Você está na página 1de 4

MIA> Biblioteca> Mao Zedong > Novidades

A Frente Única no Trabalho


Cultural
Mao Tsetung
30 de Outubro de 1944

Primeira Edição: Discurso pronunciado pelo camarada Mao Tsetung numa


conferência dos trabalhadores da cultura e educação da região fronteiriça
Xensi-Cansu-Ninsia.
Tradução: A presente
tradução está conforme à nova edição das Obras
Escolhidas de Mao Tsetung, Tomo II (Edições do Povo, Pequim, Agosto de
1952). Nas notas introduziram-se alterações, para atender as
necessidades de edição em línguas estrangeiras.
Fonte: Obras Escolhidas de Mao Tsetung, Pequim,
1975, Tomo III, pág: 285-
288.

Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo

O objetivo de todo o nosso


trabalho é abater o imperialismo
japonês. Tal como Hitler, os
imperialistas japoneses aproximam-
se da sepultura. Mas devemos
prosseguir nos nossos esforços pois
só assim poderemos abatê-los
definitivamente. No nosso trabalho, a
guerra vem em primeiro lugar, depois
vem a produção e depois a cultura.
Tropas sem cultura são tropas
ignorantes e tropas assim não podem vencer o inimigo.
A cultura nas regiões libertadas tem o seu lado
progressista, mas conserva ainda algo de atrasado. Nelas
existe já uma cultura nova, cultura do povo, mas mantêm-se
ainda bastantes marcas de sobrevivências feudais. Na região
fronteiriça Xensi-Cansu-Ninsia, entre um milhão e meio de
habitantes há mais de um milhão de analfabetos e dois mil
curandeiros e a superstição continua a exercer influência
sobre as grandes massas. É um inimigo escondido no
espírito das massas. E a luta contra esse inimigo revela-se
frequentemente mais árdua que a luta contra o imperialismo
japonês. Devemos apelar para que as massas se levantem
contra o analfabetismo, superstições e hábitos anti-
higiênicos. Para essa luta é indispensável uma frente única
ampla. E a frente deve ser particularmente ampla na região
fronteiriça Xensi-Cansu-Ninsia, região de tão escassa
população, de tão difíceis vias de comunicação, de nível
cultural tão baixo e, além disso, vivendo uma situação de
guerra. Assim, no domínio da instrução pública, precisamos
não somente de escolas primárias e secundárias regulares,
todas concentradas, mas também de escolas rurais não
regulares, dispersas por toda a parte, círculos de leitura de
jornais e grupos para aprender a ler e escrever. Ao lado das
escolas modernas, devemos igualmente utilizar,
transformando-as, as escolas rurais de tipo velho. No
domínio da arte, não necessitamos apenas de teatro
moderno, necessitamos também de tchintcham(1) e ianco(2).
Não necessitamos apenas de tchintcham e ianco novos,
precisamos também, reorganizando-as progressivamente,
das equipas do velho teatro e das equipas de ianco antigo,
que constituem noventa por cento do total das equipas de
ianco. O que acaba de dizer-se aplica-se com mais validade à
medicina. Na região fronteiriça Xensi-Cansu-Ninsia, a
mortalidade entre a população e o gado é muito elevada e
muita gente acredita ainda nos curandeiros. Em tais
circunstâncias, apoiar-se apenas na medicina moderna não é
solução. Evidentemente, os médicos modernos têm
vantagens sobre os médicos antigos, mas se não se
preocupam com os sofrimentos do povo, se não formam um
pessoal médico para o povo, se não se unem aos médicos e
aos veterinários do tipo antigo, que são mais de um milhar
na região fronteiriça, se não os ajudam a progredir, estarão
no fim de contas a prestar serviço aos curandeiros, ficarão
indiferentes à elevada taxa de mortalidade da população e do
gado. A frente única implica dois princípios: o primeiro é a
união e o segundo é a crítica, a educação e a transformação.
Se está errado adoptar no seio da frente única uma posição
capitulacionista, é igualmente falso praticar um sectarismo
que leva a afastar as pessoas e a desprezá-las. Temos como
tarefa aliar-nos aos intelectuais do tipo velho, aos artistas e
médicos da velha escola que podem ser-nos úteis, e ajudá-
los, convencê-los, transformá-los. Para transformá-los há
que, primeiro, unir-nos a eles. Se nos desempenhamos
adequadamente dessa tarefa, eles farão uma boa recepção à
nossa ajuda.
A nossa cultura é uma cultura do povo. Os nossos
trabalhadores da cultura devem servir o povo com a maior
devoção; devem ligar-se às massas, não desligar-se delas.
Para ligar-se às massas importa agir de acordo com as
necessidades e aspirações das massas. Todo o trabalho
para as massas deve partir das necessidades destas, e não
do desejo deste ou daquele indivíduo, ainda que bem-
intencionado. Acontece frequentes vezes que, objetivamente,
as massas necessitam de certa mudança mas,
subjetivamente, não estão ainda conscientes dessa
necessidade, não a desejam ou ainda não estão
determinadas a realizá-la. Nesse caso devemos esperar
pacientemente. Não devemos realizar tal mudança senão
quando, em virtude do nosso trabalho, a maioria das massas
se tenha tomado consciente dessa necessidade e esteja
desejosa e determinada a realizá-la. Doutro modo, isolamo-
nos das massas. Enquanto as massas não estão
conscientes e desejosas, toda a espécie de trabalho que
requer a sua participação resulta em mera formalidade e
termina num fracasso. O “devagar se vai ao longe”(3) não
traduz uma oposição à rapidez, mas sim ao putschismo. O
putschismo é que conduz inevitavelmente ao fracasso. Isso
é justo para todos os trabalhos, sobretudo para o trabalho
cultural e educativo, transformador da ideologia das massas.
Há dois princípios aqui: um, é o das necessidades reais das
massas, e não aquilo que imaginamos serem as suas
necessidades; o outro, é o do desejo livremente expresso
pelas massas, as decisões que estas tomam por si próprias,
e não as decisões que nós tomamos em seu lugar.
Início da página

Notas de rodapé:
(1) Ópera antiga da província de Xensi. Como outrora essa província
estava situada no reino de Tchin, daí lhe ficou o nome. (retornar ao texto)
(2) Palavras de Confúcio. Ver Conversações, capítulo “Tse Lu”. (retornar
ao texto)
Notas do tradutor:
(3) Dança popular, acompanhada de canto e música. (retornar ao texto)
Inclusão 25/09/2015

Você também pode gostar