Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RELATÓRIO DE PESQUISA
Paulo Afonso – BA
mar./2021
Ana Clara Sobral Bandeira
Deusdede Clebson Araújo de Alencar
Gustavo César Vieira Santana
Joana D’Arc Silva Almeida
João Matheus Moreira da Silva
Lorrayne Vitória de Sousa Soares
RELATÓRIO DE PESQUISA
Paulo Afonso – BA
mar./2021
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 3
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 16
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 17
3
Nesse contexto, é possível afirmar a existência de uma linha tênue entre o campo da
interpretação e da hermenêutica?
Assim, mostra-se inescusável propor uma análise para melhor apuração do objeto de
estudo diferenciando os termos-chave apresentados, os quais integram o processo
de compreensão.
O Direito, por tratar-se de uma ciência normativa que prima pela salvaguarda dos
interesses da sociedade é comprometida com valores, o que por conseguinte incidirá
5
diretamente no teor dos textos que lhe dizem respeito. Nesse caso, a tarefa de
interpretar, ou seja, a apreensão do sentido das normas jurídicas a fim de solucionar
um caso concreto, sempre sofrerá influência de uma carga de natureza valorativa.
Outro ponto a ser levantado seria a sustentação de que o in claris legis cessat
interpretatio (quando a lei for clara, é dispensável qualquer inferência interpretativa),
considerado “axioma” por parte dos juristas antigos, não trata-se de uma verdade
absoluta, sendo assim, refutável. Ainda conforme Montoro (2000 apud SILVA, 2014),
mesmo o texto legal mais bem redigido que possa existir, necessita sempre a
determinação do seu sentido e alcance, pois o quesito clareza em um texto é relativo:
o que é entendível para um, pode não ser ao outro. Ou, uma palavra pode ser
compreensível em seu uso coloquial, mas pode incorporar outro sentido na linguagem
técnica-jurídica.
A partir daqui é fundamental que tenhamos a percepção de, para que a tarefa de
interpretar seja realizada com efeito, se faz necessário seguir certos princípios e
regras. Nessa arte, quando voltada ao campo da técnica jurídica, o intérprete ou
hermeneuta, diante de um certo quantitativo de possibilidades deverá adotar um
critério que respeite a sua convicção e os objetivos pretendidos.
6
Sua aplicabilidade, como já visto anteriormente, não será distinta no âmbito jurídico.
Por meio dela é possível interpretar, com base em métodos, as normas de um
Estado, que vai desde a apreciação de elementos textuais e extratextuais
determinando o seu sentido e alcance.
Prossegue o jurista:
A Hermenêutica Jurídica Clássica teve como berço a França. Por sua vez, alcançou
autonomia teórica a partir da consagração do Estado de Direito, no ínterim dos séculos
XVIII e XIX.
Para tanto, faz uso da aplicação de métodos a fim de corrigir as imperfeições das
normas. Além disso, admite em si, a presença de certos vícios ficando a cargo do
aplicador a realização dos ajustes necessários
Esta sofreu em toda sua dimensão influência dos postulados concernentes ao Direito
Privado Clássico, conciliando a prática e os estudos jurídicos de tal forma a convencer
o chefe de Estado do país de 1942, que à época dos fatos era representado por
Getúlio Vargas, a positivar na “Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro”,
8
Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,
os costumes e os princípios gerais de direito.
Art. 5º. Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige
e às exigências do bem comum. (BRASIL, Decreto-lei nº 4.657/42).
Desse modo, o artigo proposto previamente acima reporta-se a uma das técnicas
clássicas de integração ou colmatação normativa recepcionadas pelo nosso
ordenamento jurídico. Este método implica os mecanismos de analogia, costumes e
princípios gerais do direito como solucionadores obrigatórios para “preencher
brechas” em caso de tal ocorrência.
Enquanto que o Poder Judiciário era um escravo da lei, pois sua função estava
restringida a apenas aplicar o direito e aceitar a norma como tal (daí, o silogismo “o
juiz é a mera ‘boca da lei’”). Como a lei era reflexo da vontade do mens legislatoris
não deixava margens para dúvidas, portanto, inquestionável.
Além disso, verificou-se que o Direito legislado se deparava com normas conflitantes,
o que tornava mais complexo o processo de interpretá-las. Para solucionar as
chamadas “antinomias normativas” foi necessário estipular certos critérios, entre os
quais: hierárquico, cronológico e o de especialidade.
Contudo, para que o atual cenário possa ser compreendido, necessário se faz voltar
os olhos ao passado, de forma a compreender as origens e os fundamentos das
Escolas da Hermenêutica Jurídica Clássica.
Nesse sentido, não é demais lembrar do famoso exemplo dado por Recaséns Siches
sobre a aplicação das finalidades a que se pretende buscar no esforço hermenêutico.
13
Trata-se da história da estação ferroviária em que havia uma placa com os dizeres “é
proibida a entrada de cães”.
Um exemplo disso é a norma que fala que o salário mínimo deve prover as
necessidades básicas; essa norma poderia ser considerada inconstitucional no âmbito
da interpretação sociológica, pois não disse quanto é o valor desse salário, e
evidentemente que hoje temos normas regulando o valor do salário, o qual não
consegue cumprir esse preceito de atender a TODAS as necessidades básicas.
1) as normas conforme ao seu fim devem ter idêntica execução, não podendo ser
entendidas de modo que produzam decisões diferentes sobre o mesmo objeto;
2) se o fim advém de várias normas, cada uma delas deve ser compreendida de
maneira que corresponda ao objetivo resultante do conjunto;
3) deve-se conferir ao texto normativo um sentido que resulte da lei em favor e não
em prejuízo de quem ela visa proteger;
4) os títulos, as epígrafes, o preâmbulo e as exposições de motivo das normas
auxiliam a reconhecer o seu fim.
Conforme Canfão (2015), nessa ordem de ideia, o fim da norma jurídica é sempre um
valor cuja preservação ou atualização o legislador teve em vista garantir, armando-os
de sanções, assim também como pode ser fim da lei impedir que ocorra um desvalor,
pois os valores não se explicam segundo nexos de causalidade, mas só podem ser
objeto de um processo compreensivo que se realiza através do confronto das partes
com o todo e vice-versa, eliminando-se e esclarecendo-se reciprocamente, como é
próprio do estudo de qualquer estrutura sócia.
A hermenêutica jurídica nos traz duas importantes formas de interpretação, quais são:
teleológica e axiológica.
O método teleológico pressupõe que a lógica formal não é suficiente para solucionar
os problemas do direito, devendo o interprete levar em consideração a real idade
concreta, os interesses vitais e os fatos sociais que constituem as fontes da produção
jurídica.
Do outro lado temos o movimento novo no Direito Constitucional, mais difundido como
Neoconstitucionalismo, tentando trazer a Constituição como ferramenta constante nas
medidas judiciais e, porque não, sociais.
Apesar dos exageros parece estar despontando uma sequência mais racional nessa
nova visão do Direito, pois não é um movimento que se restringe ao Direito
Constitucional, mas ao Direito como ciência, devido a subordinação dos ramos do
Direito ao contexto constitucional. Inúmeras ferramentas estão aflorando nessa nova
visão do Direito Constitucional, ajudando na evolução para a aplicação mais acertada
do Direito às necessidades sociais.
Dessa forma, podemos concluir que a hermenêutica jurídica, era voltada à formulação
de regras para uma atividade interpretativa que se exauria na plenitude do
ordenamento jurídico, pela simples subsunção dos fatos às normas.
REFERÊNCIAS
BOBBIO, Noberto. Teoria geral do direito. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
< https://anaclaudiajesus.jusbrasil.com.br/artigos/516517364/metodos-de-
interpretacao-do-direito-aspectos-gerais >
< https://jus.com.br/artigos/29348/os-principais-sistemas-interpretativos-da-
hermeneutica-juridica-classica >
< https://www.coladaweb.com/direito/hermeneutica-e-interpretacao-constitucional-
metodos-e-principios >
<
https://www.google.com/amp/s/simoesstagliano.jusbrasil.com.br/artigos/335787147/h
ermeneutica-conceitos-e-caracteristicas/amp >
18
<
http://www.lex.com.br/doutrina_26630422_HERMENEUTICA_CONSTITUCIONAL_E
_NEOCONSTITUCIONALISMO.aspx#:~:text= >
< https://www.passeidireto.com/arquivo/47971578/em-relacao-a-hermeneutica-
juridica >
MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direito. 25ª ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2000.
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do Direito. 11ª ed. rev. atual., Rio de Janeiro:
Forense, 1995.