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1 - ALEMANHA
Em 1938 a Alemanha anexou a Áustria, com o argumento de que os dois países eram habitados por povos
germânicos, e no ano seguinte, a Tchecoslováquia, onde havia minorias alemãs. Em setembro de 1939, após a
invasão da Polônia por tropas alemãs, Grã-Bretanha e França declararam guerra à Alemanha, dando início à Segunda
Guerra Mundial. Em 1941 os Estados Unidos e a União Soviética saíram da neutralidade e também entraram na
guerra contra a Alemanha. Em 1945 o país estava mais uma vez derrotado: além das perdas humanas e da destruição
material, sofreu perdas territoriais e fragmentação política.
Ao terminar a Segunda Guerra, a Alemanha teve seu território partilhado pelos países vitoriosos em quatro zonas
de ocupação, segundo tratado firmado na cidade de Potsdam em 1945, e ainda perdeu territórios para a Polônia e a
União Soviética (observe o mapa).
Apesar do impacto momentâneo da crise, a economia alemã é muito sólida e moderna. Segundo a OMC, em
2008 o país exportou quase 1,5 bilhão de dólares (até esse ano era o maior exportador do mundo). Em sua pauta de
exportação predominam produtos industriais de alto valor agregado, portanto muito valorizados. De acordo com o
Relatório de Desenvolvimento Industrial 2009, 92% das exportações do país eram de bens industrializados, dos quais
72% eram produtos de média e alta tecnologia.
2 - JAPÃO
O Japão permaneceu bastante isolado do mundo exterior entre 1603-1868, quando foi governado pelo clã
Tokugawa. Sob o xogunato Tokugawa (período em que imperou uma ditadura militar na qual o poder estava nas
mãos dos xoguns “comandantes militares”, em japonês), os estrangeiros eram proibidos de entrar no país e os
japoneses, de sair; havia uma exceção: as trocas comerciais feitas com os holandeses, que mantinham um entreposto
comercial em Nagasáqui. Por isso, quando uma esquadra da marinha norte-americana aportou no Japão em 1853, fato
que marcou o fim do isolamento, encontraram um país ainda feudal e defasado economicamente em relação ao
mundo ocidental.
Tentando realizar seu projeto geopolítico de controle dos oceanos, os norte-americanos forçaram a abertura do
Japão por meio do Tratado de Kanagawa, assinado em 1854. Essa abertura acelerou a desintegração do sistema feudal
japonês e, em 1868, encerrou- se o domímo do clã Tokugawa. Por que o Japão permaneceu isolado durante tanto
tempo? Por que os europeus, e particularmente os britânicos, que estenderam seu império à Índia e à China, não
forçaram a entrada no país do Sol Nascente?
O Japão é um país insular muito pequeno (sua área, de 377 mil km², corresponde aos estados do Rio Grande do
Sul e de Santa Catarina), formado por montanhas e estreitas planícies, portanto com pouquíssimas terras
agricultáveis, a maioria na zona temperada do planeta, a qual não oferecia condições para o cultivo dos cobiçados
produtos tropicais, como cana, algodão etc.
Geologicamente, o Japão é formado por uma combinação de dobramentos e vulcanismo. Localiza-se numa zona
de contato de três placas tectônicas, no Círculo de Fogo do Pacífico, o que lhe determina uma grande instabilidade
(terremotos e erupções vulcânicas são uma constante no país), além de um subsolo extremamente pobre em minérios
e combustíveis fósseis. Assim, o que o Japão poderia oferecer às potências colonialistas, tanto na fase do
mercantilismo como mais tarde, na etapa do imperialismo? Como se percebe, muito pouco, por isso o país não
despertou tanto interesse nos comerciantes e industriais europeus.
Entretanto, no final do século XIX, quando os Estados Unidos emergiram como potência e se lançaram em busca
de pontos estratégicos nos oceanos Pacífico e Atlântico, o Japão se tornou um país interessante para os norte-
americanos. A partir de então, para não ficarem dependentes dos Estados Unidos, os japoneses empenharam-se de
modo enérgico em viabilizar seu processo de industrialização, por meio da intervenção do Estado na economia e do
militarismo. Assim como a Alemanha e a Itália, o Japão é um país de capitalismo tardio, de imperialismo tardio, e
uma aliança entre esses três países foi apenas uma questão de tempo. Isso aconteceu no contexto da Segunda Guerra,
quando formaram o eixo Berlim-Roma-Tóquio numa tentativa de dominar o mundo. Para os japoneses era muito
interessante o domínio de territórios na Ásia que pudessem viabilizar sua expansão econômica.
Diversos outros fatores foram importantes para a rápida recuperação do país, conhecida como “milagre
japonês”:
a grande disponibilidade de mão de obra relativamente barata, disciplinada e qualificada (assim como a
Alemanha, o Japão já possuía trabalhadores qualificados antes da Segunda Guerra);
os maciços investimentos estatais em educação, que melhoraram ainda mais a qualificação da mão de obra, e,
na iniciativa privada, em pesquisa e desenvolvimento tecnológico;
a reconstrução da infra-estrutura e dos conglomerados (os antigos zaibtsus) em bases mais modernas e
competitivas;
a desmilitarização do país e de seu parque industrial, que permitiu investimentos maiores nas indústrias civis
de bens intermediários e de capital, o que deu sustentação ao desenvolvimento de uma poderosa e competitiva
indústria de bens de consumo.
No pós-guerra, em substituição aos zaibatsus, que tinham uma “cabeça”, uma holding que controlava todas as
empresas do grupo, as companhias japonesas reorganizaram-se formando os keiretsus (“união sem cabeça”, em
japonês). Essa palavra é perfeita para definir as redes de empresas integradas que dominam a economia japonesa
atual. As empresas que as formam são independentes, embora muitas vezes uma possua uma parte minoritária das
ações da outra e vice-versa. Um keiretsu geralmente se articula em torno de algum grande banco que dá suporte
financeiro às empresas da rede, as quais atuam de forma integrada para atingir seus objetivos. Atualmente os grandes
grupos japoneses - muitos deles antigos zaibatsus, como Mitsubishi, Mitsui, Sumitomo - se organizam como keiretsu.
É importante destacar que até os anos 1970 a principal vantagem apresentada pelo Japão sobre os concorrentes
da Europa Ocidental e da América do Norte foi a mão de obra barata. Essa foi a outra face do “milagre”, ou seja, a
competitividade no pós-guerra esteve em grande parte assentada na superexploração da força de trabalho. Porém,
com o passar do tempo os salários foram aumentando com a elevação da produtividade resultante dos avanços
tecnológicos (como a robotização) e organizacionais (como o toyotismo), incorporados ao processo de produção. No
início da década de 1990 os trabalhadores japoneses alcançaram salários bastante elevados, entre os mais altos do
mundo, o que sustentou um gigantesco mercado interno e lhes garantiu também um dos mais altos padrões de vida do
planeta. O pico salarial foi atingido em 1995, mas a partir de então a persistência da estagnação econômica (vamos
estudá-la mais à frente) provocou o aumento do desemprego e, consequentemente, a queda no valor dos salários.
Conforme o relatório Minerais yearbook 2007, os japoneses importam 100% do minério de ferro, 99,9% do
minério de cobre e 92% do minério de zinco que consomem. De acordo com esse mesmo relatório, em 2007 a
indústria extrativa mineral do Japão contribuiu com apenas 0,1% do produto interno bruto do país; já a indústria de
processamento de recursos minerais, em sua grande maioria importados, contribuiu com 5,4% do PIB. Por exemplo,
o Japão é grande importador de minério de ferro e importante produtor de aço, mercadoria que exporta em grande
quantidade (a Nippon Steel, maior siderúrgica do país e terceira do mundo, possui dez usinas em território japonês).
Observe os volumes dos recursos minerais mais importados, na tabela seguinte, e a origem de seus fornecedores, no
mapa.
A fim de obter saldos comerciais para compensar as despesas com importações de recursos naturais e a limitação
relativa de seu mercado interno, o Japão passou a exportar volumes cada vez maiores de produtos industrializados.
Assim, a economia japonesa foi gradativamente se convertendo numa grande importadora de produtos primários
(metade de sua pauta de importações) e numa gigantesca exportadora de bens industrializados, como veremos a
seguir.
Produto Volume
Petróleo 1.7 bilhão de barris
Carvão mineral 186.5 milhões de toneladas
Minério de ferro 138.8 milhões de toneladas
CRESCIMENTO DO PIB
JAPONÊS EM % (1991-2009)
1991 3.3
1992 08
1993 0.3
1994 0.9
1995 1.9
1996 2.6
1997 1.6
1998 – 2.0
1999 – 0.1
2000 2.9
2001 0.2
2002 0.3
2003 1.4
2004 2.7
2005 1.9
2006 2.0
2007 2.3
2008 – 1.2
2009 – 5.3
Apesar da estagnação que viveu nos anos 1990 e de ter sido um dos países mais atingidos pela crise de 2008, o Japão
continuou sendo a segunda potência econômica do mundo (até 2009) e uma potência industrial de primeira linha:
moderna e competitiva. O país sedia algumas das maiores corporações multinacionais do planeta, com destaque para
Toyota, Honda e Nissan (automóveis); Hitachi, Panasonic e Sony (eletrônicos em geral); Mitsubishi, Mitsui e
Sumitomo (navios, automóveis, bancos etc.); Fujitsu e NEC (computadores); Canon e Fujifilm (equipamentos
fotográficos); Nippon Steel (aço), todas na lista das 500 maiores da revista Fortune.