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1. O COSTUME
O costume foi até certa época (digamos, até à segunda metade do século
XVIII e princípios do século XIX) a mais relevante fonte de Direito, mas cuja
importância decresceu, passo a passo, com o andar dos tempos e se acha hoje,
pelo menos na generalidade dos ordenamentos jurídicos internos, muito
reduzida.
segs. Apud, DA SILVA, Carlos. A.B. Teoria Geral do Direito Civil, 2º edição. 2015. Pág
38.
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2.1. O pluralismo jurídico: breves aproximações pragmático-
descritivas5
8 Ibidem.
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Apesar de que nem toda a pluralidadese reconduza a normas estaduais,
parece mais rigoroso recorrer-se à expressão “pluralismo jurídico” do que à
expressão próxima, mas equívoca, de “pluralismo normativo”. Com efeito,
enquanto aquela aponta inequivocamente para o campo da juridicidade (o que é
que quer que isso seja é um outro problema), a segunda das expressões aponta
para um campo mais vasto, que, sem excluir o Direito, não se ancora apenas nele:
a expressão “normativos” pode induzir para as áreas técnico-científicas, moral,
ética e das regras de convívio e boa educação.9
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fundamento e legitimidades assentes nas instituições socialmente reconhecidas e
vigentes nas comunidades.12
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d) A teoria segundo o qual a norma jurídica resulta da vontade do legislador;
e) A teoria do ordenamento jurídico;
f) A teoria da interpretação mecanista; e
g) A teoria da obediência.
A dogmática positivista assenta numa narrativa monista, na estadualidade e
na racionalidade para manter a sua premissa de que o Direito é a lei. Nas palavras
de Hans Kelsen, um dos maiores representantes dessa corrente dogmática: « o
Direito vale unicamente como o Direito positivo estatuído»16, como resultado de um
acto especial de determinação positiva, ou seja, como efeito de um acto de vontade
do legislador.
A prática positivista postulava, pois, um centralismo legal, de acordo com o
qual:17
a) A única fonte de Direito válida é a lei emanada pelo poder legislativo;
b) A lei deve ser aplicada uniformemente em todo o território do Estado;
c) Não existe qualquer outro ramo do Direito válido para além do Direito
estadual ou dos termos impostos por este.18
d) A lei é exclusivamente aplicada e garantida por um único dispositivo de
instituições estatais.
16 KELSEN, Hans, Teoria Pura do Direito, Arménio Armando Editor, Porto, 1939:61. Apud,
FEIJÓ, Carlos, A coexistência normativa entre o Estado e as autoridades tradicionais na
ordem jurídica plural angolana, Edições Almedina, 2012, pág 105.
17 Ibidem.
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“É reconhecida a validade e a força jurídica do Costume que não seja
contrário à Constituição nem atente contra a dignidade da pessoa humana”
Como sustenta N´Gunu TINY21, uma total ordem jurídica plural pode
caracterizar-se pelos seguintes elementos chaves:
22Neste domínio, o Professor Carlos Feijó diz que a questão que se levanta é a
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5. O reconhecimento deve ser compatível com os valores democráticos e não
um “cheque em branco” (blank check)23.
6. A conformidade de um determinado facto com o seu sistema original não o
invalida em caso de desconformidade vis-à-vis outra ordem coexistente,
quando muito poderá determinar o seu afastamento, não tutela ou
inadmissibilidade.
7. Os conflitos decorrentes da relação da coexistência pluralista são
inevitáveis dado que concorrem uma multiplicidade de valores
fundamentais que requerem soluções ou tratamentos diferentes e, muitas
vezes, em tensão conflitual24.
8. Trata-se de um processo aberto, que varia no tempo e em função da
sociedade que o origina25.
3. A ORDEM JURÍDICA PLURAL ANGOLANA: A QUESTÃO DO
COSTUME EM ANGOLA
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Portarian.º 22 809, de 4 de Setembro de 1967. O mesmo encontra-se ainda em
vigor no capítulo das fontes do direito do Código Civil.
40. Ver também: ARAÚJO, Raúl Carlos Vasques , NUNES, Elisa Rangel, Constituição
da República de Angola Anotada, Tomo I. Luanda, 2014, pp 202 e ss.
29FEIJÓ, Carlos, A coexistência normativa entre o Estado e as autoridades tradicionais
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ficam em igualdade: nenhum é, por si mesmo, superior ao outro; ambos
devem subordinação à Constituição e à dignidade da pessoa humana.
c) A terceira idéia segundo Professor Carlos Feijó, decorre do preceito
constitucional é a da condicionalidade do reconhecimento da validade do
costume: a validade e a força jurídica só merece tutela do Estado, se não
contrariarem a Constituição e não atentarem contra a dignidade da pessoa
humana.
O professor conclui que relativas à fórmula de reconhecimento angolana o
seguinte:
BIBLIOGRAFIA
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