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1 – A INDÚSTRIA MODERNA
A manufatura da Idade Média era completamente diferente da indústria atual. A produção, doméstica, dependia
da habilidade manual dos produtores. A energia utilizada, baseada na força humana ou dos animais, limitava a escala
de produção. O domínio sobre as forças naturais circunscrevia-se ao uso das águas correntes e dos ventos como fonte
de energia mecânica para as rodas dos moinhos.
No campo, predominava o sistema familiar de trabalho. A fiação e a tecelagem artesanais coexistiam com a
produção agrícola. Os artigos produzidos destinavam-se quase somente ao consumo do grupo familiar. Nas cidades,
desenvolvia-se o sistema de corporações. O mestre artesão dirigia dois ou três empregados (aprendizes). Os
produtores tinham a propriedade das ferramentas e matérias-primas. A produção destinava-se ao mercado local.
Todos os mestres do mesmo ofício pertenciam a uma corporação, que regulava o trabalho e restringia a concorrência.
A manufatura medieval encontrava-se dispersa no espaço geográfico, tanto nas aldeias rurais como nas
pequenas cidades muradas, que pontilhavam as rotas comerciais e polarizavam as trocas mercantis. O espaço
industrial não tinha ainda formado uma paisagem distinta, separada do mundo da produção rural.
A indústria moderna nasceu nos séculos XVIII e XIX com o surgimento de dois elementos fundamentais: a
máquina e a energia mecânica. O domínio das fontes de energia naturais possibilitou a substituição da energia
humana e animal pela energia térmica (carvão, petróleo) e pela energia elétrica, multiplicando a capacidade do ser
humano de produzir trabalho. A energia mecânica permitiu a invenção e diversificação das máquinas e, com elas, da
produção em série.
O sistema de fábrica caracteriza a indústria moderna. Trabalhadores, matérias-primas e máquinas são reunidos
num único local. Os produtores diretos (operários) estão separados dos meios de produção, que pertencem ao
empresário capitalista. A produção, em larga escala, destina-se a amplos mercados nacionais ou internacionais.
A indústria moderna tende a se concentrar em determinadas porções do espaço geográfico. Imensas regiões
industriais agrupam centenas ou milhares de fábricas em áreas definidas, onde as densidades demográficas são
elevadas e a urbanização é praticamente total.
2 – A IMPORTÂNCIA DA INDÚSTRIA
A atividade industrial é muito importante na economia dos países desenvolvidos e de muitos países em
desenvolvimento. Entretanto, não é tão simples mensurar a real contribuição do setor industrial para a economia de
um país. Por exemplo, nos países industrializados mais avançados, ou mesmo em diversos países em
desenvolvimento, a maior contribuição para o PIB provém do comércio e dos serviços, não do setor industrial. Nos
países desenvolvidos, a contribuição do comércio e dos serviços totaliza, em média, 75% do PIB, a da indústria, cerca
de 25% e a da agropecuária, 1%. Nos Estados Unidos, por exemplo, segundo o Banco Mundial, em 2014, o comércio
e os serviços contribuíram com 78% do PIB, a mais alta taxa do mundo, a indústria, com 21% e a agropecuária, com
1%.
Contudo, embora haja países muito pobres, como a Nigéria, em que o setor industrial tem uma participação
muito reduzida no PIB, há nações emergentes, como a Tailândia, nas quais essa participação é muito elevada, até
maior do que em muitos países desenvolvidos. Entretanto, esse percentual não revela se, nesses países, a atividade
industrial é:
• Moderna ou arcaica, isto é, se emprega máquinas tecnologicamente avançadas e se conta com elevada
participação de produtos de alta tecnologia;
• Competitiva, isto é, se tem alta ou baixa participação na pauta de exportações, principalmente de produtos de
alta e média tecnologia;
• Diversificada ou dependente de um único setor, como nos países produtores de petróleo;
• Sustentável do ponto de vista social e ambiental.
A contribuição da indústria para o PIB, considerada de forma isolada, é insuficiente para mostrar a importância
quantitativa e qualitativa das atividades secundárias em um país. Por isso, a Organização das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Industrial (Unido) coleta outros dados que revelam a importância da indústria e seu grau de
desenvolvimento tecnológico em diversos países.
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A atividade industrial é importante para a agropecuária, o comércio e os serviços. A agricultura moderna utiliza
máquinas, sistemas de irrigação, adubos, inseticidas e diversos outros insumos produzidos industrialmente; as
diversas lojas existentes nas cidades – de roupas, calçados, eletrodomésticos, automóveis, móveis, entre outros –,
além de supermercados e farmácias, não teriam mercadorias para vender caso não existisse a indústria de bens de
consumo. O mesmo raciocínio pode ser aplicado à maioria das atividades de prestação de serviços. Não existiriam o
funcionamento e a manutenção de diversos aparelhos, o fornecimento de energia elétrica e de água, as
telecomunicações, os transportes, entre outros, se a indústria de bens de capital não produzisse os equipamentos
necessários para a execução desses serviços. E, ainda, para uma indústria funcionar, são necessários serviços de
administração, limpeza, transporte, segurança, manutenção, alimentação etc. Esses exemplos mostram que a indústria
é fundamental na economia de diversos países e está fortemente inter-relacionada com o comércio, os serviços e a
agropecuária.
A crescente automação, principalmente nos países desenvolvidos e em alguns emergentes, tem reduzido
relativamente o número de pessoas empregadas na indústria. Quanto mais avançada uma economia, mais
trabalhadores são empregados no comércio e nos serviços.
MERCADO CONSUMIDOR
Com os avanços tecnológicos nos transportes e o barateamento dos fretes, o mercado consumidor se
globalizou e está no mundo todo. Entretanto, ainda é maior onde a população possui mais elevada: em
países desenvolvidos e nas regiões mais modernas dos países emergentes.
Ex.: Lojas de roupas, sapatos, eletrodomésticos, automóveis etc.; depósitos de material de
construção; supermercados, farmácias etc.
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O petróleo, além de fonte de energia, é matéria-prima essencial na fabricação de diversos produtos, como
plásticos, borrachas, tecidos sintéticos, fertilizantes, tintas etc. Um dos setores que mais cresceu após sua descoberta
foi o da indústria petroquímica. Nas primeiras décadas do século XX, quando começaram a ser implantadas, as
petroquímicas se concentravam perto das reservas de petróleo, mas a construção de oleodutos e de grandes navios
petroleiros levou à sua dispersão espacial. Hoje a maioria das refinarias de petróleo se localiza nas proximidades dos
grandes centros consumidores, porque é mais barato transportar o petróleo bruto do que seus derivados – gasolina,
nafta, querosene e outros.
Em contrapartida, a proximidade das jazidas de minérios, como ferro, manganês e outros, constitui um dos
principais fatores para a localização das indústrias siderúrgicas, como as do Quadrilátero Ferrífero (Minas Gerais),
porque é mais barato transportar as chapas de aço do que o minério bruto.
Nas últimas décadas, um fator determinante para a localização de qualquer tipo de indústria é a existência de
uma boa logística que possibilite o recebimento de matérias-primas e o escoamento das mercadorias. Por isso, muitos
centros industriais importantes desenvolveram- se próximo a portos marítimos ou fluviais ou ainda em
entroncamentos rodoviários ou ferroviários. Centros industriais mais modernos – que produzem bens de alto valor
agregado, como os da área de tecnologia da informação – tendem a se localizar perto de aeroportos. Com a
mobilidade do capital e das mercadorias pelo mundo, a logística ganha importância determinante na alocação dos
investimentos produtivos no espaço geográfico e torna-se um dos principais fatores de competitividade.
Com o desenvolvimento tecnológico e o consequente barateamento dos transportes, as indústrias, mesmo as que
utilizam muita matéria-prima, já não precisam se localizar perto das reservas. O Japão, por exemplo, grande produtor
de aço, importa todo o minério de ferro e o carvão utilizados em suas indústrias. As siderúrgicas japonesas localizam-
se em áreas nas quais os navios carregados de minérios podem atracar.
Muitas vezes, a instalação de uma fábrica ou de um distrito industrial estimula o crescimento das cidades em
seu entorno. Em outros casos, as cidades atraem as indústrias, que por sua vez promovem seu crescimento e as
transformam em polos de atração de novos estabelecimentos fabris. Isso ocorreu principalmente até meados do século
XX; no entanto, as indústrias têm saído das grandes cidades, como veremos a seguir.
Além desses fatores, há outro que vem ganhando importância na escolha de onde implantar uma nova fábrica:
os incentivos fiscais. Estados e municípios concedem isenções de impostos às empresas que pretendem se instalar em
seus territórios. Em geral, fazem essas concessões às indústrias com capacidade multiplicadora, isto é, que atraem
outras fábricas. Estas, no entanto, não obtêm incentivos, e isso acaba compensando o que foi concedido à empresa
principal. Porém, esses incentivos, isoladamente, não atraem indústrias. É comum também a oferta de terrenos para a
instalação de unidades produtivas, muitas vezes com a infraestrutura básica já implantada. Os governos fazem essas
concessões para aumentar a geração de empregos e a arrecadação de impostos, entre muitos outros benefícios.
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Com a globalização, uma indústria automobilística japonesa pode conceber um projeto em um centro de P&D
localizado no Japão ou nos Estados Unidos, desenvolvê-lo em um desses países, na Europa ou na China, realizar a
produção das diversas peças em uma dúzia de países, de acordo com as vantagens que ofereçam, escolher alguns
deles para realizar a montagem final e garantir suas vendas em escala mundial. Globaliza-se, assim, não só o mercado
como também a produção. Essa dinâmica atual permite maior especialização da atividade industrial nos mais diversos
países e a consequente intensificação das trocas comerciais em escala planetária. O que não é produzido num país é
procurado em outro. Da mesma forma, o aumento da produção necessita da ampliação do mercado, que de nacional
passa a mundial.
Apesar da desconcentração em curso, o fenômeno industrial ainda está distribuído de maneira bastante desigual,
predominando em algumas poucas regiões do espaço geográfico mundial: em 2013, 81% do valor da produção
industrial do mundo concentrava-se em apenas 17 países. As maiores aglomerações industriais ocorrem
principalmente nos países desenvolvidos (que têm perdido participação) e nas principais economias emergentes (que
têm ganhado participação, com destaque para a China).
A desconcentração continua ocorrendo, mas em um mapa-múndi, que apresenta escala muito pequena e por
isso não permite a visualização de detalhes do espaço geográfico, não aparecem as concentrações industriais menores.
Por exemplo, em diversos países da África, como Angola, Botsuana e Nigéria, há investimentos estrangeiros em
indústrias extrativas minerais (sobretudo petrolífera), em agroindústrias e em outros setores. Entretanto, muitas vezes
os mapas de industrialização do continente africano só mostram as regiões industriais maiores, localizadas na África
do Sul, no Egito, na Tunísia e no Marrocos. O mesmo ocorre na América do Sul, onde só são representadas as
principais regiões industriais do Brasil e da Argentina, e não aparecem as concentrações menores na Venezuela, na
Colômbia, no Peru, entre outros. Mesmo em nosso país, muitas vezes o polo industrial da Zona Franca de Manaus
(AM) não é representado nos mapas.
Para viabilizar a produção fordista, era fundamental criar um arranjo socioeconômico a fim de garantir a
expansão capitalista. A solução encontrada foi a intervenção do Estado na economia, nos moldes do keynesianismo.
Esse novo arranjo assentava-se no combate ao desemprego e no constante aumento dos salários.
Recebendo salários melhores, os trabalhadores podiam consumir cada vez mais. Dessa forma, os empresários
obtinham maiores lucros, pois os aumentos salariais eram compensados pelo crescimento da produtividade e do
consumo. O Estado, por sua vez, arrecadava mais impostos com a expansão econômica, tendo mais recursos para
investir. Estavam criadas as condições para a melhoria do padrão de vida dos trabalhadores e o desenvolvimento da
sociedade de consumo.
A elevação das receitas do Estado permitiu que diversos governos instituíssem uma ampla rede de proteção
social. A partir dos anos 1950, consolidou-se em vários países da Europa ocidental, mas também nos Estados Unidos,
no Canadá, no Japão e na Austrália, em maior ou menor grau, o Estado de bem-estar (do inglês Wellfare state), que
se caracterizava por um arranjo político-econômico baseado na empresa privada e na livre-iniciativa, mas com forte
participação do Estado na concessão de benefícios sociais. O Estado de bem-estar foi instituído sobretudo na Europa
ocidental após a Segunda Guerra por governos de partidos social-democratas, socialistas e trabalhistas, visava
garantir um padrão de vida adequado – saúde, educação, moradia, previdência social etc. – ao conjunto da sociedade,
evitando conflitos sociais.
Assim, o modelo fordista-keynesiano criou as condições para o crescimento contínuo das economias
capitalistas no pós-guerra, principalmente nos países desenvolvidos.
O crescimento econômico nos países desenvolvidos foi interrompido em meados dos anos 1970. A
produtividade já não crescia em ritmo suficiente para atender à pressão dos sindicatos por aumentos salariais e à
elevação dos custos sociais do Estado de bem-estar. Os governos passaram a emitir moeda para financiar a elevação
de seus gastos, e as empresas, a repassar aos preços o aumento dos custos de produção. O resultado foi a elevação da
inflação: em 1975, chegou perto de 10% ao ano nos Estados Unidos e a cerca de 13% nos países da Europa ocidental.
Essa crise se agravou com a brusca elevação dos preços do barril do petróleo em 1973 e em 1979. A partir do
fim daquela década, os governos dos países industrializados passaram a adotar políticas de contenção da inflação.
Elevaram as taxas de juros, o que levou muitas pessoas e empresas a deixar seu capital aplicado nos bancos, em vez
de investir na produção. Em consequência disso, os índices de crescimento econômico baixaram.
Com as crises da década de 1970 houve uma tendência de redução da taxa de lucro das empresas e o modelo
fordista-keynesiano passou a ser questrionado. Para superar essa situação, os governos começaram a implantar novas
políticas macroeconômicas, e as empresas, a promover transformações tecnológicas e organizacionais que ficaram
conhecidas como produção flexível.
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