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Capítulo 1

(9º ano)

A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA E SEUS DESDOBRAMENTOS

O PROCESSO QUE CONDUZIU A REPÚBLICA


A ideia de República não era nova no Brasil; antes da independência o Brasil foi palco de várias rebeliões republicanas, a
exemplo da Cabanagem (Grão-Pará, 1835-1840), Farroupilha (Rio Grande do Sul e Santa Catarina, (1835-1845). Mas o governo
monárquico conseguiu reprimir os movimentos, graças aos recursos com a venda do café.
No Segundo Reinado, os dois únicos partidos políticos, eram o Liberal e o Conservador, que controlavam a maioria da
população, que continuava excluída de quase tudo. Com o objetivo de ampliar seu espaço na politica um grupo de profissionais
liberais e fazendeiros do oeste paulista, lançou em 1870 o Manifesto Republicano que defendia o federalismo e república. O
manifesto afirmava: “somos da américa e queremos ser americanos”, ou seja eram favoráveis a república. Três anos depois foi
fundado , na cidade de itu (SP) o Partido Republicano Paulista (PRP).
O movimento Republicano estava dividido em três grupos:
- 1º grupo: liderados pelo jornalista Quintino Bocaiuva , que propunha chegar à República por via eleitoral (eleição de deputados
republicanos);
- 2º grupo:, defendia que a passagem para a República deveria ser por um movimento popular;
- 3º grupo: formado em torno do major Benjamin Constant (líder militar), defendia a instalação de uma República com um governo
forte.
Dois fatos vão contribuir para acelerar o fim do Império, é a Questão Religiosa e a Questão Militar.

A Questão Religiosa
Com a Constituição de 1824, o governo Imperial passou a controlar a Igreja Católica através de duas leis. O beneplácito (era
o direito que o imperador tinha de aprovar ou não as bulas papais em terras brasileiras (Uma bula é um documento pontifício
relativo a temas de fé ou de interesse geral, concessão de graças ou privilégios, assuntos judiciais ou administrativos, expedido pela
Chancelaria Apostólica, estampado com tinta vermelha). O padroado (era o direito que o imperador tinha em nomear bispos e estes
recebiam dinheiro do governo).
Em 1864, o papa Pio IX proibiu católicos de fazerem parte da Maçonaria (A Ordem dos Maçons Livres e Aceitos é uma
sociedade secreta, mas aberta a homens de todas as religiões – só não são aceitos ateus. “Para fazer parte dela o indivíduo deve
crer em Deus). D. Pedro II, não aceitou a ordem do papa, pois ele mantinha relações estreitas com a maçonaria. Porém os bispos de
Olinda (D. Vital de Oliveira) e de Belém do Pará (D. Antônio Macedo Costa), optaram por obedecer ao papa e exigiram que as
irmandades religiosas expulsassem seus membros religiosos.
Mas os republicanos aproveitaram-se da Questão Religiosa para manchar a imagem do imperador. Por meio de comícios e de
jornais, passaram a acusar D. Pedro II de se intrometer em assuntos particulares da Igreja e de não dar liberdade religiosa aos
brasileiros.
Esse fato contribuiu para enfraquecer a Monarquia. Nos anos 1880, o movimento republicano ganhou força; foram
fundadas centenas de clubes e dezenas de jornais republicanos por todo o país; os comícios de Silva Jardim atraíam um número
cada vez maior de pessoas.
Não gostando da atitude dos bispos D. Pedro II, abriu uma ação contra os bispos que foram julgados e condenados a 4
anos de prisão, 1 ano depois o governo entrou em acordo com o papa e suspendeu a punição.

A Questão Militar
Questão militar é o nome dado a uma série de atritos entre o Exército e o Império. A principal razão desses conflitos entre
os militares e a Monarquia foi a punição de dois oficiais do Exército, o tenente-coronel Sena Madureira e o coronel Cunha Matos.
Esses oficiais foram punidos por denunciar casos de corrupção pela imprensa e por se manifestar publicamente a favor da
Abolição. O marechal Deodoro da Fonseca se negou a punir Sena Madureira e por isso foi demitido do cargo de comandante de
armas e presidente da província do Rio Grande do Sul. Deodoro e Sena Madureira decidiram, então, viajar para o Rio de Janeiro,
onde foram recebidos festivamente por outros oficiais. Entre eles estava o major Benjamin Constant, líder da mocidade militar.
No dia 9 de novembro de 1889, o major Constant discursou no Clube Militar, pedindo poderes para mudar a situação dos
militares, e recebeu total apoio da mocidade militar ali presente.

Positivismo
O positivismo é um conjunto de ideias sistematizado pelo francês Auguste Comte (1798-1857). No Brasil, o major Benjamin
Constant foi um grande divulgador dessas ideias entre os jovens oficiais.
O positivismo é uma teoria que manifesta uma crença radical na ciência e na razão. Segundo essa teoria, a história das
sociedades humanas é regida por leis imutáveis, científicas ou positivas, sendo a evolução a principal delas. A descoberta dessas leis,
por meio de métodos científicos, possibilitaria a compreensão e a solução dos problemas sociais. Apesar das diferenças entre os
positivistas, todos eles eram contrários à escravidão e favoráveis à República. A República para os positivistas era um regime mais
“científico” do que a Monarquia. Proclamar a República era, então, uma forma de acelerar o progresso do Brasil.
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No Brasil, os positivistas defendiam:
• a implantação de uma ditadura republicana;
• a ideia de que o progresso depende da ordem, daí o lema positivista inscrito na bandeira brasileira: “Ordem e Progresso”;
• a crença de que somente os militares poderiam salvar o país das mãos corruptas dos civis.
Enfim, defendiam a necessidade de uma República com um governo forte, cujo lema fosse “Ordem e Progresso”.

Bandeira do Império

Bandeira da República (atual)

A Proclamação da República
Com a Lei Áurea, a insatisfação com a Monarquia aumentou, pois os fazendeiros do Vale do Paraíba e do Nordeste
sentiram-se traídos por terem sido obrigados a libertar seus escravos sem receber nada em troca. Os fazendeiros do Oeste
Paulista, por sua vez, tinham ingressado no Partido Republicano Paulista. As camadas médias pleiteavam maior participação
política. Os militares, depois de punidos pelo governo de D. Pedro II, tinham se aproximado dos ideais republicanos. Nesse clima de
grande insatisfação social, o marechal Deodoro da Fonseca encontrou-se com o líder do Partido Republicano Paulista, Quintino
Bocaiuva, e, juntos, combinaram a derrubada da Monarquia. Na manhã de 15 de novembro de 1889 o golpe foi dado: Deodoro da
Fonseca e seus soldados demitiram o governo monárquico, pondo fim à Monarquia e dando início à República no Brasil.

A Proclamação da República
Com a Lei Áurea, a insatisfação com a Monarquia aumentou, pois os fazendeiros do Vale do Paraíba e do Nordeste
sentiram-se traídos por terem sido obrigados a libertar seus escravos sem receber nada em troca. Os fazendeiros do Oeste
Paulista, por sua vez, tinham ingressado no Partido Republicano Paulista. As camadas médias pleiteavam maior participação
política. Os militares, depois de punidos pelo governo de D. Pedro II, tinham se aproximado dos ideais republicanos. Nesse clima de
grande insatisfação social, o marechal Deodoro da Fonseca encontrou-se com o líder do Partido Republicano Paulista, Quintino
Bocaiuva, e, juntos, combinaram a derrubada da Monarquia. Na manhã de 15 de novembro de 1889 o golpe foi dado: Deodoro da
Fonseca e seus soldados demitiram o governo monárquico, pondo fim à Monarquia e dando início à República no Brasil.

Governo Deodoro da Fonseca


Os dois primeiros presidentes do Brasil foram militares e governaram entre 1889 e 1894, por isso esse período é conhecido
como República da Espada (os dois primeiros presidentes eram milhares e do exército).

A reforma e a crise financeira ou encilhamento


Com o objetivo de expandir o crédito e incentivar a industrialização do país, o então ministro da Fazenda, Rui Barbosa,
autorizou quatro bancos a emitirem dinheiro para conceder empréstimos àqueles que desejassem abrir uma empresa.
Essa reforma financeira, porém, não teve o sucesso esperado; muitos usavam o dinheiro emprestado pelo governo para
fundar empresas-fantasmas (que só existiam no papel). Em seguida, mandavam imprimir ações dessas falsas empresas e vendiam-
nas na Bolsa de Valores. Passando de mão em mão, as ações subiam de preço e enriqueciam os que praticavam a especulação.
No entanto, quando os acionistas percebiam que tinham investido em empresas-fantasmas corriam para vender suas ações
e aí descobriam que o que tinham nas mãos era um “maço de papel” sem nenhum valor. Resultado: os preços das ações
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despencaram, os pequenos investidores perderam seu dinheiro para os especuladores e muitas firmas antigas faliram. O aumento
do dinheiro em circulação sem um crescimento proporcional da produção de mercadorias provocou também uma alta generalizada
dos preços (inflação).

O que é a Bolsa de Valores?


Em termos gerais, a bolsa é um mercado onde são negociadas, vendidas e compradas “porções” de empresas de capital
aberto, as chamadas ações, além de outros investimentos, como os do mercado futuro, como commodities (café, ouro, minério,
entre outros), dólar e juros.
Indo um pouco além, uma ação é um título – que pode ser chamado de “papel” – emitido por uma empresa quando ela
deseja levantar dinheiro. A companhia, então, abre seu capital, negociando a venda desses papéis. Na prática, quem compra ações
se torna sócio e passa a partilhar, junto com os demais sócios, os resultados da empresa. As ações podem ser compradas
individualmente – fracionadas – ou em lotes de diferentes quantidades. Na B3, a Bolsa de Valores do Brasil (que antigamente se
chamava BM&F Bovespa), as ações são o principal ativo negociado, com papéis de mais de 400 empresas.
Eleito, Deodoro da Fonseca formou um Ministério com pessoas de diferentes tendências republicanas: o Ministério da
Guerra foi entregue ao militar positivista Benjamin Constant; o Ministério das Relações Exteriores, ao republicano civil Quintino
Bocaiuva; o Ministério da Fazenda, ao intelectual baiano Rui Barbosa. No poder, Deodoro teve de enfrentar dificuldades: tinha um
vice da oposição e muitos parlamentares o responsabilizavam pelo “encilhamento”. Esses parlamentares aprovaram um projeto que
limitava seu poder como presidente da República. Deodoro reagiu de modo autoritário mandando fechar o Congresso (novembro
de 1891). Diante disso, os militares da Marinha ameaçaram bombardear o Rio de Janeiro, caso Deodoro não renunciasse; esse
episódio é conhecido como Primeira Revolta da Armada. Pressionado, Deodoro da Fonseca renunciou e a presidência foi ocupada
por seu vice.

Governo Floriano Peixoto


Floriano Peixoto reabriu o Congresso e formou seu ministério com alguns representantes dos cafeicultores paulistas.
Durante sua gestão, reduziu os aluguéis e tabelou o preço de alguns alimentos, como carne, feijão, pão e batata. E, com essas
medidas, Floriano Peixoto conquistou grande popularidade.
Mas seus adversários, entre os quais estavam vários generais do Exército, iniciaram uma campanha exigindo sua renúncia.
Floriano Peixoto reagiu aposentando os generais. Os militares da Marinha, por sua vez, também se levantaram contra seu governo
e, dessa vez, chegaram a bombardear o Rio de Janeiro com tiros de canhão, para exigir a renúncia do presidente; o episódio ficou
conhecido como Segunda Revolta da Armada (1893).
Floriano Peixoto, porém, conseguiu dinheiro com os cafeicultores paulistas, comprou navios no exterior e, com o apoio dos
soldados do Exército, venceu a revolta liderada pela Marinha. Para defender o presidente Floriano, conhecido então como
“Marechal de Ferro”, formaram-se batalhões populares; era o florianismo contagiando o povo.

A Revolução Federalista
Enquanto isso, no Rio Grande do Sul explodia uma guerra civil motivada pela disputa entre o Partido Republicano Rio-
Grandense, liderado pelo positivista Júlio de Castilhos, e o Partido Federalista, liderado por Gaspar de Silveira Martins. Os
seguidores de Júlio de Castilhos tinham o apelido de pica-paus (foram apelidados assim devido à vestimenta composta de roupa
azul e quepe vermelho, que lembravam os pássaros). e recebiam o apoio de Floriano Peixoto. Já seus adversários tinham o apelido
de maragatos (O termo tinha uma conotação de deboche, ironia, pejorativa, atribuída pelo imperialistas e legalistas aos revoltosos
liderados por Gaspar Silveira Martins, que deixaram o exílio, no Uruguai, e entraram no RS à frente de um exército. Como o exílio
havia ocorrido no Uruguai numa região colonizada por pessoas originárias da Maragateria (na Espanha), os republicanos
apelidaram-nos de "maragatos", buscando caracterizar uma identidade "estrangeira" aos federalistas) e eram apoiados pelos
oficiais da Marinha adversários de Floriano.
Essa guerra civil atingiu também os estados de Santa Catarina e Paraná, causou a morte de milhares de pessoas e só
terminou em 1895, com a vitória dos pica-paus; com essa vitória, o castilhismo consolidou-se como uma corrente política que
influenciou a história do Rio Grande do Sul por décadas.
Quando Floriano Peixoto deixou a presidência, seus opositores tinham sido vencidos e um modelo autoritário e excludente
de República se impunha ao país.

Atividade

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