Você está na página 1de 8

Tema 2: A Iª guerra mundial.

Subtema: 2.1 – Os factores de desencadeamento.


- Competição imperialista e o nacionalismo europeu.

No início do século XIX, a Europa podia orgulhar-se das suas conquistas e


encarar o futuro com optimismo, considerava-se o Centro do Mundo, alimentava um
sentimento de superioridade e apresentava o seu modo de vida como um exemplo a
seguir.

Esta superioridade devia-se a uma indústria poderosa, uma forte capacidade


financeira, um extenso domínio comercial, vastos territórios coloniais, uma numerosa
densidade populacional, prestígio e credibilidade das suas universidades e a qualidade
de vida cada vez mais generalizada.

A este período de brilho e ascensão civilizacional, de confiança no futuro e de


progresso sem limites atribuiu-se a designação de Belle Époque, que significa Bela
Época (1871-1914). No entanto, nem toda Europa comungava do mesmo grau de
desenvolvimento.

Entretanto, desde os finais do século XIX, aumentavam os motivos de disputa


entre as nações europeias, em particular a Inglaterra, Alemanha e França. A Inglaterra e
a Alemanha disputavam nos mercados mundiais (rivalidade económica), a França
ambicionava recuperar os territórios da Alsácia e Lorena ganhos pela Alemanha após a
Guerra Franco-Prussiana (1870-1871).

A Europa vivia um ambiente de Paz Armada, as potências divididas em dois (2)


blocos preparados para se enfrentarem. A Europa dominava o Mundo em todos os
aspectos (políticos, económicos e financeiros, demográficos e culturais), a este domínio
conhecido por Hegemonia Europeia. No entanto, a situação de Paz Armada podia
desmoronar-se de um momento para outro, pois as ameaças eram muitas, tais como:
rivalidades políticas e internacionais, colonialismo imperialista, nacionalismo
exacerbados e a concorrência económica.

Todas estas rivalidades e conflitos conduziram a formação de alianças político-


militares:

- Tríplice Aliança: formada em 1882 e composta pela Alemanha, Áustria-


Hungria e Itália.

- Tríplice Entente: formada em 1914 e composta pela Inglaterra, França e


Rússia.

A política de alianças assentava-se no princípio de que se um dos membros fosse


atacado receberia auxílio dos seus aliados, desta forma generalizando o conflito.

1
Professor: Lic. Edgar Lourenço
Tema 2: A Iª guerra mundial.
Subtema: 2.2 – O decurso da guerra.

A Iª Guerra Mundial, também conhecida como Grande Guerra ou Guerra das


Guerras até o início da IIª Guerra Mundial, foi uma guerra global centrada na Europa,
que começou em 28 de Julho de 1914 e durou até 11 de Novembro de 1918.

Início da guerra

Em 28 de Junho de 1914, o assassinato do arquiduque austríaco Francisco


Fernando Carlos Luís José Maria e sua esposa Sófia De Hohenberg (casal herdeiro do
trono austro-húngaro), pelo nacionalista iugoslavo Gavrilo Princip, ligado a organização
da Mão Negra (nacionalistas e terroristas), em Sarajevo, na Bósnia-Herzegovina
(território austríaco). O governo de Viena desconfiou do envolvimento da Sérvia, e um
mês depois do assassinato, declarou guerra.

A Rússia, aliada da Sérvia, mobilizou-se contra a Áustria e Alemanha,


accionaram as alianças. Dava-se, assim, início à Iª Guerra Mundial.

Desenvolvimento da guerra

Após o assassinato do arquiduque, as declarações de guerra sucederam-se


durante o ano de 1914:

- 28 de Julho, a Áustria-Hungria declara guerra à Sérvia;


- 1 de Agosto, a Alemanha declra guerra à Rússia;
- 3 de Agosto, a Alemanha declara guerra à França e à Bélgica;
- 4 de Agosto, a Inglaterra declara guerra à Alemanha;
- 6 de Agosto, a Áustria-Hungria declara guerrra à Rússia;
- 11 de Agosto, a França declara guerra à Áustria-Hungria;
- 12 de Agosto, a Inglaterra declara guerra à Áustria-Hungria.

Ao mesmo tempo, iam-se mobilizando as alianças de um lado Tríplice Aliança


(potências centrais – regimes autoritários, os impérios) e o outro lado Tríplice Entente
(restante dos países europeus). Esta guerra travou-se sobretudo na Europa, mas
estendeu-se pelos continentes (África e Ásia), onde as potências disputavam as suas
colónias.

Frentes de combate

Na Europa, a guerra travou-se em três (3) frentes:

- Frente Ocidental: do mar do Norte à fronteira da Suíça e desta ao mar


Adriático;
- Frente Oriental: do mar Báltico ao mar Negro;
- Frente Balcânica: do mar Adriático à Turquia.

Os dois (2) blocos confrontaram-se durante quatro (4) anos nessas três (3)
frentes. Sobretudo a Alemanha teve de combater em duas dessas frentes, uma a Oriente
contra a Rússia e outra a Ocidente contra a França.
2
Professor: Lic. Edgar Lourenço
Fases da guerra

A Iª Guerra Mundial desenrolou-se em três (3) fases:

1ª Guerra de movimentos (Agosto/Novembro de 1914): a ofensiva alemã,


planeada pelo general Schlieffen desde 1905 (Plano Schlieffen), visava invadir e
dominar a França em seis (6) semanas através de movimentos rápidos, invasão da
Bélgica e França pelas tropas alemãs. Em Setembro de 1914, uma contra-ofensiva
francesa chefiada pelo general Joffre travou o avanço alemão na Batalha do Marne. Na
Frente Oriental, as tropas alemãs derrotaram os russos.

2ª Guerra de posições (Trincheiras) Novembro de 1914 à Março de 1918: nessa


altura, as forças de ambos os lados estabilizaram as suas posições e construíram cerca
de 780 Km de trincheiras numa linha contínua de um lado e do outro, na Frente
Ocidental.

Em 1916, a ofensiva dos alemães, levou com que os franceses comandados pelo
general Pétain travassem uma guerra em Verdun (França), evitando a sua tomada.

Na Frente Oriental, os russos conseguiram obter alguns êxitos na região


Balcânica e Roménia, quase conquistadas pela Áustria-Hungria e Bulgária, Porém, o
ano de 1917 foi decisivo para o desenrolar e resolução da guerra, com a entrada dos
EUA trouxe sangue novo aos aliados, devido do fornecimento de armas, munições e
alimentos a crédito, com interesse que a Tríplice Entente vencesse para liquidar as
devidas (interesse económico), os americanos liberados pelo presidente Woodron
Wilson, entram na guerra para defenderem os aliados.

A Rússia enfraqueceu na Frente Oriental em 1917, levando os russos à


assinarem o tratado de paz (Tratado de Brest-Litovsk) em 1918. O bloqueio económico
e militar feito à Alemanha, privou-a de alimentos, matérias-primas e mineiros.

3ª Guerra de movimentos (Março/Novembro de 1918): o abandono da guerra


pelos russos permitiu os alemães colocarem todos os seus soldados na Frente Ocidental,
com ataques subsequentes, bombardeando a França. A contra-ofensiva francesa
chefiada pelo comandante - chefe Ferdinand Foch, reforçada pelos EUA, fez com que
os alemães retirassem, na IIª Batalha do Marne.

A Itália derrota a Áustria e obriga o governo deste país a pedir a paz e a assinar o
Armistício, pouco tempo depois, a Bulgária e a Turquia pediram a paz e assinaram o
Armistício. A Alemanha encontrou-se sozinha na guerra e com muitos problemas
internos (revoltas e deserções dos soldados, greves dos operários, difusão das ideias
marxistas e descontentamento do povo através da guerra), levou a queda do Kiser
Guilherme II e a proclamação da república (9 de Novembro de 1918), depois de 2 dias
assinou o Armistício em Rethondes (França).

O desfecho da guerra com a vitória dos aliados, fim dos impérios (alemão, russo,
otomano e austro-hungaro), criação de novos países na Europa e no Oriente Médio e a
criação da Sociedade das Nações.

3
Professor: Lic. Edgar Lourenço
Depois de a guerra terminar, foi convocada para o início de 1919, em França,
uma conferência de paz com objectivo de celebrar tratados com os países vencedores
(EUA, Inglaterra, França e Itália) para definirem as condições e reorganizarem o mapa
político europeu.

Tratado de Versalhes (28 de Junho de 1919)

A Alemanha, obrigada a assinar o Tratado de Versalhes, foi responsabilizada


pela eclosão pela guerra e foram-lhe impostas duras condições:

- Reduzir o exército militar,


- Indemnizar os países vencedores;
- Ceder todas as suas colónias;
- Restituir a Alsácia e a Lorena à França.

Para a Alemanha, o Tratado de Versalhes foi uma humilhação, as suas condições


foram severas e injustas. O ressentimento dos alemães provocou graves consequências
para a paz europeia e mundial.

Africanos na Iª Guerra Mundial e o Nacionalismo

Devido do sentimento de valorização e aproximação com os colonos, muitos


africanos tinham atravessado o Atlântico para ajudar os europeus a combater contra a
Alemanha. Em África, com maior destaque das colónias inglesas da Rodésia do Sul
(actual Zimbabwe) e a África do Sul.

4
Professor: Lic. Edgar Lourenço
Tema 2: A Iª guerra mundial.
Subtema: 2.3 – Consequências da guerra.

A Iª Guerra Mundial provocou várias consequências na Europa, tais como:


Materiais, Demográficas, Económicas e Financeiras.

Consequências materiais:

- Destruição de casas, pontes, estradas e fábricas, principalmente na França,


Itália e Rússia.

Consequências demográficas:

- Diminuição da população (morte de 8 milhões de pessoas).

Consequências económicas e financeiras:

- Retrocesso na produção agrícola e industrial,


- Perda de mercados para EUA e Japão;
- Desvalorização das moedas europeias e subida de preços (inflação);
- Dependência da Europa aos EUA.

5
Professor: Lic. Edgar Lourenço
Tema 2: A Iª guerra mundial.
Subtema: 2.3.1 – Crise da Europa e ascensão internacional dos EUA

Depois de quatro (4) anos de guerra, a Europa perdeu a supremacia que possuía
no início do século XX. O crescimento económico dos EUA devido a dependência a
dependência da Europa, fez destes a principal potência económica mundial, com maior
destaque a cidade de Nova Iorque.

A prosperidade americana

Além das razões conhecidas, o crescimento dos EUA foi também possível
graças a liberdade de iniciativa económica aos cidadãos (sistema capitalista), aumento
da procura interna e externa, invenções técnicas (electricidade, automóvel, cinema),
organização empresarial (ford, general motors) e o aumento dos salários e prémios de
produtividade aos operários.

6
Professor: Lic. Edgar Lourenço
Tema 2: A Iª guerra mundial.
Subtema: 2.3.2 – Criação da Sociedade das Nações e seus Objectivos

A Sociedade das Nações ou Liga das Nações, foi uma organização internacional,
idealizada em 28 de Abril de 1919, em Versalhes (França) e criada em 28 de Junho de
1919 por 32 países membros e 13 países convidados, com sede em Paris (França). Em
Novembro de 1920, a sede da organização passou para Genebra (Suíça) até a sua
extinção em 20 de Abril de 1946, esta organização tinha como línguas oficiais o inglês,
francês e espanhol e foi substituída pela ONU.

A estrutura da SDN ou LDN, era constituída por: Secretariado, Conselho,


Assembleia e o Tribunal permanente de justiça internacional.

a) Secretariado e Assembleia: estes órgãos eram compostos por todos os


Estados membros da organização que velavam pelos assuntos da sociedade.

b) Conselho: poder executivo que dirigia os assuntos da Assembleia, composto


por quatro (4) membros permanentes (Inglaterra, França, Itália e Japão) e
quatro (4) membros não permanentes eleitos pela Assembleia por um
período de três (3) anos.

c) Tribunal permanente de justiça internacional: órgãos jurídicos (juízes e


advogados) para a resolução de irregularidades.

O objectivo principal da Sociedade das Nações era de manter a paz,


tranquilidade e a segurança no mundo. A Sociedade das Nações não continou até os dias
de hoje devido dos erros e não aderência da maior potência mundial (EUA).

7
Professor: Lic. Edgar Lourenço
Tema 2: A Iª guerra mundial.
Subtema: 2.3.3 – O reforço da exploração colonial e o movimento anticolonial em
África

Com o término da Iª Guerra Mundial, os europeus procuraram reforçar a


exploração nas colónias, criando mecanismos como Companhias comerciais (National
African Company, German East African Company, Filonardi), Associações científicas e
de exploração geográfica (Royal Geographical Society, Associação Africana),
Construção de pontes e estradas para o transporte de matérias-primas para as metróples.

Para reforçar a exploração colonial e obter mais lucros, os colonos utilizavam a


força ou obrigavam os negros a trabalharem nas minas dos brancos ou no cultivo de
café, cacau, cana-de-açúcar, amendoim e sisal, etc.

Quanto à reacção anticolonialista no continente africano, podemos considerar o


Pan-africanismo e o Apartheid, como principais movimentos anticoloniais em África.
Todos estes movimentos tiveram fonte de inspiração no herói da independência do Haiti
em 1791 (Toussaint Louverture).

Tema 2: A Iª guerra mundial.


Subtema: O nascimento do Pan-africanismo

O Pan-africanismo é um movimento de redenção da África e do homem negro no


mundo e tinha como objectivo principal o estabelecimento de relações humanas justa
baseadas no princípio da igualdade de direito de todos homens e de todos os povos entre
si.
O Pan-africanismo significa que os africanos lutavam por um mundo em que cada povo,
parte da nossa humanidade, tem direito de se governar a si mesmo.

O Pan-africanismo é o movimento de reivindicação do direito de igualdade de todas


raças, levado a cabo pelos negros e para negros, este movimento é baseado no princípio
da justiça universal.

Esse movimento iniciou-se a partir da existência de alguns movimentos, como a


Associação Nacional para o Avanço da Gente de Cor (NAACP), de William Dubois, e
a Liga Urbana e Associação para o Melhoramento dos Negros (UNIA), de Marcus
Aurelius Garvey.

O jamaicano Marcus Aurelius Garvey foi o primeiro a tornar popular a ideia do Pan-
africanismo, tendo lançado a palavra de ordem “regresso à África” dentro do quadro da
UNIA.

8
Professor: Lic. Edgar Lourenço

Você também pode gostar