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Comunidades tradicionais e normatividade estatal: impasses do monismo jurídico

André Luís Vieira Elói1

RESUMO: A existência de uma comunidade com modo de vida próprio,


pressupõe também a existência de uma normatividade própria, mesmo que seus próprios
integrantes não tenham consciência de tal fato. A partir desta constatação, como deve
acontecer a relação do Estado com estas comunidades, uma vez que este “absorve” tudo
para si e impõe sua normatividade a todos aqueles que, pelo menos em tese, dele são
integrantes? Deve o Estado reconhecer particularidades normativas destas comunidades,
mesmo que talvez entrem em conflito com a sua? Como o direito trabalha e como
deveria trabalhar esta questão? Para chegar a tais respostas se faz necessário repensar o
direito a partir de perspectivas que deixem um pouco de lado seu caráter deontológico e
valorizem a conexão com a faticidade, com a realidade vigente das comunidades e das
relações de poder nelas existentes. Para tanto, se propõe uma análise da metodologia de
pesquisa antropológica proposta por Malinowski e as contribuições que tal metodologia
pode trazer ao direito em conjunto com uma visão do direito, suas fontes e bases
legitimadoras influenciadas por uma visão biopolítica. Pretende-se demonstrar que a
deontologia e o formalismo que embasam o ordenamento jurídico, na verdade, não
trazem proteção a grupos minoritários, mas levam risco de opressão e imposição de
normas e conceitos de maneira formalmente lícita, expondo a falta de conexão do
direito à realidade daqueles aos quais se impõe.

PALAVRAS CHAVES: COMUNIDADES TRADICIONAIS; MONISMO JURÍDICO; BIOPOLÍTICA.

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Martins Fontes, 2006.

1
Professor da Universidade do Estado de Minas Gerais – Unidade Diamantina e da Faculdade
Arquidiocesana de Curvelo. Advogado. Doutorando e Mestre em Teoria do Direito no Programa de Pós
Graduação em Direito da PUC Minas. Especialista em Direito Processual pelo Instituto de Educação
Continuada da PUC Minas. E-mail: eloi.andreluis@gmail.com.
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