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INTRODUÇÃO A PLATÃO

Coleção CÁTEDRA
Coordenação: Gabriele Cornelli

• Platão: a construção do conhecimento, José Gabriel Trindade Santos


• Introdução à “filosofia pré-socrática”, André Laks
• A filosofia antes de Sócrates: uma introdução com textos e comentário, Richard D. McKirahan
• Fílon de Alexandria, Francesca Calabi
• Introdução à filosofia do mito, Luc Brisson
• A ética dos antigos, Mario Vegetti
• O diálogo socrático, Livio Rossetti
• Aristóteles, Carlo Natali
• Parmênides: o não ser como contradição, Nicola Stefano Galgano
• Metamorfoses da dialética nos diálogos de Platão, Monique Dixsaut
• Introdução a Platão, Franco Ferrari
FRANCO FERRARI

Introdução a Platão

Tradução: André da Paz


© 2018 by Società editrice il Mulino, Bologna

Todos os direitos reservados pela Paulus Editora. Nenhuma parte desta publicação
poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia
xerográfica, sem a autorização prévia da Editora.
Direção editorial: Sílvio Ribas
Coordenação editorial: Claudiano Avelino dos Santos
Coordenação de revisão: Tiago José Risi Leme
Produção editorial: AGWM Produções Editoriais
Coordenação de arte: Danilo Alves Lima
Capa: Gustavo Gomes
Impressão e acabamento: PAULUS

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Angélica Ilacqua CRB-8/7057

Ferrari, Franco
Introdução a Platão / Franco Ferrari; tradução de André
da Paz. — São Paulo: Paulus, 2022.
Coleção Cátedra.

ISBN 978-65-5562-498-4
Título original: Introduzione a Platone

1. Filosofia antiga 2. Platão I. Título II. Paz, André da III. Série

CDD 184
22-1125 CDU 1
Índice para catálogo sistemático:
1. Filosofia antiga; 2. Platão; 3. Estudos clássicos

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1ª edição, 2022

© PAULUS – 2022
Rua Francisco Cruz, 229 • 04117-091 – São Paulo (Brasil)
Tel.: (11) 5087-3700
paulus.com.br • editorial@paulus.com.br

ISBN 978-65-5562-498-4
SUMÁRIO

I. VIDA E OBRA ............................................................................................... 7


1. Vida ............................................................................................................ 7
1.1. As fontes ............................................................................................. 7
1.2. A família, a juventude e as viagens ..................................................... 9
1.3. A fundação da Academia e a primeira viagem à Sicília ...................... 11
1.4. A segunda e terceira viagem a Siracusa e os últimos anos.................. 13
2. Obra ........................................................................................................... 14
2.1. A classificação dos diálogos ................................................................. 14
2.2. O diálogo: as razões dessa escolha ..................................................... 18
2.3. A crítica à escrita e a escritura da filosofia .......................................... 23
2.4. As doutrinas não escritas ..................................................................... 27

II. O ESPAÇO FILOSÓFICO: O MESTRE E OS RIVAIS .................................. 31


1. O desafio dos sofistas ................................................................................. 31
1.1. O relativismo dos valores e a questão da verdade............................... 31
1.2. A relação entre physis e nomos e o papel da política ........................... 34
2. Sócrates: o primado da razão .................................................................... 38
2.1. A centralidade da alma ....................................................................... 38
2.2. A verdadeira política ............................................................................ 45
2.3. O universal e o tema da aquisição dos saberes .................................... 51

III. O HOMEM JUSTO NA CIDADE JUSTA .................................................... 55


1. Em busca da justiça ................................................................................... 55
1.1. Antropologia problemática: o modelo contratualista ........................ 55
1.2. Antropologia cooperativa: o nascimento da cidade
e a origem de seus males .................................................................... 57
2. A alma e a cidade ....................................................................................... 61
2.1. O isoformismo (imperfeito) entre microcosmo e macrocosmo ......... 61
2.2. Em direção da kallipolis: as três ondas ................................................ 67
2.3. A degeneração da cidade: da kallipolis à tirania .................................. 71
3. A filosofia política depois de República ...................................................... 74
3.1. A técnica política e o padrão de medida situacional ........................... 74
3.2. A função indireta das leis .................................................................... 78

IV. O SABER DO FILÓSOFO ............................................................................. 83


1. O filósofo platônico ................................................................................... 83
1.1. A natureza erótico-tensional da filosofia ............................................. 83
1.2. Ser e devir, conhecimento e opinião .................................................. 85
2. As ideias e os fenômenos ........................................................................... 91
2.1. Dois gêneros de entes ......................................................................... 91
2.2. A relação elusiva: participação, imitação, presença e comunicação .. 94
2.3. Aporias contraditórias ......................................................................... 97
3. A alma e o conhecimento .......................................................................... 103
3.1. O conceito de anamnesis e syngeneia entre a alma e as ideias ............. 103
3.2. A transição epistêmica: da opinião (verdadeira) ao conhecimento ... 110
V. A DIALÉTICA ............................................................................................... 115
1. A hierarquia dos saberes ............................................................................ 115
1.1. Formas de racionalidade: dianoia e noesis ........................................... 115
1.2. A ideia do Bem ................................................................................... 121
2. A estrutura do mundo inteligível .............................................................. 126
2.1. Os megista gene e a articulação da esfera inteligível ............................ 126
2.2. O verdadeiro e o falso ......................................................................... 135
2.3. O “presente dos deuses”: limitado e ilimitado ................................... 137
2.4. A teoria dos princípios ........................................................................ 141

VI. OS MECANISMOS DA PERSUASÃO ......................................................... 145


1. O mito ....................................................................................................... 145
1.1. A crítica à mitologia tradicional e a exigência
de uma nova mitopoiesis ...................................................................... 145
1.2. A formação do consenso: a mitologia política ................................... 149
1.3. A imortalidade da alma: os mitos da vida após a morte .................... 152
1.4. A alegoria da caverna........................................................................... 156
2. A paideia ..................................................................................................... 161
2.1. A crítica à poesia ao conceito de mimesis ............................................ 161
2.2. A educação na cidade ......................................................................... 166
2.3. A retórica ............................................................................................ 169
2.4. A religião ............................................................................................ 171
2.5. Eros ..................................................................................................... 174

VII. O UNIVERSO E O HOMEM ..................................................................... 179


1. A estrutura do cosmo ................................................................................ 179
1.1. O discurso verossímil e a geração do universo .................................. 179
1.2. As operações do intelecto ................................................................... 184
1.3. A necessidade ...................................................................................... 191
2. O homem e seu lugar no universo ............................................................ 197
2.1. Alma e corpo ....................................................................................... 197
2.2. A classificação dos prazeres ................................................................ 200
2.3. A semelhança ao divino e a imortalização do filósofo ....................... 204

VIII. A PRIMEIRA ACADEMIA ........................................................................ 209


1. Ideias e princípios ...................................................................................... 210
2. Cosmologia: a interpretação de Timeu ...................................................... 215
3. Ética ........................................................................................................... 217
ABREVIATURAS DAS OBRAS DE PLATÃO ................................................... 219
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 221
ÍNDICE DOS NOMES ...................................................................................... 241
I
VIDA E OBRA

1. VIDA
1.1. As fontes

A s principais fontes antigas que trazem informações rela-


tivamente extensas sobre a vida de Platão situam-se
entre os séculos II e VI d.C.; elas datam, portanto, a uma época
já bastante distante daquela em que viveu o filósofo. A mais anti-
ga é do autor latino Apuleio (século II), que em Sobre Platão e seus
ensinamentos introduz a biografia de Platão por meio de uma
exposição de suas principais doutrinas. A importante biografia
no Livro III de Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres, de Diógenes
Laércio, do século III, é a mais rica em termos de quantidade de
informações. Depois dessas obras, temos dois testemunhos muito
tardios, intimamente relacionados entre si: a introdução do
Comentário ao Alcibíades I, do filósofo neoplatônico Olimpiodoro,
e a primeira parte dos Prolegômenos à filosofia de Platão (1, 15-6, 28),
escrita por um autor anônimo do século VI, que pertence, como
Olimpiodoro, à escola alexandrina.
Em todos esses documentos há informações biográficas
mais ou menos confiáveis, anedotas de credibilidade duvidosa
e narrativas quase lendárias, como aquela sobre a fecundação
da mãe de Platão realizada por Apolo, muito comuns à
tendência de divinização de Platão, que percorreu parte signi-
ficativa da literatura antiga, pelo menos daquela mais alinhada
7
Vida e Obra

a Platão. É muito importante ter em mente que as biografias


mencionadas não são independentes umas das outras, mas re-
produzem os mesmos topoi, ou seja, os mesmos padrões. Tudo
isso significa que suas informações devem ser avaliadas com
cautela, sempre levando em consideração a tendência das bio-
grafias antigas, de transformar possíveis influências ou proxi-
midades teóricas em acontecimentos históricos (por exemplo,
uma influência filosófica do autor A em relação ao autor B
muitas vezes toma a forma de uma associação realmente ver-
dadeira, até mesmo nos moldes de uma relação de discípulo e
mestre de B por A).
Além das fontes mencionadas acima, a reconstrução da vida
de Platão pode ser obtida por meio de outros documentos rele-
vantes. O mais expressivo deles é a seção (auto)biográfica da Car-
ta VII, em que o autor – que seja Platão ou menos – reconstrói de
modo muito fiel os eventos da vida política ateniense entre o
final do século V e o início do IV (incluindo o julgamento de
Sócrates) e sobretudo as viagens de Platão a Siracusa. Outra im-
portante fonte de informações está na primeira parte da História
da Academia, do epicurista Filodemo de Gádara (século I a.C.).
Muito ricos, embora pouco confiáveis, são os relatos anedóticos
sobre Platão, não raro provenientes de fontes preconceituosas e
hostis ao filósofo.
As obras de Platão, pelo contrário, são extremamente escas-
sas de informações sobre a vida do próprio autor. Platão menciona
a si mesmo somente em duas ocasiões, para indicar a própria
presença no julgamento contra Sócrates (Apol. 34a, 38b) e a ausên-
cia da prisão durante as horas que precederam a morte do mes-
tre, por estar doente (Phd. 59b). Outros diálogos mencionam
alguns membros da família de Platão, ocasionalmente fazendo
parte do “círculo dialógico” encenado nos textos platônicos (por
exemplo, Adimanto e Gláucon, meios-irmãos de Platão e inter-
locutores de Sócrates em República, ou Cármides e Crítias, res-
pectivamente tio de Platão e primo de sua mãe, ambos protago-
nistas do Cármides).
8
Introdução a Platão

1.2. A família, a juventude e as viagens


Platão tem o nome com que é universalmente conhecido
pela largura de seu corpo (platys significa “largo”), alternativa-
mente, segundo outras explicações menos prováveis, o tamanho
da testa ou a grandeza de seu estilo literário. O nome que lhe foi
dado no nascimento, Arístocles, era o do avô paterno. Platão nas-
ceu em uma das famílias mais importantes de Atenas nas últimas
décadas do século V. Seu pai, Ariston, ostentava uma árvore ge-
nealógica que remetia a Codro, o lendário último rei de Atenas;
a família da mãe, Perictíone, tinha Sólon entre seus antepassa-
dos, o grande legislador do início do século VI. Muitos membros
de sua família desempenharam um papel importante na vida ate-
niense da segunda parte do século V, tanto entre os oligarcas
(Cármides e Crítias fizeram parte da Tirania dos Trinta que go-
vernaram Atenas com ferocidade nos anos de 404 a 403) quanto
entre os democratas (Pirilampo, com quem a mãe de Platão
casou-se pela segunda vez, fazia parte do círculo de Péricles).
As fontes antigas datam o nascimento de Platão ao primeiro
ano da 88ª Olimpíada (que corresponde a 428/427 a.C.). Ele
teria nascido, portanto, no fim de uma longa hegemonia de Péri-
cles na vida política ateniense e no início da Guerra do Pelopone-
so, que acompanhou as primeiras décadas da sua vida (431-404).
Entretanto, não se pode deixar de lado o fato de as biografias
antigas terem tentado atribuir a Platão uma vida de 81 anos (ele
morreu certamente em 347, no primeiro ano da 108ª Olim-
píada), que é um número sagrado para Apolo (essa razão é evi-
dente em Prol. 6, 1-9). Uma suspeita parecida levou alguns estu-
diosos a adiarem o nascimento do filósofo por alguns anos
(424/423). Trata-se de uma hipótese que traz alguns problemas
de compatibilidade e nos força a adiar a data de alguns eventos,
como a fundação da Academia, mas que, em geral, não parece
completamente infundada.
Platão nasceu em Atenas ou em Egina, onde seu pai deve
ter ocupado uma posição institucional em nome de sua cidade.
9
Vida e Obra

Há poucas informações sobre sua juventude e sobre sua forma-


ção. Ele provavelmente recebeu a típica educação dos filhos das
famílias mais importantes: frequentou uma escola primária, teve
uma aprendizagem no campo da música e praticou uma forma
mais ou menos institucionalizada de luta e outros tipos de ativi-
dade esportiva. Sua formação cultural e literária proporcionou
certamente o conhecimento de Homero e Hesíodo, dos poetas
líricos e trágicos. Certa paixão pela poesia confirma-se pela com-
posição de 32 epigramas e de textos poéticos, embora as fontes
não sejam totalmente confiáveis a respeito disso.
Não há dúvida de que o evento decisivo para a formação e
para a própria vida de Platão foi o encontro com Sócrates, após
410 a.C. Mais ou menos no mesmo período, Platão talvez tenha
entrado em contato com o heraclitiano Crátilo, por meio do qual
desenvolveu a convicção de que as coisas sensíveis estão sujeitas a
um incessante fluxo que as torna incognoscíveis (cf. cap. 4, § 2.1.).
O julgamento de Sócrates e sua condenação à morte tive-
ram efeitos traumáticos sobre o jovem Platão. Ele desenvolveu
um profundo desprezo pela política ateniense, tanto pela oligar-
quia, reprovada por causa do terrível governo dos Trinta, quan-
to pela democracia, culpada pela condenação de seu mestre
(Ep. VII 324c-326a). Bem como outros membros do círculo socrá-
tico, Platão deixou Atenas, temendo tornar-se vítima do clima
hostil que surgiu após o julgamento de Sócrates. Provavelmente
fugiu para Mégara com Euclides, um dos socráticos mais im-
portantes. As fontes antigas relatam que, em seguida, ele ficou
em Cirene, na Ásia Menor, com Teodoro, um geômetra a que
Platão atribuirá um papel importante no Teeteto. Notícias sobre
estadias no sul da Itália e no Egito parecem menos confiáveis,
podendo ser fruto da tendência de transformar uma influência
em um dado histórico e biográfico.
Platão retornou a Atenas na segunda parte dos anos 90 do
século IV. Em Atenas, ele participou ativamente do debate sobre a
figura de Sócrates e sobre seu legado, que envolveu grandes seto-
res da intelectualidade da época. A Apologia e o Críton valorizaram
10
Introdução a Platão

o comportamento de Sócrates durante e depois do julgamento e


definem a imagem de Sócrates em relação à cidade. Diálogos
como Íon, Hípias Maior, Hípias Menor e o Protágoras devem ter sido
compostos nesse período, diálogos em que há a contraposição en-
tre a postura metodológica e ética de Sócrates e a dos sofistas.

1.3. A fundação da Academia e a primeira viagem à Sicília


Dois eventos importantes para a vida de Platão ocorreram
na segunda década do século IV: a fundação da Academia e a pri-
meira viagem para a Magna Grécia e, em particular, à Sicília. É
provável que a estada na Itália tenha ocorrido antes da fundação
da Academia, embora isso não possa ser considerado seguro. De
qualquer modo, os dois eventos devem ser colocados na primeira
parte da década (389-385).
No sul da Itália, Platão visitou Lócris, onde entrou em con-
tato com alguns importantes pitagóricos, entre os quais Árquitas
de Tarento. Mas a etapa mais importante de sua viagem foi sem
dúvida Siracusa, então um dos centros mais prósperos do Medi-
terrâneo. Em Siracusa, reinava o tirano Dionísio I, que Platão
tentou, sem sucesso, converter à filosofia. Platão também conhe-
ceu o sobrinho do tirano, Díon, que desempenhou um papel
central nos eventos vividos por Platão em Siracusa. De qualquer
modo, a relação entre Platão e o tirano logo se deteriorou, tam-
bém devido ao estilo de vida desregrado deste último e de sua
corte, obrigando o filósofo a abandonar Siracusa. Durante a via-
gem de volta, é possível que tenha sido feito prisioneiro e escra-
vo, para ser em seguida resgatado e retornar a Atenas possivel-
mente em meados da mesma década.
Em Atenas, Platão adquiriu um terreno na área noroeste da
cidade, a cerca de um quilômetro e meio das muralhas, junto do
bosque que levou o nome do herói Academo, local em que abriu
a escola chamada Academia. As opiniões dos estudiosos divergem
consideravelmente sobre a natureza dessa instituição. Nela, prova-
velmente confluíram elementos que nós estamos acostumados a
11
Vida e Obra

considerar inconciliáveis. De fato, a Academia apresentava-se


como uma instituição em que havia certo elemento religioso, em-
bora hoje não pareça ser mais sustentável a hipótese de ela consti-
tuir-se, num plano normativo, como uma associação dedicada ao
culto das Musas, ou seja, como um thiasos; em todo caso, nela re-
gularmente eram realizadas celebrações ligadas ao culto de Apolo.
Além disso, a Academia foi por muito tempo uma espécie de esco-
la de formação política, isto é, um centro em que Platão propu-
nha-se a formar os futuros filósofos rei. E assim também foi consi-
derada fora de Atenas, se levarmos em consideração a influência
que seus membros exerceram na vida política de numerosas cida-
des gregas. Por fim, a Academia caracterizou-se por ser uma insti-
tuição filosófico-científica, em que se alternavam o ensinamento e
a pesquisa nos mais diversos campos do saber (matemática, astro-
nomia, botânica, lógica, dialética, física etc.). Desse ponto de vista,
a Academia foi um centro de atração para jovens de toda a Grécia,
os quais se dirigiram a Atenas para ter acesso a uma paideia de alto
nível. A principal fonte de sustento dessa escola advinha da riqueza
privada do fundador, mas também os estudantes podiam volunta-
riamente contribuir, e não faltavam doações de amigos e admira-
dores de Platão.
Por múltiplos aspectos, a Academia platônica entrou em
competição com a escola de Isócrates. Diferentemente deste
último, Platão promoveu uma formação de alto nível filosófico-
-científico, opondo-se à postura marcadamente retórica da esco-
la de seu rival. As duas escolas disputaram ao longo de algumas
décadas a hegemonia cultural e a pretensão de formar a classe
dirigente ateniense.
A composição de diálogos como Górgias e Mênon, e prova-
velmente o esboço de uma primeira versão de República, provavel-
mente foi levada a efeito no período da fundação da Academia
ou nos anos imediatamente anteriores à sua criação. Nos anos
seguintes desenvolveu os diálogos do período central, a saber,
Fédon, Banquete, Crátilo, Fedro e, talvez, o Parmênides (que parte
influente dos estudiosos tende a considerar muito tardio).
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