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ORGANIZAÇÃO SETE DE SETEMBRO DE CULTURA E ENSINO LTDA

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO RIO SÃO FRANCISCO - UNIRIOS


CURSO BACHARELADO EM DIREITO

RELATÓRIO DE PESQUISA

CONCEITO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA HERMÊNEUTICA

Paulo Afonso – BA
mar./2021
Carlos Iago da Silva Teixeira
Gisele Bezerra Barros Leite
João Vitor dos Santos Lima
Letícia Maria Bezerra Pequeno
Maycon Varjão Francisco

RELATÓRIO DE PESQUISA

CONCEITO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA HERMÊNEUTICA

Relatório apresentado ao curso de


Bacharelado em Direito do Centro
Universitário do Rio São Francisco
(UNIRIOS), na disciplina de Hermenêutica
e Argumentação Jurídica, no 3º período,
Turno noturno, como requisito para a 1ª
Atividade do AVA.

Orientador: Prof. Eloy Lago Nascimento

Paulo Afonso – BA
mar./2021
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 3

2 ORIGEM DA HERMENÊUTICA .............................................................................. 5


2.1 Hermenêutica X Interpretação ........................................................................... 8

3 ESCOLAS HISTÓRICAS: EXEGESE ...................................................................... 9


3.1 Escola pandectista ............................................................................................ 11
3.1.1 escola analítica ................................................................................................. 12
3.1.1.1 escola de savigny .......................................................................................... 13
3.1.1.1.1 escola teleológica ...................................................................................... 18

4 HERMENÊUTICA CONTEMPORÂNEA ................................................................ 19


4.1 Métodos contemporâneo ................................................................................. 21
4.1.1 métodos problemático ...................................................................................... 24
4.1.1.1 métodos concretizador .................................................................................. 25

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 27


REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 28
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1 INTRODUÇÃO (Letícia Maria Bezerra Pequeno)

Primordialmente, é de extrema importância entender que o relatório retratara


sobre a hermenêutica, suas importâncias, contribuições e falará dos grandes filósofos
que auxiliaram no desenvolvimento dessa ciência.

Uma das perguntas mais abordadas sobre o tema é o parentesco que existe
entre a hermenêutica e a interpretação. Visando repassar o conhecimento e
especificar melhor as qualidades, diferenças e igualdade diante das duas,
são mencionados pontos que mostram que existe uma real diferença entre elas.

Segundo o Maximiliano (2010, pág. 1), “Hermenêutica Jurídica, teoria cientifica


que tem por objeto, não a interpretação em si, mas o estudo e a sistematização dos
processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do
Direito”. (Maximiliano, 2010, pág. 1. apud Queiroz, 2015, sp)

Ao decorrer, percebe-se que a hermenêutica precisa da contribuição da


interpretação, porém, não se limita apenas a ela. A interpretação serve como um
campo que auxilia a hermenêutica na fase de construção de esclarecimento para
sociedade.

Na evolução histórica clássica da hermenêutica, são mencionadas algumas


escolas que serviram como ponte para essa ciência, como: Escola da Exegese,
Escola Pandectista e Escola Analítica. As suas características eram particulares, se
originaram através da grande concorrência que existia entre os métodos da
interpretação.

A Escola Exegese adotava as leis escritas como a sua fonte do Direito. Ela
contava com métodos de intepretação entre direito natural e humano; o poder absoluto
do legislador, e entre outras. A sua forma de interpretação influenciou diversas
pessoas da sua época e trouxe ensinamentos para os dias atuais.
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A Escola Pandectista leva esse nome dado pelos seus admiradores em


decorrência de existir um histórico de estudo voltado a Segunda Parte do Corpus
Juris Civile, de Justiano. Um dos maiores marco da história dessa escola foi a
influência que teve em cima da organização do Código Civil Alemão, em 1896.

Já a Escola Analítica, defendia que só existia apenas leis positivas e para seus
adeptos não importava a relação entre ética e valores diante das normas legais.

Além dessas Escolas e ensinamentos citados, ao desenrolar do relatório é


visto as histórias das Escola Dogmática de Savigny e Escola Teleológica de
Von Lhereng.

Savigny era extremamente influente no seu tempo, suas ideias eram


respeitadas e aproveitou da sua popularidade para fundar a Escola Dogmática, onde
repassou conhecimentos que serviram abundantemente para o Direito Alemão e até
mesmo o Direito de outros países. Von Lhereng iniciou a sua Escola na intenção de
estabelecer outras formas de entender e usar o Direito, na sua concepção o direito
não poderia ser visto como algo natural, tinha algo além disso, era especificamente
uma luta traçada entre a sociedade e seus governantes, portanto, sua intenção era
ensinar a sociedade a lidar com isso.

Logo depois, demostra a diferença entre a teoria positivista e a pós-positivista.


A teoria positivista do direito, que o concebe como ciência dogmática, de sistemas
próprios, impenetrável por demais ciências sociais. Exercendo o juiz dentro do direito
o papel de avaliar a relação das leis. Ademais, a teoria pós-positivista do direito,
demonstra que o direito deva ser concebido como uma ciência social de caráter
abrangente, onde demais ciências como sociologia, psicologia, filosofia, história do
direito e outras mais podem e devem interferir quando do julgamento de uma
causa. (DUARTE e MARQUES, pág. 3596.)

Para finalizar, o último assunto discorrido foi hermenêutica no seu campo


contemporâneo - atual, junto com seus métodos problemático; contemporâneos; e,
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concretizador. Todos com o intuito de alavancar ainda mais a hermenêutica e suas


estratégias de compreensão.

2 ORIGEM DA HERMENÊUTICA (Letícia Maria Bezerra Pequeno)

A hermenêutica é a ciência do saber, compreender, entender e interpretar.


Possui origem Grega, a qual trata que é a ciência que apresenta a compreensão de
algo não explicito para a sociedade.

Provem da palavra hermeios de origem grega referia-se ao sacerdote do


oráculo de Delfos. Na mitologia grega hermeios simbolizava um deus-mensageiro-
alado, tido como o descobridor da linguagem e da escrita. O deus grego Hermes, era
respeitado pelos demais como sendo aquele que descobriu o meio de compreensão
humana no sentido de alcançar o significado das coisas, sendo ele a ponte entre os
deuses e os humanos, devido ao fato de ser um ótimo orador. (VIEIRA, 2010).

E Vieira acrescenta, Hermes seria um "deus intérprete", considerado a entidade


sobrenatural dotada de capacidade de traduzir, decifrar o incompreensível, ou seja,
vinculava-se a sua figura a função de transmutação, de transformação de tudo aquilo
que a compreensão humana não alcançava em algo que esta conseguisse
compreender. (VIEIRA, 2010). [Hermes tinha esse cargo por ser uma pessoa
inteiramente ligada ao conhecimento de entender fatos não expostos para todos:
(VIEIRA, 2010)...]

Em seu desenvolvimento histórico a hermenêutica mostrou sua aplicabilidade


as leis, a literatura e a religião.

Como grande e maior exemplo, a Bíblia. A hermenêutica contribuiu


abundantemente com a construção da interpretação da Bíblia, pois, não era
considerada uma leitura fácil em que diversas pessoas não conseguiam entender os
significados das parábolas. Então, se for pela lógica da mitologia grega, os padres,
bispos e papas poderiam ser considerados uma espécie de “deus intérprete”, pois
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assim como Hermes, os mesmos estudavam e se aprofundavam até de fato conseguir


repassar os seus conhecimentos para os cristões, consequentemente, membros que
ganharam respeito e admiração da sociedade.

Atualmente, a hermenêutica ultrapassou o limite da lei, religião e literatura. Ela


fala e demostra ações do cotidiano, podendo ser vista através de fotografias, gestos
e até expressões faciais.

Para poder adentrar ainda mais na hermenêutica, é de extrema importância


citar nomes de pessoas competentes que serviram como expiração para a sociedade
diante dos fatos e estudos apresentados, como: Friedrich Schleiermacher, Wilhelm
Dilthey e Hans-Georg Gadamer.

Friedrich Schleiermacher (1768-1834) era professor de Filosofia da Teologia e


pregador da Igreja Trindades em Berlim. O seu histórico na hermenêutica era de um
bom legado, pois mesmo não escrevendo algo concreto, apenas discursando sobre,
ganhou o título de “pai da hermenêutica moderna”. No seu entender ele precisaria de
uma forma de se conectar com todos os textos, não apenas um determinado gênero,
então aprimorou focando segundo ele “a arte de compreender”, se resumindo em
entender o que o autor quer de fato repassar no seu texto.

Wilhelm Dilthey (1633-1911) tinha o seu currículo muito completo, era filosofo
hermenêutico, historiador, sociólogo, psicólogo e pedagogo. A corrente de raciocínio
foi realizada através da divergência de opinião entre ele e Friedrich. Friedrich
acreditava na teoria da interpretação e explicação, já Wilhelm defendia que a
interpretação era uma verdadeira arte sua característica dependia de muitas coisas,
como: conhecimento, significados, experiencias, assim também se subdividiam em
ciências naturais e ciências humanas. Sobre seu ponto de vista. Wilhelm, disse:

O problema da relação das ciências humanas com nosso


conhecimento da natureza só pode ser resolvido quando nós resolvermos a
oposição na qual começamos, ou seja, entre um ponto de vista
transcendental para o qual a natureza está sujeita às condições da
consciência e o ponto de vista empírico objetivista que vê o desenvolvimento
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do espírito humano como sujeito às condições da natureza [...]. A condição


de tal solução seria uma demonstração da realidade objetiva da experiência
interior e a prova da existência de um mundo externo a partir do qual nós
podemos concluir, então, que este mundo contém fatos humanos e
significados espirituais por meio de um processo de transferência de nossa
vida interior para dentro deste mundo, uma inferência analógica. (1989, p.71).

Com essa fala, Dilthey expressa a forma como vê a hermenêutica e mostra a


divisão entre ponto de vista transcendental (natureza) e ponto de vista empírico
(humano).

Por fim, Hans-Georg Gadamer (1900-2002) grande nome e conhecedor da


hermenêutica. Sua obra de maior repercussão foi a “Verdade e Método”, lançada em
1960, na qual discursou sobre uma filosofia devidamente precisa e hermenêutica.

Segundo Gadamer, o/a interprete está inserido num contexto histórico e cultural
e interpreta com seus “preconceitos”. Significa que, são projetados no texto e depois
modificados e revisados à luz daquilo que emerge à medida que o leitor se aprofunda
no texto. Essa visão pode ser considerada uma elaboração sobre o modelo do círculo
hermenêutico. Gadamer considerou que os preconceitos são produtivos e um meio
de alcançar a compreensão: “Trabalhar essa pré-projeção, que é constantemente
revisada nos termos do que emerge à medida que ele [o leitor] penetra no significado,
é ir compreendendo o que está lá” (Gadamer 1996, pág. 267, apud Hermenêutica,
2016, sp)

Desta forma, para Gadamer, esses “pré-conceitos” serviram de uma forma


positiva atrelando o leitor e o seu entendimento, além disso, ele acreditava que o fato
da interpretação ter uma certa facilidade era uma dadiva do presente e o passado,
pois, perante a sua teoria são status interligados historicamente.

Em virtude dos fatos apresentados, percebe-se que esses filósofos tinham um


conhecimento claro ao ponto de compreender e repassá-los de uma forma mais
simples para sociedade. Afinal, todos contribuíram extraordinariamente para a visão
da hermenêutica antigamente e atualmente, com a capacidade de trazerem leveza e
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técnicas especiais de como entender essa ciência, consequentemente facilitaram a


leitura de textos, visões de fotografias, artes e expressões faciais, ou seja, tudo aquilo
que é autográfico ou alográfico.

2.1 Hermenêutica x Interpretação. (Letícia Maria Bezerra Pequeno)

As pessoas confundem ou assimilam diretamente a hermenêutica e a


interpretação, por basicamente acharem que as duas possuem as únicas
características, porém, a hermenêutica é uma ciência que vai além da simplicidade
que tema interpretação, existindo lacunas que as diferenciam.

A hermenêutica tem a sua origem grega, destinada a entender textos e


discursos. Pode ser dividida entre Hermenêutica Bíblica, Hermenêutica na filosofia e
Hermenêutica Jurídica. Primeiramente, foi originado na Hermenêutica Bíblica, no
intuito de facilitar a compreensão das passagens da Bíblia; depois, destinou-se
também a hermenêutica na Filosofia, estudando leis, religião e literatura; e por fim, a
hermenêutica jurídica, sendo um centro de métodos e regras para todas as normas
jurídicas.

Em contrapartida, existe a interpretação, o lado mais simples. Ela designa


basicamente o que duas pessoas conversam verbalmente, através de gestos faciais,
sem sentidos profundos e teóricos como a hermenêutica.

Aqui já se pode vislumbrar a diferença entre hermenêutica e interpretação,


aquela é a ciência, o conjunto de regras aceitáveis acerca desta, a interpretação, que
é o ato pratico de extração\imputação de sentido. (FRANCESCO, 2012, Sp).

E Barroso acrescenta: “A hermenêutica é um domínio teórico, especulativo,


cujo objeto é a formulação, o estudo e a sistematização dos princípios e regras de
interpretação do direito” (BARROSO, 2009, pág. 107).

Ou seja, a interpretação faz parte da ciência hermenêutica, porém, a


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hermenêutica não se resume apenas a ela, pois ela se utiliza de métodos, por
exemplo, o método lógico, que busca entender uma norma além da gramática de suas
palavras, ou o método sistemático, que une várias normas e busca uma linha de
raciocino única, ademais as técnicas e estratégias para buscar compreender ou
fundamentar uma tese.

3 ESCOLAS HISTÓRICAS: EXEGESE (Gisele Bezerra Barros Leite)

Em primeiro lugar, a escola da exegese surgiu no início do século XIX em meio


aos caos políticos e sociais da França. Nessa época, as diversas trocas de governo
no estado francês, principalmente durante o período do terror, provocaram uma
grande desordem no ordenamento jurídico do país, o que causava prejuízos aos
negócios da classe social mais favorecida pela revolução: A Burguesa.

Contudo, com Napoleão Bonaparte ao poder, a burguesia patrocinou a criação


de um código civil que consolidou as conquistas burguesas da revolução e trouxe
ordem e segurança ao ordenamento jurídico. Sendo assim, surgiu o código
napoleônico. O código napoleônico foi um Marco para uma nova tradição jurídica,
principalmente devido ao artigo 4°, que excluiu a possibilidade do juiz abster-se de
decidir.

Art 4°: O juiz que se recusar a julgar sob o pretexto do silêncio, da obscuridade ou da
insuficiência da lei, poderá ser processado como culpável de justiça denegada;

A escola da exegese se divide em três fases:

1. A primeira ocorreu desde a outorga do código napoleônico até meados da década


de trinta do século XIX. Durante esse período, houve a instauração da escola da
exegese e a definição de suas características.

2. A segunda fase iniciou logo após a primeira, nela ocorreu o período áureo da escola
da exegese, nessa época foi publicada as principais obras dessa corrente
Hermenêutica.
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3. A última fase começou em 1880, quando ocorreu a ascensão de um novo


jusnaturalismo.

Os defensores da escola da exegese não aceitavam a existência de lacunas


na lei, pois acreditavam que as lacunas alcançariam todo o ordenamento jurídico. A
escola considerava o Estado como uma única fonte do direito, portanto todo o
ordenamento jurídico surge através das leis, e como as leis são criadas pelos
legisladores, teria como origem o Estado, ou seja, das fontes formais do direito
atualmente aceitas pelo ordenamento jurídico brasileiro, somente a lei era
considerada como fonte do direito.

A escola da exegese fundamenta que o direito é revelado pelas leis, sendo um


sistema sem lacunas reais. O jurista precisa procurar dentro das leis positivadas,
soluções para resolver os casos concretos e deve zelar pelo bom cumprimento da lei,
por uma sociedade justa e democrática.

Um dos principais representantes da escola da exegese, Demolombe,


costumava defender a seguinte ideia:

A lei é tudo, de tal modo que a função do jurista não consiste a senão em extrair
para aprende-lhes o significado, ordens as conclusões parciais, e afinal, atingir
grandes sistematizações.

Sendo assim, é importante ressaltar que a primeira obrigação do intérprete


seria entender o verdadeiro sentido da lei, uma vez que a lei deveria ser estudada do
ponto de vista gramatical, para que o alcance da lei não fosse dado pela livre vontade
do intérprete, mas sim pelo exame justo do texto. Portanto a interpretação gramatical
era o método mais utilizado pela escola da exegese.

Uma das características da escola é a invenção das relações tradicionais entre


direito natural e direito positivo. O direito natural não é negado, mas perde o seu valor,
porque os princípios absolutos só podem ser ditados pelo direito positivo, no qual, o
jurista deve dirigir. Não havia negação somente no direito natural, mas também no
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direito positivo, como o direito, judiciário, científico, etc, ou seja, das fontes formais do
direito atualmente aceitas no ordenamento, somente a lei era admitida como fonte do
direito.

3.1 ESCOLA PANDECTISTA (Gisele Bezerra Barros Leite)

A escola pandectista foi uma manifestação do positivismo jurídico do século


XIX. Os pandectistas desenvolveram um sistema dogmático de normas e utilizava
como modelo de instituições do Direito Romano. Dentre os principais representantes
da escola dos pandectistas podem serem citados: Bernard Widsheid, Christian
Friendch Von Gluck, Aloid Von Bruna, Heinrich Dernburg, etc. A escola ficou
conhecida como pandectista, devido aos autores responsáveis pela elaboração do
código civil alemã de 1896.

Contrários à ideia de codificação das relações civis alemãs estava o autor da


escola histórica do direito, Friedrich Carl Von Savigny. De acordo com Mari Helena
Diniz:

“A ideia fundamental da doutrina histórico-jurídica de Savigny era a oposição à


codificação do direito, por considerá-lo como manifestação característica da livre
consciência do povo ou do espírito popular, sob a forma de costume, e não como um
produto racional do legislador, visto que surge na história como decorrência dos usos
e costumes da tradição. O legislador não cria o direito, apenas traduz em normas
escritas o direito vivo, latente o espírito popular, que se forma através da história desse
povo, como resultado de suas aspirações e necessidades. O direito, longe de ser
criação da vontade estatal, era produto da consciência popular, em determinadas
condições de tempo e lugar, da qual o costume é a manifestação autêntica, livre e
direta”.

Conforme a afirmação de Mari Helena Diniz, Savigny era contrário à concepção


racional do direito, ele defende que o verdadeiro direito, é aquele que se baseia na
evolução histórica dentro da sociedade. O autor entendia que o direito estaria no
processo histórico e não em relações sintáticas e semânticas.
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3.2 A ESCOLA ANALÍTICA (Gisele Bezerra Barros Leite)

A escola analítica parte da ideia de que os conceitos, as categorias, os termos


jurídicos, devem ser analisados sistematicamente só assim seria possível
compreender e aprender a sua finalidade e o seu sentido. Inglaterra e seu principal
autor é John Austin.

Para a escola analítica, o direito tinha como objeto principal somente as leis
positivas e a escola não considerava os valores e o conteúdo ético das normas legais.

Segundo Austin:

“A ciência da jurisprudência ocupa-se com leis positivas, ou simplesmente, com leis


em sentido escrito, sem considerar sua bondade ou maldade”.

Austin entendeu o esforço no sentido de estabelecer, organizada, sistemática


e analíticamente os aspectos conceituais do direito, buscando assim promover a
separação entre o direito e a moral, embora ele admitisse existir moral em torno direito,
embora ele reconhecer que existisse conteúdo moral nas normas jurídicas no âmbito
do sistema jurídico. Afirma Austin:

“O direito existe independentemente de ser justo ou injusto, isto é, sua validade deve
ser aferida sobre o aspecto conceitual e não a partir dos fundamentos morais. Uma lei
existente, é uma lei que existe, independente de ser boa ou má.”

Para John Austin , os problemas que fazem parte do direito estão em três
campos , os quais são : A jurisprudência geral oi filosofia do direito positivo , que trata
da exposição dos princípios gerais comuns aos diversos sistemas Jurídicos positivos,
a jurisprudência particular , que cuida do estudo das leis vigentes num determinado
país, a ciência da legislação , situada nós domínios da ética , que abrange os
princípios que o legislador deve ter em conta para elaborar as leis justas e adequadas
.
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É preciso colocar em pauta, que o direito da escola analítica, não está


relacionado com a ética, pois a escola aplica a ideia de que não importa se as normas
são justas ou injustas. Somente interessava ao legislador ou ao filósofo os aspectos
Morais das normas. A escola analítica de jurisprudência colocou o seu fundamento na
análise conceitual. Entendia que o conceito nada mais era que a representação
intelectual da realidade, que poderia ser integralmente conhecida através da análise
dos conceitos que a representavam.

Dessa maneira, temos como a única fonte do direito os costumes, que eram
aceitos pelos órgãos julgadores, no caso nos tribunais.

3.3 ESCOLA HISTÓRICA DE SAVIGNY (Maycon Varjão Francisco)

Nascido em fevereiro de 1779 Friedrch Von Savigny era um dos mais influentes
e respeitados juristas do século XIX.

Savigny deu entrada no mundo do direito em 1795, quando tinha apenas 17


anos ingressando na universidade de Marburg no curso de direito, mais à frente
Savigny também adentrou diversas outras instituições incluindo universidades de
grandes portes como por exemplo a de Halle, a de Jena, a de Leipzig e a de Göttingen.
Em 1800 aos seus 22 anos Savigny voltou a Marburg onde concluiu seu doutorado.

A escola histórica desenvolvida por Savigny engrandecia muito a história e os


costumes de um determinado povo, já que Savigny era contra as codificações e
acreditava que o direito era um organismo vivo, dessa forma existia uma linha de
pensamento em que os povos iriam modificando o direito e a sua fonte seria
fundamentalmente os costumes dos povos.

Já a escola da exegese que foi um grande movimento desenvolvido o século


XIX na França, defendia a lei positiva e em ressalto ao código civil onde já era possível
se encontrar a possibilidade de solucionar todos os eventuais casos e ocorrências da
vida social, essa escola se desenvolveu na sombra do código de Napoleão.
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A escola da exegese acreditava em um código de conduta perfeito e


imodificável, salientando que as leis eram formuladas de forma correta, um bom
exemplo foi dito por Demolombe que a lei era tudo.

A Alemanha foi um dos países europeus que posteriormente formulou um


Código Civil, não só pelo ambiente cultural existente, mas também pela sua
fragmentação territorial. A sua situação política e social era obviamente bastante
diferente da da França, pelo que a defesa de princípios como a igualdade formal entre
todos os cidadãos, foi uma postura muito inovadora para uma sociedade que ainda
manifestava características feudais, como a distinção da população entre a nobreza,
burguesia e campesinato.

A Alemanha estava em uma era legalmente primitiva, quando a lei ainda estava
em processo de formação. Em uma época de declínio cultural, a codificação jurídica
que refletia o pensamento da época poderia ser prejudicial à medida que consolidava
ainda mais uma cultura já decadente.

A Alemanha na época era atrasada e sua economia era essencialmente


baseada em uma agricultura de baixa produtividade, aonde a tecnologia praticamente
não existia, o que acabou por gerando crises de escassez contínuas entre a
população.

Sendo a Inglaterra o berço do industrialismo, era uma nação politicamente e


economicamente destacada por sua doutrina liberal e que, pela sua soberania,
conduzia as demais nações de acordo com o seu interesse a fim de ditar as regras de
sua política econômica.

Nesse contexto, o que era válido para a Inglaterra não necessariamente deveria ser
para os alemães.
15

Portanto, pode-se afirmar que a Alemanha se encontrava em grande


fragmentação política (Prússia, Baviera e assim por diante) e particularismos
regionais.

Já a escola histórica foi desenvolvidoa por Savigny (discípulo de Gustav Hugo)


na Alemanha no século 19, quando o país passava por sérias divisões políticas e
peculiaridades regionais.

A escola histórica do direito é um movimento contrário ao naturalismo jurídico


racional, ou seja, se opõe ao naturalismo jurídico iluminista, que se baseia na ideia de
que o direito é um fenômeno que não é afetado pelo tempo e pelo espaço. encontrado
com base na razão e na racionalidade. A essência das coisas.

As escolas históricas acreditam que a lei será derivada do "espírito do povo"


(Volksgeist), a essência das normas jurídicas será incluída no uso, hábitos e crenças
dos grupos sociais, e se esforçam para entender a lei. Não apenas reconhecê-lo. Para
Savigny, a origem da lei é "poder silencioso, não o arbítrio do legislador".

Para Savigny, que se opõe à codificação, "os regulamentos são a rigidez da


lei", ou seja, a codificação é o gesso da lei para impedir que as forças históricas e a
consciência coletiva "sigam" o ordenamento jurídico. Portanto, a codificação de
Savigny será prejudicial para o desenvolvimento da lei de.

Savigny acredita que a lei é um organismo vivo que mudará de acordo com as
mudanças sociais e históricas (ou seja, "as pessoas mudam a lei").

Portanto, pode-se dizer que a escola histórica "derrotou" com sucesso o


movimento contrário da jurisprudência iluminista. A escola de Savigny é muito
importante para a Alemanha porque prova a conexão entre o direito efetivo e as
tendências sociais, econômicas, intelectuais e políticas. A escola de direito de longa
data também prova que a ordem jurídica é um produto cultural.
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Já a escola histórica evolucionária surgiu logo após a escola histórica. Como


seu surgimento foi influenciado pela escola histórica, argumentou que os verdadeiros
direitos residem no uso e nos costumes, bem como nas tradições populares, não
devendo haver regulamentação. No entanto, outro é atribuído ao importante papel do
intérprete, que pode manter a legislação em dia de acordo com as exigências da
sociedade, e a escola defende que deve haver um conjunto de normas.

Após a luta entre Saboni e Thibault (vencida por Thibault), surgiu a chamada
escola da evolução histórica, que retém muitas características da escola histórica,
como a baseada no uso de leis de criação e costumes e visões contra as tradições
populares. os evolucionistas históricos não propuseram uma solução.

A escola histórica evolucionária surgiu logo após a escola histórica. Como seu
surgimento foi influenciado pela escola histórica, argumentou que os verdadeiros
direitos residem no uso e nos costumes, bem como nas tradições populares, não
devendo haver regulamentação. No entanto, outro é atribuído ao importante papel do
intérprete, que pode manter a legislação em dia de acordo com as exigências da
sociedade, e a escola defende que deve haver um conjunto de normas.

Após a luta entre Saboni e Thibault (vencida por Thibault), surgiu a chamada
escola da evolução histórica, que retém muitas características da escola histórica,
como a baseada no uso de leis de criação e costumes e visões contra as tradições
populares. os evolucionistas históricos não propuseram uma solução.

A escola histórica de Savigny se opõe completamente à codificação. Ele disse


que a codificação é a rigidez da lei, enquanto o evolucionista histórico acredita na
codificação e acredita que deveria haver um código, mas a lei nele pode ser
modificada se necessário. Portanto, a escola histórica de história A escola se opõe à
escola Xege, enquanto a escola de história evolutiva usa alguns pressupostos da
escola histórica para lutar contra o formalismo da escola escolar.
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Diante do apresentado, vale lembrar que a escola de Savigny apontou de forma


positiva que o Código está envelhecendo e que a lei é uma realidade realista. Ou seja,
diante da frase de Savigny, “Os regulamentos são a rigidez da lei”, voltamos a
reconhecer o valor agregado dos costumes, porque para ele os costumes são o
fundamento do direito, e a evolução da sociedade continua a tratar para modificar.

Portanto, cheguei à conclusão de que a escola histórica desenvolvida por


Savingy é um grande avanço da escola interpretativa porque destaca a conexão entre
o direito e as tendências sociais, econômicas, intelectuais e políticas da sociedade e,
assim, mostra que as leis e as regulamentações são produtos culturais, isto é, refletem
a estrutura social dos grupos a que servem e são também o resultado dessas
estruturas sociais. Além disso, a escola histórica é crucial para o surgimento e
desenvolvimento de outras escolas de interpretação.

A escola de doutrina dogmática, exegese ou escola clássica, apareceu na


França por volta de 1804 junto com o Código Civil francês de Napoleão. Também
conhecido como Código Napoleão (Código Napoleão), é uma coleção muito
estruturada das leis da época. Contém regras dedutivas. Essas regras dedutivas são
projetadas para serem padronizadas por meio de um sistema sistemático de regras
para evitar problemas jurídicos. Vagas e vagas. Tempo.

"A hermenêutica tradicional ou clássica é representada na França e nas escolas


doutrinárias de Xun, escola e Alemanha. O surgimento da era da" jurisprudência do
juiz "é revelar o significado das normas por meio do uso do processo lógico dos juízes
(apenas executores de leis).

Por um curto desvio de tempo, pode-se perceber que o Estado centralizado não
sucumbiu à descentralização política da Idade Média até o século XV, o que está em
linha com a nascente estrutura capitalista, que não cumpre as leis locais e leis
protéticas. Sistema feudal.
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É necessário um direito que seja válido em qualquer tempo e espaço, baseado


em princípios gerais, e esses princípios devem ser derivados da racionalidade
humana. Este conceito individualista é baseado no conceito de individualismo
prevalecente na filosofia social da época, com base em Com base na igualdade e na
liberdade. Os seres humanos estão em um estado natural, a partir do qual indivíduos
livres e iguais podem se desenvolver em uma forma de coexistência política, que está
envolvida no conceito de estado.

Portanto, o fundamento dos direitos naturais (antes da origem teológica) foi


colocado acima do indivíduo, que posteriormente evoluiu para um conceito jurídico de
positivismo, que reduziu o conceito de justiça a um conceito de validade na transição
de um estado absolutista para um estado. liberal.

Desde então, intensificou-se o positivismo que cegamente proíbe as


instituições judiciais de interferir no campo da legislação, principalmente por quaisquer
meios ou métodos de interpretação que não os métodos literais. Nessa dinâmica,
parece que o pensamento dogmático se divide em extremo e moderado.
Em resposta ao exagerado estado de direito do sistema tradicional, a jurisprudência
tradicional entende que o direito é a única fonte do direito. Inúmeras críticas e reações
surgiram em vários países, resultando no chamado "sistema moderno de
interpretação", que é nada mais do que uma escola de pensamento crítico.

É importante notar que muitos teóricos surgiram para o dogmatismo cercado


pelo positivismo. No entanto, todos eles têm uma coisa em comum, ou seja, eles se
recusam a adorar a idolatria, dizendo que a própria lei é positiva e nem sempre
suficiente para realizar seus ideais de justiça.

3.4 ESCOLA TELEOLÓGICA: VON LHERENG. (Maycon Varjão Francisco)

A escola teleológica foi Fundada por Rudolf Von Ihering, de acordo com esta
lei, para refletir o espírito da lei, é necessário buscar o propósito do legislador na
edição de certas normas jurídicas. Tendo em conta a interpretação histórica, não será
19

capaz de compreender o Pretende que a legislação masculina seja adequada aos


intérpretes.Além de analisar os projetos de lei e seus antecedentes em um
determinado período, esta é a tarefa básica de extrair as reais intenções dos
legisladores na formulação das normas.

Segundo Perelman (Perelman), a lei é um meio utilizado pelos legisladores


para atingir objetivos e promover determinados valores. Portanto, o juiz deve rastrear
o texto no intuito de orientar sua redação de acordo com a vontade do legislador, a
fim de interpretar o texto de acordo com essa vontade, pois o mais importante é que
o fim perseguido seja o espírito, não as palavras. Jurídico. Qualquer coisa que dê o
maior prazer ao maior número de pessoas pode ser considerada.
Atualmente, a tradição dogmática ainda é utilizada no meio jurídico, pois alguns
juristas, ao contrário dos cursos de história e sociologia mais adotados, afirmam que
direito é direito. A Xunege School é a escola de maior impacto no Brasil.

Vale ressaltar que somente em 1824 o Brasil iniciou a produção jurídica de


acordo com a "Constituição Imperial" e a "Constituição Republicana" de 1891. Além
disso, consolidou o império do Estado de Direito de acordo com o Direito Comercial e
o Código Penal, de acordo com as seguintes etapas Independência: Francês
Tradicional. Posteriormente, a obra de Clóvis Bevilacqua resultou no Código Civil de
1916, que foi concluído em 1899 e revisado pelo Parlamento.

Portanto, para explicar de forma abrangente as normas, surgiram alguns


pensadores consagrados, que seguiram o pensamento da hermenêutica e
desenvolveram suas doutrinas.

4 HERMENÊUTICA CONTEMPORÂNEA (João Vitor dos Santos Lima)

Na “Velha Hermenêutica” interpretava-se a lei à exaustão, por meio de


operações lógicas. Na “Nova Hermenêutica”, concretiza-se o preceito constitucional,
o que significa interpretar com criatividade. As regras tradicionais de interpretação,
que operam pela “abstração do problema concreto a decidir” e, em seguida, “a
20

subsunção em forma de conclusão silogística com o conteúdo da norma”), perdem


lugar no contexto da interpretação constitucional.

A questão hermenêutica deixa de ser um problema de correta subsunção do


fato à norma – com sua carga lógica, histórica, sistemática, teleológica e valorativa –
para se tornar um problema de conformação política dos fatos, isto é, de sua
transformação conforme um projeto ideológico”. “isto porque a Hermenêutica não se
refere somente à lei, mas ao direito; seu escopo é compreender o conteúdo das
formas de expressão do direito, daí estar o problema da interpretação muito jungido
ao da teoria das fontes do Direito.”

Quando se fala em hermenêutica ou interpretação, advirta-se que elas não se


podem restringir tão-somente aos estreitos termos da lei, pois conhecidas são as suas
limitações para bem exprimir o direito, o que, aliás, acontece com a generalidade das
formas de que o direito se reveste. Desse modo, é ao direito que a lei exprime que se
devem endereçar tanto a hermenêutica como a interpretação, num esforço de
alcançar aquilo que, por vezes, não logra o legislador manifestar com a necessária
clareza e segurança.

Por isso dizer-se que o sentido da lei é construído mediante sua interpretação.
Essa lhe supre as deficiências de incompletude, conformando sua aparência por meio
da insígnia do legislador ideal, a semelhança de um quebra cabeça, em que somente
vai sendo possível captar melhor o desenho que ele contém pela insistência de
tentativas interpretativas a seu respeito

No que pesa à hermenêutica constitucional, a contribuição de Konrad HESSE;


foi levar o foco do procedimento de realização do Direito Constitucional para as
particularidades concretas das condições de vida, aliadas ao contexto normativo.
“Interpretação constitucional é concretização.”

O intérprete termina por escolher livremente, a seu bel-prazer, quais métodos


e princípios serão aplicados. As regras tradicionais não podem ser consideradas
independentes umas das outras, havendo por indispensável sua integração. “Não há
um método único e seguro que garanta a verdade do conhecimento humano”. Como
21

entre os métodos não existe hierarquia, é impossível decidir racionalmente qual deles
utilizar quando levam a resultados distintos.

Os autores da hermenêutica clássica preocupavam-se em formular regras para


a atividade interpretativa, ao passo que os pensadores contemporâneos se
envolveram com a filosofia subjacente à atividade de interpretar e concretizar as
normas jurídicas

A questão hermenêutica passa de um simples problema de correta subsunção


do fato a norma, para transformar-se um ideal de conformação política dos fatos, ou
seja, transformação da norma segundo um primado ideológico.

4.1 MÉTODOS CONTEMPORÂNEOS (João Vitor dos Santos Lima)

Inegável, para os defensores desse método, que a hermenêutica clássica (que


busca a verdade inerente ao texto da lei – mens legis ou mens legislatoris) não é
capaz de lidar com essa nova visão da Constituição, como dotada de estruturas
abertas, que exigem soluções direcionadas a problemas específicos.

Com base nestes aspectos, deve buscar a norma aplicável, e ver qual (ou
quais) das interpretações possíveis, extraídas do programa normativo abarcado por
aquela, melhor se adequam ao problema.

Como a comunidade hermenêutica que dialogará com o texto constitucional


não deve ser formada apenas pelas instâncias oficiais da interpretação (poderes
constituídos), mas por toda a sociedade que vive a norma (a chamada "sociedade
aberta dos intérpretes da Constituição", propugnada por Peter Häberle) esse método
de interpretação representa uma forma de resguardar e legitimar a Constituição, pois
o resultado da interpretação, que decorrerá de um debate aberto e abrangente, será
certamente mais facilmente acatado pela comunidade, pois a esta terá sido dada a
oportunidade de participar da formação da interpretação definitiva.
22

Métodos de Interpretação
Interpretação gramatical

Conforme já afirmado, para Tercio Sampaio Ferraz Jr., os métodos de


interpretação são regras técnicas que visam à obtenção de um resultado, buscando
orientar o intérprete para os problemas de decidibilidade dos conflitos, sobretudo os
problemas sintáticos, semânticos e pragmáticos
Os problemas sintáticos se referem tanto à conexão das palavras nas sentenças
(questões léxicas), quanto à conexão de uma expressão com outras dentro de um
contexto (questões lógicas), além da conexão das sentenças num todo orgânico
(questões sistemáticas).

A interpretação gramatical também é chamada de interpretação


filológica ou literal, uma vez que visa estabelecer o sentido jurídico (compreender) da
norma com base nas próprias palavras que a expressam. Objetiva, portanto,
estabelecer a coerência entre o sentido da lei e os usos lingüísticos, que muitas vezes
se modificam com o decurso do tempo (COELHO, 1981).

Interpretação lógica

A interpretação lógica também é utilizada para solucionar problemas sintáticos


com os quais se depara o intérprete da norma jurídica, procurando descobrir o sentido
da lei mediante a aplicação dos princípios científicos da lógica, enfrentando, portanto,
questões lógicas da interpretação.
No contexto da hermenêutica clássica, a aplicação da interpretação lógica pode
ocorrer no plano da lógica formal e da lógica material. Vejamos.

Lógica formal

No que diz respeito à lógica formal, alguns são os princípios que podem ser
utilizados para interpretar uma norma jurídica, dentre os quais:
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(i) Princípio da identidade – segundo o qual “o que é, é, o que não é, não é”. Isto
significa que uma coisa é idêntica a si mesma e não ao seu contrário;
(ii) Princípio da contradição – formulado a contrario sensu do princípio anterior,
enuncia que “o contrário do que é verdadeiro é falso”; “a mesma coisa não pode ser e
não ser ao mesmo tempo”;

Lógica material

Diferentemente da lógica formal, que se baseia em princípios tidos por


universais, a lógica material preocupa-se com o conteúdo da norma, utilizando-se de
um processo científico para buscar meios extra-lógicos, como por exemplo, o sentido
social e humano do direito (COELHO, 1981).

Quero dizer com isso que o procedimento lógico material vai além do texto que
se quer interpretar, investigando a ratio legis (razão que fundamenta e justifica o
preceito normativo), a vis legis (a virtude normativa do preceito), bem como
o occasio legis (particular circunstância do momento histórico que determinou a
criação do preceito) (COELHO, 1981).

Interpretação sistemática

Aliada às interpretações gramatical e lógica, a interpretação sistemática,


segundo Tercio Sampaio Ferraz Jr., possibilita ao intérprete enfrentar os problemas
sintáticos, no que se refere às questões sistemáticas, com as quais se depara o
intérprete da norma jurídica.

Neste contexto, a interpretação sistemática consiste em considerar o preceito


jurídico interpretando como parte do sistema normativo mais amplo que o envolve. É
assim que para compreender um determinado dispositivo do Código Civil de 2002,
temos que considerá-lo dentro do sistema geral do código, ou mesmo em relação aos
princípios gerais do direito civil ou do direito privado como um todo, além de sua
compatibilidade de a Constituição Federal.
24

Na prática a interpretação histórica e a sociológica se confundem, uma vez que


ao se buscar o sentido efetivo na circunstância atual ou no momento de criação da
norma mostra que ambos se interpenetram, ou seja, “é preciso ver as condições
específicas do tempo em que a norma incide, mas não podemos desconhecer as
condições em que ocorreu sua gênese” (FERRAZ JR., 2001, p. 286)

4.2 Método problemático (Carlos Iago da Silva Teixeira)

Quando se faz uma análise sobre a hermenêutica contemporânea, logo tem-se


conhecimento sobre os seus métodos interpretativos. A exemplo destes, temos o
tópico problemático, mas o que seria e como surgiu tal método? Como explica
Stagliano [2016?]:

“Método Tópico-problemático – criado por Viehweg – pensador alemão da


segunda metade do século XX. [...] inicia-se com a análise do caso concreto
para depois buscar a melhor norma jurídica. Método contrário ao positivismo
jurídico; ”

Complementando com Calheiros (2014):

“A tópica jurídica surge através da obra de Theodor Viehweg, sobretudo com


a publicação de Topik und Jurisprudenz, em 1953. Resgatando ensino que
remonta a Aristóteles, Viehweg defendeu que o pensamento jurídico é tópico,
o que revolucionou a discussão acerca da metodologia do direito à época.
[...]. A tópica foca a atenção do intérprete no problema, e não nos dispositivos
legais aplicáveis. O problema é que determina a decisão a ser tomada, a qual
deve ser não somente justa, mas justa no caso concreto. ”

Com isto, tem-se uma noção básica de como surgiu e do que se trata, mas para
melhor entendimento, segue uma explicação mais detalhada sobre as características
do método, nas palavras de Chinellato (2014):

“Esse método é dito tópico porque leva em consideração um esquema de


pensamento, uma forma de raciocínio e argumentação para justificar e
interpretar as normas constitucionais.
Outra denominação importante que deve ser levada em consideração é a
afirmação feita pela doutrina de que estamos diante de um método aporético,
já que se baseia em problemas a serem resolvidos através da interpretação
das normas constitucionais. [...]
25

[...] Por fim, uma outra peculiaridade deste método é que não existe uma
resposta mais ou menos correta que decorre do exercício de interpretação,
mas sim uma resposta que convence o maior número de interlocutores e,
assim, deve ser vista como a resposta mais adequada a uma determinada
situação. ”

O autor ainda faz algumas críticas e aponta a utilidade do mesmo:

“Críticas: a) a utilização dessa metodologia pode conduzir a um casuísmo


ilimitado, vez que cada problema é resolvido de uma determinada forma. b) a
doutrina que prevalece enuncia que a solução deve partir da norma para o
problema e não de maneira contrária como é feito neste método. c) dá pouca
importância a decisões e jurisprudências anteriores.
Utilidade: a) complementação de lacunas. b) eficaz quando não temos uma
determinada norma para o caso específico. ” (Chinellato, 2014)

Após essa análise feita acerca do tema, conclui-se que, neste método a
interpretação é realizada com o objetivo de resolver o problema, simples. A
interpretação é a base do exercício hermenêutico de solucionar o problema real. Em
virtude disso é que se afirma que este método é de viés prático. Assim, fecho com a
seguinte fala sobre o método:

“ [...] tem por principal característica o caráter prático da interpretação


constitucional, que busca resolver o problema constitucional a partir do
próprio problema, após a identificação ou o estabelecimento de certos pontos
de partida. É um método aberto, fragmentário ou indeterminado, que dá
preferência à discussão do problema em virtude da abertura textual das
normas constitucionais. ” (REDE DE ENSINO LUIZ FLAVIO GOMES, 2010)

4.3 Método Concretizador (Carlos Iago da Silva Teixeira)

Ainda sobre os métodos interpretativos da hermenêutica contemporânea,


temos outro exemplo bastante conhecido, o método concretizador. Mas do que se
trata esse método e qual sua origem?

Segundo o autor Martins (2014):


“ [...] Iniciada por Theodor Vieweg na metade do século XX, pretende, em
resumo, adotar o pensamento problemático para a interpretação, que
consistiria em escolher, entre várias possibilidades de abordagem,
argumentos ou pontos de vista (topoi), aquele mais adequado, não
importando se alheio ao pensamento jurídico. ”

O autor ainda explica:


26

“O método concretizador de interpretação constitucional propõe a abordagem a partir da pré-


compreensão, uma expectativa de sentido imediata frente ao objeto interpretado. A pré-compreensão
do intérprete somada à compreensão da norma e à compreensão do problema resulta na interpretação.
” (Martins, 2014)

Mas qual as semelhanças entre ambos os métodos? Como explica Rodrigo Eustáquio
Ferreira (2011):
“Esse método se assemelha ao tópico-problemático no ponto em que também
considera que o intérprete deve exercer uma atividade concretizadora
("reconstruir" o Direito no caso prático, a partir de um procedimento
argumentativo e racional, ao invés de procurar um sentido "inerente" à
norma). ”

O autor fala também sobre as diferenças, usando as palavras de Inocêncio Mártires


Coelho:
“ [...] diferencia-se daquele, por partir do pressuposto de que a leitura de
qualquer texto normativo, inclusive do texto constitucional, começa pela pré-
compreensão do intérprete/aplicador, a quem compete concretizar a norma a
partir de uma dada situação histórica, que outra coisa não é senão o ambiente
em que o problema é posto a seu exame, para que ele o resolva à luz da
Constituição e não segundo critérios pessoais de justiça. ” (COELHO apud
FERREIRA, 2011)

Sobre o conceito de círculo-hermenêutico, explica Ferreira (2011):


“Resultante desse movimento de ir-e-vir ocorrido no diálogo entre o intérprete
e a norma. Esse conceito teve suas origens na Antiguidade e foi propagado
pela filosofia de Schleiermacher. A ideia básica aqui é a de que a totalidade
de uma lei, ou Código, ou a Constituição, só pode ser compreendida a partir
da compreensão de suas partes (artigos, títulos). Da mesma forma, as partes
também só podem ser compreendidas se houver a compreensão do todo,
uma vez que a parte entendida fora do contexto do conjunto textual leva a
uma interpretação equivocada. ”

Citando novamente Inocêncio, o autor explica que "seria difícil para este
método produzir resultados "razoavelmente consistentes [...], porque a pré-
compreensão do intérprete, enquanto tal, distorce desde logo não somente a
realidade, que ele deve captar através da norma, mas também o próprio sentido da
norma constitucional [...]". (COELHO apud FERREIRA, 2011)

Afirma também que "o juiz, ao interpretar, não pode fixar seu entendimento fora
da lei (no caso, a Constituição), porque ele também se sujeita a ela, em sua vida
privada e em seus julgamentos. " (PEREIRA apud FERREIRA, 2011)

E o autor conclui:
27

“Assim, tal qual acontece na chamada discricionariedade administrativa, o


juiz, ainda que trazendo seus preconceitos para o processo interpretativo,
deverá extrair, ao final, uma interpretação que possa ser enquadrada nos
limites impostos pela própria Constituição, sem afrontar seus princípios,
fundamentos e objetivos. ” (FERREIRA, 2011)

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS (Gisele Bezerra Barros Leite e Letícia Maria Bezerra


Pequeno)

Em virtude de todos os fatos mencionados, entende-se que a hermenêutica é


uma ciência extremamente usada no cotidiano em todos os âmbitos, seja educacional,
profissional ou pessoal.
Ao decorrer, é cessado a dúvida entre a hermenêutica e a interpretação,
mostrando que a “hermenêutica” é a ciência e a “interpretação” o determinado sentido
para encontrar uma norma jurídica. Uma vez que, a ciência jurídica oferece diversas
formas de interpretação do direito e que vai mudando ao longo do tempo e cabe aos
operadores do direito compreender cada uma delas.

Com isso, o relatório tratou da especificação e entendimento de diversos


filósofos, como: Friedrich, Von Lhering, Saving e escolas fundadas, como: A Escola
Analítica (que tratava sobre fonte do direito, matéria do direito, dever legal, Norma
Jurídica, sanção legal, propriedade, pena, intenção...), Escola Exegética (que tinha
como ideia central um sistema normativo codificado de leis e defende que o
ordenamento jurídico é perfeito e não existem lacunas), entre outras.
Por fim, mostra-se de que forma a hermenêutica contribuiu antigamente e seus
atuais métodos contemporâneos, aprimorados com formas de expressão, leitura e
fotografias. Sendo assim, o real objetivo do relatório foi atingido, feito com uma
linguagem simples que ao mesmo tempo demostra conhecimento, fontes e grandes
nomes de filósofos voltados a hermenêutica e as suas ciências.
28

REFERÊNCIAS

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contemporânea. ContéudoJurídico. 2014. Disponível em:
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Disponível em: https://jus.com.br/artigos/34528/a-topica-e-a-hermeneutica-
constitucional Acesso em: 10, mar 2021.

DUARTE e MARQUES, pág. 3596. GRAU, Eros R, Grau. Ensaio e Discurso sobre
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