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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

LUMA LOPES REIS

RESENHA ACERCA DO CAPÍTULO 4 DA OBRA:


AS ESCOLAS HERMENÊUTICAS E OS MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA LEI

SÃO LUÍS
2020
LUMA LOPES REIS

RESENHA ACERCA DO CAPÍTULO 4 DA OBRA:


AS ESCOLAS HERMENÊUTICAS E OS MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA LEI

Resenha apresentada à disciplina de


Hermenêutica Jurídica, ministrada pelo Prof. Dr.
Diogo Santos ao Curso de Direito pertencente ao
Centro de Ciências Sociais (CSSO) da
Universidade Federal do Maranhão (UFMA),
como requisito parcial para obtenção de umas das
notas do 2º período.

SÃO LUÍS
2020
MAZOTTI, Marcelo. Hermenêutica Jurídica. In: MAZOTTI, Marcelo. As Escolas
hermenêuticas e os métodos de interpretação da lei. 1. ed. Barueri (SP): Minha editora,
2010. v.1, cap.3, p. 54-59.

Marcelo Mazotti, brasileiro graduado em Direito através da Universidade Presbiteriana


Mackenzie, além de se dedicar a advocacia, sua área de maior atuação se encontra nas
Ciências Sociais aplicadas na área do Direito, dentre elas: Direito a educação, direito
constitucional, Direito administrativa, Common Law – aperfeiçoou-se na em Direito Público
pela Universidade de Coimbra – e, à área que traz atual interesse, Hermenêutica, por meio de
sua monografia “ As Escolas hermenêuticas e os métodos de interpretação da lei”.

O método interpretativo gramatical compreende lei no seu sentindo literal, sem alterá-lo, o
sentido está conforme o texto da lei. devido sua influência da Escola Bíblica, O Código
Francês era dividido tal como as Escrituras Sagradas. O método interpretativo gramatical
surge em um momento em que um novo sistema se instaura na França, pós-revolução, apto a
ser sustentáculo e prospetor do Estado a fim impedir a novas formas de governo
individualistas e arbitrárias como foi o regime monárquico. Trata-se do sistema de
Assembleias legislativas constituídas por um conjunto de legisladores eleitos pelos cidadãos,
nelas as decisões eram tomadas pela vontade da maioria expressa em votos.

As Assembleias legislativas tinham como função a elaboração da lei voltadas para o caráter
coletivo. Elas eram seguidas a rigor por toda sociedade, fato perceptível com o Código de
Napoleão em que a leis passaram a ser “cultuadas”. Tamanha valorização da lei a preservava
e mantinha os ideais da Revolução Francesa. Desse modo eram dispensadas a interpretação ou
investigações, vistas como uma ameaça as leis, pois as novas regulamentações jurídicas eram
consideradas determinadas e bem decididas, perfeitas e completas, autossuficientes e
objetivas – sem sentido dúbio –, ocultando o trabalho subjetivo do intérprete. Só assim,
haveria uma aplicação justa de lei, a soberania das Assembleias Legislativas vigoraria, e pôr
em dúvida a lei resultaria no temor da volta de um regime absolutista.

Consoante a corrente gramatical o máximo que se permitia eram as chamadas considerações


da própria linguagem – meio de comunicação imparcial e objetiva. A lei, portanto, era
unívoca as expressões legais possuíam termos que admitiam a interpretação objetiva de
somente um único significado e ignoravam a inexatidão da semântica. Assim, o Direito
adquire ao longo do tempo uma própria linguagem oriunda das necessidades da ciência
jurídica, assim muitos temos passam a possuir um significado comum e outro científico. Com
a existência dos múltiplos sentidos dos termos legais, entraves surgem na tentativa propagar
univocidade dos signos, por não haver espaço interpretações subjetivas, tal impasse foi
resolvido por meio de mecanismos de controle dos sentidos da norma conforme o direito a
partir do uso técnico dos termos.

Por volta do século XIX, o método exegético conta com a superioridade e soberania da
vontade parlamentar, - ideologicamente firmada pelos interesses burguesia, sustenta Warat–
expressa por meio dos textos legislativos, detentora de toda capacidade fazer Direito, visando
a manutenção do status quo, afirma o Mazotti. Invalidava, portanto, qualquer liberdade de
interpretação externa. O método de exegético possui semelhantes características com o modo
gramatical, todavia, se valida da interpretação por meio do espírito do autor (mens
legislatoris) em detrimento do espírito da lei (mens legis). Apesar do método de interpretação
gramatical e o método de interpretação exegético serem tratados algumas vezes como
sinônimos, o autor desenvolve sobre o mens legislatoris dentro da Escola Exegética.

Há, no entanto, grande relação entre os dois métodos: Inicialmente há o método gramatical,
restritamente apegado ao significado literal da lei, surge então o método exegético como a
ação do intérprete de interpretar a vontade do legislador por meio de uma “investigação ao
psicológico do legislador” apoiado fortemente pela filosofia de Schleierma Cher, nesse
processo se buscava a vontade original do autor, nesse caso, do legislador, o mens
legislatoris.

Malgrado pareça prática, a correlação é insatisfatória, visto que em muitas situações o


legislado é omisso; há possibilidade de equívocos na lei – visto a forte dependência da
vontade do legislador – o que afasta a valoração da lei; Para evitar que a hermenêutica não
apenas descreva o interprete, seria necessário um método de pesquisa acerca da subjetividade
do autor. E, por fim, umas das mais consistentes contrariedades, devido a pluralidade de
intenções dos membros que compõem o parlamento e ao complexo processo de elaboração
das leis há enorme dificuldade em determinar quem o interprete deve interpretar o sentido e
generalizar a vontade do parlamentar, nesse ponto se afasta a univocidade da lei.

Diante disso Mazotti traz Neial MacCormick, não seria preciso adentrar na mente do
legislador, mas ao se buscar o espírito do legislador, a intenção é investigar os traços deixados
na produção da lei: a linguagem nacional, os registros particulares e restante do sistema
jurídico. Outra forma seria consoante a Lei da Boa Razão, se suspendia o julgamento em
razão de determinada insegurança acerca de certo dispositivo. Assim, o próprio legislador
precisaria interpreta-la. Na contemporaneidade fica claro a inviabilidade dessa ação, visto que
devido a pluralidade do legislativo e a tripartição de poderes tamanho seria o aguardo do
poder judiciário.

Por fim, o Mazotti ressalta o Método Genético e a Tese Heberliana, a primeira se apoia na
escola Exegética, trata-se de explicar o fundamento das normas por meio de trabalhos
legislativos prévios (atas de reunião, de comissão, discursos parlamentares e preâmbulos),
apesar de auxiliar na interpretação da lei, tal método comete um equívoco ao confundir o
mens legislatoris com a história da lei, e por isso, acaba por ser inserido no Método Histórico.
A segunda, defende a interpretação da lei constitucional feita democraticamente, pela
sociedade e visando atender o interesse público e ao complexo conceito do bem-estar geral.

Tais pontos abordados por Mazotti, se fazem entender a tamanha importância tanto do método
gramatical quanto exegético, aprofundando aquilo que outrora pode ser entendendo com
tamanha superficialidade e distância, as métodos possuem individualidades e, ainda, se
relacionam em um cenário em que havia a necessidade manutenção da classe em ascensão
(burguesia), demonstrando, assim, o qual passível de interferências sociais está o Direito e
suas consequentes legislações. Assim, a obra oferece um interessante arcabouço histórico e
teórico pra estudos acadêmicos.

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