
SSh28q
vencer o inimigo. A Frente Única é uma frente para realizar a luta
armada. A organização do Partido são os heróicos combatentes
que manejam essas duas armas – a Frente Única e a luta
armada – para destruir e abater as posições do inimigo. Tais são
as relações mútuas entre construção do Partido, Frente Única e
luta armada."[54]

A IMPORTÂNCIA DA FRENTE ÚNICA REVOLUCIONÁRIA


E O NOVO PODER
Para a nova democracia, da luta pela sua conquista, ou seja da
realização da revolução democrática de novo tipo e pela sua
transformação ininterrupta em revolução socialista, o problema
fundamental se encontra na definição e estabelecimento de uma
acertada política de frente única das classes revolucionárias
contra o inimigo comum. Neste problema reside toda a chave
para o sucesso da conquista da nova democracia. Primeiro, que
para estabelecer uma política justa e acertada se necessita de
quem a possa realizar e este só pode ser o partido
revolucionário do proletariado em construção. Segundo, que
para ser justa e acertada ela deve partir do princípio de que
somente através da direção do proletariado, que como única
classe consequentemente revolucionária até o fim, poderá
vertebrar uma autêntica frente única revolucionária, mantê-la
firme, lutar contra o perigo de capitulação e conduzir ao triunfo a
causa da nova democracia. O proletariado, como temos visto ao
estudar toda a experiência histórica, é, do ponto de vista
m/chan
econômico, social, político, ideológico e histórico, o legítimo
portador da missão emancipatória da sociedade humana e por
isto mesmo o mais consequente defensor da autêntica e
verdadeira democracia, a democracia popular, a vontade e poder
aland)
concreto das massas trabalhadoras.

Somente a direção firme do proletariado revolucionário pode


estabelecer de forma acertada e justa a política de frente única
SSh28q
das classes revolucionárias para derrotar o imperialismo, a
grande burguesia local e os latifundiários. Somente a direção do
proletariado revolucionário em aliança indissolúvel com o
campesinato principalmente pobre pode manter a frente única,
impedir sua capitulação para as classes reacionárias, suportar
as grandes pressões e sofrimentos na luta pelo triunfo da causa
da nova democracia. Somente a direção do proletariado
revolucionário pode assegurar o cumprimento programático dos
interesses das classes revolucionárias, particularmente
assegurar ao campesinato pobre seu acesso à terra através de
levar a cabo um programa agrário revolucionário. Somente a
direção do proletariado revolucionário pode assegurar a
passagem da nova democracia à construção socialista, de
forma ininterrupta e irrenunciável. E por fim, somente esta
direção pode de fato dar vida, estatura e perspectiva à causa da
democracia na época da agonia do imperialismo, da morte do
capitalismo. Sem a direção do proletariado revolucionário não
pode haver frente única alguma que não seja qualquer tipo de
oportunismo para reformar a fachada da velha e carcomida
democracia para perpetuar a exploração e opressão de bilhões
de seres humanos, que é hoje a realidade do domínio
imperialista.

SOMENTE A DIREÇÃO FIRME DO PROLETARIADO


REVOLUCIONÁRIO PODE ESTABELECER A POLÍTICA DE
FRENTE ÚNICA DAS CLASSES REVOLUCIONÁRIAS
m/chan
Neste sentido, a Frente Única é já desde a sua construção o
embrião do novo poder e do novo Estado. De uma forma geral,
as tarefas da nova democracia é a solução da questão agrário-
camponesa e da independência nacional. Isto implica em fases
aland)
distintas dentro da mesma etapa. Na primeira fase, a
contradição principal situa-se entre o campesinato,
principalmente pobre e os grandes proprietários de terras,
SSh28q
latifundiários de velho e novo tipo. Esta contradição só pode ser
resolvida via a revolução agrária com a destruição de todo o
sistema latifundiário e a entrega de suas terras aos camponeses
sem terra ou com pouca terra. A revolução agrária, segundo as
particularidades de cada país dominado pelo imperialismo, deve
apoiar-se no programa agrário do proletariado revolucionário que
propõe confiscar toda a terra dos latifundiários e entregá-las aos
camponeses pobres; realizar a libertação das forças produtivas
do campo e impulsionar seu desenvolvimento no sentido da
cooperação crescente apoiada na adoção de novas relações de
produção, das técnicas avançadas, da mecanização crescente e
apontando para a coletivização futura. Outro caminho, só resta
ao campesinato seguir à burguesia para a reação como seus
servidores. O caminho que oferece setores e correntes políticas
da pequena burguesia, ao fim e ao cabo, dará no mesmo. Com a
revolução agrária o proletariado revolucionário cimentará a mais
formidável base para a construção de sua hegemonia e direção
na Frente Única, questão fundamental para sua ampliação na
fase de libertação nacional. Desde o primeiro momento, na luta
pela nova democracia, o proletariado revolucionário manifesta
todo seu conteúdo anti-latinfundiário, anti-feudal,
antiimperialista, bem como o seu caráter de passagem
ininterrupta ao socialismo.

Na segunda fase, a contradição principal estará centrada entre a


nação/povo e a dominação imperialista. Como o imperialismo
m/chan ianque é na atualidade a força hegemônica econômica e
militarmente, todo o movimento democrático deve combatê-lo,
opor-se a ele com firmeza, lutar para isolá-lo. No entanto, em
cada país dominado, segundo suas particularidades, deve
aland) apontar diretamente contra a força imperialista que exerça
hegemonia no país, a força agressora ou invasora. O programa
do proletariado revolucionário nesta fase, bem como sua tática,
devem ser ajustados para contemplar todas as forças possíveis
SSh28q
de serem unidas contra o inimigo comum. Deve adotar o
princípio de atrair ou neutralizar as forças intermediárias e isolar
os obstinados anticomunistas para cercar o imperialismo e seus
colaboradores. Assim, a Frente Única Revolucionária sofrerá
obrigatoriamente modificações segundo variações de períodos
na confrontação do campo revolucionário com o imperialismo e
seus colaboradores. A questão de manter a todo custo a
independência e autonomia no interior da Frente Única é
condição fundamental para o êxito da direção do proletariado
revolucionário e da causa da Frente.

A política acertada e justa de Frente Única não preconiza o


caminho do reforçamento da institucionalidade do Estado
reacionário das classes dominantes. Ao contrário preconiza sua
destruição e substituição por outro e novo Estado revolucionário,
cujo sistema de Estado é ditadura conjunta das classes
revolucionárias e seu sistema de poder e governo seja a mais
ampla democracia direta das massas trabalhadoras, nas formas
de Assembléias do Poder Popular. Neste sentido, a política de
nova democracia não deposita suas esperanças na formação de
um governo com base na conquista do controle do velho
aparelho de Estado das classes dominantes reacionárias e sua
administração. Propugna pela conquista do poder desde já,
numa luta prolongada, através da sua construção segundo o
caminho que percorre em suas diferentes fases e etapas,
partindo da revolução agrária, combinando com todas as formas
de lutas possíveis para fortalecer sua via principal, exercendo o
m/chan
poder político com base na Frente Única e aplicação de seu
programa imediato. Por isto mesmo que, ao contrário da política
da nova democracia, as diferentes correntes que se agrupam
para a formação de Frentes Populares ou Frentes de Esquerda,
aland) por detrás de seus discursos de mudanças e de transição para o

socialismo, representam a política de fato da pequena burguesia


de frente única com a burguesia para administrar o velho Estado
SSh28qdas classes dominantes reacionárias para seguir servindo ao
imperialismo. Estas são em geral frentes populares eleitoreiras,
mas há os casos de frentes armadas, cujo objetivo de sua luta
armada é cacifar-se com o sangue das massas para, em
determinado momento, capitular através das negociações para
integrar-se ao sistema e sua legalidade, jogando por terra todo o
sacrifício de anos empreendidos pelas massas populares. Após
as dolorosas experiências de capitulação de movimentos
armados na América Latina, hoje no Brasil, assistimos sua
realização na modalidade eleitoreira.

A DEMOCRACIA POPULAR É A NOVA DEMOCRACIA


Tendo examinado o curso da história da democracia, vimos sua
evolução como uma contradição na luta de classes. As forças
progressistas na história sempre se serviram da democracia
para impulsionar as transformações no sentido do progresso
geral da sociedade. Logo de seus êxitos, dado o caráter de
classe exploradora que tinham, tornavam-se reacionárias no
sentido de tentar impedir o curso de progresso da sociedade e
novas forças se apoiando na democracia, arrebatando-a como
bandeira se opunham radicalmente às antigas progressistas
tornadas já em reação. Tem sido assim, numa sucessão de
largos períodos históricos, entre revolução e contra-revolução,
entre revolução e restauração, que a democracia tem sido a via
concreta pela qual a sociedade vai avançando para o futuro.
Desde o advento das revoluções burguesas do século XVIII,
quando surgiu a república democrática (ditadura da burguesia),
m/chan
com a luta de classes do proletariado grandes transformações
se operaram no mundo sacudindo como nunca a história
universal. O proletariado comprovou na prática, como classe
explorada pela burguesia, ser a força colossal e consequente
aland) que opõe ao capitalismo decadente a forma superior de

organização da sociedade, o socialismo como fase inferior do


comunismo, em transição para o mesmo. A democracia
SSh28qproletária (ditadura do proletariado) revelou, em poucos anos de
experiência, sua superioridade e já mesmo apontou as formas
que se revestirão a superação da democracia na história, com a
abolição das classes sociais e consequente extinção do Estado.
O proletariado experimentou e concebeu ainda as formas de
transição para sua ditadura em todo o mundo, imposta pelas
condições de desigualdades do desenvolvimento do
capitalismo, acentuadas na época imperialista. Forma de
transição esta, a nova democracia (ditadura conjunta de várias
classes revolucionárias), que se coloca como a via para a
imensa maioria dos países do mundo e para os bilhões de seres
humanos esmagados na exploração e opressão pelo
imperialismo que os subjugaram ao atraso, à miséria, às guerras
de rapina, fome e genocídios.
Com o advento do imperialismo e seu colossal poder
reacionário, a história conheceu e colocou para si, mais que em
qualquer outra época, o dilema de socialismo ou barbárie. Aí nos
encontramos, aí se acha a civilização, e às bordas dos horrores
de cuja magnitude nos é difícil conceber. Tal dilema se traduz de
forma muito particular e concreta em democracia versus guerra
imperialista. Não há outro mundo possível e transição alguma
que não seja para o socialismo em todo mundo. Esta
democracia não pode ser os simulacros através dos quais as
potências imperialistas, capitaneadas pelos ianques, dizem
praticar com sua rapina e podridão e defender brandindo os
mais sinistros engenhos de morte, com a chantagem, com o
m/chan
fascismo. Ela só pode ser a democracia popular, conquistada
contra as classes reacionárias e com a sua destruição, como
ruptura profunda e cabal e não como sua reforma e
continuidade. E isto se fará por momentos diversos dentro desta
aland) mesma época imediata, e se dará em todo o mundo. Este é o

grande século da história, o século da emancipação humana, o


fecho do capítulo final da opressão e do mar de sangue que tem
SSh28qsido a saga da humanidade, do heroísmo com que as grandes
massas oprimidas tem feito e criado a História.

Isto está colocado para o mundo todo, colocado em cada país.


Os enganos e arremedos só custarão mais tempo e dor para
serem desmascarados e varridos. É questão só mesmo de
tempo. A história faz seu balanço por suas vias tortuosas e
aprende, demora mas encontra o caminho. Junto com o
imperialismo e todas as forças da reação sobradas como
retalhos putrefatos na história, será varrido tudo que não pode
se colocar de forma clara no campo da democracia
revolucionária, inclusive todas as possíveis formas
intermediárias e pretensas terceiras vias. Só há mesmo duas. A
da reação encabeçada pelo decrépito imperialismo falida
historicamente e a do proletariado revolucionário, de perspectiva
brilhante e luminosa.

Como via, a democracia popular não pode ser aquela definida


pelos títulos e proclamações que dela fazem. O caráter da
democracia está dado, não pela vontade ou pelos títulos que se
dão a um regime, mas sim pelo caráter de classes do Estado. A
democracia popular no mundo hoje só pode ser e existir com a
nova democracia através da revolução nos países dominados
pelo imperialismo – maioria dos países e da população da Terra
– que transitarão rapidamente para o socialismo ou pela
democracia proletária já, o socialismo já, nos países capitalistas
m/chan
desenvolvidos e imperialistas.

Notas:

aland)
1 Friedrich Engels – A Origem da Família, da Propriedade Privada
e do Estado – Obras Escolhidas Marx-Engels – Editorial
Progresso 

SSh28q2 a 7 Idem 

8 Karl Marx – Crítica ao Programa de Gotha 

9 Friedrich Engels – A Origem da Família, da Propriedade Privada


e do Estado –Obras Escolhidas Marx e Engels – Editorial
Progresso 

10 Idem 

11 Karl Marx – Carta a Weydemeyer – Obras Escolhidas Marx-


Engels – Editorial Progresso 

12 Engels em Carta a Augusto Bebel- de 28 de março de 1875 –


Correspondência de Marx e Engels 

13 Lenin, O Estado e a Revolução - Obras Escolhidas - Editorial


Progresso 
14 Idem

15 Karl Marx e Friedrich Engels – O Manifesto do Partido


Comunista – Obras Escolhidas, Editorial Progresso

16 Idem

17 De Guerra Civil em França – Karl Marx

18 Lenin – O Estado e a Revolução – Obras Escolhidas, Editorial


Progresso

19 Lenin – Do Estado, Editora Centelha,Lisboa

20 Friedrich Engels – A Origem da Família, da Propriedade


m/chan
Privada e do Estado – Obras Escolhidas Marx e Engels, Editorial
Progresso

21 Lenin – O Programa Militar da Revolução Proletária – Obras


Escolhidas, Editorial Progresso
aland)
22 Fausto Arruda – O fim da História da Democracia Burguesa e
Época da Democracia Popular, ADN nº 3
SSh28q
23 Lenin – O Estado e a Revolução – Obras Escolhidas, Editorial
Progresso

24 Idem

25 Karl Marx – Crítica ao Programa de Gotha

26 Karl Marx – Guerra Civil em França – Obras Escolhidas Marx-


Engels, Editorial Progresso

27 Lenin – O Estado e a Revolução – Obras Escolhidas, Editorial


Progresso

28 Os Comitês Três em Um surgiram como resultado da


mobilização das centenas de milhões de massas, na luta
classes, na produção e na investigação e estudos, a partir do
ano de 1966. Eram formados por um representante da Velha
guarda do Partido Comunista partidária da Revolução Cultural
Proletária, de um representante do Exército Popular de
Libertação e de um representante das massas (operários,
camponeses, intelectuais e estudantes).

29 Lenin – O Estado e a Revolução – Obras Escolhidas, Editorial


Progresso

30 Karl Marx – Crítica ao Programa de Gotha

31 Lenin – A Atitude da Socialdemocracia Frente ao Movimento


Camponês – Sobre a Questão Agrária – Seleção de Textos,
Editorial Progresso
m/chan
32 II Internacional: organização internacional dos partidos
socialistas, fundada por Engels em 1889. Ao começar a guerra
imperialista mundial de 1914 - 1918, os chefes da II Internacional
traíram a causa do socialismo e se passaram para o lado de
aland) seus governos imperialistas. A II Internacional se desagregou.

Os partidos e grupos de esquerda que antes pertenciam à II


Internacional aderiram à Internacional Comunista (a III), fundada
SSh28qem Moscou, em 1919. A II Internacional foi restaurada no
mesmo ano na Conferência de Berna (Suíça). Nela entraram
unicamente os partidos que representavam a ala direita,
oportunista, do movimento socialista (Nota da Editorial
Progresso).

33 Lenin – Informe da Comissão para os Problemas Nacional e


Colonial no II Congresso da Internacional Comunista – 26 de
julho de 1920. Editorial Progresso

34; 35 e 36 Idem

37 Mao Tsetung – A Revolução Chinesa e o Partido Comunista


da China-Obras Escolhidas-Edições em Língua Estrangeira

38 Idem
39 Idem

40 Mao Tsetung – Sobre a Nova Democracia – Obras


Escolhidas-Edições em Língua Estrangeira

41 Idem

42 Idem

43 Idem

44 Idem

45 Idem

46 Idem
m/chan

47 Idem

48 Idem

aland) 49 Kemalismo – Movimento independentista surgido na Turquia,


chefiado por Kemal, representante da burguesia comercial turca,
que ao fim da Primeira Guerra Mundial, instaurou um regime de
SSh28qditadura burguesa no país e aspirava por uma república
democrático-burguesa independente, após rechaçar a ocupação
grega. Caiu logo em seguida sob o controle do imperialismo
anglo-francês, transformando-se em semicolônia.

50 Mao Tsetung – Sobre a Nova Democracia–Obras Escolhidas-


Edições em Língua Estrangeira

51 Idem

52 Mao Tsetung – Apresentação de O Comunista–Obras


Escolhidas–Edições em Língua Estrangeira

53 Idem

54 Idem

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