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POLÍCIA CIVIL | RS

DELEGADO DE POLÍCIA

DIREITOS HUMANOS
Prof. Mateus Silveira
POLÍCIA CIVIL | RS
Delegado de Polícia

direitos humanos
Prof. Mateus Silveira

www.acasadoconcurseiro.com.br
Edital

DIREITOS HUMANOS: 1. Teoria geral dos direitos humanos: conceito e terminologia. 2. Afirmação his-
tórica dos direitos humanos. 3. Direitos humanos e responsabilidade do Estado. 4. Direitos humanos na
Constituição Federal de 1988. 5. Interpretação e aplicação dos tratados internacionais de proteção aos
direitos humanos. 6. Declaração Universal dos Direitos Humanos (Resolução nº 217A (III) da Assembleia
Geral das Nações Unidas, de 10 de dezembro de 1948). 7. Convenção Contra a Tortura e Outros Trata-
mentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (Decreto nº 40, de 15 de fevereiro de 1991). 8.
Diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública (Portaria Interministerial nº 4.226,
de 31 de dezembro de 2010). 9. Diretrizes Nacionais de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos dos
Profissionais de Segurança Pública (Portaria Interministerial nº 2, de 15 de dezembro de 2010). 10. Trata-
mento nominal, inclusão e uso do nome social de travestis e transexuais nos registros estaduais relativos
a serviços públicos prestados no âmbito do Poder Executivo Estadual (Decreto n° 48.118, de 27 de junho
de 2011). 10.1. A Carteira de Nome Social para Travestis e Transexuais no Estado do Rio Grande do Sul
(Decreto n° 49.122, de 17 de maio de 2012). 11. Lei Estadual 13.694, de 19 de janeiro de 2011. 12. Lei
Federal nº 12.288, de 20 de julho de 2010. 13. Lei Estadual nº 13.320, de 21 de dezembro de 2009.

BANCA: Fundatec
CARGO: Delegado de Polícia
Sumário

DIREITOS HUMANOS.......................................................................................................................................... 9
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS..................................................................................................... 9
Das categorias e Gerações de Direitos Humanos............................................................................................. 10
Dimensão ou Geração de Direitos Humanos.................................................................................................... 11
Evolução histórica dos direitos humanos......................................................................................................... 11
Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos......................................................................................... 17
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948)........................................................................... 17
CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU
DEGRADANTES................................................................................................................................................. 23
DECRETO Nº 40, DE 15 DE FEVEREIRO DE 1991............................................................................................... 23
PORTARIA INTERMINISTERIAL SEDH/MJ Nº 2, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2010 (DOU 16.12.2010)................... 34
PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 4.226, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2010 (A).................................................... 39
DECRETO Nº 48.118, DE 27 DE JUNHO DE 2011. (publicado no DOE nº 123 de 28 de junho de 2011)............ 44
DECRETO Nº 49.122 DE 17/05/2012 (PUBLICADO NO DOE EM 17 MAIO 2012).............................................. 46
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL – 1988....................................................................... 47
Questões.......................................................................................................................................................... 53
Negros, pardos e Estatuto da Igualdade Racial ................................................................................................ 61
Estatuto da Igualdade Racial do Estado do Rio Grande do Sul......................................................................... 73
Questões.......................................................................................................................................................... 79
Lei nº 13.320.................................................................................................................................................... 88
direitoS humanos

MATERIAL – POLÍCIA CIVIL DELEGADO

Link utilizado para ver o vídeo “O que são Direitos Humanos?”:


http://br.humanrights.com/#/what-are-human-rights
Unidos pelos Direitos Humanos é uma organização internacional, sem fins lucrativos dedicada à
implementação da Declaração Universal dos Direitos do Homem a nível local, regional, nacional
e internacional. É composta por indivíduos, educadores e grupos em todo o mundo que estão
ativamente a transmitir o conhecimento e a proteção dos direitos humanos por e para toda a
Humanidade.
Link do you tube no canal Casa do Saber:
https://www.youtube.com/watch?v=fMBNL4HFEOQ

DIREITOS HUMANOS

Conceito: O conjunto de direitos e garantias assegurados nas declarações e tratados internacio-


nais de direitos humanos.
Conjunto de direitos considerado indispensável para vida humana pautada na liberdade,
igualdade e dignidade.
“Dá-se o nome de liberdades públicas, de direitos humanos ou individuais àquelas prerrogati-
vas que tem o indivíduo em face do Estado.”

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS

INERÊNCIA: os DH pertencem a todos os seres humanos;


UNIVERSALIDADE: não importa a raça, a cor, o sexo, a origem, a condição social, a língua, a re-
ligião ou opção sexual;
TRANSNACIONALIDADE: não importa o local em que esteja o ser humano;
INDIVISIBILIDADE: os DH não são fracionados; implica em unicidade, assegurando não ser pos-
sível se reconhecer apenas alguns direitos humanos (atenção aos direitos sociais).
INTERDEPENDÊNCIA: muitas vezes para o exercício de um dir. humano, passa-se obrigatoria-
mente pelo anterior de outra geração/dimensão.

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INDISPONIBILIDADE: o ser humano não pode abrir mão, dispor de um direito humano, por ser
inerente a ele e nem os Estados podem suprimi-los, a partir do momento que os reconhece;
IMPRESCRITIBILIDADE: um direito humano não prescreve por decurso de prazo.
Atualmente a majoritária jurisprudência do STJ está aplicando a imprescritibilidade dos direitos
humanos.
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. INDENIZAÇÃO. REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E
MORAIS. REGIME MILITAR. DISSIDENTE POLÍTICO PRESO NA ÉPOCA DO REGIME MILITAR.
TORTURA. DANO MORAL. FATO NOTÓRIO. NEXO CAUSAL. NÃO INCIDÊNCIA DA PRESCRIÇÃO
QUINQUENAL – ART. 1º DECRETO 20.910/1932. IMPRESCRITIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL Nº
1.165.986 – SP (2008/0279634-1) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX – Julgado em 16/11/2010.
INDIVIDUALIDADE: podem ser exercidos por apenas um indivíduo;
COMPLEMENTARIEDADE: os direitos humanos devem ser interpretados em conjunto, não ha-
vendo hierarquia entre eles;
INVIOLABILIDADE: esses direitos não podem ser descumpridos por nenhuma pessoa ou auto-
ridade;
IRRENUNCIABILIDADE: são irrenunciáveis estes direitos.
INTERRELACIONARIEDADE: os direitos humanos e os sistemas de proteção se inter-relacionam,
possibilitando às pessoas escolher entre o mecanismo de proteção global ou regional não ha-
vendo hierarquia entre eles;
HISTORICIDADE: estão vinculados ao desenvolvimento histórico e cultural do ser humano;
VEDAÇÃO DO RETROCESSO OU DO REGRESSO: uma vez estabelecidos os direitos humanos,
não se admite o retrocesso visando sua limitação ou diminuição.
PREVALÊNCIA DA NORMA MAIS BENÉFICA: na solução de um caso concreto deve prevalecer a
norma mais benéfica para a vítima da violação dos direitos humanos.

Das categorias e Gerações de Direitos Humanos

As dimensões ou gerações de DH: A doutrina menciona 3 dimensões clássicas dos DH: Liberda-
de, Igualdade e Fraternidade.
LIBERDADE: protege os direitos civis e políticos individuais (liberdade, vida e segurança);
IGUALDADE: protege os direitos econômicos, sociais, culturais e trabalhistas;
FRATERNIDADE: também conhecida como “princípio da solidariedade”, protege os direitos di-
fusos como meio ambiente, consumidor e desenvolvimento.

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Dimensão ou Geração de Direitos Humanos

1º Dimensão ou Geração:
Direitos das Liberdades; Vida, liberdade, segurança e propriedade.
Civis e Políticos.
2º Dimensão ou Geração:
Sociais, econômicos, culturais, trabalhistas, saúde,
Direitos da Igualdade; educação e habitação.
Direitos Sociais e Econômicos.
3º Dimensão ou Geração:
Paz, meio ambiente, patrimônio histórico e cultural,
Fraternidade dos povos; defesa do consumidor.
Transindividuais/difusos/coletivos

Evolução histórica dos direitos antiga Pérsia, conquistou a cidade da


Babilônia. Porém, foram as suas seguin-
humanos
tes ações que marcaram um avanço
muito importante para o homem. Ele
libertou os escravos, declarou que to-
HISTÓRIA DOS DIREITOS das as pessoas tinham o direito de es-
colher a sua própria religião e estabe-
HUMANOS leceu a igualdade racial. Esses e outros
1. A ANTIGUIDADE ORIENTAL (período en- decretos foram registrados num cilin-
tre os séculos VIII e II a.C): é o primei- dro de argila na língua acádica. Esse do-
ro passo rumo à afirmação dos direitos cumento é conhecido atualmente como
humanos, com a emergência do pensa- o Cilindro de Ciro.
mento de vários filósofos de influência O Cilindro de Ciro (declaração de boa go-
até os dias de hoje (Zaratustra, Buda, vernança) foi agora reconhecido como a 1º
Confúcio, Dêutero-Isaías), cujo ponto carta de direitos humanos do mundo. Está
em comum foi a adoção de códigos de traduzido nas 6 línguas oficiais da ONU e é
comportamento baseados no amor e análogo aos quatro primeiros artigos da De-
respeito ao outro. claração Universal dos Direitos do Homem.
•• Antigo Egito: reconhecimento de direi- •• China: no século VI e V a.C., Confún-
tos de indivíduos na codificação de Me- cio lançou as bases para a sua filosofia,
nes (3100-2850 a.C); com ênfase na defesa do amor aos indi-
•• Suméria antiga: Código de Hammurabi, víduos.
na Babilônia (1792-1750 a.C) – 1º códi- •• Budismo: introduziu um código de con-
go de normas de condutas, preceituan- duta pelo qual se prega o bem comum e
do esboços de direitos dos indivíduos, uma sociedade pacífica, sem prejuízo a
consolidando os costumes e estenden- qualquer ser humano.
do a lei a todos os súditos do império.
•• Islamismo: prescrição da fraternidade e
•• Suméria e Pérsia: Ciro II, no século VI solidariedade aos vulneráveis.
a.C, aproximadamente em 539 a.C, os
exércitos de Ciro, O Grande, 1º rei da

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A visão grega: consolidação dos direitos po- testamento: faz menção à necessidade
líticos, com a participação política dos cida- de respeito a todos, em especial aos
dãos (Atenas: A pólis e as deliberações em vulneráveis. Cristianismo contribui para
praça pública, na praça denominada Ágora). a disciplina: há vários trechos da Bíblia
(Novo Testamento) que pregam a igual-
Platão, em sua obra A República (400 a.C), dade e solidariedade com o semelhan-
defendeu a igualdade e a noção de bem co- te.
mum.
Aristóteles, em Ética a Nicômaco, salientou
a importância do agir com justiça, para o A IDADE MÉDIA E A IDADE MO-
bem de todos da pólis, mesmo em face de DERNA
leis injustas.
Na Idade Média, o poder dos governantes
Em Antígona (peça de Sófocles), a persona-
era ilimitado, pois era fundado na vontade
gem luta para enterrar o seu irmão Polinice
divina (clero e a nobreza).
mesmo contra a ordem do tirano Creon-
te, que havia criado uma lei proibindo que Os primeiros movimentos de reivindicação
aqueles que atentassem contra lei da cida- de liberdades a determinados estamentos
de fossem enterrados. que surgiram foram a Declaração das Cortes
de Leão, adotada na Península Ibérica em
Travou-se, assim, uma reflexão sobre a su-
1188 (Reino de Espanha), e a Magna Carta
perioridade normativa de determinadas
Inglesa, de 1215.
normas, mesmo em face da vontade do
poder (contra a tirania, contra a injustiça e A Carta Magna (1215) foi possivelmente a
contra o Estado opressor). influência inicial mais significativa no amplo
processo histórico que conduziu o constitu-
A REPÚBLICA ROMANA: tem grande contri-
cionalismo ocidental hoje conhecido.
buição na sedimentação do princípio da le-
galidade. A Lei das Doze Tábuas, ao estipular Em 1215, depois de que o Rei João Sem-
a lex scripta como regente de condutas, deu -terra da Inglaterra violou um número de
um passo na direção da vedação ao arbítrio. leis antigas e costumes pelos quais a Ingla-
terra tinha sido governada, seus súditos,
Reconhecimento da igualdade entre todos
principalmente os barões revoltados com as
os seres humanos, em especial pela aceita-
arbitrariedades do seu soberano, forçaram
ção do jus gentium, o direito aplicado a to-
o rei a assinar a Magna Carta que enume-
dos romanos ou não.
ra o que mais tarde veio a ser considerados
Marco Túlio Cícero retoma a defesa da ra- como direitos humanos. Entre eles, estava o
zão reta (recta ratio), salientando, na Repú- direito da igreja de ser livre da interferên-
blica, que a verdadeira lei é a lei da razão, cia governamental e os direitos de todos os
inviolável mesmo em face da vontade do cidadãos livres de possuirem e herdarem a
poder (apesar das diferenças os homens propriedade e ser protegidos de impostos
podem permanecer unidos se adotarem o excessivos. Os princípios do devido proces-
“viver reto”). so legal e da igualdade na lei, bem como as
determinações que proibiam o suborno e a
•• INFLUÊNCIAS DO CRISTIANISMO (AN- má conduta oficial.
TIGO E NOVO TESTAMENTO): Os cinco
livros de Moisés (Torah): apregoam so- •• Renascimento e reforma protestante: a
lidariedade e preocupação com o bem- crise da Idade Média deu lugar ao surgi-
-estar de todos (1800-1500 a.C.). Antigo mento dos Estados Nacionais absolutistas
e a sociedade estamental (dividida por

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estamentos, o que impedia a ascensão ser humano, que é ainda tratado


social) medieval foi substituída pela forte sendo pleno no estado da nature-
centralização do poder na figura do rei. za. Mas Hobbes conclui que o ser
Com a erosão da importância dos esta- humano abdica de sua liberdade
mentos (igreja e senhores feudais), surgiu inicial e se submete ao poder do
a ideia da igualdade de todos submetidos Estado (o Leviatã), cuja existência
ao poder absoluto do rei, o que não ex- se justifica pela necessidade de se
clui a opressão e a violência, como a ex- dar segurança ao indivíduo, diante
termínio perpetrado contra indígenas na das ameaças de seus semelhantes.
América. Entretanto, os indivíduos não pos-
suiriam qualquer proteção contra
O Século XVII: o Estado Absolutista foi ques- o poder do Estado.
tionado, em especial na Inglaterra. A busca
pela limitação do poder é consagrada na Pe- •• Hugo Grócio (Da guerra e da paz –
tition Of Rights de 1628. 1625): defendeu a existência do di-
reito natural, de cunho racionalista,
A Petição de Direitos afirmou quatro prin- reconhecendo, assim, que suas nor-
cípios: 1) nenhum tributo pode ser impos- mas decorrem de “princípios ine-
to sem o consentimento do Parlamento; rentes ao ser humano”.
2) nenhum súdito pode ser encarcerado
sem motivo demonstrado (a reafirmação •• John Locke (Tratado sobre o gover-
do direito de habeas corpus); 3) nenhum no civil – 1689): defendeu o direi-
soldado pode ser aquartelado nas casas to dos indivíduos mesmo contra a
dos cidadãos; 4) a Lei Marcial não pode ser Estado, um dos pilares contempo-
usada em tempo de paz. râneos do regime dos direitos hu-
manos. O grande e principal obje-
A edição do Habeas Corpus Act (1679) for- tivo das sociedades políticas sob a
maliza o mandado de proteção judicial aos tutela de um determinado governo
que haviam sido injustamente presos, exis- é a preservação dos direitos à vida,
tente tão somente no direito consuetudiná- à liberdade e à propriedade. Logo,
rio inglês (common law). o governo não pode ser arbitrário
Em 1689 (após a Revolução Gloriosa): edi- e deve seu poder ser limitado pela
ção da Declaração Inglesa de Direitos a Bill supremacia do bem público.
of Rights (1689), pela qual o poder autocrá- •• Abbé Charles de Saint-Pierre (Proje-
tico dos reis ingleses é reduzido de forma to de paz perpétua – 1713): defen-
definitiva. deu o fim das guerras europeias e o
Em 1701: aprovação do Act of Settlement, estabelecimento de mecanismos pa-
que enfim fixou a linha de sucessão da co- cíficos para superar as controvérsias
roa inglesa, reafirmou o poder do Parla- entre os Estados em uma precursora
mento e da vontade da lei, resguardando-se ideia de federação mundial.
os direitos dos súditos contra a volta da tira- •• Jean-Jacques Rousseau (Do con-
nia dos monarcas. trato social – 1762): prega que a
•• Os pensadores e as principais ideias li- vida em sociedade é baseada em
gadas aos direitos humanos: um contrato (o pacto social) entre
homens livres e iguais (qualidades
•• Thomas Hobbes (Leviatã – 1651): inerentes aos seres humanos), que
é um dos primeiros textos que ver- estruturam o Estado para zelar pelo
sa claramente sobre o direito do bem-estar da maioria. Um governo

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arbitrário e liberticida não poderia A Revolução Francesa: adoção da Declara-
sequer alegar que teria sido acei- ção Francesa dos Direitos do Homem e do
to pela população, pois a renúncia Cidadão pela Assembleia Nacional Consti-
à liberdade seria o mesmo que re- tuinte francesa, em 27 de agosto de 1789,
nunciar à natureza humana, sendo que consagra a igualdade e a liberdade que
inadmissível. levou à abolição de privilégios, direitos feu-
dais e imunidades de várias castas, em es-
•• Cesare Beccaria (Dos delitos e pecial da aristocracia de terras. O lema dos
das penas – 1766): sustentou a revolucionários era: Liberdade, Igualdade e
existência de limites para a ação Fraternidade. O Projeto de Declaração dos
do Estado na repressão penal, Direitos da Mulher e da Cidadã, em 1791,
balizando os limites do jus puniendi proposto por Olympe de Gouges, reivindi-
que permanecem até hoje. cou a igualdade de direitos de gênero.
•• Kant (Fundamentação da Em 1791 – edição da 1º Constituição da
metafísica dos costumes – 1785): França Revolucionária, que consagrou a
defendeu a existência da dignidade perda dos direitos absolutos do monarca
intrínseca a todo ser racional, que francês, implantando-se uma monarquia
não tem preço ou equivalente. constitucional, mas ao mesmo tempo reco-
Justamente em virtude dessa nheceu o voto censitário.
dignidade, não se pode tratar o ser
humano como um meio, mas sim Declaração Francesa dos Direitos do Ho-
como um fim em si mesmo. mem e do Cidadão (1789): consagrada
como a 1º com vocação universal. Esse uni-
versalismo será o grande alicerce da futura
AS DECLARAÇÕES DE DIREITOS E afirmação dos direitos humanos do século
XX, com a edição da Declaração Universal
O CONSTITUCIONALISMO LIBERAL
dos Direitos Humanos.
As revoluções liberais, inglesa, americana e
francesa e suas respectivas declarações de
direitos marcaram a primeira afirmação his- CONSTITUCIONALISMO SOCIAL
tórica moderna dos direitos humanos.
Antecedentes: Final do século XVIII: pró-
A Revolução Inglesa: teve como marcos a prios jacobinos franceses defendiam a am-
Petition of Rights – 1628, que buscou garan- pliação do rol de direitos da Declaração
tir determinadas liberdades individuais, e o Francesa para abarcar também os direitos
Bill of Rigths, de 1689, que consagrou a su- sociais, como direito à educação e à assis-
premacia do Parlamento e o império da lei. tência social.
A Revolução Americana: retrata o processo Em 1793: revolucionários franceses edi-
de independência das colônias britânicas na taram uma nova Declaração Francesa dos
América do Norte, culminado em 1776, e Direitos do Homem e do Cidadão, redigida
ainda a criação da Constituição norte-ame- com forte apelo à igualdade e com reconhe-
ricana de 1787. Somente em 1791 foram cimento de direitos sociais como educação.
aprovadas dez emendas que, finalmente,
introduziram um rol de direitos na Consti- Europa do Século XIX: movimentos socialis-
tuição Americana. (1º Emenda Separação tas ganham apoio popular nos seus ataques
da igreja e o Estado; 2º Emenda direito de ao modo de produção capitalista. Expoen-
manter e portar armas;). tes: Karl Marx, Engels e August Bebel.

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A Revolução Russa (1917): estimulou novos dos pontos do tratado era a criação de um
avanços na defesa da igualdade e justiça so- organismo internacional que tivesse como
cial. finalidade assegurar a paz num mundo trau-
matizado pelas dimensões do conflito que
Introdução dos chamados direitos sociais – se encerrara.
que pretendiam assegurar condições mate-
riais mínimas. Em 15/11/1920, teve lugar em Genebra/Suí-
ça, a 1º Assembleia Geral da Liga das Nações.
DIREITOS DO HOMEM: Inatos aos seres hu- Os objetivos da organização eram impedir as
manos – vida, liberdade, não há necessida- guerras e assegurar a paz, a partir de ações
de de codificação para que os mesmos se- diplomáticas, de diálogos e negociações para
jam respeitados. a solução dos litígios. Porém, infelizmente
DIREITOS FUNDAMENTAIS: Estão positiva- não se conseguiu impedir a 2º Guerra.
dos em uma Constituição de um país. A Liga das Nações, segundo a Profª. Drª.
DIREITOS HUMANOS: Direitos do homem Flávia Piovesan: "tinha como finalidade pro-
e/ou fundamentais positivados em tratados mover a cooperação, paz e segurança inter-
ou documentos de direitos humanos. nacional, condenando agressões externas
contra a integridade territorial e a indepen-
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: O míni- dência política dos seus membros".
mo que uma pessoa deve ter para sua exis-
tência. O Brasil aderiu desde o início à Liga das Na-
ções, porém por ato isolado do presidente
da República Artur Bernardes que, após seis
anos, desligou-se (denunciou) do tratado
OS DIREITOS HUMANOS ANTES
sem a anuência do Congresso Nacional.
DA ONU
Já os Estados Unidos não ratificaram o tratado.
A Liga das Nações foi uma organização in- As eleições para o congresso americano (Sena-
ternacional criada em abril de 1919, quan- do) em 1918 deram a vitória ao Partido Repu-
do a Conferência de Paz de Paris adotou seu blicano, que era oposição ao Presidente Woo-
pacto fundador, posteriormente inscrito em drow Wilson, portanto o Partido Republicano
todos os tratados de paz. que assumiu o controle do Senado por duas
vezes bloqueou a ratificação do tratado de
Ainda durante a Primeira Guerra Mundial, a
Versalhes, favorecendo o isolamento do país,
ideia de criar um organismo destinado à pre-
opondo-se à Sociedade das Nações. Assim, os
servação da paz e à resolução dos conflitos
Estados Unidos nunca aderiram à Sociedade
internacionais por meio da mediação e do
das Nações e negociaram em separado a paz
arbitramento já havia sido defendida por al-
com a Alemanha: o Tratado de Berlim de 1921,
guns estadistas, especialmente o presidente
que confirmou a pagamento de indenizações e
dos Estados Unidos, Woodrow Wilson. Con-
de outras disposições do Tratado de Versalhes,
tudo, a recusa do Congresso norte-america-
mas excluiu explicitamente todos os assuntos
no em ratificar o Tratado de Versalhes aca-
relacionados com a Sociedade das Nações.
bou impedindo que os Estados Unidos se
tornassem membro do novo organismo. Sem a participação americana e não pos-
suindo forças armadas próprias, o poder de
Com o fim da 1º Guerra Mundial (1914-
coerção da Liga das Nações baseava-se ape-
1918), os países vencedores se reuniram
nas em sanções econômicas e militares. Sua
em Versalhes, no subúrbio de Paris na Fran-
atuação foi bem-sucedida no arbitramento
ça, em janeiro de 1919 para firmar um tra-
de disputas nos Bálcãs e na América Lati-
tado de paz, o Tratado de Versalhes. Um

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na, na assistência econômica e na proteção ções Unidas e para a Declaração Universal
a refugiados, na supervisão do sistema de dos Direitos Humanos (DUDH).
mandatos coloniais e na administração de
territórios livres como a cidade de Dantzig. Em junho de 1998 (86º sessão), foi adota-
Mas ela se revelou impotente para bloquear da a Declaração da OIT sobre os Princípios
a invasão japonesa da Manchúria (1931), a e Direitos Fundamentais do Trabalho e seu
agressão italiana à Etiópia (1935) e o ataque Seguimento. O documento é uma reafir-
russo à Finlândia (1939). Em abril de 1946, o mação universal da obrigação de respeitar,
organismo se autodissolveu, transferindo as promover e tornar realidade os princípios
responsabilidades que ainda mantinha para refletidos nas Convenções fundamentais da
a recém-criada ONU. OIT, ainda que não tenham sido ratificadas
pelos Estados-membros.
Atualmente, a OIT estabeleceu um patamar
A ORGANIZAÇÃO INTERNACIO- mínimo de proteção dos trabalhadores e
NAL DO TRABALHO conseguiu identificar os sujeitos de prote-
ção, tais como crianças, gestantes e idosos.
A Organização Internacional do Trabalho
A OIT tem sede em Genebra/Suíça.
(OIT) foi criada em 1919, como parte do Tra-
tado de Versalhes, que pôs fim à Primeira Direito Humanitário: As Convenções de Ge-
Guerra Mundial. nebra (1949) e seus Protocolos Adicionais
são a essência do Direito Internacional Hu-
A sua constituição converteu-se na Parte
manitário (DIH), o conjunto de leis que rege
XIII do Tratado de Versalhes (1919).
a conduta dos conflitos armados e busca
Fundou-se sobre a convicção primordial de limitar seus efeitos. Eles protegem especi-
que a paz universal e permanente somente ficamente as pessoas que não participam
pode estar baseada na justiça social. É a úni- dos conflitos (civis, profissionais de saúde
ca das agências do Sistema das Nações Uni- e de socorro) e as que não mais participam
das com uma estrutura tripartite, composta das hostilidades (soldados feridos, doentes,
de representantes de governos e de organi- náufragos e prisioneiros de guerra).
zações de empregadores e de trabalhado-
res. A OIT é responsável pela formulação e
pela aplicação das normas internacionais do
trabalho (convenções e recomendações).
As convenções, uma vez ratificadas por de-
cisão soberana de um país, passam a fazer
parte de seu ordenamento jurídico. O Brasil
está entre os membros fundadores da OIT
e participa da Conferência Internacional do
Trabalho desde sua primeira reunião.Na
primeira Conferência Internacional do Tra-
balho, realizada em 1919, a OIT adotou seis
convenções.
Em 1944, à luz dos efeitos da Grande De-
pressão e da 2º Guerra Mundial, a OIT ado-
tou a Declaração da Filadélfia como anexo
da sua Constituição. A Declaração anteci-
pou e serviu de modelo para a Carta das Na-

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curso – matéria – Prof.

Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos

Tema:

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948)

A DUDH é o 1º documento universal elabo- 2º parte: arts. 12 ao 17, referem-se aos direi-
rado pela ONU. É composta de um preâm- tos do indivíduo e de participação política;
bulo e 30 artigos.
3º parte: arts. 18 a 21, refere-se às liberda-
Trata-se de uma recomendação do Conse- des políticas, públicas e religiosas, como li-
lho Econômico e Social da ONU, feita pela berdade de associação;
Comissão de DH à Assembleia Geral da ONU
que efetuou uma resolução recomendando 4º parte: arts. 22 a 27, refere-se aos direitos
o texto aos seus membros. No entanto o econômicos, sociais e culturais.
seu alcance é de norma jus cogens (norma Os arts. 28, 29 e 30 servem como um fe-
imperativa aceita por todos as nações). chamento que dá sistematicidade e força a
Foi adotada e proclamada pele Res. 217-A DUDH, declarando o dever do indivíduo pe-
da III Assembleia Geral em 10/12/1948. rante a sociedade e a proibição do uso dos
direitos contra os fins das Nações Unidas.
O Preâmbulo reconhece a DIGNIDADE DA
PESSOA como núcleo da DUDH. A DUDH nos seus artigos traz proteções aos
direitos humanos de 1º e 2º dimensão, ou
A DUDH surge como exigência moral da hu- seja, direitos de liberdade e igualdade.
manidade para impedir que os atos bárba-
ros cometidos nas duas guerras mundiais DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS
não se repitam mais.
DIREITOS HUMANOS
Por não possuir status de tratado interna-
cional, após a promulgação da DUDH, ini- Introdução dos direitos e menção às
ciou-se o árduo trabalho de juridicizar os três dimensões dos direitos humanos.
direitos humanos na esfera internacional.
Artigo 1º Todas as pessoas nascem livres e
A estrutura da DUDH se baseia no Código iguais em dignidade e direitos. São dotadas de
de Napoleão, em que há um preâmbulo e razão e consciência e devem agir em relação
princípios gerais introdutórios. Os arts. 1º umas às outras com espírito de fraternidade.
e 2º inserem as ideias mestras da declara-
ção, com referência aos princípios da digni- Artigo 2º
dade, liberdade, igualdade e fraternidade.
I) Todo o homem tem capacidade para go-
Na mesma senda podemos dividir a DUDH zar os direitos e as liberdades estabelecidos
em 4 partes: nesta Declaração sem distinção de qualquer
espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, reli-
1º parte: arts. 3 ao 11, que referem-se aos gião, opinião política ou de outra natureza,
direitos individuais; origem nacional ou social, riqueza, nasci-
mento, ou qualquer outra condição.

17
II) Não será também feita nenhuma distin- Artigo 7º Todos são iguais perante a lei e tem
ção fundada na condição política, jurídica direito, sem qualquer distinção, a igual prote-
ou internacional do país ou território a que ção da lei. Todos tem direito a igual proteção
pertença uma pessoa, quer se trate de um contra qualquer discriminação que viole a pre-
território independente, sob tutela, sem go- sente Declaração e contra qualquer incitamento
verno próprio, quer sujeito a qualquer outra a tal discriminação.
limitação de soberania.
Os dois artigos anteriores consagram o Di-
Garantias Processuais
reito a Igualdade e a Vedação à Discrimina-
ção. Este artigo regula o devido processo legal e
Artigo 3º Toda pessoa tem direito à vida, à li- o acesso a remédios que garantam o respei-
berdade e à segurança pessoal. to e a aplicação dos direitos humanos.
Artigo 8º Todo o homem tem direito a receber
dos tribunais nacionais competentes remé-
DIREITOS HUMANOS ESSENCIAIS (Art. dio efetivo para os atos que violem os direitos
1 ao Art. 3) fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela
constituição ou pela lei.
Direito a Igualdade;
Artigo 9º Ninguém será arbitrariamente preso,
Direito à Vida; detido ou exilado.
Direito à Liberdade;
Direito à Segurança; Princípio da Igualdade no Processo,
Direito à Propriedade. (Art. 17 da DUDH); da Atuação Imparcial do Julgador e da
Publicidade dos Atos Processuais
Artigo 10. Todo ser humano tem direito, em ple-
Da Vedação à escravidão e à tortura, na igualdade, a uma audiência justa e pública
tratamento ou castigo cruel , desuma- por parte de um tribunal independente e impar-
no ou degradante. cial, para decidir sobre seus direitos e deveres
ou do fundamento de qualquer acusação crimi-
Artigo 4º Ninguém será mantido em escravidão
nal contra ele.
ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos
serão proibidos em todas as suas formas.
Artigo 5º Ninguém será submetido à tortura, Princípio da Presunção da Inocência e
nem a tratamento ou castigo cruel, desumano da Irretroatividade da Lei Penal
ou degradante.
Artigo 11.
1. Todo ser humano acusado de um ato
Princípio da Igualdade formal (igualda- delituoso tem o direito de ser presumido
de perante ou frente a lei) inocente até que a sua culpabilidade tenha
sido provada de acordo com a lei, em julga-
Artigo 6º Toda pessoa tem o direito de ser, em
mento público no qual lhe tenham sido as-
todos os lugares, reconhecida como pessoa pe-
seguradas todas as garantias necessárias à
rante a lei.
sua defesa.

18
curso – matéria – Prof.

2. Ninguém poderá ser culpado por qual- •• Direito de transitar pelo país;
quer ação ou omissão que, no momento,
não constituíam delito perante o direito na- •• Direito de deixar o país livremente;
cional ou internacional. Também não será •• Direito de regressar ao país quando
imposta pena mais forte do que aquela que, desejar.
no momento da prática, era aplicável ao ato
delituoso.
Direito de Asilo

GARANTIAS PROCESSUAIS DA DUDH: Artigo 14.


1. Toda pessoa, vítima de perseguição, tem
Devido processo legal; o direito de procurar e de gozar asilo em ou-
Vedação à prisão, detenção e exílio arbitrá- tros países.
rios; 2. Este direito não pode ser invocado em
Igualdade no processo; caso de perseguição legitimamente motiva-
da por crimes de direito comum ou por atos
Imparcialidade do julgador; contrários aos objetivos e princípios das Na-
Publicidade dos atos processuais; ções Unidas.

Princípio da presunção da inocência; Atenção – Não poderá ser invocado o Direi-


to de Asilo quando:
Princípio da irretroatividade da lei penal.
Crimes de direito comum;
Atos contrários aos objetivos e princípios
Direito à intimidade e à vida privada e das Nações Unidas.
à inviolabilidade domiciliar
Artigo 12 Direito de Nacionalidade
Ninguém será sujeito a interferências na
Artigo 15.
sua vida privada, na sua família, no seu lar
ou na sua correspondência, nem a ataques 1. Todo ser humano tem direito a uma na-
à sua honra e reputação. Toda pessoa tem cionalidade.
direito à proteção da lei contra tais interfe-
rências ou ataques. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de
sua nacionalidade, nem do direito de mu-
dar de nacionalidade.
Direito de Ir e Vir
Artigo 13 Direito de Constituir Família
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de Artigo 16
locomoção e residência dentro das frontei-
ras de cada Estado. 1. Os homens e mulheres de maior idade,
sem qualquer restrição de raça, nacionali-
2. Toda pessoa tem o direito de deixar qual- dade ou religião, têm o direito de contrair
quer país, inclusive o próprio, e a este re- matrimônio e fundar uma família. Gozam
gressar. de iguais direitos em relação ao casamento,
sua duração e sua dissolução.

19
2. O casamento não será válido senão com o 1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte
livre e pleno consentimento dos nubentes. no governo de seu país, diretamente ou por
intermédio de representantes livremente
escolhidos.
Direito de Propriedade
2. Toda pessoa tem igual direito de acesso
Artigo 17. ao serviço público do seu país.

1. Todo ser humano tem direito à proprie- 3. A vontade do povo será a base da autori-
dade, só ou em sociedade com outros. dade do governo; esta vontade será expres-
sa em eleições periódicas e legítimas, por
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sufrágio universal, por voto secreto ou pro-
sua propriedade. cesso equivalente que assegure a liberdade
de voto.

Direito à liberdade de expressão, pen- Artigo 22


samento, religião e opinião. Toda pessoa, como membro da sociedade,
tem direito à segurança social e à realiza-
Artigo 18. Todo o homem tem direito à liberda- ção, pelo esforço nacional, pela cooperação
de de pensamento, consciência e religião; este internacional e de acordo com a organiza-
direito inclui a liberdade de mudar de religião ção e recursos de cada Estado, dos direitos
ou crença e a liberdade de manifestar essa re- econômicos, sociais e culturais indispensá-
ligião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo veis à sua dignidade e ao livre desenvolvi-
culto e pela observância, isolada ou coletiva- mento da sua personalidade.
mente, em público ou em particular.
Artigo 19. Todo o homem tem direito à liberda-
de de opinião e expressão; este direito inclui a Direitos Trabalhistas
liberdade de, sem interferências, ter opiniões e
de procurar, receber e transmitir informações e Artigo 23.
idéias por quaisquer meios, independentemen- 1. Todo ser humano tem direito ao traba-
te de fronteiras. lho, à livre escolha de emprego, a condições
justas e favoráveis de trabalho e à proteção
contra o desemprego.
Direito de reunião e associação
2. Todo ser humano, sem qualquer distin-
Artigo 20 ção, tem direito a igual remuneração por
igual trabalho.
I) Todo o homem tem direito à liberdade de
reunião e associação pacíficas. 3. Todo ser humano que trabalhe tem direi-
to a uma remuneração justa e satisfatória,
II) Ninguém pode ser obrigado a fazer parte que lhe assegure, assim como à sua família,
de uma associação. uma existência compatível com a dignidade
humana, e a que se acrescentarão, se ne-
cessário, outros meios de proteção social.
Direitos Políticos e Direito à proteção
do Estado 4. Todo ser humano tem direito a organizar
sindicatos e neles ingressar para proteção
Artigo 21 de seus interesses.

20
curso – matéria – Prof.

Artigo 24 1. Todo ser humano tem direito à instru-


ção. A instrução será gratuita, pelo menos
Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, nos graus elementares e fundamentais. A
inclusive a limitação razoável das horas de instrução elementar será obrigatória. A ins-
trabalho e férias periódicas remuneradas. trução técnico-profissional será acessível a
Direitos Trabalhistas Previstos na DUDH: todos, bem como a instrução superior, esta
baseada no mérito.
Direito ao trabalho (emprego);
2. A instrução será orientada no sentido do
Liberdade de escolha de emprego; pleno desenvolvimento da personalidade
humana e do fortalecimento do respeito
Condições justas e favoráveis de trabalho;
pelos direitos humanos e pelas liberdades
Proteção contra o desemprego; fundamentais. A instrução promoverá a
compreensão, a tolerância e a amizade en-
Igualdade de remuneração para igual trabalho; tre todas as nações e grupos raciais ou re-
Direito a remuneração justa e satisfatória; ligiosos, e coadjuvará as atividades das Na-
ções Unidas em prol da manutenção da paz.
Liberdade de associação em sindicatos;
3. Os pais têm prioridade de direito na esco-
Direito à repouso e lazer; lha do gênero de instrução que será minis-
trada a seus filhos.
Direito à jornada limitada;
Direito a férias. QUANTO AO DIREITO À EDUCAÇÃO:
GRAU ELEMENTAR – Gratuita – Obrigatória;
Direitos Sociais: Vida digna, proteção a
maternidade e a infância. GRAU FUNDAMENTAL – Gratuita;

Artigo 25 GRAU TÉCNICO PROFISSIONAL – Acessível


a todos – Mérito.
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de
vida capaz de assegurar a si e a sua família
saúde e bem estar, inclusive alimentação, Direitos Culturais
vestuário, habitação, cuidados médicos e os
serviços sociais indispensáveis, e direito à Artigo 27
segurança em caso de desemprego, doença, 1. Toda pessoa tem o direito de participar li-
invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de vremente da vida cultural da comunidade,
perda dos meios de subsistência fora de seu de fruir as artes e de participar do processo
controle. científico e de seus benefícios.
2. A maternidade e a infância têm direito a 2. Toda pessoa tem direito à proteção dos
cuidados e assistência especiais. Todas as interesses morais e materiais decorrentes
crianças nascidas dentro ou fora do matri- de qualquer produção científica, literária ou
mônio, gozarão da mesma proteção social. artística da qual seja autor.
Artigo 28
DIREITO À EDUCAÇÃO E INSTRUÇÃO
Toda pessoa tem direito a uma ordem social
Artigo 26. e internacional em que os direitos e liberda-
des estabelecidos na presente Declaração
possam ser plenamente realizados.

21
Artigo 29
1. Toda pessoa tem deveres para com a co-
munidade, em que o livre e pleno desenvol-
vimento de sua personalidade é possível.
2. No exercício de seus direitos e liberdades,
toda pessoa estará sujeita apenas às limita-
ções determinadas pela lei, exclusivamente
com o fim de assegurar o devido reconheci-
mento e respeito dos direitos e liberdades
de outrem e de satisfazer às justas exigên-
cias da moral, da ordem pública e do bem-
-estar de uma sociedade democrática.
3. Esses direitos e liberdades não podem,
em hipótese alguma, ser exercidos contra-
riamente aos propósitos e princípios das
Nações Unidas.

Direitos Sociais na DUDH:


•• Direito do Trabalho;
•• Direito de uma garantia de vida social-
mente digna;
•• Proteção à maternidade e infância;
•• Direito à instrução;
•• Direito de participação dos bens cultu-
rais.

Interpretação ampla e integradora da


DUDH
Artigo 30
Nenhuma disposição da presente Decla-
ração pode ser interpretada como o reco-
nhecimento a qualquer Estado, grupo ou
pessoa, do direito de exercer qualquer ati-
vidade ou praticar qualquer ato destinado à
destruição de quaisquer dos direitos e liber-
dades aqui estabelecidos.

22
curso – matéria – Prof.

CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS


CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES.
DECRETO Nº 40, DE 15 DE FEVEREIRO DE 1991.

Promulga a Convenção Contra a Tortura e Ou- CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E


tros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS
ou Degradantes.
CRUÉIS, DESUMANOS
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atri- OU DEGRADANTES
buição que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da
Constituição, e Os Estados Partes da presente Convenção,
Considerando que a Assembléia Geral das Na- Considerando que, de acordo com os princípios
ções Unidas, em sua XL Sessão, realizada em proclamados pela Carta das Nações Unidas, o
Nova York, adotou a 10 de dezembro de 1984, a reconhecimento dos direitos iguais e inaliená-
Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamen- veis de todos os membros da família humana é
tos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradan- o fundamento da liberdade, da justiça e da paz
tes; no mundo,
Considerando que o Congresso Nacional apro- Reconhecendo que estes direitos emanam da
vou a referida Convenção por meio do Decreto dignidade inerente à pessoa humana,
Legislativo nº 4, de 23 de maio de 1989;
Considerando a obrigação que incumbe os Es-
Considerando que a Carta de Ratificação da tados, em virtude da Carta, em particular do
Convenção foi depositada em 28 de setembro Artigo 55, de promover o respeito universal e a
de 1989; observância dos direitos humanos e liberdades
fundamentais.
Considerando que a Convenção entrou em vigor
para o Brasil em 28 de outubro de 1989, na for- Levando em conta o Artigo 5º da Declaração
ma de seu artigo 27, inciso 2; Universal e a observância dos Direitos do Ho-
mem e o Artigo 7º do Pacto Internacional sobre
DECRETA:
Direitos Civis e Políticos, que determinam que
Art. 1º A Convenção Contra a Tortura e Outros ninguém será sujeito à tortura ou a pena ou tra-
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou tamento cruel, desumano ou degradante,
Degradantes, apensa por cópia ao presente De-
Levando também em conta a Declaração sobre
creto, será executada e cumprida tão inteira-
a Proteção de Todas as Pessoas contra a Tortura
mente como nela se contém.
e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desuma-
Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de nos ou Degradantes, aprovada pela Assembléia
sua publicação. Geral em 9 de dezembro de 1975,

Brasília, em 15 de fevereiro de 1991; 170º Desejosos de tornar mais eficaz a luta contra a
da Independência e 103º da República. tortura e outros tratamentos ou penas cruéis,
desumanos ou degradantes em todo o mundo,
Acordam o seguinte:

23
PARTE I ARTIGO 3º

ARTIGO 1º 1. Nenhum Estado Parte procederá à ex-


pulsão, devolução ou extradição de uma
1. Para os fins da presente Convenção, o pessoa para outro Estado quando houver
termo "tortura" designa qualquer ato pelo razões substanciais para crer que a mesma
qual dores ou sofrimentos agudos, físicos corre perigo de ali ser submetida a tortura.
ou mentais, são infligidos intencionalmen-
2. A fim de determinar a existência de tais
te a uma pessoa a fim de obter, dela ou de
razões, as autoridades competentes levarão
uma terceira pessoa, informações ou confis-
em conta todas as considerações pertinen-
sões; de castigá-la por ato que ela ou uma
tes, inclusive, quando for o caso, a existên-
terceira pessoa tenha cometido ou seja sus-
cia, no Estado em questão, de um quadro
peita de ter cometido; de intimidar ou co-
de violações sistemáticas, graves e maciças
agir esta pessoa ou outras pessoas; ou por
de direitos humanos.
qualquer motivo baseado em discriminação
de qualquer natureza; quando tais dores ou ARTIGO 4º
sofrimentos são infligidos por um funcioná-
1. Cada Estado Parte assegurará que todos
rio público ou outra pessoa no exercício de
os atos de tortura sejam considerados cri-
funções públicas, ou por sua instigação, ou
mes segundo a sua legislação penal. O mes-
com o seu consentimento ou aquiescência.
mo aplicar-se-á à tentativa de tortura e a
Não se considerará como tortura as dores
todo ato de qualquer pessoa que constitua
ou sofrimentos que sejam consequência
cumplicidade ou participação na tortura.
unicamente de sanções legítimas, ou que
sejam inerentes a tais sanções ou delas de- 2. Cada Estado Parte punirá estes crimes
corram. com penas adequadas que levem em conta
a sua gravidade.
2. O presente Artigo não será interpretado
de maneira a restringir qualquer instrumen- ARTIGO 5º
to internacional ou legislação nacional que
1. Cada Estado Parte tomará as medidas
contenha ou possa conter dispositivos de
necessárias para estabelecer sua jurisdição
alcance mais amplo.
sobre os crime2 crimes nos casos em que
ARTIGO 2º o suposto autor se encontre em qualquer
território sob sua jurisdição e o Estado não
1. Cada Estado Parte tomará medidas efi- extradite de acordo com o Artigo 8º para
cazes de caráter legislativo, administrativo, qualquer dos Estados mencionados no pa-
judicial ou de outra natureza, a fim de impe- rágrafo 1 do presente Artigo.
dir a prática de atos de tortura em qualquer
território sob sua jurisdição. 3. Esta Convenção não exclui qualquer ju-
risdição criminal exercida de acordo com o
2. Em nenhum caso poderão invocar-se cir- direito interno.
cunstâncias excepcionais tais como ameaça
ou estado de guerra, instabilidade política ARTIGO 6º
interna ou qualquer outra emergência pú- 1. Todo Estado Parte em cujo território se
blica como justificação para tortura. encontre uma pessoa suspeita de ter come-
3. A ordem de um funcionário superior ou tido qualquer dos crimes mencionados no
de uma autoridade pública não poderá ser Artigo 4º, se considerar, após o exame das
invocada como justificação para a tortura. informações de que dispõe, que as circuns-
tâncias o justificam, procederá à detenção
de tal pessoa ou tomará outras medidas le-

24
curso – matéria – Prof.

gais para assegurar sua presença. A deten- ARTIGO 8º


ção e outras medidas legais serão tomadas
de acordo com a lei do Estado, mas vigora- 1. Os crimes a que se refere o Artigo 4° se-
rão apenas pelo tempo necessário ao início rão considerados como extraditáveis em
do processo penal ou de extradição. qualquer tratado de extradição existente
entre os Estados Partes. Os Estados Partes
2. O Estado em questão procederá imediata- obrigar-se-ão a incluir tais crimes como ex-
mente a uma investigação preliminar dos fatos. traditáveis em todo tratado de extradição
3. Qualquer pessoa detida de acordo com o que vierem a concluir entre si.
parágrafo 1 terá assegurada facilidades para 2. Se um Estado Parte que condiciona a ex-
comunicar-se imediatamente com o repre- tradição à existência de tratado de receber
sentante mais próximo do Estado de que é um pedido de extradição por parte do outro
nacional ou, se for apátrida, com o repre- Estado Parte com o qual não mantém tratado
sentante do Estado de residência habitual. de extradição, poderá considerar a presente
4. Quando o Estado, em virtude deste Ar- Convenção com base legal para a extradição
tigo, houver detido uma pessoa, notificará com respeito a tais crimes. A extradição su-
imediatamente os Estados mencionados no jeitar-se-á ás outras condições estabelecidas
Artigo 5º, parágrafo 1, sobre tal detenção e pela lei do Estado que receber a solicitação.
sobre as circunstâncias que a justificam. O
Estado que proceder à investigação prelimi- 3. Os Estado Partes que não condicionam a
nar a que se refere o parágrafo 2 do presen- extradição à existência de um tratado reco-
te Artigo comunicará sem demora seus re- nhecerão, entre si, tais crimes como extradi-
sultados aos Estados antes mencionados e táveis, dentro das condições estabelecidas
indicará se pretende exercer sua jurisdição. pela lei do Estado que receber a solicitação.

ARTIGO 7º 4. O crime será considerado, para o fim de


extradição entre os Estados Partes, como
1. O Estado Parte no território sob a jurisdi- se tivesse ocorrido não apenas no lugar em
ção do qual o suposto autor de qualquer dos que ocorreu, mas também nos territórios
crimes mencionados no Artigo 4º for encon- dos Estados chamados a estabelecerem sua
trado, se não o extraditar, obrigar-se-á, nos jurisdição, de acordo com o parágrafo 1 do
casos contemplados no Artigo 5º, a subme- Artigo 5º.
ter o caso as suas autoridades competentes
para o fim de ser o mesmo processado. ARTIGO 9º

2. As referidas autoridades tomarão sua 1. Os Estados Partes prestarão entre si a


decisão de acordo com as mesmas normas maior assistência possível em relação aos
aplicáveis a qualquer crime de natureza gra- procedimentos criminais instaurados relati-
ve, conforme a legislação do referido Esta- vamente a qualquer dos delitos menciona-
do. Nos casos previstos no parágrafo 2 do dos no Artigo 4º, inclusive no que diz respei-
Artigo 5º, as regras sobre prova para fins to ao fornecimento de todos os elementos
de processo e condenação não poderão de de prova necessários para o processo que
modo algum ser menos rigorosas do que as estejam em seu poder.
que se aplicarem aos casos previstos no pa- 2. Os Estados Partes cumprirão as obriga-
rágrafo 1 do Artigo 5º. ções decorrentes do parágrafo 1 do presen-
3. Qualquer pessoa processada por qual- te Artigo conforme quaisquer tratados de
quer dos crimes previstos no Artigo 4º re- assistência judiciária recíproca existentes
ceberá garantias de tratamento justo em entre si.
todas as fases do processo.

25
ARTIGO 10 ARTIGO 14
1. Cada Estado Parte assegurará que o en- 1. Cada Estado Parte assegurará, em seu
sino e a informação sobre a proibição de sistema jurídico, à vítima de um ato de tor-
tortura sejam plenamente incorporados no tura, o direito à reparação e a uma indeni-
treinamento do pessoal civil ou militar encar- zação justa e adequada, incluídos os meios
regado da aplicação da lei, do pessoal médi- necessários para a mais completa reabili-
co, dos funcionários públicos e de quaisquer tação possível. Em caso de morte da vítima
outras pessoas que possam participar da como resultado de um ato de tortura, seus
custódia, interrogatório ou tratamento de dependentes terão direito à indenização.
qualquer pessoa submetida a qualquer for-
ma de prisão, detenção ou reclusão. 2. O disposto no presente Artigo não afetará
qualquer direito a indenização que a vítima
2. Cada Estado Parte incluirá a referida proi- ou outra pessoa possam ter em decorrência
bição nas normas ou instruções relativas das leis nacionais.
aos deveres e funções de tais pessoas.
ARTIGO 15
ARTIGO 11
Cada Estado Parte assegurará que nenhuma
Cada Estado Parte manterá sistematicamen- declaração que se demonstre ter sido presta-
te sob exame as normas, instruções, méto- da como resultado de tortura possa ser invo-
dos e práticas de interrogatório, bem como cada como prova em qualquer processo, salvo
as disposições sobre a custódia e o tratamen- contra uma pessoa acusada de tortura como
to das pessoas submetidas, em qualquer ter- prova de que a declaração foi prestada.
ritório sob sua jurisdição, a qualquer forma
de prisão, detenção ou reclusão, com vistas a ARTIGO 16
evitar qualquer caso de tortura. 1. Cada Estado Parte se comprometerá a
ARTIGO 12 proibir em qualquer território sob sua juris-
dição outros atos que constituam tratamen-
Cada Estado Parte assegurará suas autori- to ou penas cruéis, desumanos ou degra-
dades competentes procederão imediata- dantes que não constituam tortura tal como
mente a uma investigação imparcial sempre definida no Artigo 1, quando tais atos forem
que houver motivos razoáveis para crer que cometidos por funcionário público ou outra
um ato de tortura tenha sido cometido em pessoa no exercício de funções públicas, ou
qualquer território sob sua jurisdição. por sua instigação, ou com o seu consenti-
mento ou aquiescência. Aplicar-se-ão, em
ARTIGO 13 particular, as obrigações mencionadas nos
Cada Estado Parte assegurará a qualquer Artigos 10, 11, 12 e 13, com a substituição
pessoa que alegue ter sido submetida a tor- das referências a tortura por referências a
tura em qualquer território sob sua jurisdi- outras formas de tratamentos ou penas cru-
ção o direito de apresentar queixa perante éis, desumanos ou degradantes.
as autoridades competentes do referido Es- 2. Os dispositivos da presente Convenção
tado, que procederão imediatamente e com não serão interpretados de maneira a res-
imparcialidade ao exame do seu caso. Serão tringir os dispositivos de qualquer outro ins-
tomadas medidas para assegurar a prote- trumento internacional ou lei nacional que
ção do queixoso e das testemunhas contra proíba os tratamentos ou penas cruéis, de-
qualquer mau tratamento ou intimação em sumanos ou degradantes ou que se refira à
conseqüência da queixa apresentada ou de extradição ou expulsão.
depoimento prestado.

26
curso – matéria – Prof.

PARTE II com indicações dos Estados Partes que os


tiverem designado, e a comunicará aos Es-
ARTIGO 17 tados Partes.
1. Constituir-se-á um Comitê contra a Tortu- 5. Os membros do Comitê serão eleitos para
ra (doravante denominado o "Comitê) que um mandato de quatro anos. Poderão, caso
desempenhará as funções descritas adian- suas candidaturas sejam apresentadas no-
te. O Comitê será composto por dez peritos vamente, ser reeleitos. No entanto, o man-
de elevada reputação moral e reconhecida dato de cinco dos membros eleitos na pri-
competência em matéria de direitos huma- meira eleição expirará ao final de dois anos;
nos, os quais exercerão suas funções a tí- imediatamente após a primeira eleição, o
tulo pessoal. Os peritos serão eleitos pelos presidente da reunião a que se refere o pa-
Estados Partes, levando em conta uma dis- rágrafo 3 do presente Artigo indicará, por
tribuição geográfica eqüitativa e a utilidade sorteio, os nomes desses cinco membros.
da participação de algumas pessoas com ex-
periência jurídica. 6. Se um membro do Comitê vier a falecer,
a demitir-se de suas funções ou, por outro
2. Os membros do Comitê serão eleitos em motivo qualquer, não puder cumprir com
votação secreta dentre uma lista de pessoas suas obrigações no Comitê, o Estado Parte
indicadas pelos Estados Partes. Cada Estado que apresentou sua candidatura indicará,
Parte pode indicar uma pessoa dentre os entre seus nacionais, outro perito para cum-
seus nacionais. Os Estados Partes terão pre- prir o restante de seu mandato, sendo que a
sente a utilidade da indicação de pessoas referida indicação estará sujeita à aprovação
que sejam também membros do Comitê de da maioria dos Estados Partes. Considerar-
Direitos Humanos estabelecido de acordo -se-á como concedida a referida aprovação,
com o Pacto Internacional de Direitos Civis a menos que a metade ou mais dos Estados
e Políticos e que estejam dispostas a servir Partes venham a responder negativamente
no Comitê contra a Tortura. dentro de um prazo de seis semanas, a con-
tar do momento em que o Secretário-Geral
3. Os membros do Comitê serão eleitos em das Nações Unidas lhes houver comunicado
reuniões bienais dos Estados Partes convo- a candidatura proposta.
cadas pelo Secretário-Geral das Nações Uni-
das. Nestas reuniões, nas quais o quorum 7. Correrão por conta dos Estados Partes
será estabelecido por dois terços dos Esta- as despesas em que vierem a incorrer os
dos Partes, serão eleitos membros do Co- membros do Comitê no desempenho de
mitê os candidatos que obtiverem o maior suas funções no referido órgão.
número de votos e a maioria absoluta dos
votos dos representantes dos Estados Par- ARTIGO 18
tes presentes e votantes. 1. O Comitê elegerá sua mesa para um perí-
4. A primeira eleição se realizará no máxi- odo de dois anos. Os membros da mesa po-
mo seis meses após a data de entrada em derão ser reeleitos.
vigor da presente Convenção. Ao menos 2. O próprio Comitê estabelecerá suas regras
quatro meses antes da data de cada elei- de procedimento; estas, contudo, deverão
ção, o Secretário-Geral das Nações Unidas conter, entre outras, as seguintes disposições:
enviará uma carta aos Estados Partes para
convidá-los a apresentar suas candidaturas a) o quórum será de seis membros;
no prazo de três meses. O Secretário-Geral
b) as decisões do Comitê serão tomadas por
organizará uma lista por ordem alfabética
maioria de votos dos membros presentes.
de todos os candidatos assim designados,

27
3. O Secretário-Geral das Nações Unidas co- o parágrafo 3 do presente Artigo, junto com
locará à disposição do Comitê o pessoal e os as observações conexas recebidas do Esta-
serviços necessários ao desempenho eficaz do Parte interessado, em seu relatório anu-
das funções que lhe são atribuídas em virtu- al que apresentará em conformidade com o
de da presente Convenção. Artigo 24. Se assim o solicitar o Estado Parte
interessado, o Comitê poderá também in-
4. O Secretário-Geral das Nações Unidas cluir cópia do relatório apresentado em vir-
convocará a primeira reunião do Comitê. tude do parágrafo 1 do presente Artigo.
Após a primeira reunião, o Comitê deverá
reunir-se em todas as ocasiões previstas em ARTIGO 20
suas regras de procedimento.
1. O Comitê, no caso de vir a receber infor-
5. Os Estados Partes serão responsáveis pe- mações fidedignas que lhe pareçam indicar,
los gastos vinculados à realização das reuni- de forma fundamentada, que a tortura é
ões dos Estados Partes e do Comitê, inclu- praticada sistematicamente no território de
sive o reembolso de quaisquer gastos, tais um Estado Parte, convidará o Estado Parte
como os de pessoal e de serviço, em que em questão a cooperar no exame das infor-
incorrerem as Nações Unidas em conformi- mações e, nesse sentido, a transmitir ao Co-
dade com o parágrafo 3 do presente Artigo. mitê as observações que julgar pertinentes.
ARTIGO 19 2. Levando em consideração todas as ob-
servações que houver apresentado o Esta-
1. Os Estados Partes submeterão ao Comi- do Parte interessado, bem como quaisquer
tê, por intermédio do Secretário-Geral das outras informações pertinentes de que dis-
Nações Unidas, relatórios sobre as medi- puser, o Comitê poderá, se lhe parecer justi-
das por eles adotadas no cumprimento das ficável, designar um ou vários de seus mem-
obrigações assumidas em virtude da pre- bros para que procedam a uma investigação
sente Convenção, dentro de prazo de um confidencial e informem urgentemente o
ano, a contar do início da vigência da pre- Comitê.
sente Convenção no Estado Parte interes-
sado. A partir de então, os Estados Partes 3. No caso de realizar-se uma investigação
deverão apresentar relatórios suplementa- nos termos do parágrafo 2 do presente Arti-
res a cada quatro anos sobre todas as novas go, o Comitê procurará obter a colaboração
disposições que houverem adotado, bem do Estado Parte interessado. Com a concor-
como outros relatórios que o Comitê vier a dância do Estado Parte em questão, a inves-
solicitar. tigação poderá incluir uma visita a seu ter-
ritório.
2. O Secretário-Geral das Nações Unidas
transmitirá os relatórios a todos os Estados 4. Depois de haver examinado as conclu-
Partes. sões apresentadas por um ou vários de seus
membros, nos termos do parágrafo 2 do
3. Cada relatório será examinado pelo Co- presente Artigo, o Comitê as transmitirá ao
mitê, que poderá fazer os comentários ge- Estado Parte interessado, junto com as ob-
rais que julgar oportunos e os transmitirá ao servações ou sugestões que considerar per-
Estado Parte interessado. Este poderá, em tinentes em vista da situação.
resposta ao Comitê, comunicar-lhe todas as
observações que deseje formular. 5. Todos os trabalhos do Comitê a que se
faz referência nos parágrafos 1 ao 4 do pre-
4. O Comitê poderá, a seu critério, tomar a sente Artigo serão confidenciais e, em todas
decisão de incluir qualquer comentário que as etapas dos referidos trabalhos, procurar-
houver feito de acordo com o que estipula -se-á obter a cooperação do Estado Parte.

28
curso – matéria – Prof.

Quando estiverem concluídos os trabalhos questão não estiver dirimida satisfatoria-


relacionados com uma investigação realiza- mente para ambos os Estado Partes inte-
da de acordo com o parágrafo 2, o Comitê ressados, tanto um como o outro terão o
poderá, após celebrar consultas com o Es- direito de submetê-la ao Comitê, mediante
tado Parte interessado, tomar a decisão de notificação endereçada ao Comitê ou ao
incluir um resumo dos resultados da investi- outro Estado interessado;
gação em seu relatório anual, que apresen-
tará em conformidade com o Artigo 24. c) o Comitê tratará de todas as questões
que se lhe submetam em virtude do presen-
ARTIGO 21 te Artigo somente após ter-se assegurado
de que todos os recursos jurídicos internos
1. Com base no presente Artigo, todo Esta- disponíveis tenham sido utilizados e esgota-
do Parte da presente Convenção poderá de- dos, em consonância com os princípios do
clarar, a qualquer momento, que reconhece Direito internacional geralmente reconhe-
a competência dos Comitês para receber e cidos. Não se aplicará esta regra quando a
examinar as comunicações em que um Es- aplicação dos mencionados recursos se pro-
tado Parte alegue que outro Estado Parte longar injustificadamente ou quando não
não vem cumprindo as obrigações que lhe for provável que a aplicação de tais recursos
impõe a Convenção. As referidas comuni- venha a melhorar realmente a situação da
cações só serão recebidas e examinadas pessoa que seja vítima de violação da pre-
nos termos do presente Artigo no caso de sente Convenção;
serem apresentadas por um Estado Parte
que houver feito uma declaração em que d) o Comitê realizará reuniões confidenciais
reconheça, com relação a si próprio, a com- quando estiver examinando as comunica-
petência do Comitê. O Comitê não receberá ções previstas no presente Artigo;
comunicação alguma relativa a um Estado
Parte que não houver feito uma declaração e) sem prejuízo das disposições da alínea c),
dessa natureza. As comunicações recebidas o Comitê colocará seus bons ofícios à dis-
em virtude do presente Artigo estarão sujei- posição dos Estados Partes interessados no
tas ao procedimento que se segue: intuito de se alcançar uma solução amisto-
sa para a questão, baseada no respeito às
a) se um Estado Parte considerar que outro obrigações estabelecidas na presente Con-
Estado Parte não vem cumprindo as dispo- venção. Com vistas a atingir esse objetivo,
sições da presente Convenção poderá, me- o Comitê poderá constituir, se julgar con-
diante comunicação escrita, levar a questão veniente, uma comissão de conciliação ad
ao conhecimento deste Estado Parte. Den- hoc;
tro de um prazo de três meses a contar da
data do recebimento da comunicação, o Es- f) em todas as questões que se lhe subme-
tado destinatário fornecerá ao Estado que tam em virtude do presente Artigo, o Comi-
enviou a comunicação explicações ou quais- tê poderá solicitar aos Estados Partes inte-
quer outras declarações por escrito que es- ressados, a que se faz referência na alínea
clareçam a questão, as quais deverão fazer b), que lhe forneçam quaisquer informa-
referência, até onde seja possível e perti- ções pertinentes;
nente, aos procedimentos nacionais e aos g) os Estados Partes interessados, a que se
recursos jurídicos adotados, em trâmite ou faz referência na alínea b), terão o direito
disponíveis sobre a questão; de fazer-se representar quando as questões
b) se, dentro de um prazo de seis meses, a forem examinadas no Comitê e de apresen-
contar da data do recebimento da comuni- tar suas observações verbalmente e/ou por
cação original pelo Estado destinatário, a escrito;

29
h) o Comitê, dentro dos doze meses seguin- delas, que aleguem ser vítimas de violação,
tes à data de recebimento de notificação por um Estado Parte, das disposições da
mencionada na b), apresentará relatório em Convenção.O Comitê não receberá comuni-
que: cação alguma relativa a um Estado Parte que
não houver feito declaração dessa natureza.
I) se houver sido alcançada uma solução nos
termos da alínea e), o Comitê restringir-se- 2. O Comitê considerará inadmissível qual-
-á, em seu relatório, a uma breve exposição quer comunicação recebida em conformi-
dos fatos e da solução alcançada; dade com o presente Artigo que seja anô-
nima, ou que, a seu juízo, constitua abuso
II) se não houver sido alcançada solução do direito de apresentar as referidas comu-
alguma nos termos da alínea e), o Comitê nicações, ou que seja incompatível com as
restringir-se-á, em seu relatório, a uma bre- disposições da presente Convenção.
ve exposição dos fatos; serão anexados ao
relatório o texto das observações escritas e 3. Sem prejuízo do disposto no parágrafo
as atas das observações orais apresentadas 2, o Comitê levará todas as comunicações
pelos Estados Partes interessados. apresentadas em conformidade com este
Artigo ao conhecimento do Estado Parte da
Para cada questão, o relatório será encami- presente Convenção que houver feito uma
nhado aos Estados Partes interessados. declaração nos termos do parágrafo 1 e so-
2. As disposições do presente Artigo entra- bre o qual se alegue ter violado qualquer
rão em vigor a partir do momento em que disposição da Convenção. Dentro dos seis
cinco Estado Partes da presente Convenção meses seguintes, o Estado destinatário sub-
houverem feito as declarações menciona- meterá ao Comitê as explicações ou decla-
das no parágrafo 1 deste Artigo. As referidas rações por escrito que elucidem a questão
declarações serão depositadas pelos Esta- e, se for o caso, indiquem o recurso jurídico
dos Partes junto ao Secretário-Geral das Na- adotado pelo Estado em questão.
ções Unidas, que enviará cópia das mesmas 4. O Comitê examinará as comunicações re-
aos demais Estados Partes. Toda declaração cebidas em conformidade com o presente
poderá ser retirada, a qualquer momento, Artigo á luz de todas as informações a ele
mediante notificação endereçada ao Secre- submetidas pela pessoa interessada, ou em
tário-Geral. Far-se-á essa retirada sem pre- nome dela, e pelo Estado Parte interessado.
juízo do exame de quaisquer questões que
constituam objeto de uma comunicação já 5. O Comitê não examinará comunicação al-
transmitida nos termos deste Artigo; em guma de uma pessoa, nos termos do presente
virtude do presente Artigo, não se receberá Artigo, sem que se haja assegurado de que;
qualquer nova comunicação de um Estado
Parte uma vez que o Secretário-Geral haja a) a mesma questão não foi, nem está sen-
recebido a notificação sobre a retirada da do, examinada perante uma outra instância
declaração, a menos que o Estado Parte in- internacional de investigação ou solução;
teressado haja feito uma nova declaração. b) a pessoa em questão esgotou todos os
ARTIGO 22 recursos jurídicos internos disponíveis; não
se aplicará esta regra quando a aplicação
1. Todo Estado Parte da presente Conven- dos mencionados recursos se prolongar in-
ção poderá, em virtude do presente Artigo, justificadamente ou quando não for prová-
declarar, a qualquer momento, que reco- vel que a aplicação de tais recursos venha
nhece a competência do Comitê para rece- a melhorar realmente a situação da pessoa
ber e examinar as comunicações enviadas que seja vítima de violação da presente
por pessoas sob sua jurisdição, ou em nome Convenção.

30
curso – matéria – Prof.

6. O Comitê realizará reuniões confidenciais PARTE III


quando estiver examinado as comunicações
previstas no presente Artigo. ARTIGO 25
7. O Comitê comunicará seu parecer ao Es- 1. A presente Convenção está aberta à assi-
tado Parte e à pessoa em questão. natura de todos os Estados.
8. As disposições do presente Artigo entra- 2. A presente Convenção está sujeita a rati-
rão em vigor a partir do momento em que ficação. Os instrumentos de ratificação se-
cinco Estado Partes da presente Convenção rão depositados junto ao Secretário-Geral
houverem feito as declarações menciona- das Nações Unidas.
das no parágrafo 1 deste Artigo. As referidas
declarações serão depositadas pelos Esta- ARTIGO 26
dos Partes junto ao Secretário-Geral das Na- A presente Convenção está aberta à Adesão
ções Unidas, que enviará cópia das mesmas de todos os Estados. Far-se-á a Adesão me-
ao demais Estados Partes. Toda declaração diante depósito do Instrumento de Adesão
poderá ser retirada, a qualquer momento, junto ao Secretário-Geral das Nações Uni-
mediante notificação endereçada ao Secre- das.
tário-Geral. Far-se-á essa retirada sem pre-
juízo do exame de quaisquer questões que ARTIGO 27
constituam objeto de uma comunicação já 1. A presente Convenção entrará em vigor
transmitida nos termos deste Artigo; em no trigésimo dia a contar da data em que o
virtude do presente Artigo, não se receberá vigésimo instrumento de ratificação ou ade-
nova comunicação de uma pessoa, ou em são houver sido depositado junto ao Secre-
nome dela, uma vez que o Secretário-Geral tário-Geral das Nações Unidas.
haja recebido a notificação sobre retirada
da declaração, a menos que o Estado Parte 2. Para os Estados que vierem a ratificar a
interessado haja feito uma nova declaração. presente Convenção ou a ela aderir após o
depósito do vigésimo instrumento de ratifi-
ARTIGO 23 cação ou adesão, a Convenção entrará em
Os membros do Comitê e os membros das vigor no trigésimo dia a contar da data em
Comissões de Conciliação ad noc designa- que o Estado em questão houver deposita-
dos nos termos da alínea e) do parágrafo 1 do seu instrumento de ratificação ou ade-
do Artigo 21 terão o direito às facilidades, são.
privilégios e imunidades que se concedem ARTIGO 28
aos peritos no desempenho de missões
para a Organização das Nações Unidas, em 1. Cada Estado Parte poderá declarar, por
conformidade com as seções pertinentes da ocasião da assinatura ou da ratificação da
Convenção sobre Privilégios e Imunidades presente Convenção ou da adesão a ela,
das Nações Unidas. que não reconhece a competência do Comi-
tê quando ao disposto no Artigo 20.
ARTIGO 24
2. Todo Estado Parte da presente Conven-
O Comitê apresentará, em virtude da pre- ção que houver formulado uma reserva em
sente Convenção, um relatório anula sobre conformidade com o parágrafo 1 do presen-
suas atividades aos Estados Partes e à As- te Artigo poderá, a qualquer momento, tor-
sembléia Geral das Nações Unidas. nar sem efeito essa reserva, mediante noti-
ficação endereçada ao Secretário-Geral das
Nações Unidas.

31
ARTIGO 29 de Justiça, mediante solicitação feita em
conformidade com o Estatuto da Corte.
1. Todo Estado Parte da presente Convenção
poderá propor uma emenda e depositá-la 2. Cada Estado poderá, por ocasião da as-
junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas. sinatura ou da ratificação da presente
O Secretário-Geral comunicará a proposta Convenção, declarar que não se considera
de emenda aos Estados Partes, pedindo-lhes obrigado pelo parágrafo 1 deste Artigo. Os
que o notifiquem se desejam que se con- demais Estados Partes não estarão obriga-
voque uma conferência dos Estados Partes dos pelo referido parágrafo com relação a
destinada a examinar a proposta e submetê- qualquer Estado Parte que houver formula-
-la a votação. Se, dentro dos quatro meses do reserva dessa natureza.
seguintes à data da referida comunicação,
pelos menos um terço dos Estados Partes se 3. Todo Estado Parte que houver formulado
manifestar a favor da referida convocação, o reserva nos termos do parágrafo 2 do pre-
Secretário-Geral convocará uma conferência sente Artigo poderá retirá-la, a qualquer
sob os auspícios das Nações Unidas. Toda momento, mediante notificação endereça-
emenda adotada pela maioria dos Estados da ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
Partes presentes e votantes na conferência ARTIGO 31
será submetida pelo Secretário-Geral à acei-
tação de todos os Estados Partes. 1. Todo Estado Parte poderá denunciar a
presente Convenção mediante notificação
2. Toda emenda adotada nos termos das por escrito endereçada ao Secretário-Geral
disposições do parágrafo 1 do presente Ar- das Nações Unidas. A denúncia produzirá
tigo entrará em vigor assim que dois terços efeitos um ano depois da data de recebi-
dos Estados Partes da presente Convenção mento da notificação pelo Secretário-Geral.
houverem notificado o Secretário-Geral das
Nações Unidas de que a aceitaram em con- 2. A referida denúncia não eximirá o Estado
sonância com os procedimentos previstos Parte das obrigações que lhe impõe a pre-
por suas respectivas constituições. sente Convenção relativamente a qualquer
ação ou omissão ocorrida antes da data em
3. Quando entrarem em vigor, as emen- que a denúncia venha a produzir efeitos; a
das serão obrigatórias para todos os Esta- denúncia não acarretará, tampouco, a sus-
dos Partes que as tenham aceito, ao passo pensão do exame de quaisquer questões
que os demais Estados Partes permanecem que o Comitê já começara a examinar antes
obrigados pelas disposições da Convenção e da data em que a denúncia veio a produzir
pelas emendas anteriores por eles aceitas. efeitos.
ARTIGO 30 3. A partir da data em que vier a produzir
1. As controvérsias entre dois ou mais Esta- efeitos a denúncia de um Estado Parte, o
dos Partes com relação à interpretação ou Comitê não dará início ao exame de qual-
à aplicação da presente Convenção que não quer nova questão referente ao Estado em
puderem ser dirimidas por meio da nego- apreço.
ciação serão, a pedido de um deles, subme- ARTIGO 32
tidas a arbitragem. Se durante os seis meses
seguintes à data do pedido de arbitragem, O Secretário-Geral das Nações Unidas co-
as Partes não lograrem pôr-se de acordo municará a todos os Estados membros das
quanto aos termos do compromisso de ar- Nações Unidas e a todos os Estados que as-
bitragem, qualquer das Partes poderá sub- sinaram a presente Convenção ou a ela ade-
meter a controvérsia à Corte Internacional riram:

32
curso – matéria – Prof.

a) as assinaturas, ratificações e adesões re-


cebidas em conformidade com os Artigos
25 e 26;
b) a data de entrada em vigor da Conven-
ção, nos termos do Artigo 27, e a data de
entrada em vigor de quaisquer emendas,
nos termos do Artigo 29;
c) as denúncias recebidas em conformida-
des com o Artigo 31.
ARTIGO 33
1. A presente Convenção, cujos textos em
árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e
russo são igualmente autênticos, será depo-
sitada junto ao Secretário-Geral das Nações
Unidas.
2. O Secretário-Geral das Nações Unidas en-
caminhará cópias autenticadas da presente
Convenção a todos os Estados.

33
PORTARIA INTERMINISTERIAL SEDH/MJ Nº 2, DE 15 DE DEZEMBRO
DE 2010 (DOU 16.12.2010)

Estabelece as Diretrizes Nacionais de Promoção 2) Valorizar a participação das instituições e


e Defesa dos Direitos Humanos dos Profissio- dos profissionais de segurança pública nos
nais de Segurança Pública. processos democráticos de debate, divulga-
ção, estudo, reflexão e formulação das polí-
O MINISTRO DE ESTADO CHEFE DA SECRETARIA ticas públicas relacionadas com a área, tais
DE DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA como conferências, conselhos, seminários,
REPÚBLICA e o MINISTRO DE ESTADO DA JUSTI- pesquisas, encontros e fóruns temáticos.
ÇA, no uso das atribuições que lhes conferem os 3) Assegurar o exercício do direito de opi-
incisos I e II, do parágrafo único, do art. 87, da nião e a liberdade de expressão dos profis-
Constituição Federal de 1988, resolvem: sionais de segurança pública, especialmen-
Art. 1º Ficam estabelecidas as Diretrizes Nacio- te por meio da Internet, blogs, sites e fóruns
nais de Promoção e Defesa dos Direitos Huma- de discussão, à luz da Constituição Federal
nos dos Profissionais de Segurança Pública, na de 1988.
forma do Anexo desta Portaria. 4) Garantir escalas de trabalho que contem-
Art. 2º A Secretaria de Direitos Humanos da plem o exercício do direito de voto por to-
Presidência da República e o Ministério da Jus- dos os profissionais de segurança pública.
tiça estabelecerão mecanismos para estimular
e monitorar iniciativas que visem à implemen-
tação de ações para efetivação destas diretrizes VALORIZAÇÃO DA VIDA
em todas as unidades federadas, respeitada a 5) Proporcionar equipamentos de proteção
repartição de competências prevista no art. 144 individual e coletiva aos profissionais de
da Constituição Federal de 1988. segurança pública, em quantidade e quali-
Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de dade adequadas, garantindo sua reposição
sua publicação. permanente, considerados o desgaste e
prazos de validade.
PAULO DE TARSO VANNUCHI
6) Assegurar que os equipamentos de pro-
Ministro de Estado Chefe da Secretaria de teção individual contemplem as diferenças
Direitos Humanos da Presidência da Repú- de gênero e de compleição física.
blica
7) Garantir aos profissionais de segurança
LUIZ PAULO TELES FERREIRA BARRETO
pública instrução e treinamento continuado
Ministro de Estado da Justiça quanto ao uso correto dos equipamentos
de proteção individual.
ANEXO 8) Zelar pela adequação, manutenção e
permanente renovação de todos os veícu-
DIREITOS CONSTITUCIONAIS E
los utilizados no exercício profissional, bem
PARTICIPAÇÃO CIDADÃ
como assegurar instalações dignas em to-
1) Adequar as leis e regulamentos discipli- das as instituições, com ênfase para as con-
nares que versam sobre direitos e deveres dições de segurança, higiene, saúde e am-
dos profissionais de segurança pública à biente de trabalho.
Constituição Federal de 1988.

34
curso – matéria – Prof.

9) Considerar, no repasse de verbas federais mento em atividades de participação cida-


aos entes federados, a efetiva disponibiliza- dã após a fase de serviço ativo.
ção de equipamentos de proteção individu-
al aos profissionais de segurança pública. 16) Implementar os paradigmas de acessibi-
lidade e empregabilidade das pessoas com
deficiência em instalações e equipamentos
DIREITO À DIVERSIDADE do sistema de segurança pública, assegu-
rando a reserva constitucional de vagas nos
10) Adotar orientações, medidas e práticas concursos públicos.
concretas voltadas à prevenção, identifica-
ção e enfrentamento do racismo nas insti-
tuições de segurança pública, combatendo SAÚDE
qualquer modalidade de preconceito.
17) Oferecer ao profissional de segurança
11) Garantir respeito integral aos direitos pública e a seus familiares, serviços perma-
constitucionais das profissionais de segu- nentes e de boa qualidade para acompa-
rança pública femininas, considerando as nhamento e tratamento de saúde.
especificidades relativas à gestação e à
amamentação, bem como as exigências 18) Assegurar o acesso dos profissionais
permanentes de cuidado com filhos crian- do sistema de segurança pública ao aten-
ças e adolescentes, assegurando a elas ins- dimento independente e especializado em
talações físicas e equipamentos individuais saúde mental.
específicos sempre que necessário. 19) Desenvolver programas de acompanha-
12) Proporcionar espaços e oportunidades mento e tratamento destinados aos profissio-
nas instituições de segurança pública para nais de segurança pública envolvidos em ações
organização de eventos de integração fami- com resultado letal ou alto nível de estresse.
liar entre todos os profissionais, com ênfase 20) Implementar políticas de prevenção,
em atividades recreativas, esportivas e cul- apoio e tratamento do alcoolismo, tabagis-
turais voltadas a crianças, adolescentes e mo ou outras formas de drogadição e de-
jovens. pendência química entre profissionais de
13) Fortalecer e disseminar nas instituições segurança pública.
a cultura de não discriminação e de pleno 21) Desenvolver programas de prevenção ao
respeito à liberdade de orientação sexual suicídio, disponibilizando atendimento psi-
do profissional de segurança pública, com quiátrico, núcleos terapêuticos de apoio e
ênfase no combate à homofobia. divulgação de informações sobre o assunto.
14) Aproveitar o conhecimento e a vivência 22) Criar núcleos terapêuticos de apoio vol-
dos profissionais de segurança pública ido- tados ao enfrentamento da depressão, es-
sos, estimulando a criação de espaços insti- tresse e outras alterações psíquicas.
tucionais para transmissão de experiências,
bem como a formação de equipes de traba- 23) Possibilitar acesso a exames clínicos e
lho composta por servidores de diferentes laboratoriais periódicos para identificação
faixas etárias para exercitar a integração in- dos fatores mais comuns de risco à saúde.
tergeracional.
24) Prevenir as consequências do uso conti-
15) Estabelecer práticas e serviços internos nuado de equipamentos de proteção indivi-
que contemplem a preparação do profis- dual e outras doenças profissionais ocasio-
sional de segurança pública para o período nadas por esforço repetitivo, por meio de
de aposentadoria, estimulando o prossegui acompanhamento médico especializado.

35
25) Estimular a prática regular de exercícios 32) Erradicar todas as formas de punição
físicos, garantindo a adoção de mecanismos envolvendo maus tratos, tratamento cruel,
que permitam o cômputo de horas de ativi- desumano ou degradante contra os profis-
dade física como parte da jornada semanal sionais de segurança pública, tanto no coti-
de trabalho. diano funcional como em atividades de for-
mação e treinamento.
26) Elaborar cartilhas voltadas à reeduca-
ção alimentar como forma de diminuição de 33) Combater o assédio sexual e moral nas
condições de risco à saúde e como fator de instituições, veiculando campanhas inter-
bem-estar profissional e autoestima. nas de educação e garantindo canais para o
recebimento e apuração de denúncias.
34) Garantir que todos os atos decisórios de
REABILITAÇÃO E REINTEGRAÇÃO
superiores hierárquicos dispondo sobre pu-
27) Promover a reabilitação dos profissio- nições, escalas, lotação e transferências se-
nais de segurança pública que adquiram jam devidamente motivados e fundamenta-
lesões, traumas, deficiências ou doenças dos.
ocupacionais em decorrência do exercício 35) Assegurar a regulamentação da jornada
de suas atividades. de trabalho dos profissionais de segurança
28) Consolidar, como valor institucional, a pública, garantindo o exercício do direito à
importância da readaptação e da reintegra- convivência familiar e comunitária.
ção dos profissionais de segurança pública
ao trabalho em casos de lesões, traumas,
deficiências ou doenças ocupacionais ad- SEGUROS E AUXÍLIOS
quiridos em decorrência do exercício de 36) Apoiar projetos de leis que instituam se-
suas atividades. guro especial aos profissionais de segurança
29) Viabilizar mecanismos de readaptação pública, para casos de acidentes e traumas
dos profissionais de segurança pública e des- incapacitantes ou morte em serviço.
locamento para novas funções ou postos de 37) Organizar serviços de apoio, orientação
trabalho como alternativa ao afastamento psicológica e assistência social às famílias
definitivo e à inatividade em decorrência de de profissionais de segurança pública para
acidente de trabalho, ferimentos ou sequelas. casos de morte em serviço.
38) Estimular a instituição de auxílio-funeral
DIGNIDADE E SEGURANÇA NO destinado às famílias de profissionais de se-
TRABALHO gurança pública ativos e inativos.
30) Manter política abrangente de preven-
ção de acidentes e ferimentos, incluindo a ASSISTÊNCIA JURÍDICA
padronização de métodos e rotinas, ativi-
dades de atualização e capacitação, bem 39) Firmar parcerias com Defensorias Pú-
como a constituição de comissão especiali- blicas, serviços de atendimento jurídico de
zada para coordenar esse trabalho. faculdades de Direito, núcleos de advocacia
pro bono e outras instâncias de advocacia
31) Garantir aos profissionais de segurança gratuita para assessoramento e defesa dos
pública acesso ágil e permanente a toda in- profissionais de segurança pública, em ca-
formação necessária para o correto desem- sos decorrentes do exercício profissional.
penho de suas funções, especialmente no
tocante à legislação a ser observada.

36
curso – matéria – Prof.

40) Proporcionar assistência jurídica para 47) Promover nas instituições de segurança
fins de recebimento de seguro, pensão, auxí- pública uma cultura que valorize o aprimo-
lio ou outro direito de familiares, em caso de ramento profissional constante de seus ser-
morte do profissional de segurança pública. vidores também em outras áreas do conhe-
cimento, distintas da segurança pública.
HABITAÇÃO 48) Estimular iniciativas voltadas ao aperfei-
çoamento profissional e à formação conti-
41) Garantir a implementação e a divulga- nuada dos profissionais de segurança públi-
ção de políticas e planos de habitação volta- ca, como o projeto de ensino a distância do
dos aos profissionais de segurança pública, governo federal e a Rede Nacional de Altos
com a concessão de créditos e financiamen- Estudos em Segurança Pública (Renaesp).
tos diferenciados.
49) Assegurar o aperfeiçoamento profissio-
nal e a formação continuada como direitos
CULTURA E LAZER do profissional de segurança pública.
42) Conceber programas e parcerias que
estimulem o acesso à cultura pelos profis- PRODUÇÃO DE CONHECIMENTOS
sionais de segurança pública e suas famílias,
mediante vales para desconto ou ingresso 50) Assegurar a produção e divulgação regu-
gratuito em cinemas, teatros, museus e ou- lar de dados e números envolvendo mortes,
tras atividades, e que garantam o incentivo lesões e doenças graves sofridas por profis-
à produção cultural própria. sionais de segurança pública no exercício ou
em decorrência da profissão.
43) Promover e estimular a realização de
atividades culturais e esportivas nas instala- 51) Utilizar os dados sobre os processos
ções físicas de academias de polícia, quar- disciplinares e administrativos movidos em
téis e outros prédios das corporações, em face de profissionais de segurança pública
finais de semana ou outros horários de dis- para identificar vulnerabilidades dos treina-
ponibilidade de espaços e equipamentos. mentos e inadequações na gestão de recur-
sos humanos.
44) Estimular a realização de atividades cul-
turais e esportivas desenvolvidas por asso- 52) Aprofundar e sistematizar os conheci-
ciações, sindicatos e clubes dos profissio- mentos sobre diagnose e prevenção de do-
nais de segurança pública. enças ocupacionais entre profissionais de
segurança pública.

EDUCAÇÃO 53) Identificar locais com condições de


trabalho especialmente perigosas ou insa-
45) Estimular os profissionais de segurança lubres, visando à prevenção e redução de
pública a frequentar programas de forma- danos e de riscos à vida e à saúde dos pro-
ção continuada, estabelecendo como obje- fissionais de segurança pública.
tivo de longo prazo a universalização da gra-
duação universitária. 54) Estimular parcerias entre universidades
e instituições de segurança pública para
46) Promover a adequação dos currículos diagnóstico e elaboração de projetos volta-
das academias à Matriz Curricular Nacional, dos à melhoria das condições de trabalho
assegurando a inclusão de disciplinas volta- dos profissionais de segurança pública.
das ao ensino e à compreensão do sistema
e da política nacional de segurança pública 55) Realizar estudos e pesquisas com a par-
e dos Direitos Humanos. ticipação de profissionais de segurança pú-

37
blica sobre suas condições de trabalho e a 61) Multiplicar iniciativas para promoção da
eficácia dos programas e serviços a eles dis- saúde e da qualidade de vida dos profissio-
ponibilizados por suas instituições. nais de segurança pública.
62) Apoiar o desenvolvimento, a regula-
ESTRUTURAS E EDUCAÇÃO EM mentação e o aperfeiçoamento dos progra-
DIREITOS HUMANOS mas de atenção biopsicossocial já existen-
tes.
56) Constituir núcleos, divisões e unidades
especializadas em Direitos Humanos nas 63) Profissionalizar a gestão das instituições
academias e na estrutura regular das insti- de segurança pública, fortalecendo uma cul-
tuições de segurança pública, incluindo en- tura gerencial enfocada na necessidade de
tre suas tarefas a elaboração de livros, car- elaborar diagnósticos, planejar, definir me-
tilhas e outras publicações que divulguem tas explícitas e monitorar seu cumprimento.
dados e conhecimentos sobre o tema. 64) Ampliar a formação técnica específica
57) Promover a multiplicação de cursos para gestores da área de segurança pública.
avançados de Direitos Humanos nas insti- 65) Veicular campanhas de valorização pro-
tuições, que contemplem o ensino de ma- fissional voltadas ao fortalecimento da ima-
térias práticas e teóricas e adotem o Plano gem institucional dos profissionais de segu-
Nacional de Educação em Direitos Humanos rança pública.
como referência.
66) Definir e monitorar indicadores de satis-
58) Atualizar permanentemente o ensino fação e de realização profissional dos profis-
de Direitos Humanos nas academias, refor- sionais de segurança pública.
çando nos cursos a compreensão de que os
profissionais de segurança pública também 67) Estimular a participação dos profissio-
são titulares de Direitos Humanos, devem nais de segurança pública na elaboração de
agir como defensores e promotores desses todas as políticas e programas que os envol-
direitos e precisam ser vistos desta forma vam.
pela comunidade.
59) Direcionar as atividades de formação
no sentido de consolidar a compreensão
de que a atuação do profissional de segu-
rança pública orientada por padrões inter-
nacionais de respeito aos Direitos Humanos
não dificulta, nem enfraquece a atividade
das instituições de segurança pública, mas
confere-lhes credibilidade, respeito social e
eficiência superior.

VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL
60) Contribuir para a implementação de
planos voltados à valorização profissional e
social dos profissionais de segurança públi-
ca, assegurado o respeito a critérios básicos
de dignidade salarial.

38
curso – matéria – Prof.

PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 4.226, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2010 (A)

DOU de 03/01/2011 (nº 1, Seção 1, pág. 27) ações envolvendo agentes de segurança públi-
ca; e,
Estabelece Diretrizes sobre o Uso da Força pelos
Agentes de Segurança Pública. considerando as conclusões do Grupo de Traba-
lho, criado para elaborar proposta de Diretrizes
O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA E O MI- sobre Uso da Força, composto por representan-
NISTRO DE ESTADO CHEFE DA SECRETARIA DE tes das Polícias Federais, Estaduais e Guardas
DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA RE- Municipais, bem como com representantes da
PÚBLICA, no uso das atribuições que lhes confe- sociedade civil, da Secretaria de Direitos Huma-
rem os incisos I e II, do parágrafo único, do art. nos da Presidência da República e do Ministério
87, da Constituição Federal e, da Justiça, resolvem:
considerando que a concepção do direito à se- Art. 1º Ficam estabelecidas Diretrizes sobre o
gurança pública com cidadania demanda a se- Uso da Força pelos Agentes de Segurança Públi-
dimentação de políticas públicas de segurança ca, na forma do Anexo I desta Portaria.
pautadas no respeito aos direitos humanos;
Parágrafo único. Aplicam-se às Diretri-
considerando o disposto no Código de Conduta zes estabelecidas no Anexo I, as definições
para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação constantes no Anexo II desta Portaria.
da Lei, adotado pela Assembléia Geral das Nações
Unidas na sua Resolução 34/169, de 17 de dezem- Art. 2º A observância das diretrizes menciona-
bro de 1979, nos Princípios Básicos sobre o Uso da das no artigo anterior passa a ser obrigatória
Força e Armas de Fogo pelos Funcionários Respon- pelo Departamento de Polícia Federal, pelo De-
sáveis pela Aplicação da Lei, adotados pelo Oitavo partamento de Polícia Rodoviária Federal, pelo
Congresso das Nações Unidas para a Prevenção do Departamento Penitenciário Nacional e pela
Crime e o Tratamento dos Delinqüentes, realiza- Força Nacional de Segurança Pública.
do em Havana, Cuba, de 27 de agosto a 7 de se-
tembro de 1999, nos Princípios orientadores para § 1º As unidades citadas no caput deste ar-
a Aplicação Efetiva do Código de Conduta para os tigo terão 90 dias, contados a partir da pu-
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei, blicação desta Portaria, para adequar seus
adotados pelo Conselho Econômico e Social das procedimentos operacionais e seu processo
Nações Unidas na sua Resolução 1.989/61, de 24 de formação e treinamento às diretrizes su-
de maio de 1989 e na Convenção Contra a Tortura pramencionadas.
e outros Tratamentos ou penas Cruéis, Desuma- § 2º As unidades citadas no caput deste arti-
nos ou Degradantes, adotado pela Assembléia Ge- go terão 60 dias, contados a partir da publi-
ral das Nações Unidas, em sua XL Sessão, realizada cação desta Portaria, para fixar a normatiza-
em Nova York em 10 de dezembro de 1984 e pro- ção mencionada na diretriz nº 9 e para criar a
mulgada pelo Decreto nº 40, de 15 de fevereiro de comissão mencionada na diretriz nº 23.
1991 (1) ;
§ 3º As unidades citadas no caput deste
considerando a necessidade de orientação e pa- artigo terão 60 dias, contados a partir da
dronização dos procedimentos da atuação dos publicação desta Portaria, para instituir Co-
agentes de segurança pública aos princípios in- missão responsável por avaliar sua situação
ternacionais sobre o uso da força; interna em relação às diretrizes não men-
considerando o objetivo de reduzir paulatina- cionadas nos parágrafos anteriores e propor
mente os índices de letalidade resultantes de medidas para assegurar as adequações ne-
cessárias.

39
Art. 3º A Secretaria de Direitos Humanos da Prevenção do Crime e o Tratamento dos De-
Presidência da República e o Ministério da Jus- linquentes, realizado em Havana, Cuba, de
tiça estabelecerão mecanismos para estimular e 27 de agosto a 7 de setembro de 1999;
monitorar iniciativas que visem à implementa- d) a Convenção Contra a Tortura e outros
ção de ações para efetivação das diretrizes tra- Tratamentos ou penas Cruéis, Desumanos
tadas nesta Portaria pelos entes federados, res- ou Degradantes, adotada pela Assembléia
peitada a repartição de competências prevista Geral das Nações Unidas, em sua XL Sessão,
no art. 144 da Constituição Federal. realizada em Nova York em 10 de dezembro
Art. 4º A Secretaria Nacional de Segurança Pública de 1984 e promulgada pelo Decreto nº 40,
do Ministério da Justiça levará em consideração a de 15 de fevereiro de 1991.
observância das diretrizes tratadas nesta Portaria 2. O uso da força por agentes de segurança
no repasse de recursos aos entes federados. pública deverá obedecer aos princípios da
Art. 5º Esta Portaria entra em vigor na data de legalidade, necessidade, proporcionalidade,
sua publicação. moderação e conveniência.
3. Os agentes de segurança pública não de-
LUIZ PAULO BARRETO – Ministro de Estado da verão disparar armas de fogo contra pesso-
Justiça as, exceto em casos de legítima defesa pró-
PAULO DE TARSO VANNUCHI – Ministro de Esta- pria ou de terceiro contra perigo iminente
do Chefe da Secretaria de Direitos Humanos da de morte ou lesão grave.
Presidência da República 4. Não é legítimo o uso de armas de fogo
contra pessoa em fuga que esteja desarma-
ANEXO I da ou que, mesmo na posse de algum tipo
de arma, não represente risco imediato de
DIRETRIZES SOBRE O USO DA FORÇA E morte ou de lesão grave aos agentes de se-
ARMAS DE FOGO PELOS AGENTES DE gurança pública ou terceiros.
SEGURANÇA PÚBLICA 5. Não é legítimo o uso de armas de fogo
1. O uso da força pelos agentes de segurança contra veículo que desrespeite bloqueio
pública deverá se pautar nos documentos in- policial em via pública, a não ser que o ato
ternacionais de proteção aos direitos huma- represente um risco imediato de morte ou
nos e deverá considerar, primordialmente: lesão grave aos agentes de segurança públi-
ca ou terceiros.
a) ao Código de Conduta para os Funcio-
6. Os chamados "disparos de advertência"
nários Responsáveis pela Aplicação da Lei,
não são considerados prática aceitável, por
adotado pela Assembléia Geral das Nações
não atenderem aos princípios elencados na
Unidas na sua Resolução 34/169, de 17 de
Diretriz nº 2 e em razão da imprevisibilidade
dezembro de 1979;
de seus efeitos.
b) os Princípios orientadores para a Aplica-
7. O ato de apontar arma de fogo contra
ção Efetiva do Código de Conduta para os
pessoas durante os procedimentos de abor-
Funcionários Responsáveis pela Aplicação
dagem não deverá ser uma prática rotineira
da Lei, adotados pelo Conselho Econômico
e indiscriminada.
e Social das Nações Unidas na sua Resolu-
ção 1.989/61, de 24 de maio de 1989; 8. Todo agente de segurança pública que,
em razão da sua função, possa vir a se en-
c) os Princípios Básicos sobre o Uso da Força
volver em situações de uso da força, deverá
e Armas de Fogo pelos Funcionários Respon-
portar no mínimo 2 (dois) instrumentos de
sáveis pela Aplicação da Lei, adotados pelo
menor potencial ofensivo e equipamentos
Oitavo Congresso das Nações Unidas para a

40
curso – matéria – Prof.

de proteção necessários à atuação especí- aos seus respectivos portadores no mo-


fica, independentemente de portar ou não mento da ocorrência;
arma de fogo. c) solicitar perícia criminalística para o exa-
9. Os órgãos de segurança pública deverão me de local e objetos bem como exames
editar atos normativos disciplinando o uso médico-legais;
da força por seus agentes, definindo objeti- d) comunicar os fatos aos familiares ou ami-
vamente: gos da(s) pessoa(s) ferida(s) ou morta(s);
a) os tipos de instrumentos e técnicas auto- e) iniciar, por meio da Corregedoria da ins-
rizadas; tituição, ou órgão equivalente, investigação
b) as circunstâncias técnicas adequadas à imediata dos fatos e circunstâncias do em-
sua utilização, ao ambiente/entorno e ao prego da força;
risco potencial a terceiros não envolvidos f) promover a assistência médica às pessoas
no evento; feridas em decorrência da intervenção, in-
c) o conteúdo e a carga horária mínima para cluindo atenção às possíveis sequelas;
habilitação e atualização periódica ao uso g) promover o devido acompanhamento
de cada tipo de instrumento; psicológico aos agentes de segurança pú-
d) a proibição de uso de armas de fogo e blica envolvidos, permitindo-lhes superar
munições que provoquem lesões desneces- ou minimizar os efeitos decorrentes do fato
sárias e risco injustificado; e ocorrido; e
e) o controle sobre a guarda e utilização de h) afastar temporariamente do serviço ope-
armas e munições pelo agente de seguran- racional, para avaliação psicológica e redu-
ça pública. ção do estresse, os agentes de segurança
10. Quando o uso da força causar lesão ou pública envolvidos diretamente em ocor-
morte de pessoa(s), o agente de segurança rências com resultado letal.
pública envolvido deverá realizar as seguin- 12. Os critérios de recrutamento e seleção
tes ações: para os agentes de segurança pública deve-
a) facilitar a prestação de socorro ou assis- rão levar em consideração o perfil psicoló-
tência médica aos feridos; gico necessário para lidar com situações de
estresse e uso da força e arma de fogo.
b) promover a correta preservação do local
da ocorrência; 13. Os processos seletivos para ingresso nas
instituições de segurança pública e os cur-
c) comunicar o fato ao seu superior imedia- sos de formação e especialização dos agen-
to e à autoridade competente; e tes de segurança pública devem incluir con-
d) preencher o relatório individual corres- teúdos relativos a direitos humanos.
pondente sobre o uso da força, disciplinado 14. As atividades de treinamento fazem par-
na Diretriz nº 22. te do trabalho rotineiro do agente de segu-
11. Quando o uso da força causar lesão ou rança pública e não deverão ser realizadas
morte de pessoa(s), o órgão de segurança em seu horário de folga, de maneira a se-
pública deverá realizar as seguintes ações: rem preservados os períodos de descanso,
lazer e convivência sócio-familiar.
a) facilitar a assistência e/ou auxílio médico
dos feridos; 15. A seleção de instrutores para ministra-
rem aula em qualquer assunto que englobe
b) recolher e identificar as armas e muni- o uso da força deverá levar em conta análise
ções de todos os envolvidos, vinculando-as rigorosa de seu currículo formal e tempo de

41
serviço, áreas de atuação, experiências an- acompanhamento da letalidade, com o ob-
teriores em atividades fim, registros funcio- jetivo de monitorar o uso efetivo da força
nais, formação em direitos humanos e nive- pelos seus agentes.
lamento em ensino. Os instrutores deverão 24. Os agentes de segurança pública deve-
ser submetidos à aferição de conhecimen- rão preencher um relatório individual todas
tos teóricos e práticos e sua atuação deve as vezes que dispararem arma de fogo e/
ser avaliada. ou fizerem uso de instrumentos de menor
16. Deverão ser elaborados procedimen- potencial ofensivo, ocasionando lesões ou
tos de habilitação para o uso de cada tipo mortes. O relatório deverá ser encaminha-
de arma de fogo e instrumento de menor do à comissão interna mencionada na Di-
potencial ofensivo que incluam avaliação retriz nº 23 e deverá conter no mínimo as
técnica, psicológica, física e treinamento es- seguintes informações:
pecífico, com previsão de revisão periódica a) circunstâncias e justificativa que levaram
mínima. o uso da força ou de arma de fogo por parte
17. Nenhum agente de segurança públi- do agente de segurança pública;
ca deverá portar armas de fogo ou instru- b) medidas adotadas antes de efetuar os
mento de menor potencial ofensivo para o disparos/usar instrumentos de menor po-
qual não esteja devidamente habilitado e tencial ofensivo, ou as razões pelas quais
sempre que um novo tipo de arma ou ins- elas não puderam ser contempladas;
trumento de menor potencial ofensivo for
introduzido na instituição deverá ser esta- c) tipo de arma e de munição, quantidade
belecido um módulo de treinamento espe- de disparos efetuados, distância e pessoa
cífico com vistas à habilitação do agente. contra a qual foi disparada a arma;
18. A renovação da habilitação para uso d) instrumento(s) de menor potencial ofen-
de armas de fogo em serviço deve ser feita sivo utilizado(s), especificando a freqüência,
com periodicidade mínima de 1 (um) ano. a distância e a pessoa contra a qual foi utili-
zado o instrumento;
19. Deverá ser estimulado e priorizado,
sempre que possível, o uso de técnicas e e) quantidade de agentes de segurança pú-
instrumentos de menor potencial ofensi- blica feridos ou mortos na ocorrência, meio
vo pelos agentes de segurança pública, de e natureza da lesão;
acordo com a especificidade da função ope- f) quantidade de feridos e/ou mortos atin-
racional e sem se restringir às unidades es- gidos pelos disparos efetuados pelo(s)
pecializadas. agente(s) de segurança pública;
20. Deverão ser incluídos nos currículos dos g) número de feridos e/ou mortos atingi-
cursos de formação e programas de educa- dos pelos instrumentos de menor potencial
ção continuada conteúdos sobre técnicas e ofensivo utilizados pelo(s) agente(s) de se-
instrumentos de menor potencial ofensivo. gurança pública;
21. As armas de menor potencial ofensivo h) número total de feridos e/ou mortos du-
deverão ser separadas e identificadas de rante a missão;
forma diferenciada, conforme a necessida-
de operacional. i) quantidade de projéteis disparados que
atingiram pessoas e as respectivas regiões
22. O uso de técnicas de menor potencial corporais atingidas;
ofensivo deve ser constantemente avaliado.
j) quantidade de pessoas atingidas pelos
23. Os órgãos de segurança pública deve- instrumentos de menor potencial ofensivo
rão criar comissões internas de controle e e as respectivas regiões corporais atingidas;

42
curso – matéria – Prof.

k) ações realizadas para facilitar a assistência do vidas e minimizando danos a integridade


e/ou auxílio médico, quando for o caso; e das pessoas envolvidas.
l) se houve preservação do local e, em caso Nível do Uso da Força: Intensidade da força
negativo, apresentar justificativa. escolhida pelo agente de segurança pública
25. Os órgãos de segurança pública deverão, em resposta a uma ameaça real ou potencial.
observada a legislação pertinente, oferecer Princípio da Conveniência: A força não poderá
possibilidades de reabilitação e reintegra- ser empregada quando, em função do contex-
ção ao trabalho aos agentes de segurança to, possa ocasionar danos de maior relevância
pública que adquirirem deficiência física em do que os objetivos legais pretendidos.
decorrência do desempenho de suas ativi- Princípio da Legalidade: Os agentes de se-
dades. gurança pública só poderão utilizar a força
ANEXO II para a consecução de um objetivo legal e
nos estritos limites da lei.
Glossário Princípio da Moderação: O emprego da for-
ça pelos agentes de segurança pública deve
Armas de menor potencial ofensivo: Armas sempre que possível, além de proporcional,
projetadas e/ou empregadas, especifica- ser moderado, visando sempre reduzir o
mente, com a finalidade de conter, debilitar emprego da força.
ou incapacitar temporariamente pessoas,
preservando vidas e minimizando danos à Princípio da Necessidade: Determinado nível
sua integridade. de força só pode ser empregado quando níveis
de menor intensidade não forem suficientes
Equipamentos de menor potencial ofensivo: para atingir os objetivos legais pretendidos.
Todos os artefatos, excluindo armas e mu-
nições, desenvolvidos e empregados com a Princípio da Proporcionalidade: O nível da
finalidade de conter, debilitar ou incapacitar força utilizado deve sempre ser compatível
temporariamente pessoas, para preservar com a gravidade da ameaça representada
vidas e minimizar danos à sua integridade. pela ação do opositor e com os objetivos pre-
tendidos pelo agente de segurança pública.
Equipamentos de proteção: Todo disposi-
tivo ou produto, de uso individual (EPI) ou Técnicas de menor potencial ofensivo: Conjun-
coletivo (EPC) destinado a redução de riscos to de procedimentos empregados em interven-
à integridade física ou à vida dos agentes de ções que demandem o uso da força, através do
segurança pública. uso de instrumentos de menor potencial ofen-
sivo, com intenção de preservar vidas e minimi-
Força: Intervenção coercitiva imposta à pes- zar danos à integridade das pessoas.
soa ou grupo de pessoas por parte do agen-
te de segurança pública com a finalidade de Uso Diferenciado da Força: Seleção apro-
preservar a ordem pública e a lei. priada do nível de uso da força em resposta
a uma ameaça real ou potencial visando li-
Instrumentos de menor potencial ofensivo: mitar o recurso a meios que possam causar
Conjunto de armas, munições e equipa- ferimentos ou mortes.
mentos desenvolvidos com a finalidade de
preservar vidas e minimizar danos à integri-
dade das pessoas.
Munições de menor potencial ofensivo:
Munições projetadas e empregadas, especi-
ficamente, para conter, debilitar ou incapa-
citar temporariamente pessoas, preservan-

43
DECRETO Nº 48.118, DE 27 DE JUNHO DE 2011.
(publicado no DOE nº 123 de 28 de junho de 2011)

Dispõe sobre o tratamento nominal, inclusão e DECRETA:


uso do nome social de travestis e transexuais Art. 1º Nos procedimentos e atos dos Órgãos da
nos registros estaduais relativos a serviços pú- Administração Pública Estadual Direta e Indireta
blicos prestados no âmbito do Poder Executivo de atendimento a travestis e transexuais deverá
Estadual e dá providências. ser assegurado o direito à escolha de seu nome
social, independentemente de registro civil, nos
O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE termos deste Decreto.
DO SUL, no uso da atribuição que lhe confere
o art. 82, inciso V, da Constituição do Estado, e Parágrafo único. Para fins deste Decreto,
considerando que a dignidade da pessoa huma- nome social é aquele pelo qual travestis e
na é princípio fundamental do Estado Democrá- transexuais se identificam e são identifica-
tico de Direito e da República Federativa do Bra- dos pela sociedade.
sil, conforme dispõe o art. 1º, incisos II e III, da Art. 2º O nome civil deve ser exigido apenas
Constituição Federal; para uso interno da instituição, acompanhado
do nome social do usuário, o qual será exteriori-
considerando que a igualdade, a liberdade e a zado nos atos e expedientes administrativos.
autonomia individual são princípios constitu-
cionais que orientam a atuação do Estado e im- Art. 3º Nos casos em que o interesse público
põem a realização de políticas públicas exigir, inclusive para salvaguardar direitos de
terceiros, será considerado o nome civil da pes-
destinadas à promoção da cidadania e respeito soa travesti ou transexual.
às diferenças humanas, incluídas as diferenças Art. 4º A pessoa interessada indicará no mo-
sexuais; mento do preenchimento do cadastro, formu-
considerando que os direitos da diversidade se- lário, prontuário e documento congênere, ou
xual constituem direitos humanos e que a sua ao se apresentar para o atendimento, o preno-
proteção requer ações efetivas do Estado no me pelo qual queira ser identificada, na forma
sentido de assegurar o pleno exercício da cida- como é reconhecida e denominada por sua co-
dania e a integral inclusão social da população munidade e em sua inserção social.
de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transe- § 1º Os servidores públicos deverão tratar a
xuais – LGBT; pessoa pelo nome social constante dos atos
considerando o Parecer nº 739/2009 do Conse- escritos.
lho Estadual de Educação que aconselha às es- § 2º O prenome anotado no registro civil
colas do Sistema Estadual de Ensino a adoção deve ser utilizado para os atos que ense-
do nome social escolhido pelo aluno pertencen- jarão a emissão de documentos oficiais,
te aos grupos transexuais e travestis, tendo em acompanhado do prenome escolhido.
vista que vai ao encontro de um padrão huma- § 3º Os documentos obrigatórios de identi-
nístico afinado com os temas da inclusão social ficação e de registro civil serão emitidos nos
e da aceitação da diversidade humana; e termos da legislação própria.
considerando que é direito de toda pessoa a li- Art. 5º É assegurado ao servidor público traves-
vre expressão da sua identidade sexual e que o ti ou transexual a utilização do seu nome social
nome não pode ser indutor de constrangimen- mediante requerimento à Administração Públi-
tos nem de preconceitos; ca Estadual direta e indireta, nas seguintes situ-
ações:

44
curso – matéria – Prof.

I – cadastro de dados e informações de uso


social;
II – comunicações internas de uso social;
III – endereço de correio eletrônico;
IV – identificação funcional de uso interno
do órgão;
V – lista de ramais do órgão; e
VI – nome de usuário em sistemas de infor-
mática.
§ 1º No caso do inciso IV, o nome social de-
verá ser anotado no anverso e o nome civil
no verso da identificação funcional.
§ 2º Nos Sistemas de Recursos Humanos,
será implementado campo para a inscrição
do nome social indicado pelo servidor.
Art. 6º As escolas da rede de ensino público es-
tadual ficam autorizadas a incluir o nome social
de travestis e transexuais nos registros escolares
para garantir o acesso, a permanência e o êxito
desses cidadãos no processo de escolarização e
de aprendizagem.
Art. 7º O descumprimento do disposto neste
Decreto por servidor público estadual fica sujei-
to às penalidades previstas na Lei Complemen-
tar nº 10.098, de 3 de fevereiro de 1994.
Art. 8º Caberá à Secretaria da Justiça e dos Di-
reitos Humanos, por meio da Coordenadoria de
Diversidade Sexual, promover ampla divulgação
deste Decreto para esclarecimento sobre os di-
reitos e deveres nele assegurados.
Art. 9º Os órgãos públicos estaduais deverão,
no prazo de noventa dias, promover as neces-
sárias adaptações nas normas e procedimentos
internos à aplicação do disposto neste Decreto.
Art. 10. Este Decreto entra em vigor na data de
sua publicação.
PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre, 27 de
junho de 2011.

45
DECRETO Nº 49.122 DE 17/05/2012
(PUBLICADO NO DOE EM 17 MAIO 2012)

Institui a Carteira de Nome Social para Travestis


e Transexuais no Estado do Rio Grande do Sul.
O Governador do Estado do Rio Grande do Sul,
no uso das atribuições que lhe confere o art. 82,
inciso V, da Constituição do Estado,
Decreta:
Art. 1º Fica instituída a Carteira de Nome So-
cial para Travestis e Transexuais no Estado do Rio
Grande do Sul, para o exercício dos direitos previs-
tos no Decreto nº 48.118, de 27 de junho de 2011.
Art. 2º A Carteira de Nome Social terá o modelo
previsto no Anexo Único deste Decreto no qual
deverá constar, obrigatoriamente, os seguintes
dizeres: Válida para tratamento nominal nos
Órgãos e Entidades do Poder Executivo do Rio
Grande do Sul.
Art. 3º É requisito obrigatório para confecção da
Carteira de Nome Social a prévia identificação
civil no Estado do Rio Grande do Sul.
Art. 4º Expedida a Carteira, o prenome escolhi-
do não poderá ser alterado.
Art. 5º Caberá ao Instituto-Geral de Perícias a
confecção da Carteira de Nome Social, que co-
meçará a ser expedida no prazo de noventa dias
após a publicação deste Decreto.
Art. 6º O Instituto-Geral de Perícias fica auto-
rizado a regulamentar administrativamente o
procedimento para a expedição da Carteira de
Nome Social.
Art. 7º Este Decreto entra em vigor na data de
sua publicação.
PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre, 17 de maio
de 2012.

46
curso – matéria – Prof.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL – 1988

TÍTULO II VIII – ninguém será privado de direitos por


motivo de crença religiosa ou de convicção
Dos Direitos e Garantias filosófica ou política, salvo se as invocar
para eximir-se de obrigação legal a todos
Fundamentais
imposta e recusar-se a cumprir prestação
alternativa, fixada em lei;
IX – é livre a expressão da atividade intelec-
CAPÍTULO I tual, artística, científica e de comunicação,
DOS DIREITOS E DEVERES independentemente de censura ou licença;
INDIVIDUAIS E COLETIVOS X – são invioláveis a intimidade, a vida pri-
vada, a honra e a imagem das pessoas, as-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem dis-
segurado o direito a indenização pelo dano
tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
material ou moral decorrente de sua viola-
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
ção;
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo,
termos seguintes: ninguém nela podendo penetrar sem con-
sentimento do morador, salvo em caso de
I – homens e mulheres são iguais em direi-
flagrante delito ou desastre, ou para prestar
tos e obrigações, nos termos desta Consti-
socorro, ou, durante o dia, por determina-
tuição;
ção judicial;
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar
XII – é inviolável o sigilo da correspondência
de fazer alguma coisa senão em virtude de
e das comunicações telegráficas, de dados e
lei;
das comunicações telefônicas, salvo, no úl-
III – ninguém será submetido a tortura nem timo caso, por ordem judicial, nas hipóteses
a tratamento desumano ou degradante; e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução proces-
IV – é livre a manifestação do pensamento, sual penal;
sendo vedado o anonimato;
XIII – é livre o exercício de qualquer traba-
V – é assegurado o direito de resposta, pro- lho, ofício ou profissão, atendidas as quali-
porcional ao agravo, além da indenização ficações profissionais que a lei estabelecer;
por dano material, moral ou à imagem;
XIV – é assegurado a todos o acesso à in-
VI – é inviolável a liberdade de consciência e formação e resguardado o sigilo da fonte,
de crença, sendo assegurado o livre exercí- quando necessário ao exercício profissional;
cio dos cultos religiosos e garantida, na for-
ma da lei, a proteção aos locais de culto e a XV – é livre a locomoção no território na-
suas liturgias; cional em tempo de paz, podendo qualquer
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, per-
VII – é assegurada, nos termos da lei, a pres- manecer ou dele sair com seus bens;
tação de assistência religiosa nas entidades
civis e militares de internação coletiva; XVI – todos podem reunir-se pacificamente,
sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde

47
que não frustrem outra reunião anterior- XXVII – aos autores pertence o direito ex-
mente convocada para o mesmo local, sen- clusivo de utilização, publicação ou repro-
do apenas exigido prévio aviso à autoridade dução de suas obras, transmissível aos her-
competente; deiros pelo tempo que a lei fixar;
XVII – é plena a liberdade de associação XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:
para fins lícitos, vedada a de caráter para-
militar; a) a proteção às participações individuais
em obras coletivas e à reprodução da ima-
XVIII – a criação de associações e, na forma gem e voz humanas, inclusive nas ativida-
da lei, a de cooperativas independem de au- des desportivas;
torização, sendo vedada a interferência es-
tatal em seu funcionamento; b) o direito de fiscalização do aproveita-
mento econômico das obras que criarem
XIX – as associações só poderão ser com- ou de que participarem aos criadores, aos
pulsoriamente dissolvidas ou ter suas ati- intérpretes e às respectivas representações
vidades suspensas por decisão judicial, sindicais e associativas;
exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em
julgado; XXIX – a lei assegurará aos autores de in-
ventos industriais privilégio temporário
XX – ninguém poderá ser compelido a asso- para sua utilização, bem como proteção às
ciar-se ou a permanecer associado; criações industriais, à propriedade das mar-
cas, aos nomes de empresas e a outros sig-
XXI – as entidades associativas, quando ex- nos distintivos, tendo em vista o interesse
pressamente autorizadas, têm legitimidade social e o desenvolvimento tecnológico e
para representar seus filiados judicial ou ex- econômico do País;
trajudicialmente;
XXX – é garantido o direito de herança;
XXII – é garantido o direito de propriedade;
XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros
XXIII – a propriedade atenderá a sua função situados no País será regulada pela lei brasi-
social; leira em benefício do cônjuge ou dos filhos
XXIV – a lei estabelecerá o procedimento brasileiros, sempre que não lhes seja mais
para desapropriação por necessidade ou favorável a lei pessoal do de cujus ;
utilidade pública, ou por interesse social, XXXII – o Estado promoverá, na forma da
mediante justa e prévia indenização em di- lei, a defesa do consumidor;
nheiro, ressalvados os casos previstos nesta
Constituição; XXXIII – todos têm direito a receber dos
órgãos públicos informações de seu inte-
XXV – no caso de iminente perigo público, a resse particular, ou de interesse coletivo ou
autoridade competente poderá usar de pro- geral, que serão prestadas no prazo da lei,
priedade particular, assegurada ao proprie- sob pena de responsabilidade, ressalvadas
tário indenização ulterior, se houver dano; aquelas cujo sigilo seja imprescindível à se-
XXVI – a pequena propriedade rural, assim gurança da sociedade e do Estado;
definida em lei, desde que trabalhada pela XXXIV – são a todos assegurados, indepen-
família, não será objeto de penhora para dentemente do pagamento de taxas:
pagamento de débitos decorrentes de sua
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os a) o direito de petição aos poderes públicos
meios de financiar o seu desenvolvimento; em defesa de direitos ou contra ilegalidade
ou abuso de poder;

48
curso – matéria – Prof.

b) a obtenção de certidões em repartições XLV – nenhuma pena passará da pessoa do


públicas, para defesa de direitos e esclare- condenado, podendo a obrigação de repa-
cimento de situações de interesse pessoal; rar o dano e a decretação do perdimento de
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
XXXV – a lei não excluirá da apreciação do sucessores e contra eles executadas, até o
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; limite do valor do patrimônio transferido;
XXXVI – a lei não prejudicará o direito ad- XLVI – a lei regulará a individualização da
quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa jul- pena e adotará, entre outras, as seguintes:
gada;
a) privação ou restrição da liberdade;
XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de ex-
ceção; b) perda de bens;
XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, c) multa;
com a organização que lhe der a lei, assegu-
rados: d) prestação social alternativa;

a) a plenitude de defesa; e) suspensão ou interdição de direitos;

b) o sigilo das votações; XLVII – não haverá penas:

c) a soberania dos veredictos; a) de morte, salvo em caso de guerra decla-


rada, nos termos do art. 84, XIX;
d) a competência para o julgamento dos cri-
mes dolosos contra a vida; b) de caráter perpétuo;

XXXIX – não há crime sem lei anterior que c) de trabalhos forçados;


o defina, nem pena sem prévia cominação d) de banimento;
legal;
e) cruéis;
XL – a lei penal não retroagirá, salvo para
beneficiar o réu; XLVIII – a pena será cumprida em estabele-
cimentos distintos, de acordo com a nature-
XLI – a lei punirá qualquer discriminação za do delito, a idade e o sexo do apenado;
atentatória dos direitos e liberdades funda-
mentais; XLIX – é assegurado aos presos o respeito à
integridade física e moral;
XLII – a prática do racismo constitui crime
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena L – às presidiárias serão asseguradas con-
de reclusão, nos termos da lei; dições para que possam permanecer com
seus filhos durante o período de amamen-
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis tação;
e insuscetíveis de graça ou anistia a prática
da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes LI – nenhum brasileiro será extraditado,
e drogas afins, o terrorismo e os definidos salvo o naturalizado, em caso de crime co-
como crimes hediondos, por eles respon- mum, praticado antes da naturalização, ou
dendo os mandantes, os executores e os de comprovado envolvimento em tráfico
que, podendo evitá-los, se omitirem; ilícito de entorpecentes e drogas afins, na
forma da lei;
XLIV – constitui crime inafiançável e impres-
critível a ação de grupos armados, civis ou LII – não será concedida extradição de es-
militares, contra a ordem constitucional e o trangeiro por crime político ou de opinião;
Estado democrático;

49
LIII – ninguém será processado nem senten- LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela
ciado senão pela autoridade competente; mantido quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança;
LIV – ninguém será privado da liberdade ou
de seus bens sem o devido processo legal; LXVII – não haverá prisão civil por dívida,
salvo a do responsável pelo inadimplemen-
LV – aos litigantes, em processo judicial ou to voluntário e inescusável de obrigação ali-
administrativo, e aos acusados em geral são mentícia e a do depositário infiel;
assegurados o contraditório e a ampla defe-
sa, com os meios e recursos a ela inerentes; LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sem-
pre que alguém sofrer ou se achar amea-
LVI – são inadmissíveis, no processo, as pro- çado de sofrer violência ou coação em sua
vas obtidas por meios ilícitos; liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
LVII – ninguém será considerado culpado abuso de poder;
até o trânsito em julgado de sentença penal LXIX – conceder-se-á mandado de seguran-
condenatória; ça para proteger direito líquido e certo, não
LVIII – o civilmente identificado não será amparado por habeas corpus ou habeas
submetido a identificação criminal, salvo data , quando o responsável pela ilegalida-
nas hipóteses previstas em lei; de ou abuso de poder for autoridade públi-
ca ou agente de pessoa jurídica no exercício
LIX – será admitida ação privada nos crimes de atribuições do poder público;
de ação pública, se esta não for intentada
no prazo legal; LXX – o mandado de segurança coletivo
pode ser impetrado por:
LX – a lei só poderá restringir a publicidade
dos atos processuais quando a defesa da in- a) partido político com representação no
timidade ou o interesse social o exigirem; Congresso Nacional;

LXI – ninguém será preso senão em flagran- b) organização sindical, entidade de classe
te delito ou por ordem escrita e fundamen- ou associação legalmente constituída e em
tada de autoridade judiciária competente, funcionamento há pelo menos um ano, em
salvo nos casos de transgressão militar ou defesa dos interesses de seus membros ou
crime propriamente militar, definidos em associados;
lei; LXXI – conceder-se-á mandado de injunção
LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local sempre que a falta de norma regulamenta-
onde se encontre serão comunicados ime- dora torne inviável o exercício dos direitos e
diatamente ao juiz competente e à família liberdades constitucionais e das prerrogati-
do preso ou à pessoa por ele indicada; vas inerentes à nacionalidade, à soberania e
à cidadania;
LXIII – o preso será informado de seus direi-
tos, entre os quais o de permanecer calado, LXXII – conceder-se-á habeas data :
sendo-lhe assegurada a assistência da famí- a) para assegurar o conhecimento de infor-
lia e de advogado; mações relativas à pessoa do impetrante,
LXIV – o preso tem direito à identificação constantes de registros ou bancos de dados
dos responsáveis por sua prisão ou por seu de entidades governamentais ou de caráter
interrogatório policial; público;

LXV – a prisão ilegal será imediatamente re-


laxada pela autoridade judiciária;

50
curso – matéria – Prof.

b) para a retificação de dados, quando não cional, em dois turnos, por três quintos dos
se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judi- votos dos respectivos membros, serão equi-
cial ou administrativo; valentes às emendas constitucionais. (Pará-
grafo acrescido pela Emenda Constitucional
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima nº 45, de 2004)
para propor ação popular que vise a anu-
lar ato lesivo ao patrimônio público ou de § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tri-
entidade de que o Estado participe, à mo- bunal Penal Internacional a cuja criação te-
ralidade administrativa, ao meio ambiente nha manifestado adesão. (Parágrafo acres-
e ao patrimônio histórico e cultural, ficando cido pela Emenda Constitucional nº 45, de
o autor, salvo comprovada má-fé, isento de 2004)
custas judiciais e do ônus da sucumbência;
LXXIV – o Estado prestará assistência jurídi-
ca integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;
LXXV – o Estado indenizará o condenado
por erro judiciário, assim como o que ficar
preso além do tempo fixado na sentença;
LXXVI – são gratuitos para os reconhecida-
mente pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
LXXVII – são gratuitas as ações de habeas
corpus e habeas data , e, na forma da lei, os
atos necessários ao exercício da cidadania.
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e admi-
nistrativo, são assegurados a razoável dura-
ção do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação. (Inciso acres-
cido pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)
§ 1º As normas definidoras dos direitos e
garantias fundamentais têm aplicação ime-
diata.
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta
Constituição não excluem outros decorren-
tes do regime e dos princípios por ela ado-
tados, ou dos tratados internacionais em
que a República Federativa do Brasil seja
parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacio-
nais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Na-

51
Questões .

1. (VUNESP – 2016 – TJM-SP – Juiz de Direito c) prevê a criação de um tribunal interna-


Substituto) cional para julgamento de violações aos
direitos humanos.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem d) não estabelece nenhuma forma de go-
foi adotada em 10 de dezembro de 1948. A seu verno para garantir a aplicação dos di-
respeito, assinale a alternativa correta. reitos humanos, pois entende que isso
a) Dada sua correlação com os direitos deve ser livremente decidido pelas na-
naturais, houve grande consenso em ções individualmente de acordo com
torno do documento que contou com sua realidade.
a aprovação unânime dos Estados, sem e) prevê o direito ao trabalho e ao repou-
reprovações ou abstenções. so e lazer, inclusive a limitação razoável
b) Estabelece três categorias de direitos: os das horas de trabalho e as férias remu-
direitos civis e políticos, os direitos eco- neradas periódicas.
nômicos, sociais e culturais e os direitos
coletivos, combinando, de forma inédita, 3. (FUNIVERSA – 2015 – Secretaria da Criança
os discursos liberal, social e plural. – DF – Especialista Socioeducativo – Artes
c) Não tratou do direito à propriedade, Plásticas)
tendo em vista que esse ponto poderia Na Declaração Universal dos Direitos Huma-
ser objeto de impasse com os Estados nos, consta que
do bloco socialista.
d) Embora sem grande repercussão, ga- a) todo indivíduo tem direito à liberdade
rante o direito à felicidade que, nos úl- de opinião e de expressão, o que impli-
timos anos, tem sido tema de grande ca o direito de não ser inquietado por
debate nacional e internacional. suas opiniões e o direito de procurar,
e) Não apresenta força de lei, por não ser receber e difundir, sem consideração
um tratado. Foi adotada pela Assem- de fronteiras, informações e ideias, por
bleia das Nações Unidas sob a forma de qualquer meio de expressão.
resolução. Contudo, como consagra va- b) o meio ambiente equilibrado é um direi-
lores básicos universais, reconhece-se to das presentes e das futuras gerações.
sua força vinculante. c) a família, entendida como a união de
um homem e uma mulher pelo casa-
2. (VUNESP – 2016 – TJM-SP – Juiz de Direito mento, é o elemento natural e funda-
Substituto) mental da sociedade e goza do direito à
proteção, tanto da sociedade quanto do
Ainda sobre a Declaração Universal dos Di- Estado.
reitos do Homem, é correto afirmar que d) ninguém sofrerá intromissões de qual-
a) prevê expressamente o direito à parti- quer tipo na sua vida privada, na sua
cipação política, mas não o de acesso a família, no seu domicílio, na sua corres-
serviços públicos. pondência ou nas suas comunicações
b) garante a todos, sem qualquer tipo de telefônicas, nem ataques à sua honra
distinção, educação, direito ao trabalho e à sua reputação. Contra tais intromis-
e saúde pública gratuita. sões ou ataques, toda pessoa tem direi-
to à proteção da lei.

53
e) a vontade do povo é o fundamento da obrigatória, e a educação superior será
autoridade dos poderes públicos e deve acessível a todos, bem como a educa-
exprimir-se por meio de eleições peri- ção técnico-profissional, está baseada
ódicas, por sufrágio universal e igual, no mérito.
com voto obrigatório e secreto.
5. (IBFC – 2014 – SEDS-MG – Agente de Segu-
4. (Aroeira – 2014 – PC-TO – Escrivão de Polí- rança Socioeducativo)
cia Civil)
Indique a alternativa CORRETA, de acordo
A Declaração Universal dos Diretos Huma- com a Declaração Universal dos Direitos Hu-
nos, adotada e proclamada pela Assembleia manos:
Geral das Nações Unidas em 10 de dezem-
bro de 1948, assevera que toda pessoa tem a) Toda pessoa tem direito à liberdade de
deveres para com a comunidade, em que o locomoção e residência dentro e fora
livre e pleno desenvolvimento de sua perso- das fronteiras de cada Estado.
nalidade é possível. Com base nesse princí- b) Toda pessoa tem direito à dupla nacio-
pio, nos termos da Declaração Universal, nalidade
c) Toda pessoa tem direito a organizar sin-
a) toda pessoa estará sujeita apenas às dicato, sendo obrigatório o seu ingresso
limitações determinadas pela lei, ex- nele para proteção de seus interesses.
clusivamente com o fim de assegurar o d) Os pais têm prioridade de direito na es-
devido reconhecimento e respeito dos colha do gênero de instrução que será
direitos e liberdade de outrem e de sa- ministrada aos seus filhos.
tisfazer às justas exigências da moral, da
ordem pública e do bem-estar de uma 6. (FUNIVERSA – 2015 – Secretaria da Criança
sociedade democrática, sendo que es- – DF – Técnico Socioeducativo – Adminis-
ses direitos e liberdades são proibidos, trativo)
em hipótese alguma, de ser exercidos
contrariamente aos propósitos e princí- De acordo com o que dispõe a Declaração
pios das Nações Unidas. Universal dos Direitos Humanos, os direitos
b) é livre a interferências na vida privada, humanos são indivisíveis e englobam, exclu-
na família, no lar ou na correspondên- sivamente, os direitos
cia, salvo por ordem judicial, nas hipó- a) civis, políticos, econômicos, sociais e
teses e na forma que a lei estabelecer culturais, não prevendo hierarquia en-
para fins de investigação criminal, polí- tre eles.
tica ou para instrução processual penal. b) civis e políticos.
c) tem o direito de procurar e de gozar asilo c) coletivos e individuais, estes últimos
em outros países, em caso de vítima de hierarquicamente superiores.
perseguição, sendo que este direito pode d) econômicos e sociais.
ser invocado, inclusive, em caso de per- e) privados e públicos, estes últimos hie-
seguição motivada por crimes de direito rarquicamente superiores.
comum, desde que de acordo aos propó-
sitos e princípios das Nações Unidas. 7. (CESPE – 2013 – MTE – Auditor Fiscal do
d) tem igual direito de acesso ao serviço Trabalho)
público, independente de ser seu país,
como, por exemplo, o direito à educa- À luz das normas internacionais de proteção
ção, que será gratuita, pelo menos nos aos direitos humanos, julgue os itens que se
graus elementares e fundamentais, seguem, acerca do combate ao trabalho for-
sendo que a educação elementar será çado.

54
.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos 11. (FUNCAB – PC-PA – Delegado de Polícia Ci-
proíbe, expressamente, a manutenção de pes- vil – 2016)
soas em regime de escravidão ou de servidão.
De acordo com o art. 5⁰, LXVII, da
( ) Certo   ( ) Errado CRFB/1988, “Não haverá prisão civil por
dívida, salvo a do responsável pelo inadim-
8. Equivalem às normas constitucionais origi- plemento voluntário e inescusável de obri-
nárias os tratados internacionais sobre os di- gação alimentar e a do depositário infiel”.
reitos humanos aprovados, em cada casa do A Convenção Americana sobre Direitos Hu-
Congresso Nacional, em dois turnos, pro três manos -Pacto de San José da Costa Rica,
quintos dos votos dos respectivos membros. que proíbe a prisão por dívida decorrente
do descumprimento de obrigações contra-
( ) Certo   ( ) Errado tuais, à qual o Brasil aderiu, foi internalizada
com o status de:

No que se refere à fundamentação dos di- a) norma supralegal e infraconstitucional.


reitos humanos e à sua afirmação, julgue os b) lei complementar.
itens subsecutivos. c) norma supraconstitucional.
d) norma constitucional.
9. A expressão direitos humanos de primeira e) lei ordinária.
geração refere-se aos direitos sociais, cultu-
rais e econômicos. 12. (FUNCAB – PC-PA – Delegado de Policia Ci-
( ) Certo   ( ) Errado vil)
Com relação à Declaração Universal dos
Direitos Humanos, é correto afirmar que
10. (VUNESP – 2016 – TJM-SP – Juiz de Direito a(os):
Substituto)
a) três valores fundamentais dos direitos
Ainda sobre a Declaração Universal dos Di- humanos são a liberdade, a igualdade e
reitos do Homem, é correto afirmar que a fraternidade.
a) prevê expressamente o direito à parti- b) pessoas vítimas de perseguição tem di-
cipação política, mas não o de acesso a reito de procurar asilo em outro país,
serviços públicos. mesmo nos casos em que a perseguição
b) garante a todos, sem qualquer tipo de é motivada por crimes de direito co-
distinção, educação, direito ao trabalho mum.
e saúde pública gratuita. c) liberdade de opinião e de expressão
c) prevê a criação de um tribunal interna- não inclui a liberdade de transmitir in-
cional para julgamento de violações aos formações por qualquer meio e inde-
direitos humanos. pendente de fronteiras.
d) não estabelece nenhuma forma de go- d) direitos de liberdade previsto são rela-
verno para garantir a aplicação dos di- tivos à esfera individual, não prevendo
reitos humanos, pois entende que isso liberdades políticas relativas à partici-
deve ser livremente decidido pelas na- pação do povo no governo.
ções individualmente de acordo com e) liberdade religiosa é acessível a qual-
sua realidade. quer pessoa desde que sua manifesta-
e) prevê o direito ao trabalho e ao repou- ção seja feita de forma coletiva e em
so e lazer, inclusive a limitação razoável particular apenas.
das horas de trabalho e as férias remu-
neradas periódicas.

55
13. (FUNCAB – PC-PA – Delegado de Polícia Ci- d) é uma declaração de direitos que deve
vil) ser respeitada pelos Estados signatá-
rios, mas, devido ao fato de não ter a
Com relação ao trabalho e ao que estabele- forma de tratado ou convenção, não
ce a Declaração Universal dos Direitos Hu- implica vinculação desses Estados.
manos, assinale a alternativa correta. e) inovou a concepção dos direitos huma-
a) Toda pessoa que trabalha tem direito a nos, porque universalizou os direitos
uma remuneração justa e satisfatória, civis, políticos, econômicos, sociais e
que lhe assegure apenas a si uma exis- culturais, privilegiando os direitos civis
tência compatível com a dignidade hu- e políticos em relação aos demais.
mana, não sendo necessário acrescen-
tar outros meios de proteção social. 15. (FUNCAB – PC-PA – Delegado de Polícia Ci-
b) Toda pessoa tem direito ao trabalho, à vil – 2016)
livre escolha de emprego e a condições A respeito da Declaração Universal dos Di-
justas e favoráveis de trabalho, sendo reitos Humanos de 1948, assinale a alterna-
opcional a proteção contra o desempre- tiva correta.
go.
c) A remuneração por igual trabalho per- a) Estabelece que a vontade do povo é o
mite distinção desde que prevista em fundamento da autoridade dos pode-
lei nacional. res públicos, devendo se exprimir por
d) Toda pessoa tem direito a organizar sin- meio de eleições honestas, realizadas
dicatos e a neles ingressar para a prote- periodicamente por sufrágio universal
ção de seus interesses. e igual, com voto secreto ou segundo
e) Toda pessoa tem direito a repouso e processo equivalente que salvaguarde a
lazer inclusive a limitação razoável das liberdade de voto.
horas de trabalho e a férias periódicas b) Prevê a criação de um Tribunal Interna-
não remuneradas. cional para a verificação do cumprimen-
to dos direitos humanos por ela estabe-
14. (CESPE – PC-GO – Conhecimentos Básicos – lecidos.
2016) c) Dispõe que a educação gratuita abran-
ge o ensino elementar, técnico e profis-
A Declaração Universal dos Direitos Huma- sional.
nos d) Possui natureza de tratado internacio-
a) não apresenta força jurídica vinculan- nal e força vinculante em relação a to-
te, entretanto consagra a ideia de que, dos os países que a ratificaram.
para ser titular de direitos, a pessoa e) Foi primeiro documento internacional a
deve ser nacional de um Estado-mem- tratar expressamente de direitos huma-
bro da ONU. nos de terceira dimensão, como a paz e
b) não prevê expressamente instrumentos o meio ambiente.
ou órgãos próprios para sua aplicação
compulsória. 16. (FUNCAB – PC-PA – Delegado de Polícia Ci-
c) prevê expressamente a proteção ao vil – 2016)
meio ambiente como um direito de to- Conforme estabelecido na Convenção con-
das as gerações, bem como repudia o tra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas
trabalho escravo, determinando san- Cruéis, Desumanos ou Degradantes, é cor-
ções econômicas aos Estados que não o reto afirmar:
combaterem.

56
.

a) O Comitê contra a tortura será compos- e) Os pais têm exclusividade de direito


to por dez peritos de elevada reputação na escolha do gênero de instrução que
m oral e reconhecida competência em será ministrada a seus filhos.
matéria de direitos humanos, indicados
diretamente pelo Secretário Geral das 18. (VUNESP – PC-SP – Atendente de Necroté-
Nações Unidas. rio Policial – 2014)
b) Admite-se excepcionalmente a prática Abalados pela barbárie recente e com o intui-
de tortura para se evitar crime de geno- to de construir um mundo sob novos alicerces
cídio ou em caso de guerra declarada. ideológicos, os dirigentes das nações que emer-
c) Considera-se tortura qualquer ato pelo giram como potências no período pós-guerra,
qual dores ou sofrimentos agudos, fí- lideradas por URSS e Estados Unidos, estabele-
sicos ou mentais, são infligidos inten- ceram, em 1945, as bases de uma futura paz,
cionalmente a uma pessoa, ainda que definindo áreas de influência das potências e
sejam consequência unicamente de acertaram a criação de uma organização mul-
sanções legítimas. tilateral que promovesse negociações sobre
d) O Comitê Contra Tortura deverá receber conflitos internacionais, para evitar guerras,
e examinar todas as comunicações, ain- promover a paz e a democracia, e fortalecer os
da que anônimas, enviadas por pessoas direitos humanos. A fim de que houvesse esse
que aleguem ser vítimas de violação, fortalecimento dos direitos humanos, foi ela-
por um Estado Parte, das disposições da borado documento em 1948, pela Organização
Convenção. das Nações Unidas, denominado:
e) Cada Estado Parte assegurará que ne-
nhuma declaração que se demonstre a) Encíclica Rerum Novarum.
ter sido prestada como resultado de b) Magna Carta.
tortura possa ser invocada como pro- c) Declaração Universal dos Direitos Hu-
va em qualquer processo, salvo contra manos.
uma pessoa acusada de tortura como d) Declaração dos Direitos do Homem e
prova de que a declaração foi prestada. do Cidadão.
e) Declaração do Bom Povo da Virgínia.
17. (VUNESP – PC-CE – Delegado de Polícia Ci-
vil de 1º Classe – 2015 19. (IBFC – SEDS-MG – Agente de Segurança
Penitenciária – 2014)
É disposição prevista na Declaração Univer-
sal dos Direitos Humanos: Complete as lacunas, de acordo com a al-
a) Todo o homem tem o direito de tomar ternativa que refete o texto da Declaração
parte no governo de seu país, direta- Universal dos Direitos Humanos: “Artigo I –
mente ou por intermédio de represen- Todas as pessoas nascem livres e iguais em
tantes livremente escolhidos. ________________________. São dotadas
b) Todo o homem tem direito à instrução, de razão e _______________________ e
que será gratuita pelo menos até o grau devem agir em relação umas às outras com
técnico-profissional. espírito de ____________________.”
c) Todo o homem tem direito à liberdade a) Dignidade e direitos – consciência – fra-
de reunião e de associação, indepen- ternidade.
dentemente do modo e dos fins a que b) Direitos e deveres – liberdade – solida-
deseja se associar. riedade.
d) Os Estados deverão, paulatinamente, c) Direitos e obrigações – convicção – soli-
conceder às crianças nascidas fora do dariedade.
matrimônio a mesma proteção social d) Dignidade e obrigações – consciência –
conferida aos nascidos dentro dele. harmonia.

57
20. (ACAFE – PC-SC – Delegado de Polícia – 21. (VUNESP – PC-SP – Delegado de Polícia –
2014) 2014)
De acordo com a Convenção contra a Tor- Segundo o que dispõe a Declaração Univer-
tura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, sal dos Direitos Humanos da ONU, toda pes-
Desumanas ou Degradantes, é correto afir- soa, vítima de perseguição, tem o direito de
mar: procurar e de gozar asilo em outros países.
No entanto, esse direito não pode ser invo-
a) A referida denúncia eximirá o Estado- cado, entre outros, em caso de perseguição
-parte das obrigações que lhe impõe a
presente Convenção relativamente a a) de militante político que tenha se eva-
qualquer ação ou omissão ocorrida an- dido clandestinamente de seu país de
tes ou após a data da denúncia. Todavia, origem.
a denúncia não acarretará a suspensão b) de pessoa que claramente tenha se re-
do exame de quaisquer questões que o belado contra o regime de governo de
Comitê já começara a examinar antes seu país.
da data em que a denúncia fora realiza- c) por razões de ordem política.
da. d) por motivos religiosos.
b) As controvérsias entre dois ou mais e) legitimamente motivada por crimes de
Estados-partes com relação à interpre- direito comum.
tação ou aplicação da presente Conven-
ção serão sempre submetidas à Corte 22. (VUNESP – PC-SP – Técnico de Laboratório
Internacional de Justiça, mediante so- – 2014)
licitação feita em conformidade com o
Estatuto da Corte. Segundo a Declaração Universal dos Direi-
c) Todo Estado-parte poderá denunciar a tos Humanos, toda pessoa tem direito a um
presente Convenção mediante notifica- padrão de vida capaz de assegurar a si e a
ção por escrito endereçada ao Secretá- sua família saúde e bem-estar, inclusive
rio Geral das Nações Unidas. A denúncia a) moradia, transporte e lazer.
produzirá efeitos 30 (trinta) dias depois b) serviços sociais, transporte e proprieda-
da data do recebimento da notificação de privada.
pelo Secretário Geral. c) alimentação, vestuário e habitação.
d) Todo Estado-parte na presente Conven- d) transporte, lazer e propriedade privada.
ção poderá propor emendas e deposi- e) cuidados médicos, moradia e viagens.
tá-las junto ao Secretário Geral da Or-
ganização das Nações Unidas. Quando 23. (VUNESP – PC-SP – Técnico de Laboratório
entrarem em vigor, as emendas serão – 2014)
obrigatórias para os Estados-partes que
as aceitaram, ao passo que os demais Prevê a Declaração Universal dos Direitos
Estados-partes permanecem obrigados Humanos que o casamento
pelas disposições da Convenção e pelas
a) não será válido senão com o livre e ple-
emendas anteriores por eles aceitas.
no consentimento dos nubentes.
e) A partir da data de protocolo da denún-
b) deve ser celebrado por autoridade civil.
cia de um Estado-parte, o Comitê não
c) não gera direitos e deveres iguais para
dará início ao exame de qualquer nova
homens e mulheres.
questão referente ao Estado em apreço.
d) é a união indissolúvel entre homens e
mulheres.
e) deverá ser celebrado por autoridade da
religião do homem.

58
.

24. (VUNESP – PC-SP – Escrivão de Polícia – 26. (VUNESP – PC-SP – Escrivão de Polícia Civil
2014) – 2013)
A Declaração Universal dos Direitos Huma- Consoante o que estabelece expressamente
nos prevê que toda pessoa acusada de um a Declaração Universal dos Direitos Huma-
ato delituoso. nos, é correto afirmar que
a) tem direito, em plena igualdade, a uma a) a instrução promoverá a compreensão,
audiência justa e pública por parte de a tolerância e a amizade entre todas as
um tribunal ad hoc. nações e grupos raciais ou religiosos,
b) poderá ser privada de sua nacionalida- sendo obrigatório o ensino religioso nas
de, ou do direito de mudar de naciona- escolas públicas.
lidade. b) o poder público deve financiar os estudos
c) tem direito a um julgamento por júri, dos alunos em escolas privadas quando
no qual lhe sejam asseguradas todas as não houver vagas em escolas públicas.
garantias necessárias à sua defesa. c) os pais têm prioridade de direito na es-
d) poderá ser exilada e perder sua nacio- colha do gênero de instrução que será
nalidade, mas tem o direito de procurar ministrada a seus filhos.
asilo em outros países d) toda pessoa tem direito à instrução,
e) tem o direito de ser presumida inocen- que será gratuita em todos os graus.
te até que a sua culpabilidade tenha e) a instrução técnico-profissional será
sido provada de acordo com a lei. acessível a todos, bem como a instru-
ção superior, esta baseada na condição
25. (VUNESP – PC-SP – Escrivão de Polícia – econômico-financeira da pessoa.
2014)
27. (FUMARC – PC-MG – Delegado de Polícia –
É correto afirmar, sobre as previsões conti- 2011)
das na Declaração Universal de Direitos Hu-
manos, que: A Declaração Universal dos Direitos Huma-
nos pode ser caracterizada, primeiramen-
a) está previsto o direito à educação, com te por sua amplitude, compreendendo um
o ensino elementar obrigatório e gratui- conjunto de direitos e faculdades, sem as
to, com acesso ao ensino superior gra- quais um ser humano não pode desenvol-
tuito e de acordo com o mérito. ver sua personalidade física, moral e inte-
b) estão previstos direitos ligados ao con- lectual. Em segundo lugar, pela universali-
trato de trabalho, como salário mínimo, dade, aplicável a todas as pessoas de todos
repouso e lazer, mas sem nenhuma li- os países, raças, religiões e sexos, seja qual
mitação horária da jornada de trabalho. for o regime político dos territórios nos
c) são proclamados, em seu artigo I, como quais incide. Assinale abaixo a assertiva que
os três valores fundamentais dos direi- é CONTRÁRIA ao enunciado acima:
tos humanos a liberdade, a igualdade e
a fraternidade. a) Como uma plataforma comum de ação,
d) os direitos de liberdade previstos são a Declaração foi adotada em 10 de de-
relativos à esfera individual, não pre- zembro de 1948, pela aprovação de 48
vendo liberdades políticas relativas à Estados, com 8 abstenções.
participação do povo no governo. b) Objetiva delinear uma ordem pública
e) não há disposição que verse sobre o mundial fundada no respeito à dignida-
direito a contrair matrimônio e fundar de da pessoa humana, para orientar o
uma família, nem sobre os direitos de- desenvolvimento de uma raça humana
correntes do casamento. superior.

59
c) Introduz a indivisibilidade dos direitos 29. (ACAFE – PC-SC – Escrivão de Polícia Civil –
humanos, ao conjugar o catálogo dos 2010)
direitos civis e políticos, com o dos di-
reitos econômicos, sociais e culturais. Quanto a Declaração Universal dos Direitos
d) Teve imediatamente, após a sua ado- Humanos, assinale a alternativa correta.
ção, grande repercussão moral ao des- a) Todo ser humano tem direito de fazer
pertar nos povos a consciência de que parte no governo de um país direta-
o conjunto da comunidade humana se mente, via intermédio de representan-
interessava pelo seu destino. tes escolhidos.
b) Ninguém será arbitrariamente privado
28. (FUMARC – PC-MG – Escrivão de Polícia Ci- de sua nacionalidade, salvo do direito
vil – 2011) de mudar de nacionalidade.
A Declaração Universal dos Direitos Huma- c) Não será feita nenhuma distinção fun-
nos, adotada em 10 de dezembro de 1948, dada na condição política, jurídica ou
objetiva delinear uma ordem pública mun- internacional do país ou território a que
dial fundada no respeito à dignidade da pertença uma pessoa, quer se trate de
pessoa humana. Leia e analise as assertivas um território independente, sob tute-
abaixo: la, sem governo próprio, quer sujeito a
qualquer outra limitação de soberania.
I – A Declaração compreende um conjunto d) Todo ser humano tem pleno direito de
de direitos e faculdades sem as quais um acesso ao serviço público de qualquer
ser humano não pode desenvolver sua per- país.
sonalidade física, moral e intelectual.
30. (MS CONCURSOS – SEDS-PE – Sargento –
II – Sendo universal, é aplicável a todas as Policia Militar – 2010)
pessoas de todos os países, raças, religiões
e sexos, condicionada à aplicação ao regime São considerados direitos resguardados
político dos territórios nos quais incide. pela Declaração Universal dos Direitos Hu-
manos de 1948:
III – Consolida a afirmação de uma ética uni-
versal, ao consagrar um consenso sobre va- a) Direito à vida, à liberdade e segurança
lores de cunho universal a serem seguidos pessoal.
pelos Estados. b) Direito a julgamento justo, salvo em
caso de guerra.
Marque a opção CORRETA. c) Adoção de medidas penais retroativas,
a) Somente as assertivas I e II estão corre- mesmo quando prejudiquem o réu.
tas. d) O Estado passa a ter direito de efetuar
b) Somente as assertivas II e III estão cor- algumas prisões arbitrárias.
retas. e) O réu é considerado culpado, mesmo
c) Somente as assertivas I e III estão corre- antes de sentença transitado em julga-
tas. do.
d) Somente a assertiva I está correta.

Gabarito: 1. E 2. E 3. A 4. A 5. D 6. A 7. Certo 8. Errado 9. Errado 10. E 11. A 12. A 13. D 14. B 15. A 
16. E 17. A 18. C 19. A 20. D 21. E 22. C 23. A 24. E 25. C 26. C 27. B 28. C 29. C 30. A

60
curso – matéria – Prof.

NEGROS, PARDOS E ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL

LEI Nº 12.288, III – desigualdade de gênero e raça: assime-


tria existente no âmbito da sociedade que
DE 20 DE JULHO DE 2010
acentua a distância social entre mulheres
Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as negras e os demais segmentos sociais;
Leis nºs 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029, IV – população negra: o conjunto de pes-
de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de julho de soas que se autodeclaram pretas e pardas,
1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003. conforme o quesito cor ou raça usado pela
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a Estatística (IBGE), ou que adotam autodefi-
seguinte Lei: nição análoga;
V – políticas públicas: as ações, iniciativas e
programas adotados pelo Estado no cum-
TÍTULO I primento de suas atribuições institucionais;

Disposições Preliminares VI – ações afirmativas: os programas e me-


didas especiais adotados pelo Estado e pela
Art. 1º Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade iniciativa privada para a correção das de-
Racial, destinado a garantir à população negra sigualdades raciais e para a promoção da
a efetivação da igualdade de oportunidades, a igualdade de oportunidades.
defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos
e difusos e o combate à discriminação e às de- Art. 2º É dever do Estado e da sociedade garan-
mais formas de intolerância étnica. tir a igualdade de oportunidades, reconhecendo
a todo cidadão brasileiro, independentemente
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, da etnia ou da cor da pele, o direito à participa-
considera-se: ção na comunidade, especialmente nas ativida-
des políticas, econômicas, empresariais, educa-
I – discriminação racial ou étnico-racial: cionais, culturais e esportivas, defendendo sua
toda distinção, exclusão, restrição ou prefe- dignidade e seus valores religiosos e culturais.
rência baseada em raça, cor, descendência
ou origem nacional ou étnica que tenha por Art. 3º Além das normas constitucionais relati-
objeto anular ou restringir o reconhecimen- vas aos princípios fundamentais, aos direitos e
to, gozo ou exercício, em igualdade de con- garantias fundamentais e aos direitos sociais,
dições, de direitos humanos e liberdades econômicos e culturais, o Estatuto da Igualda-
fundamentais nos campos político, econô- de Racial adota como diretriz político-jurídica
mico, social, cultural ou em qualquer outro a inclusão das vítimas de desigualdade étnico-
campo da vida pública ou privada; -racial, a valorização da igualdade étnica e o for-
talecimento da identidade nacional brasileira.
II – desigualdade racial: toda situação injus-
tificada de diferenciação de acesso e fruição Art. 4º A participação da população negra, em
de bens, serviços e oportunidades, nas es- condição de igualdade de oportunidade, na vida
feras pública e privada, em virtude de raça, econômica, social, política e cultural do País
cor, descendência ou origem nacional ou ét- será promovida, prioritariamente, por meio de:
nica;
I – inclusão nas políticas públicas de desen-
volvimento econômico e social;

61
II – adoção de medidas, programas e políti- TÍTULO II
cas de ação afirmativa;
III – modificação das estruturas institucio- Dos Direitos Fundamentais
nais do Estado para o adequado enfren-
tamento e a superação das desigualdades
étnicas decorrentes do preconceito e da
discriminação étnica; CAPÍTULO I
DO DIREITO À SAÚDE
IV – promoção de ajustes normativos para
aperfeiçoar o combate à discriminação étni- Art. 6º O direito à saúde da população negra
ca e às desigualdades étnicas em todas as será garantido pelo poder público mediante po-
suas manifestações individuais, institucio- líticas universais, sociais e econômicas destina-
nais e estruturais; das à redução do risco de doenças e de outros
agravos.
V – eliminação dos obstáculos históricos,
socioculturais e institucionais que impedem § 1º O acesso universal e igualitário ao Sis-
a representação da diversidade étnica nas tema Único de Saúde (SUS) para promoção,
esferas pública e privada; proteção e recuperação da saúde da popu-
lação negra será de responsabilidade dos
VI – estímulo, apoio e fortalecimento de
órgãos e instituições públicas federais, esta-
iniciativas oriundas da sociedade civil dire-
duais, distritais e municipais, da administra-
cionadas à promoção da igualdade de opor-
ção direta e indireta.
tunidades e ao combate às desigualdades
étnicas, inclusive mediante a implementa- § 2º O poder público garantirá que o seg-
ção de incentivos e critérios de condiciona- mento da população negra vinculado aos
mento e prioridade no acesso aos recursos seguros privados de saúde seja tratado sem
públicos; discriminação.
VII – implementação de programas de ação Art. 7º O conjunto de ações de saúde voltadas à
afirmativa destinados ao enfrentamento população negra constitui a Política Nacional de
das desigualdades étnicas no tocante à edu- Saúde Integral da População Negra, organizada
cação, cultura, esporte e lazer, saúde, segu- de acordo com as diretrizes abaixo especifica-
rança, trabalho, moradia, meios de comuni- das:
cação de massa, financiamentos públicos,
acesso à terra, à Justiça, e outros. I – ampliação e fortalecimento da participa-
ção de lideranças dos movimentos sociais
Parágrafo único. Os programas de ação em defesa da saúde da população negra nas
afirmativa constituir-se-ão em políticas pú- instâncias de participação e controle social
blicas destinadas a reparar as distorções e do SUS;
desigualdades sociais e demais práticas dis-
criminatórias adotadas, nas esferas pública II – produção de conhecimento científico e
e privada, durante o processo de formação tecnológico em saúde da população negra;
social do País. III – desenvolvimento de processos de infor-
Art. 5º Para a consecução dos objetivos desta mação, comunicação e educação para con-
Lei, é instituído o Sistema Nacional de Promo- tribuir com a redução das vulnerabilidades
ção da Igualdade Racial (Sinapir), conforme es- da população negra.
tabelecido no Título III. Art. 8º Constituem objetivos da Política Nacio-
nal de Saúde Integral da População Negra:

62
curso – matéria – Prof.

I – a promoção da saúde integral da popula- Art. 10. Para o cumprimento do disposto no art.
ção negra, priorizando a redução das desi- 9º, os governos federal, estaduais, distrital e
gualdades étnicas e o combate à discrimina- municipais adotarão as seguintes providências:
ção nas instituições e serviços do SUS;
I – promoção de ações para viabilizar e am-
II – a melhoria da qualidade dos sistemas de pliar o acesso da população negra ao ensino
informação do SUS no que tange à coleta, gratuito e às atividades esportivas e de lazer;
ao processamento e à análise dos dados de-
sagregados por cor, etnia e gênero; II – apoio à iniciativa de entidades que man-
tenham espaço para promoção social e cul-
III – o fomento à realização de estudos e tural da população negra;
pesquisas sobre racismo e saúde da popu-
lação negra; III – desenvolvimento de campanhas edu-
cativas, inclusive nas escolas, para que a
IV – a inclusão do conteúdo da saúde da po- solidariedade aos membros da população
pulação negra nos processos de formação negra faça parte da cultura de toda a socie-
e educação permanente dos trabalhadores dade;
da saúde;
IV – implementação de políticas públicas
V – a inclusão da temática saúde da popu- para o fortalecimento da juventude negra
lação negra nos processos de formação po- brasileira.
lítica das lideranças de movimentos sociais
para o exercício da participação e controle Seção II
social no SUS. DA EDUCAÇÃO
Parágrafo único. Os moradores das comuni- Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino funda-
dades de remanescentes de quilombos se- mental e de ensino médio, públicos e privados,
rão beneficiários de incentivos específicos é obrigatório o estudo da história geral da África
para a garantia do direito à saúde, incluindo e da história da população negra no Brasil, ob-
melhorias nas condições ambientais, no sa- servado o disposto na Lei no 9.394, de 20 de de-
neamento básico, na segurança alimentar e zembro de 1996.
nutricional e na atenção integral à saúde.
§ 1º Os conteúdos referentes à história da
população negra no Brasil serão ministra-
dos no âmbito de todo o currículo escolar,
CAPÍTULO II resgatando sua contribuição decisiva para o
DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À desenvolvimento social, econômico, políti-
co e cultural do País.
CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER
§ 2º O órgão competente do Poder Executi-
Seção I vo fomentará a formação inicial e continua-
DISPOSIÇÕES GERAIS da de professores e a elaboração de mate-
rial didático específico para o cumprimento
Art. 9º A população negra tem direito a parti- do disposto no caput deste artigo.
cipar de atividades educacionais, culturais, es-
portivas e de lazer adequadas a seus interesses § 3º Nas datas comemorativas de caráter cí-
e condições, de modo a contribuir para o patri- vico, os órgãos responsáveis pela educação
mônio cultural de sua comunidade e da socie- incentivarão a participação de intelectuais
dade brasileira. e representantes do movimento negro para
debater com os estudantes suas vivências
relativas ao tema em comemoração.

63
Art. 12. Os órgãos federais, distritais e estaduais Seção III
de fomento à pesquisa e à pós-graduação pode- DA CULTURA
rão criar incentivos a pesquisas e a programas
de estudo voltados para temas referentes às Art. 17. O poder público garantirá o reconheci-
relações étnicas, aos quilombos e às questões mento das sociedades negras, clubes e outras
pertinentes à população negra. formas de manifestação coletiva da população
Art. 13. O Poder Executivo federal, por meio dos negra, com trajetória histórica comprovada,
órgãos competentes, incentivará as instituições como patrimônio histórico e cultural, nos ter-
de ensino superior públicas e privadas, sem pre- mos dos arts. 215 e 216 da Constituição Federal.
juízo da legislação em vigor, a: Art. 18. É assegurado aos remanescentes das
I – resguardar os princípios da ética em pes- comunidades dos quilombos o direito à preser-
quisa e apoiar grupos, núcleos e centros de vação de seus usos, costumes, tradições e mani-
pesquisa, nos diversos programas de pós- festos religiosos, sob a proteção do Estado.
-graduação que desenvolvam temáticas de Parágrafo único. A preservação dos docu-
interesse da população negra; mentos e dos sítios detentores de reminis-
II – incorporar nas matrizes curriculares dos cências históricas dos antigos quilombos,
cursos de formação de professores temas que tombados nos termos do § 5º do art. 216
incluam valores concernentes à pluralidade da Constituição Federal, receberá especial
étnica e cultural da sociedade brasileira; atenção do poder público.

III – desenvolver programas de extensão Art. 19. O poder público incentivará a celebra-
universitária destinados a aproximar jovens ção das personalidades e das datas comemo-
negros de tecnologias avançadas, assegura- rativas relacionadas à trajetória do samba e de
do o princípio da proporcionalidade de gê- outras manifestações culturais de matriz africa-
nero entre os beneficiários; na, bem como sua comemoração nas institui-
ções de ensino públicas e privadas.
IV – estabelecer programas de cooperação
técnica, nos estabelecimentos de ensino Art. 20. O poder público garantirá o registro e
públicos, privados e comunitários, com as a proteção da capoeira, em todas as suas mo-
escolas de educação infantil, ensino funda- dalidades, como bem de natureza imaterial e de
mental, ensino médio e ensino técnico, para formação da identidade cultural brasileira, nos
a formação docente baseada em princípios termos do art. 216 da Constituição Federal.
de equidade, de tolerância e de respeito às Parágrafo único. O poder público buscará
diferenças étnicas. garantir, por meio dos atos normativos ne-
Art. 14. O poder público estimulará e apoiará cessários, a preservação dos elementos for-
ações socioeducacionais realizadas por entida- madores tradicionais da capoeira nas suas
des do movimento negro que desenvolvam ati- relações internacionais.
vidades voltadas para a inclusão social, median- Seção IV
te cooperação técnica, intercâmbios, convênios DO ESPORTE E LAZER
e incentivos, entre outros mecanismos.
Art. 15. O poder público adotará programas de Art. 21. O poder público fomentará o pleno
ação afirmativa. acesso da população negra às práticas despor-
tivas, consolidando o esporte e o lazer como di-
Art. 16. O Poder Executivo federal, por meio dos reitos sociais.
órgãos responsáveis pelas políticas de promo-
ção da igualdade e de educação, acompanhará Art. 22. A capoeira é reconhecida como despor-
e avaliará os programas de que trata esta Seção. to de criação nacional, nos termos do art. 217
da Constituição Federal.

64
curso – matéria – Prof.

§ 1º A atividade de capoeirista será reco- V – a produção e a divulgação de publica-


nhecida em todas as modalidades em que ções relacionadas ao exercício e à difusão
a capoeira se manifesta, seja como esporte, das religiões de matriz africana;
luta, dança ou música, sendo livre o exercí-
cio em todo o território nacional. VI – a coleta de contribuições financeiras
de pessoas naturais e jurídicas de natureza
§ 2º É facultado o ensino da capoeira nas privada para a manutenção das atividades
instituições públicas e privadas pelos capo- religiosas e sociais das respectivas religiões;
eiristas e mestres tradicionais, pública e for-
malmente reconhecidos. VII – o acesso aos órgãos e aos meios de co-
municação para divulgação das respectivas
religiões;
VIII – a comunicação ao Ministério Públi-
CAPÍTULO III co para abertura de ação penal em face de
DO DIREITO À LIBERDADE DE atitudes e práticas de intolerância religiosa
CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA E AO nos meios de comunicação e em quaisquer
LIVRE EXERCÍCIO DOS CULTOS outros locais.
RELIGIOSOS Art. 25. É assegurada a assistência religiosa aos
praticantes de religiões de matrizes africanas in-
Art. 23. É inviolável a liberdade de consciência ternados em hospitais ou em outras instituições
e de crença, sendo assegurado o livre exercício de internação coletiva, inclusive àqueles sub-
dos cultos religiosos e garantida, na forma da metidos a pena privativa de liberdade.
lei, a proteção aos locais de culto e a suas litur-
gias. Art. 26. O poder público adotará as medidas ne-
cessárias para o combate à intolerância com as
Art. 24. O direito à liberdade de consciência e religiões de matrizes africanas e à discriminação
de crença e ao livre exercício dos cultos religio- de seus seguidores, especialmente com o obje-
sos de matriz africana compreende: tivo de:
I – a prática de cultos, a celebração de reu- I – coibir a utilização dos meios de comuni-
niões relacionadas à religiosidade e a fun- cação social para a difusão de proposições,
dação e manutenção, por iniciativa privada, imagens ou abordagens que exponham pes-
de lugares reservados para tais fins; soa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por
II – a celebração de festividades e cerimô- motivos fundados na religiosidade de matri-
nias de acordo com preceitos das respecti- zes africanas;
vas religiões; II – inventariar, restaurar e proteger os do-
III – a fundação e a manutenção, por inicia- cumentos, obras e outros bens de valor ar-
tiva privada, de instituições beneficentes tístico e cultural, os monumentos, manan-
ligadas às respectivas convicções religiosas; ciais, flora e sítios arqueológicos vinculados
às religiões de matrizes africanas;
IV – a produção, a comercialização, a aquisi-
ção e o uso de artigos e materiais religiosos III – assegurar a participação proporcional
adequados aos costumes e às práticas fun- de representantes das religiões de matri-
dadas na respectiva religiosidade, ressalva- zes africanas, ao lado da representação das
das as condutas vedadas por legislação es- demais religiões, em comissões, conselhos,
pecífica; órgãos e outras instâncias de deliberação
vinculadas ao poder público.

65
CAPÍTULO IV Art. 34. Os remanescentes das comunidades
DO ACESSO À TERRA dos quilombos se beneficiarão de todas as ini-
ciativas previstas nesta e em outras leis para a
E À MORADIA ADEQUADA promoção da igualdade étnica.
Seção I Seção II
DO ACESSO À TERRA DA MORADIA
Art. 27. O poder público elaborará e implemen- Art. 35. O poder público garantirá a implemen-
tará políticas públicas capazes de promover o tação de políticas públicas para assegurar o di-
acesso da população negra à terra e às ativida- reito à moradia adequada da população negra
des produtivas no campo. que vive em favelas, cortiços, áreas urbanas
Art. 28. Para incentivar o desenvolvimento das subutilizadas, degradadas ou em processo de
atividades produtivas da população negra no degradação, a fim de reintegrá-las à dinâmica
campo, o poder público promoverá ações para urbana e promover melhorias no ambiente e na
viabilizar e ampliar o seu acesso ao financia- qualidade de vida.
mento agrícola. Parágrafo único. O direito à moradia ade-
Art. 29. Serão assegurados à população negra quada, para os efeitos desta Lei, inclui não
a assistência técnica rural, a simplificação do apenas o provimento habitacional, mas
acesso ao crédito agrícola e o fortalecimento da também a garantia da infraestrutura urba-
infraestrutura de logística para a comercializa- na e dos equipamentos comunitários asso-
ção da produção. ciados à função habitacional, bem como a
assistência técnica e jurídica para a constru-
Art. 30. O poder público promoverá a educa- ção, a reforma ou a regularização fundiária
ção e a orientação profissional agrícola para os da habitação em área urbana.
trabalhadores negros e as comunidades negras
rurais. Art. 36. Os programas, projetos e outras ações
governamentais realizadas no âmbito do Siste-
Art. 31. Aos remanescentes das comunidades ma Nacional de Habitação de Interesse Social
dos quilombos que estejam ocupando suas ter- (SNHIS), regulado pela Lei no 11.124, de 16 de
ras é reconhecida a propriedade definitiva, de- junho de 2005, devem considerar as peculiari-
vendo o Estado emitir-lhes os títulos respecti- dades sociais, econômicas e culturais da popu-
vos. lação negra.
Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Fe-
desenvolverá políticas públicas especiais volta- deral e os Municípios estimularão e facilita-
das para o desenvolvimento sustentável dos re- rão a participação de organizações e movi-
manescentes das comunidades dos quilombos, mentos representativos da população negra
respeitando as tradições de proteção ambiental na composição dos conselhos constituídos
das comunidades. para fins de aplicação do Fundo Nacional de
Habitação de Interesse Social (FNHIS).
Art. 33. Para fins de política agrícola, os rema-
nescentes das comunidades dos quilombos re- Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou pri-
ceberão dos órgãos competentes tratamento vados, promoverão ações para viabilizar o aces-
especial diferenciado, assistência técnica e li- so da população negra aos financiamentos habi-
nhas especiais de financiamento público, des- tacionais.
tinados à realização de suas atividades produti-
vas e de infraestrutura.

66
curso – matéria – Prof.

CAPÍTULO V § 4º As ações de que trata o caput deste ar-


DO TRABALHO tigo assegurarão o princípio da proporcio-
nalidade de gênero entre os beneficiários.
Art. 38. A implementação de políticas voltadas § 5º Será assegurado o acesso ao crédito
para a inclusão da população negra no mercado para a pequena produção, nos meios rural e
de trabalho será de responsabilidade do poder urbano, com ações afirmativas para mulhe-
público, observando-se: res negras.
I – o instituído neste Estatuto; § 6º O poder público promoverá campa-
II – os compromissos assumidos pelo Brasil nhas de sensibilização contra a marginaliza-
ao ratificar a Convenção Internacional sobre ção da mulher negra no trabalho artístico e
a Eliminação de Todas as Formas de Discri- cultural.
minação Racial, de 1965; § 7º O poder público promoverá ações com
III – os compromissos assumidos pelo Bra- o objetivo de elevar a escolaridade e a qua-
sil ao ratificar a Convenção no 111, de 1958, lificação profissional nos setores da econo-
da Organização Internacional do Trabalho mia que contem com alto índice de ocu-
(OIT), que trata da discriminação no empre- pação por trabalhadores negros de baixa
go e na profissão; escolarização.

IV – os demais compromissos formalmente Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo de


assumidos pelo Brasil perante a comunida- Amparo ao Trabalhador (Codefat) formulará
de internacional. políticas, programas e projetos voltados para a
inclusão da população negra no mercado de tra-
Art. 39. O poder público promoverá ações que balho e orientará a destinação de recursos para
assegurem a igualdade de oportunidades no seu financiamento.
mercado de trabalho para a população negra,
inclusive mediante a implementação de me- Art. 41. As ações de emprego e renda, promo-
didas visando à promoção da igualdade nas vidas por meio de financiamento para consti-
contratações do setor público e o incentivo à tuição e ampliação de pequenas e médias em-
adoção de medidas similares nas empresas e or- presas e de programas de geração de renda,
ganizações privadas. contemplarão o estímulo à promoção de em-
presários negros.
§ 1º A igualdade de oportunidades será lo-
grada mediante a adoção de políticas e pro- Parágrafo único. O poder público estimula-
gramas de formação profissional, de empre- rá as atividades voltadas ao turismo étnico
go e de geração de renda voltados para a com enfoque nos locais, monumentos e ci-
população negra. dades que retratem a cultura, os usos e os
costumes da população negra.
§ 2º As ações visando a promover a igual-
dade de oportunidades na esfera da admi- Art. 42. O Poder Executivo federal poderá im-
nistração pública far-se-ão por meio de nor- plementar critérios para provimento de cargos
mas estabelecidas ou a serem estabelecidas em comissão e funções de confiança destinados
em legislação específica e em seus regula- a ampliar a participação de negros, buscando
mentos. reproduzir a estrutura da distribuição étnica na-
cional ou, quando for o caso, estadual, observa-
§ 3º O poder público estimulará, por meio dos os dados demográficos oficiais.
de incentivos, a adoção de iguais medidas
pelo setor privado.

67
CAPÍTULO VI § 3º A autoridade contratante poderá, se
DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO considerar necessário para garantir a prá-
tica de iguais oportunidades de emprego,
Art. 43. A produção veiculada pelos órgãos de requerer auditoria por órgão do poder pú-
comunicação valorizará a herança cultural e a blico federal.
participação da população negra na história do § 4º A exigência disposta no caput não se
País. aplica às produções publicitárias quando
Art. 44. Na produção de filmes e programas abordarem especificidades de grupos étni-
destinados à veiculação pelas emissoras de te- cos determinados.
levisão e em salas cinematográficas, deverá ser
adotada a prática de conferir oportunidades de
emprego para atores, figurantes e técnicos ne- TÍTULO III
gros, sendo vedada toda e qualquer discrimina-
ção de natureza política, ideológica, étnica ou Do Sistema Nacional de
artística. Promoção da Igualdade Racial
Parágrafo único. A exigência disposta no (SINAPIR)
caput não se aplica aos filmes e programas
que abordem especificidades de grupos ét-
nicos determinados.
CAPÍTULO I
Art. 45. Aplica-se à produção de peças publicitá- DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
rias destinadas à veiculação pelas emissoras de
televisão e em salas cinematográficas o dispos- Art. 47. É instituído o Sistema Nacional de Pro-
to no art. 44. moção da Igualdade Racial (Sinapir) como for-
ma de organização e de articulação voltadas à
Art. 46. Os órgãos e entidades da administração implementação do conjunto de políticas e ser-
pública federal direta, autárquica ou fundacio- viços destinados a superar as desigualdades ét-
nal, as empresas públicas e as sociedades de nicas existentes no País, prestados pelo poder
economia mista federais deverão incluir cláusu- público federal.
las de participação de artistas negros nos con-
tratos de realização de filmes, programas ou § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
quaisquer outras peças de caráter publicitário. nicípios poderão participar do Sinapir me-
diante adesão.
§ 1º Os órgãos e entidades de que trata este
artigo incluirão, nas especificações para § 2º O poder público federal incentivará a
contratação de serviços de consultoria, con- sociedade e a iniciativa privada a participar
ceituação, produção e realização de filmes, do Sinapir.
programas ou peças publicitárias, a obriga-
toriedade da prática de iguais oportunida-
des de emprego para as pessoas relaciona-
das com o projeto ou serviço contratado. CAPÍTULO II
DOS OBJETIVOS
§ 2º Entende-se por prática de iguais opor-
tunidades de emprego o conjunto de medi- Art. 48. São objetivos do Sinapir:
das sistemáticas executadas com a finalida-
de de garantir a diversidade étnica, de sexo I – promover a igualdade étnica e o com-
e de idade na equipe vinculada ao projeto bate às desigualdades sociais resultantes
ou serviço contratado. do racismo, inclusive mediante adoção de
ações afirmativas;

68
curso – matéria – Prof.

II – formular políticas destinadas a comba- Art. 50. Os Poderes Executivos estaduais, distri-
ter os fatores de marginalização e a promo- tal e municipais, no âmbito das respectivas esfe-
ver a integração social da população negra; ras de competência, poderão instituir conselhos
de promoção da igualdade étnica, de caráter
III – descentralizar a implementação de permanente e consultivo, compostos por igual
ações afirmativas pelos governos estaduais, número de representantes de órgãos e entida-
distrital e municipais; des públicas e de organizações da sociedade ci-
IV – articular planos, ações e mecanismos vil representativas da população negra.
voltados à promoção da igualdade étnica; Parágrafo único. O Poder Executivo priori-
V – garantir a eficácia dos meios e dos ins- zará o repasse dos recursos referentes aos
trumentos criados para a implementação programas e atividades previstos nesta Lei
das ações afirmativas e o cumprimento das aos Estados, Distrito Federal e Municípios
metas a serem estabelecidas. que tenham criado conselhos de promoção
da igualdade étnica.

CAPÍTULO III
DA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA CAPÍTULO IV
DAS OUVIDORIAS PERMANENTES
Art. 49. O Poder Executivo federal elaborará E DO ACESSO À JUSTIÇA E À
plano nacional de promoção da igualdade racial SEGURANÇA
contendo as metas, princípios e diretrizes para a
implementação da Política Nacional de Promo- Art. 51. O poder público federal instituirá, na for-
ção da Igualdade Racial (PNPIR). ma da lei e no âmbito dos Poderes Legislativo e
§ 1º A elaboração, implementação, coor- Executivo, Ouvidorias Permanentes em Defesa
denação, avaliação e acompanhamento da da Igualdade Racial, para receber e encaminhar
PNPIR, bem como a organização, articula- denúncias de preconceito e discriminação com
ção e coordenação do Sinapir, serão efetiva- base em etnia ou cor e acompanhar a implemen-
dos pelo órgão responsável pela política de tação de medidas para a promoção da igualdade.
promoção da igualdade étnica em âmbito Art. 52. É assegurado às vítimas de discriminação
nacional. étnica o acesso aos órgãos de Ouvidoria Perma-
§ 2º É o Poder Executivo federal autoriza- nente, à Defensoria Pública, ao Ministério Público
do a instituir fórum intergovernamental de e ao Poder Judiciário, em todas as suas instâncias,
promoção da igualdade étnica, a ser coor- para a garantia do cumprimento de seus direitos.
denado pelo órgão responsável pelas políti- Parágrafo único. O Estado assegurará aten-
cas de promoção da igualdade étnica, com ção às mulheres negras em situação de vio-
o objetivo de implementar estratégias que lência, garantida a assistência física, psíqui-
visem à incorporação da política nacional ca, social e jurídica.
de promoção da igualdade étnica nas ações
governamentais de Estados e Municípios. Art. 53. O Estado adotará medidas especiais
para coibir a violência policial incidente sobre a
§ 3º As diretrizes das políticas nacional e população negra.
regional de promoção da igualdade étnica
serão elaboradas por órgão colegiado que Parágrafo único. O Estado implementará
assegure a participação da sociedade civil. ações de ressocialização e proteção da ju-
ventude negra em conflito com a lei e ex-
posta a experiências de exclusão social.

69
Art. 54. O Estado adotará medidas para coibir VI – apoio a programas e projetos dos go-
atos de discriminação e preconceito praticados vernos estaduais, distrital e municipais e de
por servidores públicos em detrimento da po- entidades da sociedade civil voltados para a
pulação negra, observado, no que couber, o dis- promoção da igualdade de oportunidades
posto na Lei no 7.716, de 5 de janeiro de 1989. para a população negra;
Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões e VII – apoio a iniciativas em defesa da cultu-
das ameaças de lesão aos interesses da popula- ra, da memória e das tradições africanas e
ção negra decorrentes de situações de desigual- brasileiras.
dade étnica, recorrer-se-á, entre outros instru-
mentos, à ação civil pública, disciplinada na Lei § 1º O Poder Executivo federal é autorizado
no 7.347, de 24 de julho de 1985. a adotar medidas que garantam, em cada
exercício, a transparência na alocação e na
execução dos recursos necessários ao finan-
ciamento das ações previstas neste Estatu-
CAPÍTULO V to, explicitando, entre outros, a proporção
dos recursos orçamentários destinados aos
DO FINANCIAMENTO DAS
programas de promoção da igualdade, es-
INICIATIVAS DE PROMOÇÃO DA pecialmente nas áreas de educação, saúde,
IGUALDADE RACIAL emprego e renda, desenvolvimento agrário,
habitação popular, desenvolvimento regio-
Art. 56. Na implementação dos programas e das nal, cultura, esporte e lazer.
ações constantes dos planos plurianuais e dos
orçamentos anuais da União, deverão ser ob- § 2º Durante os 5 (cinco) primeiros anos, a
servadas as políticas de ação afirmativa a que se contar do exercício subsequente à publica-
refere o inciso VII do art. 4º desta Lei e outras ção deste Estatuto, os órgãos do Poder Exe-
políticas públicas que tenham como objetivo cutivo federal que desenvolvem políticas e
promover a igualdade de oportunidades e a in- programas nas áreas referidas no § 1º des-
clusão social da população negra, especialmen- te artigo discriminarão em seus orçamen-
te no que tange a: tos anuais a participação nos programas de
ação afirmativa referidos no inciso VII do
I – promoção da igualdade de oportunida- art. 4º desta Lei.
des em educação, emprego e moradia;
§ 3º O Poder Executivo é autorizado a ado-
II – financiamento de pesquisas, nas áreas
tar as medidas necessárias para a adequada
de educação, saúde e emprego, voltadas
implementação do disposto neste artigo,
para a melhoria da qualidade de vida da po-
podendo estabelecer patamares de parti-
pulação negra;
cipação crescente dos programas de ação
III – incentivo à criação de programas e veí- afirmativa nos orçamentos anuais a que se
culos de comunicação destinados à divulga- refere o § 2º deste artigo.
ção de matérias relacionadas aos interesses
da população negra; § 4º O órgão colegiado do Poder Executi-
vo federal responsável pela promoção da
IV – incentivo à criação e à manutenção de igualdade racial acompanhará e avaliará a
microempresas administradas por pessoas programação das ações referidas neste ar-
autodeclaradas negras; tigo nas propostas orçamentárias da União.
V – iniciativas que incrementem o acesso e
Art. 57. Sem prejuízo da destinação de recursos
a permanência das pessoas negras na edu-
ordinários, poderão ser consignados nos orça-
cação fundamental, média, técnica e supe-
mentos fiscal e da seguridade social para finan-
rior;
ciamento das ações de que trata o art. 56:

70
curso – matéria – Prof.

I – transferências voluntárias dos Estados, I – deixar de conceder os equipamentos ne-


do Distrito Federal e dos Municípios; cessários ao empregado em igualdade de
condições com os demais trabalhadores;
II – doações voluntárias de particulares;
II – impedir a ascensão funcional do empre-
III – doações de empresas privadas e orga- gado ou obstar outra forma de benefício
nizações não governamentais, nacionais ou profissional;
internacionais;
III – proporcionar ao empregado tratamen-
IV – doações voluntárias de fundos nacio- to diferenciado no ambiente de trabalho,
nais ou internacionais; especialmente quanto ao salário.
V – doações de Estados estrangeiros, por § 2º Ficará sujeito às penas de multa e de
meio de convênios, tratados e acordos in- prestação de serviços à comunidade, in-
ternacionais. cluindo atividades de promoção da igualda-
de racial, quem, em anúncios ou qualquer
outra forma de recrutamento de trabalha-
TÍTULO IV dores, exigir aspectos de aparência próprios
de raça ou etnia para emprego cujas ativida-
Disposições Finais des não justifiquem essas exigências.” (NR)
Art. 58. As medidas instituídas nesta Lei não ex- Art. 61. Os arts. 3º e 4º da Lei nº 9.029, de 13 de
cluem outras em prol da população negra que abril de 1995, passam a vigorar com a seguinte
tenham sido ou venham a ser adotadas no âm- redação:
bito da União, dos Estados, do Distrito Federal
ou dos Municípios. “Art. 3º Sem prejuízo do prescrito no art. 2º e
nos dispositivos legais que tipificam os crimes
Art. 59. O Poder Executivo federal criará instru- resultantes de preconceito de etnia, raça ou cor,
mentos para aferir a eficácia social das medidas as infrações do disposto nesta Lei são passíveis
previstas nesta Lei e efetuará seu monitoramen- das seguintes cominações:
to constante, com a emissão e a divulgação de
relatórios periódicos, inclusive pela rede mun- ............................................................” (NR)
dial de computadores. “Art. 4º O rompimento da relação de trabalho
Art. 60. Os arts. 3º e 4º da Lei nº 7.716, de 1989, por ato discriminatório, nos moldes desta Lei,
passam a vigorar com a seguinte redação: além do direito à reparação pelo dano moral, fa-
culta ao empregado optar entre:
“Art. 3º ..............................................................
...........................................................” (NR)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena
quem, por motivo de discriminação de raça, Art. 62. O art. 13 da Lei no 7.347, de 1985, passa
cor, etnia, religião ou procedência nacional, a vigorar acrescido do seguinte § 2º, renume-
obstar a promoção funcional.” (NR) rando-se o atual parágrafo único como § 1º:

“Art. 4º .............................................................. “Art. 13. ..............................................................

§ 1º Incorre na mesma pena quem, por mo- § 1º ..............................................................


tivo de discriminação de raça ou de cor ou § 2º Havendo acordo ou condenação com
práticas resultantes do preconceito de des- fundamento em dano causado por ato de
cendência ou origem nacional ou étnica: discriminação étnica nos termos do dispos-
to no art. 1º desta Lei, a prestação em di-
nheiro reverterá diretamente ao fundo de

71
que trata o caput e será utilizada para ações
de promoção da igualdade étnica, confor-
me definição do Conselho Nacional de Pro-
moção da Igualdade Racial, na hipótese de
extensão nacional, ou dos Conselhos de
Promoção de Igualdade Racial estaduais
ou locais, nas hipóteses de danos com ex-
tensão regional ou local, respectivamente.”
(NR)
Art. 63. O § 1º do art. 1º da Lei nº 10.778, de
24 de novembro de 2003, passa a vigorar com a
seguinte redação:
“Art. 1º ..............................................................
§ 1º Para os efeitos desta Lei, entende-se
por violência contra a mulher qualquer ação
ou conduta, baseada no gênero, inclusive
decorrente de discriminação ou desigualda-
de étnica, que cause morte, dano ou sofri-
mento físico, sexual ou psicológico à mulher,
tanto no âmbito público quanto no privado.
............................................................” (NR)
Art. 64. O § 3º do art. 20 da Lei nº 7.716, de
1989, passa a vigorar acrescido do seguinte in-
ciso III:
“Art. 20. .............................................................
§ 3º ..............................................................
III – a interdição das respectivas mensagens
ou páginas de informação na rede mundial
de computadores.
...........................................................” (NR)
Art. 65. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa)
dias após a data de sua publicação.
Brasília, 20 de julho de 2010; 189º da Indepen-
dência e 122º da República.

72
curso – matéria – Prof.

ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

LEI Nº 13.694, através de palavra ou expressão equivalen-


te que o caracterize negro.
DE 19 DE JANEIRO DE 2011
(publicada no DOE nº 015, § 4º Para efeito deste Estatuto, serão con-
de 20 de janeiro de 2011) sideradas ações afirmativas os programas e
as medidas especiais adotados pelo Estado
Institui o Estatuto Estadual da Igualdade Racial e e pela iniciativa privada para a correção das
dá outras providências. desigualdades raciais e para a promoção da
O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE igualdade de oportunidades.
DO SUL. § 5º O Poder Público adotará as medidas ne-
Faço saber, em cumprimento ao disposto no ar- cessárias para o combate à intolerância para
tigo 82, inciso IV, da Constituição do Estado, que com as religiões, inclusive coibindo a utiliza-
a Assembléia Legislativa aprovou e eu sanciono ção dos meios de comunicação social para a
e promulgo a Lei seguinte: difusão de proposições que exponham pes-
soa ou grupo ao ódio ou ao desprezo por
Art. 1º Esta Lei institui o Estatuto Estadual da motivos fundados na religiosidade.
Igualdade Racial e de Combate à Intolerância
Religiosa contra quaisquer religiões, como ação Art. 2º O Estatuto Estadual da Igualdade Racial
estadual de desenvolvimento do Rio Grande do e de Combate à Intolerância Religiosa orienta-
Sul, objetivando a superação do preconceito, da rá as políticas públicas, os programas e as ações
discriminação e das desigualdades raciais. implementadas no Estado, visando a:

§ 1º Para efeito deste Estatuto, considerar- I – medidas reparatórias e compensatórias


-se-á discriminação racial toda distinção, para os negros pelas sequelas e consequ-
exclusão ou restrição baseada em raça, cor, ências advindas do período da escravidão e
descendência, origem nacional ou étnica das práticas institucionais e sociais que con-
que tenha por objetivo cercear o reconhe- tribuíram para aprofundar as desigualdades
cimento, o gozo ou o exercício dos direitos raciais presentes na sociedade;
humanos e das liberdades fundamentais II – medidas inclusivas, nas esferas pública
em qualquer campo da vida pública ou pri- e privada, que assegurem a representação
vada, asseguradas as disposições contidas equilibrada dos diversos segmentos raciais
nas legislações pertinentes à matéria. componentes da sociedade gaúcha, solidifi-
§ 2º Para efeito deste Estatuto, considerar- cando a democracia e a participação de to-
-se-á desigualdade racial toda situação in- dos.
justificada de diferenciação de acesso e Art. 3º A participação dos negros em igualdade
fruição de bens, serviços e oportunidades, de condições na vida social, econômica e cultu-
nas esferas pública e privada, em virtude de ral do Estado do Rio Grande do Sul será promo-
raça, cor, descendência ou origem nacional vida através de medidas que assegurem:
ou étnica.
I – o reconhecimento e a valorização da
§ 3º Para beneficiar-se do amparo deste composição pluriétnica da sociedade sul-
Estatuto, considerar-se-á negro aquele que -riograndense, resgatando a contribuição
se declare, expressamente, como negro, dos negros na história, na cultura, na políti-
pardo, mestiço de ascendência africana, ou ca e na economia do Rio Grande do Sul;

73
II – as políticas públicas, os programas e as I – a promoção da saúde integral da popula-
medidas de ação afirmativa, combatendo ção negra, priorizando a redução das desi-
especificamente as desigualdades raciais gualdades étnicas e o combate à discrimina-
que atingem as mulheres negras; ção nas instituições e serviços do SUS;
III – o resgate, a preservação e a manuten- II – a melhoria da qualidade dos sistemas de
ção da memória histórica legada à socieda- informação do SUS no que tange à coleta,
de gaúcha pelas tradições e práticas socio- ao processamento e à análise dos dados por
culturais negras; cor, etnia e gênero;

IV – o adequado enfrentamento e supera- III – a inclusão do conteúdo da saúde da po-


ção das desigualdades raciais pelas estru- pulação negra nos processos de formação e
turas institucionais do Estado, com a imple- de educação permanente dos trabalhado-
mentação de programas especiais de ação res da saúde;
afirmativa na esfera pública, visando ao en- IV – a inclusão da temática saúde da po-
frentamento emergencial das desigualda- pulação negra nos processos de formação
des raciais; das lideranças de movimentos sociais para
o exercício da participação e controle social
V – a promoção de ajustes normativos para no SUS.
aperfeiçoar o combate ao racismo em todas
as suas manifestações individuais, estrutu- Parágrafo único. Os membros das comuni-
rais e institucionais; dades remanescentes de quilombos serão
beneficiários de incentivos específicos para
VI – o apoio às iniciativas oriundas da so- a garantia do direito à saúde, incluindo me-
ciedade civil que promovam a igualdade de lhorias nas condições ambientais, no sanea-
oportunidades e o combate às desigualda- mento básico, na segurança alimentar e nu-
des raciais. tricional e na atenção integral à saúde.
Art. 6º Serão instituídas políticas públicas de
incentivo à pesquisa do processo de saúde e
CAPÍTULO I doença da população negra nas instituições de
DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE ensino, com ênfase:
I – nas doenças geneticamente determina-
Art. 4º A saúde dos negros será garantida me- das;
diante políticas sociais e econômicas que visem
à prevenção e ao tratamento de doenças gene- II – na contribuição das manifestações ne-
ticamente determinadas e seus agravos. gras de promoção à saúde;
III – na medicina popular de matriz africana;
Parágrafo único. O acesso universal e igua-
litário ao Sistema Único de Saúde – SUS – IV – na percepção popular do processo saú-
para a promoção, proteção e recuperação de/doença;
da saúde da população negra será propor- V – na escolha da terapêutica e eficácia dos
cionado através de ações e de serviços foca- tratamentos;
lizados nas peculiaridades dessa parcela da
população. VI – no impacto do racismo sobre as doen-
ças.
Art. 5º Os órgãos de saúde estadual monitora-
rão as condições da população negra para sub- Art. 7º Poderão ser priorizadas pelo Poder Pú-
sidiar o planejamento mediante, dentre outras, blico iniciativas que visem à:
as seguintes ações:

74
curso – matéria – Prof.

I – criação de núcleos de estudos sobre a des afins, dados históricos sobre a participação
saúde da população negra; dos negros nos fatos comemorados.
II – implementação de cursos de pós-gradu- Art. 12. As instituições de ensino deverão res-
ação com linhas de pesquisa e programas peitar a diversidade racial quando promoverem
sobre a saúde da população negra no âmbi- debates, palestras, cursos ou atividades afins,
to das universidades; convidando negros, entre outros, para discorrer
III – inclusão da questão da saúde da popu- sobre os temas apresentados.
lação negra como tema transversal nos cur- Art. 13. O Poder Público deverá promover cam-
rículos dos ensinos Médio e Superior; panhas que divulguem a literatura produzida
IV – inclusão de matérias sobre etiologia, pelos negros e aquela que reproduza a história,
diagnóstico e tratamento das doenças pre- as tradições e a cultura do povo negro.
valentes na população negra e medicina de
matriz africana, nos cursos e treinamentos Art. 14. Nas instituições de ensino, públicas e
dos profissionais do SUS; privadas, deverá ser oportunizado o aprendi-
zado e a prática da capoeira, como atividade
V – promoção de seminários e eventos para esportiva, cultural e lúdica, sendo facultada a
discutir e divulgar os temas da saúde da po- participação dos mestres tradicionais de capo-
pulação negra nos serviços de saúde. eira para atuarem como instrutores desta arte
Art. 8º Os negros terão políticas públicas desti- esporte.
nadas à redução do risco de doenças que têm Art. 15. O Estado deverá promover programas
maior incidência, em especial, a doença falcifor- de incentivo, inclusão e permanência da popu-
me, as hemoglobinopatias, o lúpus, a hiperten- lação negra nos ensinos Médio, Técnico e Supe-
são, o diabetes e os miomas. rior, adotando medidas para:
I – incentivar ações que mobilizem e sen-
sibilizem as instituições privadas de Ensino
CAPÍTULO II Superior para que adotem as políticas e
DO DIREITO À CULTURA, À ações afirmativas;
EDUCAÇÃO, AO ESPORTE E AO LAZER II – incentivar e apoiar a criação de cursos
de acesso ao Ensino Superior para estudan-
Art. 9º O Poder Público promoverá políticas e tes negros, como mecanismo para viabilizar
programas de ação afirmativa que assegurem uma inclusão mais ampla e adequada des-
igualdade de acesso ao ensino público para os tes nas instituições;
negros, em todos os níveis de educação, pro-
porcionalmente a sua parcela na composição da III – dar cumprimento ao disposto na Lei Fe-
população do Estado, ao mesmo tempo em que deral nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
incentivará os estabelecimentos de ensino pri- que estabelece as diretrizes e bases da edu-
vado a adotarem tais políticas e programas. cação nacional, e na Lei Federal nº 12.288,
de 20 de julho de 2010, que institui o Esta-
Art. 10. O Estado deve promover o acesso dos tuto da Igualdade Racial; altera as Leis nºs
negros ao ensino gratuito, às atividades esporti- 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de
vas e de lazer e apoiar a iniciativa de entidades 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de julho
que mantenham espaço para promoção social de 1985, e 10.778, de 24 de novembro de
desta parcela da população. 2003, no que tange a obrigatoriedade da
Art. 11. Nas datas comemorativas de caráter cí- inclusão da História e da Cultura Afrobrasi-
vico, as instituições de ensino públicas deverão leiras nos currículos escolares dos ensinos
inserir nas aulas, palestras, trabalhos e ativida- Médio e Fundamental;

75
IV – estabelecer programas de cooperação composição da população do Estado, e incenti-
técnica com as escolas de Educação Infantil, vará a uma maior equidade para os negros nos
Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensi- empregos oferecidos na iniciativa privada.
no Técnico para a capacitação de professo-
res para o ensino da História e da Cultura Parágrafo único. Para enfrentar a situação
Negras e para o desenvolvimento de uma de desigualdade de oportunidades, deverão
educação baseada nos princípios da equi- ser implementadas políticas e programas de
dade, tolerância e respeito às diferenças ra- formação profissional, emprego e geração
ciais; de renda voltadas aos negros.

V – desenvolver, elaborar e editar materiais Art. 18. A inclusão do quesito raça, a ser regis-
didáticos e paradidáticos que subsidiem o trado segundo a autoclassificação, será obriga-
ensino, a divulgação, o debate e as ativida- tória em todos os registros administrativos dire-
des afins sobre a temática da História e Cul- cionados a empregadores e trabalhadores dos
tura Negras; setores público e privado.

VI – estimular a implementação de dire-


trizes curriculares que abordem as ques-
tões raciais em todos os níveis de ensino, CAPÍTULO IV
apoiando projetos de pesquisa nas áreas DAS TERRAS QUILOMBOLAS
das relações raciais, das ações afirmativas,
da História e da Cultura Negras; Art. 19. Aos remanescentes das comunidades
de quilombos que estejam ocupando terras qui-
VII – apoiar grupos, núcleos e centros de lombolas no Rio Grande do Sul, será reconheci-
pesquisa, nos diversos programas de pós- da a propriedade definitiva das mesmas, estan-
-graduação, que desenvolvam temáticas de do o Estado autorizado a emitir-lhes os títulos
interesse da população negra; respectivos, em observância ao direito assegu-
VIII – desenvolver programas de extensão rado no art. 68 do Ato das Disposições Consti-
universitária destinados a aproximar jovens tucionais Transitórias da Constituição Federal e
negros de tecnologias avançadas, assegura- na Lei nº 11.731, de 9 de janeiro de 2002, que
do o princípio da proporcionalidade de gê- dispõe sobre a regularização fundiária de áreas
nero entre os beneficiários. ocupadas por remanescentes de comunidades
de quilombos.
Art. 16. O Estado deverá promover políticas que
valorizem a cultura “Hip-Hop” em suas manifes-
tações de canto do “Rap”, da instrumentação
dos “DJs”, da dança do “break dance” e da pin- CAPÍTULO V
tura do grafite. DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
Art. 20. A idealização, a realização e a exibição
das peças publicitárias veiculadas pelo Poder
CAPÍTULO III Público deverão observar percentual de artis-
DO ACESSO AO tas, modelos e trabalhadores afrodescendentes
MERCADO DE TRABALHO em número equivalente ao resultante do censo
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Art. 17. O Poder Público deverá promover po- − IBGE − de afro-brasileiros na composição da
líticas afirmativas que assegurem igualdade de população do Rio Grande do Sul.
oportunidades aos negros no acesso aos cargos
Art. 21. A produção veiculada pelos órgãos de
públicos, proporcionalmente a sua parcela na
comunicação valorizará a herança cultural e a

76
curso – matéria – Prof.

participação da população negra na história do CAPÍTULO VI


Estado. DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 22. Na produção de filmes, programas e pe-
ças publicitárias destinados à veiculação pelas Art. 24. Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vin-
emissoras de televisão e em salas cinematográ- te) dias após sua publicação.
ficas, deverá ser adotada a prática de conferir PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre,
oportunidades de emprego para atores, figu- 19 de janeiro de 2011.
rantes e técnicos negros, sendo vedada toda e
qualquer discriminação de natureza política,
ideológica, étnica ou artística.
Parágrafo único. A exigência disposta no
“caput” não se aplica aos filmes e aos pro-
gramas que abordem especificidades de
grupos étnicos determinados.
Art. 23. Os órgãos e as entidades da Administra-
ção Pública Estadual poderão incluir cláusulas
de participação de artistas negros nos contratos
de realização de filmes, programas ou quaisquer
outras peças de caráter publicitário nos termos
da Lei Federal nº 12.288/2010.
§ 1º Os órgãos e as entidades de que tra-
ta este artigo incluirão, nas especificações
para contratação de serviços de consulto-
ria, conceituação, produção e realização de
filmes, programas ou peças publicitárias, a
obrigatoriedade da prática de iguais opor-
tunidades de emprego para as pessoas re-
lacionadas com o projeto ou serviço contra-
tado.
§ 2º Entende-se por prática de iguais opor-
tunidades de emprego o conjunto de medi-
das sistemáticas executadas com a finalida-
de de garantir a diversidade étnica, de sexo
e de idade na equipe vinculada ao projeto
ou serviço contratado.
§ 3º A autoridade contratante poderá, se
considerar necessário para garantir a prá-
tica de iguais oportunidades de emprego,
requerer auditoria por órgão do Poder Pú-
blico.
§ 4º A exigência disposta no “caput” não se
aplica às produções publicitárias quando
abordarem especificidades de grupos étni-
cos determinados.

77
Questões .

1. (IBFC – AGERBA – Especialista em Regula- 3. (IBFC – AGERBA – Especialista em Regula-


ção – 2017) ção – 2017)
Assinale a alternativa INCORRETA sobre os Assinale a alternativa correta, considerando
objetivos do Sistema Nacional de Promoção as disposições da lei federal nº 12.288, de
da Igualdade Racial (Sinapir), considerando 20/07/2010 que institui o Estatuto da Igual-
as disposições da lei federal nº 12.288, de dade Racial.
20/07/2010 que institui o Estatuto da Igual- a) O Poder Legislativo federal elaborará
dade Racial. plano nacional de promoção da igual-
dade racial contendo as metas, princí-
a) Promover a igualdade étnica e o com- pios e diretrizes para a implementação
bate às desigualdades sociais resultan- da Política Nacional de Promoção da
tes do racismo, inclusive mediante ado- Igualdade Racial (PNPIR)
ção de ações afirmativas b) A elaboração, implementação, coordena-
b) Formular políticas destinadas a combater ção, avaliação e acompanhamento da Po-
os fatores de marginalização e a promover lítica Nacional de Promoção da Igualdade
a integração social da população negra Racial (PNPIR), bem como a organização,
c) Centralizar a implementação de ações articulação e coordenação do Sistema
afirmativas no nível federal Nacional de Promoção da Igualdade Ra-
d) Articular planos, ações e mecanismos vol- cial (Sinapir), serão efetivados pelo órgão
tados à promoção da igualdade étnica responsável pela política de promoção da
e) Garantir a eficácia dos meios e dos ins- igualdade étnica em âmbito nacional
trumentos criados para a implementa- c) É o Poder Legislativo federal autorizado
ção das ações afirmativas e o cumpri- a instituir fórum intergovernamental de
mento das metas a serem estabelecidas promoção da igualdade étnica, a ser coor-
denado pelo órgão responsável pelas po-
2. (IBFC – AGERBA – Técnico em Regulação – líticas educacionais gerais, com o objetivo
2017) de implementar estratégias que visem à
Considerando as disposições da lei federal incorporação da política nacional de pro-
nº 12.288, de 20/07/2010 que institui o Es- moção da igualdade étnica nas ações go-
tatuto da Igualdade Racial, assinale a alter- vernamentais de Estados e Municípios
nativa correta sobre o significado da sigla d) As diretrizes das políticas nacional e re-
SINAPIR. gional de promoção da igualdade étnica
serão elaboradas por órgão colegiado,
a) Serviço de Integração e Autopromoção independentemente de participação da
Racial sociedade civil
b) Serviço Nacional de Apoio às Práticas e) Os Poderes Executivos estaduais, distrital
de Integração Racial e municipais, no âmbito das respectivas
c) Sistema Nacional de Promoção da Igual- esferas de competência, poderão instituir
dade Racial conselhos de promoção da igualdade ét-
d) Sistema Nacional de Promoção da Inte- nica, de caráter provisório e deliberativo,
gração Racial compostos exclusivamente por represen-
e) Sindicato Nacional de Participação Ra- tantes de órgãos e entidades públicas
cial

79
4. (FCC – SEGEP-MA – Analista Ambiental – os compromissos assumidos pelo Brasil
Pedagogo – 2016) ao ratificar a Convenção Internacional
sobre a eliminação de todas as formas
No âmbito do Estatuto da Igualdade Racial, de Discriminação Racial e todos os com-
− Lei nº 12.288/2010 − ações afirmativas promissos assumidos pelo Brasil peran-
são te a comunidade internacional.
a) as políticas voltadas para garantir equi- b) O Estatuto da Igualdade Racial tem por
dade por meio de cotas raciais para objetivo único evitar a discriminação ra-
acesso à educação básica pública, ao cial e o bulling social.
emprego, à moradia, à saúde, ao sane- c) O Estatuto da Igualdade Racial ao tra-
amento básico e outros serviços. tar da Cultura busca preservar as tradi-
b) aquelas que são voltadas à seleção por ções remanescentes dos quilombos e o
mérito, condição socioeconômica, ade- registro e proteção da capoeira, como
são a credo religioso, partido político bem de natureza imaterial e da forma-
e outros critérios que revelem práticas ção da identidade cultural brasileira.
discriminatórias. d) A lei 12288/2010, no que trata do direi-
c) os programas e medidas especiais ado- to à saúde, garante tratamento iguali-
tados pelo Estado e pela iniciativa pri- tário da população negra, também no
vada para a correção das desigualdades que diz respeito aos seguros privados
raciais e para a promoção da igualdade de saúde.
de oportunidades. e) O Estado tem o dever de garantir a
d) as medidas governamentais compensa- igualdade de oportunidades, reconhe-
tórias permanentes destinadas a popu- cendo a qualquer cidadão brasileiro, in-
lações marcadamente marginalizadas e dependente da etnia ou cor da pele, o
desfavorecidas por condições de desi- pleno direito de participação na comu-
gualdades materiais. nidade, em todas as suas vertentes.
e) a caridade pública e a filantropia das
empresas privadas, de caráter com- 6. (IDECAN – Prefeitura de Natal – RN – Advo-
pulsório, facultativo ou voluntário, que gado – 2016)
produzem condição temporária de
igualdade racial. Sobre o tratamento que a Lei nº 12.288, de
20 de julho de 2010 – Estatuto da Igualdade
5. (IESES – BAHIAGÁS – Analista de Processos Racial dá ao esporte e lazer, analise as afir-
Organizacionais – Administração – 2016) mativas.
I – A capoeira é reconhecida como desporto
A Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010, insti- de criação nacional, nos termos do Art. 217
tuiu o Estatuto da Igualdade Racial, que obje- da Constituição Federal.
tiva garantir à população negra a efetivação
da igualdade de oportunidades, a defesa dos II – A atividade de capoeirista será reco-
direitos étnicos individuais, coletivos e difu- nhecida em todas as modalidades em que
sos, e o combate à discriminação e às demais a capoeira se manifesta, seja como esporte,
formas de intolerância, conforme dispõe o luta, dança ou música, sendo livre o exercí-
caput do artigo 1º do diploma legal em aná- cio em todo o território nacional.
lise. Considerando os termos da lei e a mens III – É facultado o ensino da capoeira nas
lege, assinale a afirmação INCORRETA. instituições públicas e privadas pelos capo-
a) O Brasil, no tocante à inclusão da popu- eiristas e mestres tradicionais, pública e for-
lação negra no mercado, tem por fun- malmente reconhecidos.
damento legal a CF, a Lei 12.288/2010, Estão corretas as afirmativas

80
.

a) I, II e III. ção de acesso e fruição de bens, serviços e


b) I e II, apenas. oportunidades, nas esferas pública e priva-
c) I e III, apenas. da, em virtude de raça, cor, descendência
d) II e III, apenas. ou origem nacional ou étnica.
III – Desigualdade de gênero e raça: assime-
7. (IDECAN – Prefeitura de Natal – RN – Advo- tria existente no âmbito da sociedade que
gado – 2016) acentua a distância social entre mulheres
De acordo com a Lei nº 12.288, de 20 de ju- negras e os demais segmentos sociais.
lho de 2010 – Estatuto da Igualdade Racial, IV – População negra: o conjunto de pessoas
o direito à liberdade de consciência e de que se autodeclaram pretas e pardas, confor-
crença e ao livre exercício dos cultos religio- me o quesito cor ou raça usado pela Fundação
sos de matriz africana NÃO compreende: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
a) A produção e a divulgação de publica- (IBGE), ou que adotam autodefinição análoga.
ções relacionadas ao exercício e à difu- Estão corretas apenas as afirmativas
são das religiões de matriz africana.
b) A fundação e a manutenção, por iniciativa a) I e II.
privada, de instituições beneficentes liga- b) I e III.
das às respectivas convicções religiosas. c) III e IV.
c) A prática de cultos, a celebração de reu- d) II, III e IV.
niões relacionadas à religiosidade e a fun-
dação e manutenção, por iniciativa públi- 9. (IBFC – EMBASA – Analista de Saneamento
ca, de lugares reservados para tais fins. – Enfermeiro do Trabalho – 2015)
d) A comunicação ao Ministério Público Assinale a alternativa correta consideran-
para abertura de ação penal em face de do as disposições da lei federal n° 12.288,
atitudes e práticas de intolerância reli- de 20/07/2010, que institui o Estatuto da
giosa nos meios de comunicação e em Igualdade Racial.
quaisquer outros locais.
a) É assegurada a assistência religiosa aos
8. (IDECAN – Prefeitura de Natal – RN – Advo- praticantes de religiões de matrizes afri-
gado – 2016) canas internados em hospitais ou em
outras instituições de internação coleti-
Considerando o que dispõe a Lei nº 12.288, va, excluídos os casos de pena privativa
de 20 de julho de 2010 – Estatuto da Igual- de liberdade.
dade Racial, analise as seguintes definições b) Os conteúdos referentes à história da po-
para efeito do Estatuto. pulação negra no Brasil serão ministrados
por meio de componente curricular espe-
I – Desigualdade racial: toda distinção, ex- cífico, resgatando sua contribuição decisi-
clusão, restrição ou preferência baseada em va para o desenvolvimento social, econô-
raça, cor, descendência ou origem nacional mico, político e cultural do País.
ou étnica que tenha por objeto anular ou c) É facultado o ensino da capoeira nas
restringir o reconhecimento, gozo ou exercí- instituições públicas e privadas pelos
cio, em igualdade de condições, de direitos capoeiristas formados em educação fí-
humanos e liberdades fundamentais nos sica.
campos político, econômico, social, cultural d) Para incentivar o desenvolvimento das
ou em qualquer outro campo da vida públi- atividades produtivas da população ne-
ca ou privada. gra no campo, o poder público promo-
II – Discriminação racial ou étnico-racial: verá ações para viabilizar e ampliar o
toda situação injustificada de diferencia- seu acesso ao financiamento agrícola.

81
10. (IBFC – SAEB-BA – Analista de Registro de nas esferas pública e privada, em virtude de
Comércio – 2015) raça, cor, descendência ou origem nacional
ou étnica.
Assinale a alternativa correta sobre as maté-
rias indicadas expressamente na Lei Federal IV – Para se beneficiar do amparo do Es-
nº 12.888, de 20 de julho de 2010 (Estatuto tatuto Estadual da Igualdade Racial, será
da Igualdade Racial) como sendo de estudo considerado negro aquele que estiver clas-
obrigatório nos estabelecimentos de ensino sificado como negro, pardo ou mestiço no
fundamental e de ensino médio, públicos e quesito de cor, comprovado através da Cer-
privados. tidão de Registro de Nascimento.
a) Estudo dos problemas brasileiros e His- Quais estão corretas?
tória geral da África. a) Apenas I e II.
b) História das populações indígenas no b) Apenas III e IV.
Brasil e História da população negra no c) Apenas I, II e III.
Brasil. d) Apenas II, III e IV.
c) História geral da África e História da po- e) I, II, III e IV.
pulação negra no Brasil.
d) História das populações indígenas no 12. (FUNDATEC – CEEE – Técnico de Enferma-
Brasil e História geral da África. gem – 2013)
e) Estudo dos problemas brasileiros e His-
tória das populações indígenas no Brasil. De acordo com o artigo 1º, da Lei nº 12.288,
de 20.07.2010, toda situação injustifica-
11. (FUNDATEC – CEEE – Médico do Trabalho – da de diferenciação de acesso e fruição de
2013) bens, serviços e oportunidades, nas esferas
pública e privada, em virtude de raça, cor,
Com base na Lei Estadual nº 13.694, de descendência ou origem nacional ou étnica,
19.01.2011, analise as seguintes assertivas: para efeito da mencionada Lei, se considera
I – A Lei 13.694/2011 instituiu o Estatuto Es- a) discriminação de gênero.
tadual da Igualdade Racial e de Combate à b) discriminação étnico-racial.
Intolerância Religiosa contra quaisquer re- c) desigualdade racial.
ligiões, como ação estadual de desenvolvi- d) desigualdade de gênero e raça.
mento do Rio Grande do Sul, objetivando a e) desigualdade socioeconômica.
superação do preconceito, da discriminação
e das desigualdades raciais. 13. (FUNDATEC – CEEE – Técnico de Enferma-
II – Para efeito da Lei 13.694/2011, será gem – 2013)
considerado discriminação racial toda dis- O artigo 18, da Lei nº 13.694, de 19.01.2011,
tinção, exclusão ou restrição baseada em estabelece que “a inclusão do quesito raça,
raça, cor, descendência, origem nacional a ser registrado segundo a autoclassificação,
ou étnica que tenha por objetivo cercear o será
reconhecimento, o gozo ou o exercício dos
direitos humanos e das liberdades funda- a) obrigatório em todos os registros admi-
mentais em qualquer campo da vida pública nistrativos direcionados a empregado-
ou privada. res e trabalhadores dos setores público
III – Para efeito da Lei 13.694/2011, será e privado”.
considerado desigualdade racial toda situa- b) optativo em todos os registros adminis-
ção injustificada de diferenciação de acesso trativos direcionados a empregadores e
e fruição de bens, serviços e oportunidades, trabalhadores do setor privado”.

82
.

c) opcional nos registros administrativos cos individuais, coletivos e difusos e o com-


direcionados a trabalhadores do setor bate à discriminação e às demais formas de
privado”. intolerância étnica.
d) facultativo nos registros administrativos III – Dentre os objetivos que fazem parte da
direcionados a trabalhadores do setor Política Nacional de Saúde Integral da Popu-
público”. lação Negra, está a melhoria da qualidade
e) obrigatório somente nos registros ad- dos sistemas de informação do SUS no que
ministrativos direcionados a emprega- tange à coleta, ao processamento e à análi-
dores e trabalhadores do setor público”. se dos dados desagregados por cor, etnia e
gênero.
14. (FUNDATEC – CEEE-GT – Médico do Traba-
lho – 2013) IV – É instituído pela mencionada Lei o Sis-
tema Nacional de Promoção da Igualdade
O artigo 8º, do Estatuto Estadual da Igualda- Racial (SINAPIR) como forma de organiza-
de Racial, estabelece que os negros tenham ção e de articulação voltadas à implemen-
políticas públicas destinadas à redução do tação do conjunto de políticas e serviços
risco de doenças que têm maior incidência destinados a superar as desigualdades étni-
nessa parcela da população, entre outras, cas existentes no país, prestados pelo poder
em especial: público federal.
I – O lúpus. Quais estão corretas?
II – A hipertensão. a) Apenas I e II.
III – O diabetes. b) Apenas III e IV.
c) Apenas I, II e III.
IV – Os miomas. d) Apenas II, III e IV.
Quais estão corretas? e) I, II, III e IV.
a) Apenas I e II. 16. (FUNDATEC – CEEE-GT – Técnico de Enfer-
b) Apenas III e IV. magem do Trabalho – 2013)
c) Apenas I, II e III.
d) Apenas II, III e IV. Segundo o artigo 47, da Lei nº 12.288, de
e) I, II, III e IV. 20.07.2010, foi instituído, como forma de
organização e de articulação voltadas à im-
15. (FUNDATEC – CEEE-GT – Médico do Traba- plementação do conjunto de políticas e ser-
lho – 2013) viços destinados a superar as desigualdades
étnicas existentes no País, prestados pelo
Com base na Lei 12.288, de 20.07.2010, poder público federal, o
analise as seguintes assertivas:
a) Sistema Nacional de Proteção às Crian-
I – O acesso universal e igualitário ao Siste- ças e Adolescentes – SINPROCA.
ma Único de Saúde (SUS) para promoção, b) Sistema Integrado de Atenção à Saúde
proteção e recuperação da saúde da popu- da Mulher – SIASAM.
lação negra será de responsabilidade exclu- c) Sistema Nacional de Políticas sobre
siva dos órgãos e instituições públicas fede- Drogas – SENAD.
rais, da administração direta e indireta. d) Sistema Nacional de Promoção da
II – A referida Lei instituiu o Estatuto da Igualdade Racial – SINAPIR.
Igualdade Racial, destinado a garantir à po- e) Sistema Único de Assistência Social –
pulação negra a efetivação da igualdade de SUAS.
oportunidades, a defesa dos direitos étni-

83
17. (FUNDATEC – CEEE-GT – Técnico de Enfer- III – A inclusão do requisito raça, a ser re-
magem do Trabalho – 2013) gistrado segundo a autoclassificação, será
facultativa em todos os registros adminis-
Com base na Lei nº 13.694, de 19.01.2011, trativos direcionados a empregadores e tra-
que instituiu o Estatuto Estadual da Igualda- balhadores dos setores público e privado.
de Racial, analise as seguintes assertivas:
Quais estão corretas?
I – Para efeito do referido Estatuto, será
considerada desigualdade racial toda situa- a) Apenas I.
ção injustificada de diferenciação de acesso b) Apenas II.
e fruição de bens, serviços e oportunidades, c) Apenas I e II.
restritivo às esferas públicas, em virtude de d) Apenas I e III.
raça, cor, descendência ou origem nacional e) Apenas II e III.
ou étnica.
19. (FUNDATEC – IRGA – 2013 – ASS. ADM)
II – Para beneficiar-se do amparo do referi-
do Estatuto, será considerado negro aque- Nos termos do Estatuto Estadual da Igualda-
le que se declarar, expressamente, como de Racial, considera-se desigualdade racial:
negro, pardo, mestiço de ascendência afri- a) Toda situação injustificada de diferencia-
cana, ou através de palavra ou expressão ção de acesso e fruição de bens, serviços
equivalente que o caracterize negro. e oportunidades, nas esferas pública e
III – A inclusão do quesito raça, a ser re- privada, em virtude de raça, cor, descen-
gistrado segundo a autoclassificação, será dência ou origem nacional ou étnica.
obrigatória em todos os registros adminis- b) Toda situação justificada ou não de dife-
trativos direcionados a empregadores e tra- renciação de acesso e fruição de bens,
balhadores dos setores público e privado. serviços e oportunidades, nas esferas
Quais estão corretas? pública e privada, em virtude de raça,
cor, descendência ou origem nacional
a) Apenas I. ou étnica.
b) Apenas II. c) Toda situação justificada de diferen-
c) Apenas I e II. ciação de acesso e fruição de bens,
d) Apenas II e III. serviços e oportunidades, nas esferas
e) I, II e III. públicas, em virtude de raça, cor, des-
cendência ou origem nacional ou étni-
18. (FUNDATEC – IRGA – 2013 – TÉC. SUP.JURÍ- ca, excluída a esfera privada.
DICO) d) Toda situação injustificada ou não de
Considerando o Estatuto Estadual da Igual- diferenciação de acesso e fruição de
dade Racial, analise as seguintes assertivas: bens, serviços e oportunidades, nas es-
feras pública e privada, em virtude de
I – O Poder Público deverá promover políticas raça ou orientação sexual.
afirmativas que assegurem igualdade de e) Toda situação injustificada de diferen-
oportunidades aos negros no acesso aos ciação de acesso e fruição de bens, ser-
cargos públicos, proporcionalmente a sua viços e oportunidades, realizada por
parcela na composição do Estado. particulares, em virtude de raça, cor,
descendência ou origem nacional ou ét-
II – O Poder Público deverá incentivar a
nica, com exclusão da esfera pública.
uma maior equidade para os negros nos
empregos oferecidos na iniciativa privada.

84
.

20. (FUNDATEC – IRGA – 2013 – ASS. ADM ) ção de ao menos 10% (dez por cento) de
atores, figurantes e técnicos negros.
Indique a alternativa INCORRETA sobre os
objetivos do Sistema Nacional de Promoção V – inclusão, no rol de feriados nacionais,
da Igualdade Racial. do Dia da Consciência Negra.

a) Promover a igualdade étnica e o com- Escolha a alternativa que contempla dois


bate às desigualdades sociais resultan- itens que tratam dos meios que, na forma
tes do racismo, inclusive mediante ado- do indicado artigo de lei, garantem a partici-
ção de ações afirmativas. pação da população negra, em condição de
b) Formular políticas destinadas a combater igualdade de oportunidade, na vida econô-
os fatores de marginalização e a promover mica, social, política e cultural do País.
a integração social da população negra. a) I e II.
c) Centralizar a implementação de ações b) I e IV.
afirmativas no governo federal. c) II e III.
d) Articular planos, ações e mecanismos vol- d) III e V.
tados à promoção da igualdade étnica. e) IV e V.
e) Garantir a eficácia dos meios e dos
instrumentos criados para a imple- 22. (CESPE – 2013 – PC-BA – Delegado de Polí-
mentação das ações afirmativas e o cia)
cumprimento das metas a serem esta-
belecidas. Considerando o que dispõe a legislação atu-
al acerca de discriminação, julgue os itens
21. (FESMIP-BA – 2011 – MPE-BA – Assistente que se seguem.
Administrativo – Salvador) Pratica crime o empregador que, por moti-
vo de discriminação de raça ou cor, deixar
A Lei 12.288/10, que instituiu o Estatuto da de conceder equipamentos necessários ao
Igualdade Racial, estabeleceu, no seu artigo empregado, em igualdade de condições
quarto, a participação da população negra, com os demais trabalhadores.
em condição de igualdade de oportunida-
de, na vida econômica, social, política e cul- ( ) Certo   ( ) Errado
tural do País.
Analise os itens I, II, III, IV e V abaixo. 23. (MPE-SP – 2012 – MPE-SP – Promotor de
Justiça)
I – estímulo à pesquisa histórica que deter-
mine a correta identificação e localização O Estatuto da Igualdade Racial (Lei no
das comunidades de remanescentes de qui- 12.288/2010), destinado a garantir à po-
lombos, para fins de reforma agrária pulação negra a efetivação da igualdade de
II – adoção de medidas, programas e políti- oportunidades, a defesa dos direitos étni-
cas de ação afirmativa. cos individuais, coletivos e difusos e o com-
bate à discriminação e às demais formas de
III – promoção de ajustes normativos para intolerância étnica, considera
aperfeiçoar o combate à discriminação étni-
ca e às desigualdades étnicas em todas as a) Desigualdade racial: toda situação justi-
suas manifestações individuais, institucio- ficada de diferenciação de acesso e frui-
nais e estruturais. ção de bens, serviços e oportunidades,
nas esferas pública e privada, em virtu-
IV – produção de filmes, novelas televisivas de de raça, cor, descendência ou origem
e peças teatrais com necessária participa- nacional ou étnica.

85
b) Discriminação racial ou étnico-racial: d) a restrição baseada em cor cuja finali-
toda distinção, exclusão, restrição ou dade seja restringir o reconhecimento,
preferência baseada em raça, cor, des- em igualdade de condições, de direitos
cendência ou origem nacional ou étnica humanos no campo social.
que tenha por objeto anular ou restrin- e) o tratamento socialmente diferenciado
gir o reconhecimento, gozo ou exercício, que tenha o objetivo de rechaçar o gozo
em igualdade de condições, de direitos de liberdade fundamental na esfera cul-
humanos e liberdades fundamentais tural em razão da origem nacional.
nos campos político, econômico, social,
cultural ou em qualquer outro campo 25. (MPE-PR – 2012 – MPE-PR – Promotor de
da vida pública ou privada. Justiça)
c) População negra: o conjunto de pesso- Assinale a alternativa incorreta:
as que se autodeclaram não brancas,
conforme o quesito cor ou raça usado a) O Estatuto da Igualdade Racial consi-
pelos órgãos oficiais de estatística. dera desigualdade de gênero e raça a
d) Ações afirmativas: os programas in- assimetria no âmbito da sociedade que
centivados pelo Estado e pela iniciativa acentua a distância social entre mulhe-
privada para a conscientização das de- res negras e demais segmentos sociais;
sigualdades raciais e para a promoção b) Em nosso país, há obrigatoriedade de
dos direitos humanos. estudo, tanto no ensino fundamental,
e) Desigualdade de gênero e raça: simetria quanto no ensino médio, da história ge-
existente no âmbito da sociedade que ral da África e da história da população
acentua a distância social entre mulhe- negra no Brasil;
res negras e os demais segmentos so- c) É competente, por opção da ofendida,
ciais. para os processos cíveis regidos pela Lei
nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), o
24. (ESAF – 2012 – CGU – Analista de Finanças Juizado do seu domicílio ou residência,
e Controle – Prevenção da Corrupção e Ou- do lugar do fato em que se baseou a de-
vidoria) manda ou do domicílio do agressor;
d) Povos e comunidades tradicionais são
Visando assegurar o princípio da igualdade, grupos culturalmente indiferenciados que
o Estatuto da Igualdade Racial estabelece usam territórios e recursos naturais como
que é considerado(a) desigualdade racial condição para sua reprodução cultural,
a) a assimetria existente no âmbito da so- social, religiosa, ancestral e econômica;
ciedade que acentua a distância social e) É a autoidentificação o critério funda-
entre mulheres negras e os demais seg- mental para definir os grupos aos quais
mentos sociais. se aplicam as disposições da Convenção
b) a preferência baseada em raça ou ori- nº 169, da OIT.
gem étnica que tenha por objeto, em 26. (FESMIP-BA – 2011 – MPE-BA – Analista de
igualdade de condições, anular o exer- Sistemas)
cício de direitos humanos e liberdades
fundamentais em qualquer campo da A Lei 12.288/10, que instituiu o Estatuto da
vida pública ou privada. Igualdade Racial, trouxe, no seu artigo pri-
c) a situação injustificada de diferenciação meiro, conceitos acerca de discriminação
de acesso e fruição de bens, serviços racial ou étnico-racial, desigualdade racial,
e oportunidades, nas esferas pública e população negra, políticas públicas e ações
privada, em virtude de raça ou origem afirmativas para efeito do mencionado Esta-
étnica. tuto. Analise os itens I, II, III, IV e V abaixo.

86
.

I – ações afirmativas: os programas e me- 27. (Considerando o Estatuto da Igualdade Ra-


didas especiais adotados somente pelo cial — Lei nº 12.288/2011 —, assinale a op-
Estado para a correção das desigualdades ção correta.)
raciais e para a promoção da igualdade de
oportunidades. a) A população negra no Brasil é compos-
ta por indivíduos assim reconhecidos e
II – políticas públicas: as ações, iniciativas classificados pelo Estado com base em
e programas adotados pelo Estado e pela critérios definidos pelo Instituto Brasi-
iniciativa privada no cumprimento de suas leiro de Geografia e Estatística.
atribuições institucionais. b) A capoeira recebe proteção legal por
III – população negra: o conjunto de pes- sua relevância esportiva, não cultural.
soas que se autodeclaram pretas e pardas, c) O exercício de determinados cultos re-
conforme o quesito cor ou raça usado pela ligiosos de matriz africana deve ser re-
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e gulamentado em lei, que deverá impor
Estatística (IBGE), ou que adotam autodefi- limites à sua liturgia.
nição análoga. d) O Estatuto, ao combater a discrimina-
ção e a intolerância étnica, busca garan-
IV – desigualdade racial: assimetria existen- tir a promoção do bem de todos, sem
te no âmbito da sociedade que acentua a preconceitos, refletindo, assim, objeti-
distância social entre mulheres negras e os vo fundamental da República Federati-
demais segmentos sociais. va do Brasil, previsto na CF.
V – discriminação racial ou étnico-racial:
toda distinção, exclusão, restrição ou prefe-
rência baseada em raça, cor, descendência
ou origem nacional ou étnica que tenha por
objeto anular ou restringir o reconhecimen-
to, gozo ou exercício, em igualdade de con-
dições, de direitos humanos e liberdades
fundamentais nos campos político, econô-
mico, social, cultural ou em qualquer outro
campo da vida pública ou privada.
Escolha a alternativa que contempla dois
itens que tratam dos conceitos que, na
forma do indicado artigo de lei, tratam de
discriminação racial ou étnico-racial, desi-
gualdade racial, população negra, políticas
públicas e ações afirmativas para efeito do
mencionado Estatuto.
a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) III e V.
e) IV e V.

Gabarito: 1. C 2. C 3. B 4. C 5. B 6. A 7. C 8. C 9. D 10. C 11. C 12. C 13. A 14. E 15. D 16. D 17. D 
18. C 19. A 20. C 21. C 22. Certa 23. B 24. C 25. D 26. D 27. D 

87
LEI Nº 13.320, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2009.

(atualizada até a Lei nº 14.859, de 20 de abril de XX – 11.123, de 27 de janeiro de 1998;


2016)
XXI – 11.363, de 30 de julho de 1999;
Consolida a legislação relativa à pessoa com de-
ficiência no Estado do Rio Grande do Sul. XXII – 11.405, de 31 de dezembro de 1999;
XXIII – 11.576, de 4 de janeiro de 2001;
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
XXIV – 11.608, de 23 de abril de 2001;
Art. 1º Esta Lei consolida a legislação relativa à
pessoa com deficiência no Estado do Rio Grande XXV – 11.620, de 14 de maio de 2001;
do Sul. (Vide arts. 2º e 3º da Lei nº 13.519/10) XXVI – 11.739, de 13 de janeiro de 2002;
Parágrafo único. Encontram-se consolida- XXVII – 11.791, de 22 de maio de 2002;
das as seguintes Leis:
XXVIII – 11.810, de 21 de junho de 2002;
I – 7.616, de 5 de janeiro de 1982;
IXXX – 11.856, de 4 de dezembro de 2002;
II – 8.103, de 18 de dezembro de 1985;
XXX – 11.877, de 26 de dezembro de 2002;
III – 8.115, de 30 de dezembro de 1985;
XXXI – 12.081, de 5 de maio de 2004;
IV – 8.650, de 8 de junho de 1988;
XXXII – 12.103, de 2 de junho de 2004;
V – 8.974, de 8 de janeiro de 1990;
XXXIII – 12.132, de 22 de julho de 2004;
VI – 9.429, de 21 de novembro de 1991;
XXXIV – 12.227, de 5 de janeiro de 2005;
VII – 9.796, de 30 de dezembro de 1992;
XXXV – 12.339, de 10 de outubro de 2005;
VIII – 10.003, de 8 de dezembro de 1993;
XXXVI – 12.430, de 27 de março de 2006;
IX – 10.176, de 23 de maio de 1994;
XXXVII – 12.498, de 23 de maio de 2006;
X – 10.228, de 6 de julho de 1994;
XXXVIII – 12.578, de 9 de agosto de 2006;
XI – 10.364, de 19 de janeiro de 1995;
IXL – 12.682, de 21 de dezembro de 2006;
XII – 10.367, de 19 de janeiro de 1995;
XL – 12.758, de 20 de julho de 2007;
XIII – 10.414, de 26 de junho de 1995;
XLI – 12.885, de 4 de janeiro de 2008;
XIV – 10.538, de 12 de setembro de 1995;
XLII – 12.900, de 4 de janeiro de 2008;
XV – 10.556, de 17 de outubro de 1995;
XLIII – 12.958, de 5 de maio de 2008;
XVI – 10.726, de 23 de janeiro de 1996;
XLIV – 13.017, de 24 de julho de 2008;
XVII – 10.940, de 18 de março de 1997;
XLV – 13.042, de 30 de setembro de 2008;
XVIII – 10.945, de 15 de abril de 1997;
XLVI – 13.153, de 16 de abril de 2009; e
IXX – 11.056, de 18 de dezembro de 1997;
XLVII – 13.277, de 3 de novembro de 2009.

88
curso – matéria – Prof.

DISPOSIÇÕES GERAIS I – repartições públicas estaduais;

Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência II – sociedades de economia mista, empre-


aquele indivíduo que, em razão de anomalias sas públicas, autarquias e fundações manti-
ou lesões comprovadas de natureza hereditária, das pelo Estado;
congênitas ou adquiridas, tenha suas faculda- III – instituições financeiras estaduais;
des físicas, mentais ou sensoriais comprome-
tidas, total ou parcialmente, impedindo o seu IV – hospitais, laboratórios de análises clíni-
desenvolvimento integral, tornando-o incapa- cas e unidades sanitárias estaduais, ou con-
citado ou carente de atendimento e educação veniados.
especializados para ter vida independente e tra-
Art. 5º Dentro do princípio da universalidade de
balho condigno.
atendimento da população, previsto pelo Siste-
Art. 3º A proteção dos direitos e o atendimento ma Único de Saúde – SUS, no Rio Grande do Sul,
da pessoa com deficiência, no âmbito estadual, independentemente de quaisquer indicativos
abrangem os seguintes aspectos: de tratamento, encaminhamentos ou parece-
res, a pessoa com deficiência, assim como o ido-
I – acessibilidade e conscientização da so- so e a gestante, terão atendimento preferencial
ciedade sobre os direitos, necessidades e e obrigatório nos postos de saúde e/ou simila-
capacidades da pessoa com deficiência; res, da rede estadual, bem como nos ambulató-
II – adoção de políticas sociais básicas de rios públicos estaduais e particulares credencia-
saúde, educação, habitação, transporte, dos pelo SUS.
desporto, lazer e cultura, bem como às vol- Parágrafo único. O atendimento preferen-
tadas à habilitação e à reabilitação, visando cial e obrigatório, nos termos da presente
à inserção no mercado de trabalho e pes- Lei, constitui-se na atenção imediata, em
quisa; todos os níveis de serviços de saúde do
III – promoção de políticas e programas de SUS/RS, respeitando-se apenas situações de
assistência social que eliminem a discrimi- maior urgência dos demais usuários.
nação e garantam o direito à proteção es- Art. 6º É responsabilidade da autoridade poli-
pecial e à plena participação nas atividades cial e dos órgãos de segurança pública, recebi-
políticas, econômicas, sociais, culturais e es- da a notícia do desaparecimento de pessoa com
portivas do Estado; deficiência física, intelectual e/ou sensorial,
IV – redução do índice de deficiência por proceder a sua imediata busca e localização.
meio de medidas preventivas; e Art. 7º Os estabelecimentos bancários devem
V – execução de serviços especiais, nos ter- disponibilizar assentos nas filas especiais para
mos da legislação vigente. aposentados, pensionistas, gestantes e pessoas
com deficiência física.
§ 1º A quantidade de assentos disponíveis
deverá ser suficiente para que, durante o
CAPÍTULO I horário de funcionamento, todos os usuá-
DO ATENDIMENTO PREFERENCIAL rios da fila especial possam estar assenta-
dos.
Art. 4º Fica assegurado à pessoa com deficiên-
cia, assim como ao idoso e à gestante, o aten- § 2º Os estabelecimentos bancários afixa-
dimento preferencial nos seguintes estabeleci- rão, em local visível, cartaz, placa ou qual-
mentos: quer outro meio equivalente, indicando a
localização e a destinação dos assentos.

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Art. 8º A Secretaria da Administração e dos Re- Art. 10. As determinações constantes desta Se-
cursos Humanos orientará os órgãos públicos ção não impedem a adoção de medidas suple-
estaduais no sentido de proverem atendimen- mentares, objetivando a adaptação das instala-
to especial de forma que as pessoas protegidas ções para a pessoa com deficiência física.
pelo disposto no art. 7.º não sejam obrigadas a
esperar em filas. Art. 11. Nas edificações que venham a ser refor-
madas, as adaptações necessárias atenderão às
posturas municipais, a preceitos técnicos oficial-
CAPÍTULO II mente estabelecidos, bem como à anuência do
autor do projeto original.
DA ACESSIBILIDADE
Art. 12. As dependências que demandam acentu-
Seção I ado contato com o público deverão estar, prefe-
DA ACESSIBILIDADE NOS PROJETOS rencialmente, localizadas no térreo da edificação.
DE ARQUITETURA E DE ENGENHARIA Art. 13. A escolha de materiais a serem especi-
DE EDIFÍCIOS PÚBLICOS ficados para os pisos, principalmente das áreas
de maior circulação de público, deverá recair
Art. 9º Os projetos de arquitetura e de enge- em produtos antiderrapantes, mormente quan-
nharia, destinados à construção ou reforma do se tratar de rampas.
de edifícios públicos, inclusive os destinados a
Autarquias e Empresas de Economia Mista, in- Art. 14. Todas as aberturas de passagem deve-
corporarão as disposições de ordem técnica rão ser dimensionadas com largura mínima de
consubstanciadas nesta Seção, a fim de facilitar 90 cm (noventa centímetros).
o acesso à pessoa com deficiência física, exce-
Parágrafo único. Caso essas aberturas se-
tuados os prédios tombados pelo patrimônio
jam dotadas de elementos que devam per-
histórico nacional, quando tal medida implique
manecer constantemente fechados, devido
prejuízo arquitetônico, do ponto de vista históri-
a segurança, ar condicionado etc., serão
co. (Redação dada pela Lei nº 14.859/16)
previstos, quando estritamente necessá-
§ 1º Os edifícios referidos no “caput” des- rios, mecanismos que os mantenham tem-
te artigo deverão dispor de, no mínimo, um porariamente abertos.
sanitário masculino e um sanitário femini-
Art. 15. As maçanetas a serem especificadas se-
no, adaptados ou construídos, para uso por
rão, preferencialmente, do tipo alavanca.
pessoas com deficiência. (Redação dada
pela Lei nº 14.859/16) Art. 16. Deverá ser previsto trecho de rampa:
§ 2º As adaptações de que trata o “caput” I – sempre que a diferença das cotas de so-
deste artigo serão definidas em conformi- leira for superior a 2 cm (dois centímetros);
dade com o disposto na Norma Brasileira –
NBR – 9050/05, da Associação Brasileira de II – pelo menos em uma das entradas da
Normas Técnicas – ABNT –, e demais nor- edificação, quando o térreo estiver acentu-
mas de acessibilidade vigentes. (Redação adamente acima do nível da calçada.
dada pela Lei nº 14.859/16) Art. 17. As especificações concernentes a eleva-
§ 3º Quando da impossibilidade de ade- dores de passageiros determinarão que os bo-
quação dos edifícios públicos às normas tões de chamada e de comando estejam a, no
de acessibilidade vigentes, apresentar-se- máximo, 120 cm (cento e vinte centímetros) do
-ão alternativas para análise junto ao ór- piso, as cabines possuam corrimão, pelo menos,
gão competente. (Redação dada pela Lei nº em dois lados, e as portas tenham largura míni-
14.859/16) ma de 100 cm (cem centímetros).

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curso – matéria – Prof.

Art. 18. Os sistemas de alarme de incêndio de- endem bancos oficiais ou privados, caixas
verão possuir dispositivos de sinalização sono- econômicas, sociedades de crédito, associa-
ro-luminosa adequadamente localizados na ções de poupança, suas agências, subagên-
edificação e o mecanismo de alarme ser de fácil cias e seções.
ativação e estar a, no máximo, 120 cm (cento e
vinte centímetros) do piso. Art. 25. Os sanitários devidamente compatíveis
com a pessoa com deficiência física deverão es-
Art. 19. Projetos de auditórios devem prever tar disponíveis nos mesmos horários de funcio-
local destinado a cadeiras de rodas, inclusive, namento dos estabelecimentos financeiros.
quando for o caso, dotado de equipamento de
tradução simultânea, sem prejuízo das condi- Art. 26. Todos os estabelecimentos financeiros,
ções de visibilidade e locomoção. nas dependências destinadas para atendimento
ao público, deverão possuir bebedouros, obser-
Art. 20. Os refeitórios e salas de leitura deverão vando-se sempre as normas de acessibilidade
ser projetados de maneira a permitir o acesso, para a pessoa com deficiência física e crianças.
circulação e manobra de cadeira de rodas, bem
como possuir mesas apropriadas aos usuários Parágrafo único. Serão colocados copos
desses aparelhos. descartáveis à disposição dos clientes.

Art. 21. Os sanitários destinados ao público de- Art. 27. É obrigatória a instalação de caixas pa-
verão ser dimensionados de modo a permitir o gadoras para uso preferencial de pessoas com
acesso e a circulação de cadeiras de rodas, bem deficiência, com mobilidade reduzida, idosos e
como providos de elementos auxiliares que gestantes, no andar térreo dos estabelecimen-
permitam seu uso por pessoa com deficiência. tos bancários, que tenham caixas exclusiva-
mente em andares superiores, exceto os que
Art. 22. No hall da edificação, quando houver possuam elevadores que, então, deverão dispo-
telefones públicos, pelo menos um deles deverá nibilizar cadeiras de rodas para melhor locomo-
ser acessível ao cadeirante. ção interna.
Art. 23. Os projetos de arquitetura e de enge- Parágrafo único. É obrigatória a instalação
nharia que se encontrem em elaboração incor- de caixa eletrônico acessível ao cadeirante,
porarão, sempre que possível, as presentes de- no andar térreo, que possibilite a digitação
terminações. e a visualização das operações a serem re-
alizadas, em altura e proximidade que per-
Seção II mita ao usuário do serviço a utilização deste
DA ACESSIBILIDADE NOS na própria cadeira de rodas. (Incluído pela
ESTABELECIMENTOS PRIVADOS Lei nº 14.613/14)
Art. 28. Os estabelecimentos bancários que in-
Subseção I fringirem o disposto no art. 27 ficarão sujeitos
NOS ESTABELECIMENTOS às seguintes penalidades:
FINANCEIROS I – advertência e notificação para se ade-
Art. 24. Os estabelecimentos financeiros com quarem no prazo de 15 (quinze) dias úteis;
agências no Estado do Rio Grande do Sul ficam II – multa de 10.000 (dez mil) UPF-RS – Uni-
obrigados a possuírem instalações sanitárias se- dade Padrão Fiscal do Rio Grande do Sul e,
paradas por sexo e compatíveis com a pessoa no caso de reincidência, o dobro;
com deficiência física, para uso de seus clientes.
III – após a incidência do previsto nos inci-
Parágrafo único. Os estabelecimentos fi- sos I e II, cassação do alvará e interdição do
nanceiros referidos no “caput” compre- estabelecimento.

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Parágrafo único. A pessoa com deficiência Art. 32. Os estabelecimentos obrigados deverão
ou com mobilidade reduzida, idosos e ges- afixar em suas dependências internas, inclusive
tantes poderão representar, junto ao Esta- nas garagens, cartazes ou placas indicativas dos
do, contra o infrator, através de suas entida- locais onde as cadeiras de rodas encontram-se
des representativas. disponíveis aos usuários.

Subseção II Art. 33. O estabelecimento que violar o previs-


to nesta Subseção incorrerá em multa diária no
NOS HOTÉIS E MOTÉIS
valor de 50 (cinquenta) Unidade Padrão Fiscal –
Art. 29. Os hotéis e motéis estabelecidos no UPF-RS.
Estado do Rio Grande do Sul ficam obrigados a
adaptarem suas instalações a fim de garantir o Seção III
acesso da pessoa com deficiência, reservando- DA ACESSIBILIDADE AO TRANSPORTE
-lhes 2% (dois por cento) de seus quartos ou METROPOLITANO DE PORTO ALEGRE
apartamentos, quando com mais de 50 (cin-
quenta) unidades. Art. 34. As empresas concessionárias do Siste-
ma Estadual de Transporte Metropolitano de
§ 1º As adaptações de que trata o “caput” Porto Alegre – RMPA – devem disponibilizar, em
serão definidas em conformidade com o seus veículos de transporte coletivo de passa-
disposto na Norma Brasileira (NBR) 9050:04 geiros, dispositivos que facilitem o acesso à pes-
da Associação Brasileira de Normas Técnicas soa com deficiência física, obesos, gestantes e
– ABNT – ou na que vier a substituí-la. idosos, sob a supervisão do órgão estadual com-
§ 2º Os estabelecimentos localizados em petente.
prédios que não consigam atender às exi- § 1º Os dispositivos de que trata o “caput”
gências previstas neste artigo devem apre- devem ser instalados em veículos de trans-
sentar alternativas para análise junto ao ór- porte de passageiros, conforme parecer
gão competente. técnico do órgão estadual competente, ob-
servados os seguintes requisitos:
Subseção III
NOS SHOPPING I – reserva de espaço interno, com equipa-
mento de fixação para, pelo menos, duas
CENTERS E SIMILARES
cadeiras de rodas;
Art. 30. Fica obrigatório o fornecimento de ca- II – remoção de obstáculos internos que di-
deiras de rodas para a pessoa com deficiência ficultem a passagem das pessoas referidas
física e idosos pelos shopping centers e estabe- no “caput”.
lecimentos similares em todo o Estado do Rio
Grande do Sul. § 2º Os veículos adaptados com os disposi-
tivos de acesso devem ter identificação sen-
Art. 31. O fornecimento das cadeiras de rodas sorial própria e não devem ser de uso exclu-
referido no art. 30 será gratuito, sem qualquer sivo da pessoa com deficiência.
ônus para o usuário, cabendo, exclusivamente,
aos estabelecimentos comerciais mencionados, § 3º Os veículos com as adaptações a que
o seu fornecimento e manutenção, em perfeitas se refere o § 2.º, circularão em horários fi-
condições de uso. xos, de conhecimento da população, em
proporção a ser definida pelo órgão estadu-
Parágrafo único. As cadeiras de rodas colo- al competente, respeitando o limite de, no
cadas à disposição deverão ser de no míni- mínimo, um veículo por empresa com frota
mo 2 (duas), devendo seguir as normas da acima de 20 (vinte) veículos, contemplando
ABNT. todos os municípios.

92
curso – matéria – Prof.

Seção IV Art. 42. A política estadual de desporto definirá as


DA ACESSIBILIDADE À EDUCAÇÃO diretrizes e os instrumentos para as ações de todas
as entidades integrantes do Sistema Estadual do
Art. 35. Fica assegurada matrícula para todo Desporto, em especial a proteção, o incentivo e o
aluno com deficiência locomotora na escola pú- apoio a projetos na área do desporto formal e não
blica mais próxima de sua residência, indepen- formal praticado pela pessoa com deficiência, como
dente de vaga. forma de promoção, lazer e bem-estar social.
Art. 36. As escolas deverão oportunizar que os Art. 43. No Sistema Estadual de Ensino, o des-
alunos com deficiência locomotora façam parte porto educacional compreenderá atividades
de turmas cujas salas de aula estejam localiza- curriculares e extracurriculares.
das em espaços físicos de fácil acesso. Parágrafo único. A educação especial de
Parágrafo único. As escolas farão as adap- atividades físicas deverá ser de caráter re-
tações necessárias para o cumprimento do creativo e deverá contribuir para adaptação
estabelecido no “caput”. e readaptação da pessoa com deficiência de
forma a integrá-la socialmente.
Art. 37. A escola deverá proporcionar, regular-
mente, ao aluno matriculado com deficiência Art. 44. O Conselho Estadual de Desportos do
locomotora, atividades esportivas adequadas. Rio Grande do Sul – CEDERS –, criado pela Lei
nº 10.726/1996, é o órgão colegiado represen-
Parágrafo único. A escola se articulará com tativo da comunidade desportiva estadual, in-
as demais escolas da comunidade a fim de tegrante da estrutura básica da Secretaria da
proporcionar ao aluno participação em jo- Educação, como órgão de caráter normativo,
gos e disputas desportivas. consultivo, deliberativo e cogestor da política
Art. 38. O aluno de que trata esta Seção apre- estadual do desporto, cabendo-lhe:
sentará comprovante de residência quando da I – incentivar e apoiar eventos esportivos
solicitação de matrícula. destinados à integração da pessoa com de-
Art. 39. No caso de preferência por outra es- ficiência;
cola, o aluno deverá apresentar justificativa II – incentivar a formação ou especialização
circunstanciada que será apreciada pela escola de professores de educação física para o
escolhida. atendimento à pessoa com deficiência.
Art. 40. A escola poderá solicitar ao aluno laudo
médico comprobatório de deficiência locomotora. Seção VI
DO CRÉDITO ESPECIAL
Seção V Art. 45. As instituições financeiras estaduais
DA ACESSIBILIDADE AO ESPORTE manterão linha de crédito especial destinado à
pessoa com deficiência e às entidades que tra-
Art. 41. O Sistema Estadual do Desporto, institu- balhem na sua promoção.
ído pela Lei nº 10.726, de 23 de janeiro de 1996, § 1º Os recursos de que trata o “caput” serão
dispõe sobre normas gerais de desporto no âm- exclusivamente destinados para a cobertura
bito do Rio Grande do Sul. de despesas necessárias à superação das di-
Parágrafo único. O desporto, como direito ficuldades geradas pela deficiência.
de cada um, tem como base os princípios § 2º A liberação do crédito especial fica con-
estabelecidos na Lei Federal nº 8.672, de 6 dicionada à prova documental, pelos interes-
de julho de 1993, e mais a garantia de con- sados – pessoas físicas e jurídicas –, de que
dições para a prática do desporto formal e sua aplicação será feita estritamente na área
não formal à pessoa com deficiência. da deficiência, devendo as entidades apre-

93
sentarem ainda cópia do Registro na Secre- Art. 50. Todo cão-guia portará identificação e,
taria da Justiça e do Desenvolvimento Social. sempre que solicitado, o seu condutor deverá
Art. 46. Tanto às pessoas físicas como às jurí- apresentar documento comprobatório do registro
dicas, a concessão do crédito especial se dará expedido pela Escola de Cães-Guia, acompanhado
dentro dos critérios usuais das instituições fi- do atestado de sanidade do animal fornecido pelo
nanceiras, respeitada a capacidade de liquidez órgão competente, ou médico veterinário.
dos financiados, demonstrada por documentos Art. 51. Viola os direitos humanos aquele que
que lhes forem solicitados. impede o acesso da pessoa com deficiência vi-
sual, conduzida por cão-guia, aos locais previs-
Art. 47. As pessoas físicas comprovarão a defi- tos no art. 48 desta Subseção.
ciência por meio de laudo médico, devendo as
entidades fazerem prova, através de seus esta- Parágrafo único. Os estabelecimentos, em-
tutos, de que se dedicam à promoção da pessoa presas ou órgãos que derem causa à dis-
com deficiência. criminação serão punidos com pena de
interdição até que cesse a discriminação,
Seção VII podendo cumular com pena de multa.
DOS DEFICIENTES VISUAIS Art. 52. A pessoa com deficiência visual tem di-
reito de manter pelo menos um cão-guia em sua
Subseção I residência e de transitar com o mesmo, seguro
DO INGRESSO COM CÃO-GUIA pela coleira, nas áreas e dependências comuns
do respectivo condomínio, independentemente
Art. 48. Toda pessoa com deficiência visual acom- de restrições à presença de animais na conven-
panhada de cão-guia, bem como treinador ou ção do condomínio ou do regimento interno.
acompanhante habilitado, poderá ingressar e per-
Art. 53. À pessoa com deficiência visual que
manecer em qualquer local público, meio de trans-
dependa de cães-guia para sua locomoção fica
porte, ou em qualquer estabelecimento comercial,
assegurado o direito ao transporte nas linhas
industrial, de serviço, ou de promoção, proteção e
intermunicipais regulares, em conformidade
recuperação da saúde, desde que observadas as
com o disposto na Lei nº 12.900, de 4 de janei-
condições impostas por esta Subseção.
ro de 2008, limitado a um animal por viagem,
Art. 49. Para os fins desta Lei, entende-se por: independentemente de peso e de cobrança de
I – deficiente visual: pessoa com cegueira tarifa, segundo Lei Federal n.° 11.126, de 27 de
ou baixa visão; junho de 2005, e Decreto Federal n.° 5.904, de
21 de setembro de 2006.
II – cão-guia: o animal portador de certifica-
do de habilitação fornecido por uma escola Subseção II
filiada à Federação Internacional de Escolas DA ACESSIBILIDADE À INFORMAÇÃO
de Cães-Guia e que esteja a serviço de uma
pessoa com deficiência visual, dependente Art. 54. Fica assegurado à pessoa com deficiência
inteiramente dele, ou que se encontre em visual o direito de receber, sem custo adicional,
estágio de treinamento; os boletos de pagamento de suas contas de água,
energia elétrica e telefonia, confeccionados em
III – local público: é aquele aberto e utiliza-
braile.
do pela sociedade, com acesso gratuito ou
mediante pagamento de taxa de ingresso; e Parágrafo único. Para o recebimento dos bole-
tos de pagamento confeccionados em braile,
IV – estabelecimento: propriedade privada
a pessoa com deficiência visual deverá efetuar
sujeita ao cumprimento das normas e pos-
a solicitação junto à empresa prestadora do
turas municipais.
serviço, onde será feito o seu cadastramento.

94
curso – matéria – Prof.

Art. 55. Fica determinada a inclusão de, pelo Parágrafo único. Para efetivar o disposto
menos, 1 (um) exemplar da Bíblia Sagrada, edi- no “caput”, o Poder Executivo poderá esta-
tado em linguagem braile, no acervo das biblio- belecer convênios com entidades públicas
tecas públicas do Estado do Rio Grande do Sul. ou privadas que atuem no atendimento dos
Art. 55-A. Os bares e restaurantes estabelecidos surdos.
no Estado do Rio Grande Sul, onde sejam co- Art. 58. Os telejornais da Fundação Rádio e Te-
mercializadas refeições ao público, ficam obri- levisão Educativa estão autorizados a instituir a
gados a oferecer cardápios em braile. (Incluído legenda em língua portuguesa das notícias por
pela Lei nº 13.519/10) eles veiculados, no decorrer dos seus progra-
§ 1º A previsão legal contida no ‘caput’ des- mas diários, com a finalidade de possibilitar aos
te artigo obriga somente os estabelecimen- surdos o seu entendimento.
tos que disponibilizem cardápios impressos Art. 59. Fica autorizada a Fundação Rádio e Te-
e que ofereçam, no mínimo, 90 (noventa) levisão Educativa a adquirir os equipamentos
lugares. (Incluído pela Lei nº 13.519/10) necessários, se for o caso, para o efetivo cum-
§ 2º Estão excluídos da previsão contida primento do art. 58.
nesta Lei os estabelecimentos que prestem
serviços de ‘buffet’ e os que ofereçam prato
único. (Incluído pela Lei nº 13.519/10)
CAPÍTULO III
§ 3º Os cardápios deverão estar expostos
em local de fácil acesso às pessoas com de- DA INCLUSÃO SOCIAL
ficiência visual, contendo a transcrição do
Art. 60. A família que tenha pessoa com defici-
cardápio para o braile, com o nome dos pra-
ência tem preferência na participação do Pro-
tos, a relação de bebidas, de sobremesas e
grama de Garantia de Renda Mínima Familiar,
outros produtos oferecidos e seus respecti-
instituído pela Lei nº 11.620, de 14 de maio de
vos preços. (Incluído pela Lei nº 13.519/10)
2001, coordenado pela Secretaria da Justiça e
Seção VIII do Desenvolvimento Social, respeitadas as con-
dições impostas.
DA PESSOA COM
DEFICIÊNCIA AUDITIVA Art. 61. A educação profissional, prevista na Lei nº
11.123, de 27 de janeiro de 1998, compreende as
Art. 56. Ficam reconhecidos a LIBRAS – Língua diferentes formas de educação voltadas ao traba-
Brasileira de Sinais – e os demais recursos de ex- lho, à ciência e à tecnologia, tendo por finalida-
pressão a ela associados, como meios de comu- de propiciar o pleno desenvolvimento da pessoa,
nicação objetiva e de uso corrente. seu preparo para o exercício da cidadania e o de-
Parágrafo único. Compreende-se como senvolvimento de aptidões para a vida produtiva,
Língua Brasileira de Sinais o meio de co- através da preparação e da qualificação à pessoa
municação de natureza visual-gestual, com com deficiência para o mercado de trabalho, inde-
estrutura gramatical própria, oriunda de co- pendente de idade e nível de escolaridade.
munidade de pessoas surdas do Brasil, sen- Art. 62. Devem ser destinados preferencialmen-
do esta uma das formas de comunicação da te ao jovem com deficiência com idade entre 16
pessoa com deficiência auditiva. (dezesseis) e 24 (vinte e quatro) anos 10% (dez
Art. 57. Fica assegurado aos surdos o direito à por cento) dos novos postos de trabalho, decor-
informação e ao atendimento em toda a admi- rentes do Programa Primeiro Emprego, institu-
nistração pública, direta e indireta, por servidor ído pela Lei nº 11.363, de 30 de julho de 1999,
em condições de comunicar-se através da LI- regularmente inscrito no Programa, respeitadas
BRAS. as condições impostas.

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Parágrafo único. O empregador que con- termos da legislação trabalhista e previdenciá-
tratar pessoa com deficiência terá direito ria em vigor.
ao repasse de que trata o art. 4.º da Lei nº
11.363/1999, pelo período de, no máximo, Art. 69. O Sistema Estadual de Habitação de In-
12 (doze) meses. teresse Social – SEHIS –, instituído pela Lei nº
13.017, de 24 de julho de 2008, tem o objeti-
Art. 63. Devem ser destinados 10% (dez por cen- vo de viabilizar e promover, mediante políticas
to) das vagas de trabalho oferecidas no Progra- e programas de investimentos e subsídios, o
ma Nova Chance, instituído pela Lei nº 11.856, acesso à terra urbanizada e à habitação urbana
de 4 de dezembro de 2002, preferencialmente, e rural digna e sustentável para a população de
à pessoa acima de quarenta anos com deficiên- baixa renda, observando, dentre outras diretri-
cia, regularmente inscrita e respeitadas as con- zes, a adoção de mecanismos de quotas para a
dições impostas pelo Programa. pessoa com deficiência.
Art. 64. Fica o Poder Executivo autorizado a
conceder benefícios fiscais e estímulos credi-
tícios a empresas que preencham, no mínimo, CAPÍTULO IV
10% (dez por cento) de seus Quadros de Pessoal
DA SAÚDE
com pessoa com deficiência encaminhada por
instituições de assistência mantidas pelo poder
público estadual.
Seção I
DA PREVENÇÃO E DO TRATAMENTO
Parágrafo único. Equiparam-se às institui-
ções oficiais de atendimento à pessoa com Art. 70. É obrigatória a realização do exame deno-
deficiência as entidades particulares que minado Emissões Otoacústicas Evocadas (Teste
estejam conveniadas com o Estado ou man- da Orelhinha), imediatamente após o nascimen-
tenham registro na Secretaria da Justiça e to, nas maternidades e hospitais da rede pública
do Desenvolvimento Social, com o mesmo e particular de saúde do Estado do Rio Grande do
propósito assistencial educativo. Sul. (Redação dada pela Lei nº 14.625/14)
Art. 65. Os benefícios fiscais referidos no art. 64 § 1º Quando o bebê nascer fora da mater-
serão representados por prazos especiais con- nidade ou em outra unidade de saúde, o
cedidos para o recolhimento de impostos e ta- diagnóstico terá que ser feito até 3 (três)
xas devidos ao Estado, ou por redução dos res- meses de vida. (Renumerado pela Lei nº
pectivos valores ou alíquotas. 14.625/14)
Art. 66. Os incentivos creditícios serão repre- § 2º Fica obrigatória a fixação de cartazes
sentados por prioridade na concessão de em- com o timbre do hospital, à vista da popula-
préstimos, assim como diferimento de taxas pri- ção, nas dependências dos hospitais, mater-
vilegiadas, nas operações de crédito realizadas nidades e postos de saúde da rede oficial,
pelas empresas credenciadas junto a estabele- particular e conveniados, com o seguinte
cimento de crédito oficial, cujo acionista majori- teor: “De acordo com o artigo 70 da Lei nº
tário seja o Estado do Rio Grande do Sul. 13.320, de 21 de dezembro de 2009, é obri-
gatória a realização do exame denominado
Art. 67. A habilitação das empresas processar- Emissões Otoacústicas Evocadas (Teste da
-se-á junto à Secretaria da Justiça e do Desen- Orelhinha), imediatamente após o nasci-
volvimento Social, por períodos renováveis não mento, nas maternidades e hospitais da
superiores a 6 (seis) meses. rede pública e particular de saúde do Esta-
Art. 68. Só será considerada, para efeito de cál- do do Rio Grande do Sul.”. (Incluído pela Lei
culo, a pessoa com deficiência contratada nos nº 14.625/14)

96
curso – matéria – Prof.

Art. 71. É obrigatória a realização de exames de recém-nascidos apresentem qualquer tipo de


acuidade visual e auditiva nos alunos das esco- deficiência ou patologia crônica que implique
las públicas estaduais. tratamento continuado, constatada durante o
período de internação para o parto.
Parágrafo único. Os exames previstos no
“caput” serão realizados gratuitamente a Art. 76. A assistência especial prevista no art. 75
cada início de ano letivo. consistirá, basicamente, na prestação de infor-
mações por escrito à parturiente, ou a quem a
Art. 72. Os alunos que apresentarem deficiência represente, sobre os cuidados a serem tomados
visual ou auditiva serão submetidos a exames com o recém-nascido por conta de sua deficiên-
oftalmológico ou otorrinolaringológico, respec- cia ou patologia, bem como no fornecimento de
tivamente. listagem das instituições, públicas e privadas,
Parágrafo único. É facultada a realização especializadas na assistência à pessoa com defi-
dos exames referidos mediante convênio ciência ou patologia específica.
com os municípios, instituições de saúde li- Art. 77. A conduta prevista no art. 76 deverá ser,
gadas ao SUS/RS e universidades. também, adotada pelos médicos pediatras no
Art. 73. Serão obrigatoriamente notificados à Estado do Rio Grande do Sul quando constata-
Secretaria da Saúde os casos de nascimento e rem deficiências ou patologias nas crianças por
atendimento de pessoa com deficiência, assim eles atendidas.
como os casos de deficiência adquirida por aci- Art. 78. Compete ao Estado fornecer o óleo de
dente ou moléstia, em estabelecimento hospi- Lorenzo – óleo de glicero trierucato mais óleo
talar ou ambulatorial, público ou privado. de glicerol trioleato – para tratamento dos pa-
§ 1º Cabe à Secretaria da Saúde elaborar cientes portadores de Adrenoleucodistrofia li-
formulário próprio para o registro dos casos gada ao “X”.
de nascimento e de atendimento de pessoa Parágrafo único. O Estado manterá cadas-
com deficiência, distribuindo-o gratuita- tro e controle dos pacientes interessados
mente às instituições públicas e privadas de e diagnosticados por unidade de genética
saúde. médica.
§ 2º O formulário citado no § 1.º deverá Art. 79. Para dar cumprimento ao disposto no
ser preenchido e assinado por profissional art. 78, poderá o Estado firmar convênio com
habilitado, fazendo constar o número de hospitais e instituições que disponham de uni-
registro no conselho da classe, e enviado à dades de medicina genética.
Secretaria da Saúde no prazo máximo de 15
(quinze) dias, a contar da data de nascimen- Seção II
to. DOS SERVIÇOS RESIDENCIAIS
Art. 74. Compete à Secretaria da Saúde, além TERAPÊUTICOS
da elaboração do formulário, o esclarecimento
à rede pública e privada de saúde, sobre o seu Art. 80. Serviços Residenciais Terapêuticos são
preenchimento, o tratamento estatístico dos ca- estabelecimentos de assistência, em caráter
sos notificados, a publicação semestral dos ca- provisório, visando à reabilitação psicossocial, à
sos constatados e a fiscalização do cumprimen- reintegração à família e ao retorno ao convívio
to do disposto no art. 75. social, da pessoa com transtorno mental e/ou
com deficiência egressa de internações psiqui-
Art. 75. Os hospitais e as maternidades situa- átricas longas ou repetidas e/ou em situação de
dos no Estado do Rio Grande do Sul prestarão vulnerabilidade social, a partir dos 18 (dezoito)
assistência especial às parturientes cujos filhos anos e de ambos os sexos.

97
§ 1º Para os fins de que trata o “caput”, fi- Art. 84. O Plano Terapêutico Individual é um re-
cam definidos os seguintes termos: gistro individual dos moradores, onde devem
constar dados pessoais e endereço de um res-
I – assistência: oferta de serviços de abriga- ponsável, a programação de atividades a serem
gem, alimentação, higiene, lazer e ações de desenvolvidas, considerando o que mais benefi-
reabilitação psicossocial; ciará o usuário, bem como os profissionais res-
II – situação de vulnerabilidade social: po- ponsáveis por tais atividades.
breza, abandono definitivo ou temporário, Parágrafo único. O plano deve ser revisto,
maus-tratos físicos e psicológicos, deficiên- pelo menos, uma vez por mês, prevendo
cia física e intelectual; termo de permanência no serviço e incluir,
III – caráter provisório: tempo necessário ainda, todos os fatos relevantes ocorridos
para que o usuário tenha condições de aten- no período de atendimento relacionados à
der os objetivos estabelecidos no “caput”; saúde, bem-estar social e direitos.

IV – reabilitação psicossocial: processo de Art. 85. O Programa Terapêutico, bem como o


reconstrução da plena cidadania, conside- Plano Terapêutico Individual dos Serviços Resi-
rando os diferentes espaços de convivência denciais Terapêuticos, deverão ser supervisio-
como casa, trabalho e rede social. nados pela Secretaria da Saúde do município
onde estiver localizado e estarem baseados nos
§ 2º O serviço de que trata o “caput” somen- seguintes princípios e diretrizes:
te poderá funcionar mediante autorização
do órgão sanitário competente, por meio de I – priorizar as necessidades dos usuários,
alvará de saúde ou licença, nos termos da visando à construção progressiva da sua au-
legislação em vigor, e será supervisionado tonomia nas atividades da vida cotidiana e
pela Secretaria da Saúde do município onde ampliação da inserção social;
estiver localizado. II – reabilitação psicossocial, com oferta ao
usuário de projeto da reintegração social,
Art. 81. O serviço deverá contar, pelo menos, garantindo o acesso a programas de alfabe-
com um profissional de saúde de nível superior, tização, de reinserção a trabalho, de mobili-
com formação, experiência ou especialização zação de recursos comunitários, de autono-
em saúde mental, que será responsável pela mia para atividades domésticas e pessoais
elaboração, coordenação e implementação do de estímulo à formação de associações de
Programa Terapêutico e do Plano Terapêutico usuários, familiares e voluntários;
Individual.
III – os moradores devem estar envolvidos
Art. 82. O serviço deverá contar com uma equi- na administração e na gestão do serviço; IV
pe de apoio interdisciplinar composta por pro- – livre acesso dos usuários aos registros re-
fissionais de nível médio e fundamental, com lativos à sua vida e saúde;
formação, experiência ou especialização em
saúde mental, que será responsável pelo acom- V – não exploração da mão-de-obra dos
panhamento dos usuários nas rotinas diárias da moradores, que deverão receber integral-
casa, bem como nas atividades previstas no Pla- mente os honorários devidos por trabalhos
no Terapêutico Individual. executados;
VI – inexistência de quarto trancado ou isolado.
Art. 83. Entende-se por Programa Terapêutico a
definição do papel do serviço dentro do proces- Art. 86. O atendimento clínico e psiquiátrico,
so de reabilitação psicossocial de seus usuários, bem como as intercorrências clínicas e de emer-
além de suas diretrizes éticas, objetivos e moda- gência, devem ser feitos em serviço de saúde de
lidades terapêuticas. referência.

98
curso – matéria – Prof.

§ 1º A direção do serviço deverá prever, em Parágrafo único. Os veículos automotores


estatuto ou regimento interno, a forma de de que trata o “caput” são isentos do Im-
encaminhamento para atendimentos espe- posto sobre Operações Relativas à Circu-
cificados no “caput”. lação de Mercadorias e sobre Prestações
§ 2º O usuário do serviço que demandar de Serviços de Transporte Interestadual e
cuidados psiquiátricos ou clínicos intensivos Intermunicipal e de Comunicação – ICMS
deverá receber o atendimento adequado –, de acordo com o art. 55, I, “c” da Lei nº
em serviço especializado, só podendo re- 8.820, de 27 de janeiro de 1989.
tornar quando da regularização do quadro Art. 90. Ficam isentas do pagamento de qual-
patológico. quer taxa decorrente da publicação de extrato
Art. 87. O espaço físico do serviço deve prever o de estatuto social ou de alteração do mesmo, no
atendimento à pessoa com dificuldade de loco- Diário Oficial do Estado, as entidades civis, sem
moção, adaptado conforme a legislação vigente fins lucrativos, que entre seus objetivos consti-
e ter, no mínimo: tutivos se dediquem à prevenção, atendimento,
educação, habilitação e reabilitação, integração
I – dimensões específicas para abrigar os social e comunitária da pessoa com deficiência.
usuários, acomodados em até 3 (três) por
dormitório; Parágrafo único. Compete à Companhia
II – sala de estar, dormitórios, copa e co- Rio-grandense de Artes Gráficas – CORAG –
zinha, banheiro com privacidade e água estabelecer os procedimentos necessários
quente e fria, com mobiliário necessário para aplicação do referido no “caput”.
para o conforto e comodidade dos usuários; Art. 91. Fica isenta do pagamento da taxa de
III – espaço externo para lazer. inscrição em concursos públicos promovidos
pelos órgãos públicos do Estado do Rio Grande
Art. 88. O ingresso ao serviço dar-se-á median- do Sul a pessoa com deficiência.
te encaminhamento de profissional de saúde,
após avaliação da situação física, psicológica e Parágrafo único. O benefício citado no “ca-
social do usuário, devendo fazer parte dos regis- put” será concedido àqueles que tiverem
tros do ingresso. renda mensal de até um salário mínimo e
Parágrafo único. O ingresso e a permanên- meio nacional, “per capita” familiar.
cia devem ser voluntários, sendo permitido Art. 92. A comprovação da condição de pessoa
ao usuário ou pessoas de sua relação o livre com deficiência se dará no ato da inscrição, me-
acesso ao serviço. diante a apresentação dos seguintes documen-
tos:
CAPÍTULO V I – carteira de identidade; e
DAS ISENÇÕES E BENEFÍCIOS II – atestado médico fornecido por profis-
sional cadastrado pelo Sistema Único de
Art. 89. A pessoa com deficiência física e a pa-
Saúde – SUS –, que comprove a deficiência.
raplégica, proprietária de veículo automotor, de
uso terrestre e de fabricação nacional ou estran- Art. 93. No edital do concurso deve constar a in-
geira, em relação ao veículo adaptado às suas formação sobre a isenção da taxa, assim como
necessidades, em razão da deficiência física ou a documentação exigida no art. 92.
da paraplegia, é isenta do pagamento devido
anualmente ao Estado do Imposto sobre a Pro- Art. 94. Fica assegurada à pessoa com defici-
priedade de Veículos Automotores – IPVA –, ins- ência comprovadamente carente e ao acompa-
tituído pela Lei nº 8.115, de 30 de dezembro de nhante do deficiente incapaz de se deslocar sem
1985, conforme dispõe o art. 4º, inciso VI. assistência de terceiro, a gratuidade nas linhas

99
de modalidade comum do sistema de transpor- se esta indicar risco ao equilíbrio econô-
te intermunicipal de passageiros, seja por ôni- mico da concessão ou permissão, o Poder
bus, trem e/ou barco, condicionada ao disposto Executivo poderá propor medidas visando a
no art. 163, § 4º, da Constituição do Estado. sua preservação.
§ 1º Para efeito exclusivamente da conces- Art. 98. A empresa transportadora que, sem jus-
são do benefício de que trata o “caput”, to motivo, recusar transporte gratuito ao bene-
considera-se pessoa com deficiência aque- ficiário do art. 94 cometerá infração punível nos
la que apresenta, em caráter permanente, termos do Regulamento do Serviço de Transpor-
perda ou anormalidade de sua estrutura ou te Coletivo Intermunicipal.
função psicológica, fisiológica ou anatômica
que gere incapacidade para o desempenho
de atividade, dentro do padrão considerado CAPÍTULO VI
normal para o ser humano.
DO SISTEMA ESTADUAL DE
§ 2º Na inexistência de linhas de modalida- INCENTIVO ÀS ENTIDADES DE
de comum, o beneficio referido no “caput”
fica assegurado em linhas de modalidade
ASSISTÊNCIA SOCIAL E À PESSOA
semidireto. COM DEFICIÊNCIA
Art. 95. A condição de deficiente, bem como a Art. 99. O Sistema Estadual de Incentivo às En-
necessidade de assistência de terceiros, deve- tidades de Assistência Social – SEIAS é instituído
rão ser atestadas pelas respectivas entidades pela Lei nº 11.608, de 23 de abril de 2001.
representativas ou assistenciais e homologadas
Parágrafo único. A assistência social à pes-
pela Secretaria da Saúde.
soa com deficiência física, sensorial, intelec-
Art. 96. Considerar-se-á economicamente ca- tual ou múltipla, será prestada por entida-
rente a pessoa com deficiência que comprove des públicas ou privadas, filantrópicas, sem
renda familiar “per capita” mensal igual ou in- fins lucrativos, constituídas para este fim.
ferior a 1,5 (um e meio) salários mínimos nacio-
Art. 100. Os contribuintes do Imposto sobre Ope-
nalmente fixados.
rações Relativas à Circulação de Mercadorias e
Art. 97. O órgão competente do Poder Executivo sobre Prestações de Serviços de Transporte In-
ou a entidade de classe que represente os con- terestadual e Intermunicipal e de Comunicação
cessionários ou permissionários do transporte – ICMS, inscritos no Cadastro Geral de Contri-
intermunicipal de passageiros serão responsá- buintes do Tesouro do Estado – CGC/TE, poderão
veis pela confecção gratuita das credenciais de efetuar doações às entidades definidas no pará-
identificação dos beneficiários, devendo emiti- grafo único do art. 105, no limite de 1% (um por
-las no prazo máximo de 30 (trinta) dias após a cento) do montante devido do imposto, discrimi-
solicitação. nado na Guia de Informação ou Livro de Regis-
tro e Apuração do ICMS, limitado a 0,5% (meio
§ 1º O órgão competente do Poder Execu- por cento) do saldo devedor de cada período de
tivo manterá controle sobre o número de apuração, respeitado o montante global da recei-
credenciais emitidas e sobre a frequência ta líquida, conforme disposto no art. 102.
de sua utilização, relativamente a cada em-
presa concessionária ou permissionária de Parágrafo único. Cada contribuinte não po-
transporte coletivo intermunicipal. derá, obedecido o limite previsto no “ca-
put”, ultrapassar a 25% (vinte e cinco por
§ 2º Na hipótese de frequência da utilização cento) das doações mensais resultante do
das credenciais em relação a uma determi- abatimento no ICMS devido para a mesma
nada empresa, apurada na forma do § 1º, entidade.

100
curso – matéria – Prof.

Art. 101. A doação será efetivada diretamente, II – de abrigamento.


em moeda corrente nacional, às entidades de
assistência social mencionadas no parágrafo § 1º Consideram-se serviços de apoio os re-
único do art. 99, condicionada à apresentação alizados nas seguintes áreas:
de negativa de tributos estaduais fornecida pela I – fisioterapia;
Secretaria da Fazenda.
II – terapia ocupacional;
§ 1º A entidade de assistência interessada
em participar do SEIAS deverá obter regis- III – psicologia;
tro junto à Fundação de Articulação e De-
IV – nutrição;
senvolvimento de Políticas Públicas para
Pessoas Portadoras de Deficiência e de Al- V – enfermagem;
tas Habilidades no Rio Grande do Sul – FA-
DERS, desde que apresente o Certificado de VI – odontologia;
Utilidade Pública Federal e Certidão de Fins VII – fonoaudiologia; e
Filantrópicos.
VIII – médica-clínica.
§ 2º O registro previsto no § 1.º do art.
101 deverá ser renovado anualmente, com § 2º Consideram-se serviços de abrigamen-
apresentação de balancetes contábeis da to aqueles prestados no mesmo local e que
entidade, aprovados nos termos dos res- utilizem, comprovadamente, despesas nos
pectivos estatutos sociais. seguintes percentuais mínimos:

§ 3º Será exigida da entidade, anualmente, I – saúde e medicamento – 20% (vinte por


Certidão Negativa de Tributos Estaduais, cento);
emitida pela Secretaria da Fazenda.
II – higiene e vestuário – 25% (vinte e cinco
§ 4º A certidão mencionada no “caput” com por cento);
validade de 1 (um) ano será emitida pela
III – alimentação – 15% (quinze por cento);
Secretaria da Fazenda, após a comprovação
do respectivo registro na FADERS, e entre- IV – habitação – 10% (dez por cento); e
gue a cada contribuinte que participe do
SEIAS. V – pessoal – 20% (vinte por cento).

Art. 102. Anualmente, lei de iniciativa do Go- § 3º As entidades sociais terão como limite
vernador do Estado fixará o montante global individual mensal de despesa por pessoa:
que poderá ser utilizado em aplicações de as- I – se serviços de apoio, o equivalente a 50
sistência social à pessoa com deficiência física, (cinquenta) UPF-RS;
sensorial, intelectual ou múltipla, mediante a
sistemática prevista neste Capítulo, equivalente II – se serviços de abrigamento, o equiva-
ao mínimo de 0,5% (meio por cento) da receita lente a 100 (cem) UPF-RS.
tributária líquida.
§ 4º As entidades sociais não poderão so-
Art. 103. As entidades de assistência social, mar os limites de apoio e de abrigamento
conforme os casos específicos de atendimento, mencionados no § 3.º do art. 103.
para beneficiarem-se das doações nos termos
Art. 104. As instituições de assistência ficam au-
deste Sistema, deverão contar com os seguintes
torizadas a destinar espaço físico para a divulga-
serviços:
ção das empresas que efetuarem doações.
I – de apoio ou

101
CAPÍTULO VII Parágrafo único. No ato da inscrição, o de-
DO SERVIÇO PÚBLICO ficiente intelectual deverá apresentar car-
teira de habilitação específica para o cargo
(Redação dada pela Lei nº 13.449/10) ou função a exercer, fornecida por entidade
oficial reconhecida.
Seção I
Art. 110. A pessoa com deficiência será prefe-
DA ADMISSÃO NO SERVIÇO PÚBLICO rencialmente lotada em órgão cuja infra- estru-
Art. 105. As deficiências físicas, intelectuais e tura lhe facilite o acesso ao local de trabalho e
sensoriais não são consideradas causas impedi- desempenho da função, desde que verificada a
tivas para admissão no serviço público estadual. necessidade administrativa de lotação do res-
pectivo cargo.
Parágrafo único. À pessoa com deficiên-
cia é assegurado o direito de inscrição em Art. 111. A deficiência de que era portador o
concurso público para provimento de cargo candidato ao ingressar no serviço público não
cujas atribuições sejam compatíveis com a poderá ser motivo para a concessão de aposen-
deficiência de que é portadora. tadoria por invalidez ou exoneração do respecti-
vo cargo ou função.
Art. 106. O candidato com deficiência deverá
apresentar laudo médico que comprove a defi- Seção II
ciência alegada, no ato da inscrição para o con-
curso. DOS SERVIDORES PÚBLICOS QUE
POSSUEM FILHOS COM DEFICIÊNCIA
Art. 107. Os concursos para provimento de car-
go público destinarão, na forma do parágrafo Art. 112. Os servidores públicos estaduais da
único do art. 105, no mínimo, 10% (dez por cen- administração direta, autárquica ou fundacio-
to) das vagas para pessoas com deficiência. nal, incluindo os empregados das fundações
mantidas ou instituídas pelo Estado, que possu-
§ 1º Não ocorrendo a aprovação de candi- am filho, dependente, com deficiência congêni-
datos com deficiência em número suficiente ta ou adquirida, com qualquer idade, terão sua
para ocupar os cargos previstos em reserva carga horária semanal reduzida à metade, nos
de mercado, estes serão preenchidos pelos termos desta Seção.
demais aprovados.
§ 1º A redução de carga horária, de que
§ 2º Caso o número de vagas oferecidas trata o “caput”, destina-se ao acompanha-
impossibilite a obtenção do percentual de mento do filho, natural ou adotivo, no seu
10% (dez por cento) previsto no “caput”, no tratamento e/ou atendimento às suas ne-
mínimo uma delas será destinada ao con- cessidades básicas diárias.
curso de deficientes.
§ 2º No caso de ambos os cônjuges serem
Art. 108. À pessoa com deficiência serão asse- servidores estaduais e enquadrados nas dis-
gurados meios adequados para a prestação das posições desta Seção, a somente um deles
provas requeridas no concurso, de acordo com será autorizada a redução de carga horária,
as peculiaridades de sua deficiência. de sua livre escolha.
Art. 109. O deficiente intelectual, nas atividades § 3º O afastamento poderá ser consecutivo,
compatíveis com a deficiência, será submetido, intercalado, alternado ou escalonado, con-
obedecidos os parâmetros do art. 110, a teste forme necessidade e/ou programa do trata-
prático realizado no órgão em que irá desempe- mento pertinente.
nhar suas atividades.

102
curso – matéria – Prof.

Art. 113. Para se efetuar a redução de carga ho- item I, da Constituição Federal, são considera-
rária prevista no art. 112, o interessado deverá das graves, se incapacitantes para a função pú-
encaminhar requerimento ao titular ou dirigen- blica, conforme o caso, a cegueira e a paralisia
te máximo do órgão em que estiver lotado, ins- e, por equiparação, a grave deformidade física
truído com cópia da certidão de nascimento ou superveniente ao ingresso no serviço estadual.
adoção, atestado médico ou laudo de que tenha
filho com deficiência, com dependência, e, se Art. 116. O disposto no art. 115 aplica-se a to-
possível, laudo prescritivo do tratamento a que das as categorias de servidores do Estado regi-
deverá ou está sendo submetido. das por Estatuto, ainda que próprio ou peculiar.

§ 1º A autoridade referida no “caput” enca- Art. 117. Os servidores inativados com proven-
minhará o expediente à Secretaria da Ad- tos proporcionais ao tempo de serviço que vie-
ministração e dos Recursos Humanos, com rem a se enquadrar em hipótese prevista no art.
vistas ao Departamento de Perícia Médica, 121 terão esses proventos revistos para se tor-
que emitirá laudo conclusivo sobre o reque- narem integrais.
rimento.
§ 2º Não havendo órgão de perícia médica Seção IV
do Estado na cidade domiciliar do servidor, DO ESTÁGIO DO ESTUDANTE
o laudo do Departamento de Perícia Médica COM DEFICIÊNCIA (INCLUÍDO PELA
poderá ser suprido por relatório detalhado LEI Nº 13.449/10)
de dois profissionais plenamente habilita-
dos. Art. 117-A. Ficam assegurados nos órgãos pú-
blicos do Estado, 10% (dez por cento) do total
Art. 114. O benefício de que trata esta Seção
das vagas de estágio existentes aos estudantes
será concedido pelo prazo de 6 (seis) meses, po-
com deficiência, matriculados no ensino médio,
dendo ser renovado sucessivamente por iguais
superior, supletivo e especial. (Incluído pela Lei
períodos, observando-se o disposto no art. 116
nº 13.449/10)
e seus parágrafos.
Art. 117-B. Quando o total das vagas a que se
§ 1º Tratando-se de deficiência irreversível
refere o art. 117-A resultar em fração igual ou
e que necessite de tratamento continuado,
superior a 0,5 (cinco décimos) ou inferior a 0,5
o servidor fará, à época da renovação, ape-
(cinco décimos), arredondar-se-á para o número
nas a comunicação ao seu órgão para fins
inteiro imediatamente superior ou inferior, res-
de registro e providências.
pectivamente. (Incluído pela Lei nº 13.449/10)
§ 2º Encaminhado o pedido inicial ou a soli-
§ 1º Será sempre reservada, no mínimo,
citação de prorrogação ou renovação da au-
uma vaga ao estudante com deficiência. (In-
torização, o servidor, automaticamente, go-
cluído pela Lei nº 13.449/10)
zará deste benefício, passados 15 (quinze)
dias do protocolo do expediente, cabendo à § 2º Na hipótese do não preenchimento das
autoridade ou dirigente todas as responsa- vagas por falta de candidatos aptos às fun-
bilidades, principais e acessórias, para sua ções, no prazo máximo de 30 (trinta) dias
implementação. contados de sua disponibilização, estas se-
rão destinadas a outras pessoas, não defi-
Seção III cientes. (Incluído pela Lei nº 13.449/10)
DA APOSENTADORIA
Art. 115. Para efeito de fixação dos proventos de
aposentadoria, na forma do que prevê o art. 40,

103
DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 123. Os Secretários de Estado, por ocasião
da Semana Estadual da Pessoa com Deficiência,
Art. 118. Todos os jovens com deficiência têm o procederão a levantamento das atividades rea-
direito à reinserção e à integração plena na so- lizadas no âmbito de suas Secretarias, devendo
ciedade, de acordo com a Lei nº 12.682, de 21 dar prioridade para implementação das ações
de dezembro de 2006, que instituiu o Estatuto sob orientação da FADERS.
da Juventude no âmbito do Estado do Rio Gran-
de do Sul, sendo sujeitos de direitos e oportuni- Art. 124. O Dia Estadual dos Surdos é comemo-
dades que lhes permitam o acesso a serviços e rado, anualmente, no dia 26 de setembro.
benefícios sociais que melhorem sua qualidade Art. 125. O Dia da Língua Brasileira de Sinais –
de vida. LIBRAS – é comemorado, anualmente, no dia 24
Art. 119. A pessoa com deficiência infratora, de abril, com a finalidade de valorizar a conquis-
considerada em situação de vulnerabilidade ta da liberdade de expressão gesto-visual das
econômica, conforme dispõe a Lei nº 11.877, pessoas com deficiência auditiva.
de 26 de dezembro de 2002, é beneficiada pela Art. 126. Esta Lei entra em vigor na data de sua
gradação de penalidade ambiental de multa, publicação.
respeitadas as condições impostas.
Art. 127. São formalmente revogadas, por con-
Art. 120. Fica instituída no âmbito do Estado do solidação e sem interrupção de sua força nor-
Rio Grande do Sul a Semana Estadual da Pessoa mativa, as seguintes Leis:
com Deficiência no período de 21 a 28 de agos-
to de cada ano. I – 949, de 28 de dezembro de 1949;

Art. 121. A Semana Estadual da Pessoa com De- II – 2.356, de 21 de junho de 1954;
ficiência tem por finalidades:
III – 5.254, de 26 de julho de 1966;
I – esclarecer a comunidade quanto às cau-
IV – 8.064, de 29 de novembro de 1985;
sas das deficiências;
V – 8.974, de 8 de janeiro de 1990;
II – promover a integração da pessoa com
deficiência em todos os níveis sociais; VI – 9.429, de 21 de novembro de 1991;
III – promover campanha educativa em es- VII – 10.003, de 8 de dezembro de 1993;
colas, igrejas, centros sociais, visando à pre-
venção e à conscientização quanto à proble- VIII – 10.228, de 6 de julho de 1994;
mática da pessoa com deficiência; IX – 10.364, de 19 de janeiro de 1995;
IV – promover o intercâmbio de informa- X – 10.367, de 19 de janeiro de 1995;
ções com a comunidade, visando a soluções
efetivas para as dificuldades das pessoas XI – 10.414, de 26 de junho de 1995;
com deficiência;
XII – 10.538, de 12 de setembro de 1995;
V – proceder a um levantamento anual das
XIII – 10.556, de 17 de outubro de 1995;
ações levadas a efeito em prol da pessoa
com deficiência em todas as esferas da ad- XIV – 10.940, de 18 de março de 1997;
ministração pública.
XV – 11.056, de 18 de dezembro de 1997;
Art. 122. Compete à FADERS coordenar, junta-
mente com as Federações Estaduais representa- XVI – 11.405, de 31 de dezembro de 1999;
tivas da pessoa com deficiência, todas as ativi- XVII – 11.576, de 4 de janeiro de 2001;
dades da semana.

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curso – matéria – Prof.

XVIII – 11.739, de 13 de janeiro de 2002;


XIX – 11.791, de 22 de maio de 2002;
XX – 12.103, de 2 de junho de 2004;
XXI – 12.498, de 23 de maio de 2006;
XXII – 12.578, de 9 de agosto de 2006;
XXIII – 12.758, de 20 de julho de 2007;
XXIV – 12.958, de 5 de maio de 2008;
XXV – 13.042, de 30 de setembro de 2008;
XXVI – 13.153, de 16 de abril de 2009; e
XXVII – 13.277, de 3 de novembro de 2009.
PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre, 21 de de-
zembro de 2009.
Legislação compilada pelo Gabinete de Consul-
toria Legislativa.

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