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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ – UESC

COLEGIADO DE DIREITO

PLANO DE AULA
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1. INFORMAÇÕES GERAIS

TEMA DA AULA SEMANA


O problema da interpretação jurídica fora da Hermenêutica: de Kelsen ao Pós-Positivismo 8

PROFESSOR(A) / E-MAIL
Homero Chiaraba / homerohcgouveia@uesc.br

1 TEMA

O problema da interpretação na tradição jurídica brasileira.

2 OBJETIVOS

Objetivo geral

Compreender a constituição do problema da hermenêutica na tradição jurídica brasileira.

Objetivos específicos

Compreender a formação do problema hermenêutico no pensamento jurídico nacional


O falso dilema entre voluntas legis e voluntas legislatoris
O cânone interpretativo do Direito

3 METODOLOGIA

A metodologia da aula é baseada no conceito da aula dialógica, inspirada pelas ideias


pedagógicas de Paulo Freire. Para instrumentalizar este conceito, adaptou-se a
metodologia dos três momentos pedagógicos (3MP) desenvolvida por Delizoicov,
Angotti, e Pernambuco (2002) para o ensino das ciências. Nesta proposta a aula é divida
em problematização (Momento 1), sistematização dos saberes necessários ao
enfrentamento do problema (Momento 2), e enfrentamento do problema, através de
exercícios práticos (Momento 3).
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4 PERGUNTAS GERADORAS

Desta forma, existem duas espécies de interpretação que devem ser distinguidas claramente uma
da outra: a interpretação do Direito pelo órgão que o aplica, e a interpretação do Direito que
não é realizada por um órgão jurídico mas por uma pessoa privada e, especialmente, pela
ciência jurídica. Aqui começaremos por tomar em consideração apenas a interpretação realizada
pelo órgão aplicador do Direito.

Quando o Direito é aplicado por um órgão jurídico, este necessita de fixar o sentido das normas
que vai aplicar, tem de interpretar estas normas. A interpretação é, portanto, uma operação
mental que acompanha o processo da aplicação do Direito no seu progredir de um escalão
superior para um escalão inferior. Na hipótese em que geralmente se pensa quando se fala de
interpretação, na hipótese da interpretação da lei, deve responder-se à questão de saber qual o
conteúdo que se há de dar à norma individual de uma sentença judicial ou de uma resolução
administrativa, norma essa a deduzir da norma geral da lei na sua aplicação a um caso concreto.
Mas há também uma interpretação da Constituição, na medida em que de igual modo se trate de
aplicar esta - no processo legislativo, ao editar decretos ou outros atos constitucionalmente
imediatos - a um escalão inferior; e uma interpretação dos tratados internacionais ou das
normas do Direito internacional geral consuetudinário, quando estas e aqueles têm de ser
aplicados, num caso concreto, por um governo ou por um tribunal ou órgão administrativo,
internacional ou nacional. E há igualmente uma interpretação de normas individuais, de
sentenças judiciais, de ordens administrativas, de negócios jurídicos, etc., em suma, de todas as
normas jurídicas, na medida em que hajam de ser aplicadas.

A interpretação jurídico-científica tem de evitar, com o máximo cuidado, a ficção de que uma
norma jurídica apenas permite, sempre e em todos os casos, uma só interpretação: a
interpretação “correta”. Isto é uma ficção de que se serve a jurisprudência tradicional para
consolidar o ideal da segurança jurídica. Em vista da plurissignificação da maioria das normas
jurídicas, este ideal somente é realizável aproximativamente.

De resto, uma interpretação estritamente científica de uma lei estadual ou de um tratado de


Direito internacional que, baseada na análise crítica, revele todas as significações possíveis,
mesmo aquelas que são politicamente indesejáveis e que, porventura, não foram de forma
alguma pretendidas pelo legislador ou pelas partes que celebraram o tratado, mas que estão
compreendidas na fórmula verbal por eles escolhida, pode ter um efeito prático que supere de
longe a vantagem política da ficção do sentido único: E que uma tal interpretação científica pode
mostrar à autoridade legisladora quão longe está a sua obra de satisfazer à exigência
técnico-jurídica de uma formulação de normas jurídicas o mais possível inequívocas ou, pelo
menos, de uma formulação feita por maneira tal que a inevitável pluralidade de significações
seja reduzida a um mínimo e, assim, se obtenha o maior grau possível de segurança jurídica

(Kelsen. Teoria Pura do Direito, cap VIII, trechos selecionados)


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5 CONTEÚDO

a) Pressuposto filosófico para uma teoria democrática da interpretação jurídica: relativismo


filosófico
b) O conceito de norma jurídica
c) A interpretação autêntica e não autêntica
d) A relativa indeterminação do ato de aplicação do Direito
i) Indeterminação intencional
ii) Indeterminação não intencional
e) Crítica à teoria da interpretação oitocentista
f) Teoria do direito e política jurídica
g) Do normativismo ao pós-positivismo

6 RECURSOS DIDÁTICOS

Quadro, plano de aula, recurso audiovisual, AVA.

7 RESULTADOS ESPERADOS

Ao final da aula espera-se que os e as estudantes sejam capazes de compreender o cânone


hermenêutico brasileiro desde sua crítica histórica.

8 ATIVIDADE AVALIATIVA

Responda à questão: quais as críticas que Kelsen faz às escolas do século XIX?
9 ATIVIDADE COMPLEMENTAR

Faça a leitura das bibliografias básicas e complementares, em seguida elabora cinco problemas de
investigação com base nos textos (considerando apenas um deles, ou todos).
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10 REFERÊNCIAS

Leitura básica

KELSEN, H. Capítulo 8: Interpretação. Em: Teoria pura do Direito. São


Paulo: Martins Fontes, 2009. [disponível na biblioteca]

KELSEN, Hans. Absolutismo y relativismo en la filosofía y en la política.


Revista Mexicana de Ciencias Políticas y Sociales, v. 16, n. 59, 1993.
Disponível em:
https://revistas.unam.mx/index.php/rmcpys/article/view/83777

PERELMAN, Chaïm. A teoria pura do direito e a argumentação. Tradução: Ricardo R.


de Almeida. Rio de Janeiro. v. 19, 1993. Disponível em:
http://www.scarpinellabueno.com/images/traducoes/trad-1.pdf

Leitura complementar

BENJAMIN, Cássio Corrêa; SOUZA, Eron Geraldo. O problema da


interpretação em Kelsen. Revista da Faculdade de Direito da UFG, v. 34, n.
01, 2010. Disponível em:
https://www.revistas.ufg.br/index.php/revfd/article/view/9969/9524

FELLET, André Luiz Fernandes. A relação entre o nazismo e o positivismo jurídico


revisitada. Direito Público, v. 6, n. 30, 2009. Disponível em:
https://www.portaldeperiodicos.idp.edu.br/direitopublico/article/view/1667/965

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