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CASAMENTO

Sheila Damião 2022


2 VISÃO HISTÓRICA

 Direito Romano – no Direito Romano já havia a distinção entre o


concubinato e o casamento.
 Cristianismo – para os cristão o casamento era uma vontade
divina, e nessa altura só existia o casamento religioso.
 Somente era reconhecida a família ungida pelos sagrados laços
do matrimónio, por ser considerado um sacramento. Sagrado
em sua origem. Não havia outra modalidade de convívio
aceitável.
 O casamento era indissolúvel.

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 Protestantismo – veio retirar o casamento do controle da
igreja católica, submetendo-o ao poder do Estado. Com
isso, deixou de ser um poder divino e passou a ser uma
questão terrena.
 No séc. XVIII, com a Revolução Francesa, o casamento
passa a ser definitivamente um acto civil, baseado na
vontade livre dos nubentes e como tal não sujeito à
intervenção obrigatória da igreja.

 Surgiu assim o casamento civil de natureza laica (ou seja,


não está sujeito a uma religião ou não é influenciado por
ela), independente do casamento religioso, e da
competência dos representantes do estado.

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 Com a proclamação da República em 1910, o casamento
civil tornou-se obrigatório e deixou de se atribuir efeitos
civis, aos casamentos católicos.
 1940 – foi celebrado uma concordata entre Portugal e a
Santa Sé, onde foi reintroduzido a dualidade de formas de
casamento, o civil e o canónico, o qual passou de novo a
produzir efeitos civis, deixando de ser obrigatória a
celebração do casamento civil.
 Actualmente
 Em Angola, o único casamento reconhecido é o civil, isto
porque o Estado angolano é laico (art.º 10.º CR), sendo
assim, não são reconhecidos quaisquer casamento
celebrado segundo ritos das diferentes confissões religiosas.

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 Sendo assim, o casamento civil tem um carácter obrigatório, pois


só ele produz efeitos legais, e é o único reconhecido pelo nosso
Cód. De Família.
 O art.º 27.º do CF, vem determinar as condições para ser
validado ou reconhecido o casamento.
 O Conservador o Registo Civil, é a única entidade com
competência para celebrar o casamento, art.º 27.º e 34.º/C do
CF)

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6 Conceito de casamento
 O casamento gera o que se chama de estado matrimonial, no
qual os nubentes ingressam por vontade própria e com a
chancela estatal.
 Historicamente a família nasce com o casamento, que
assegura direitos e impõe deveres no campo pessoal e
patrimonial.
 As pessoas tem a liberdade de casar, mas uma vez que
decidam, a vontade delas se alheia e só a lei impera na
regulamentação de suas relações.

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 Quando a pessoa casa, a certidão de nascimento é
substituída pela certidão de casamento.
 E, no novo casamento, novo documento de identificação;
nova certidão.
 A sociedade conjugal gera duas espécies de vínculos:
 Vinculo conjugal entre os cônjuges;
 Vinculo de parentesco por afinidade, ligando um dos cônjuges
aos parentes do outro.

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 Poucas legislações definem o casamento.
 Ex: nem no Cód. francês, espanhol, brasileiro, italiano, alemão,
encontramos uma definição do acto matrimonial.
 Nem todos os países têm a mesma noção de casamento.
 Há países que ainda hoje, admitem a poligamia, ( Senegal, Marrocos,
Argélia, Camarões, Síria, Iraque, Paquistão), embora esta seja proibida
em alguns país.

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 O art.º 20.º do CF, define o casamento da seguinte forma:
« O casamento é a união voluntária entre um homem e uma mulher,
formalizada nos termos da lei, com o objectivo de estabelecer uma plena
comunhão de vida».
Elementos essenciais encontrados neste conceito:

«união voluntária»
• Elemento subjectivo da voluntariedade do acto do casamento por parte
dos nubentes, homem e mulher,
«formalizada nos termos da lei»
• O casamento tem que ser formalizada segundo a forma estabelecida na lei

«plena comunhão de vida»


• Finalidade legal do casamento
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10 A PROMESSA DE
CASAMENTO

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Direito Positivo

• O noivado consiste na convivência que antecede a vida em


comum e traduz-se num compromisso mútuo que se destina
a um melhor conhecimento dos futuros nubentes.
• Ex: a entrega do anel de noivado

Direito Costumeiro
• Mais conhecido por alambamento, na nossa cultura, ela
traduz-se no envio de mensagens verbais e escritas, na
entrega e recebimento de ofertas, entre os parentes dos
noivos, festejos de celebrações e outros sinais.
• É o próprio casamento tradicional.
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12 Ineficácia jurídica da
promessa de casamento
Ao falar em dano moral e ressarcimento pela dor do fim do
sonho desfeito, o término do namoro também poderia originar
responsabilidade por dano moral. Ainda que o noivado seja um
prenúncio do casamento, não gera obrigação de casar. Trata-
se de mero compromisso moral e social e significa somente a
intensão de casar.

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13 Ineficácia jurídica da
promessa de casamento
 Esse compromisso, no entanto, pode ser desfeito a
qualquer tempo. Não se pode negar que a dor e o
sofrimento causados por uma separação não
desejada são intensos e profundos, mas não são
sentimentos que se comportam no conceito jurídico
de dano moral.
 O terno utilizado no art.º 22.º/2 do CF
…«injustificadamente…» só pode dizer respeito ao
fato de que não se tem mais a vontade
(juridicamente protegida) de casar.

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14 Ineficácia jurídica da
promessa de casamento
 Essa é a postura que norteia a jurisprudência que não
reconhece a responsabilidade civil pela ruptura unilateral do
noivado, deixando de impor pagamento de indeminização
por dano moral.
 Com o fim do noivado, cabe, no máximo, buscar danos
materiais, mediante a comprovação dos prejuízos, em face
das providências tomadas em razão da expectativas do
casamento.
 Não se indemnizam lucros cessantes, mas os prejuízos
diretamente caudados pela quebra do compromisso.

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A indeminzação na promessa da
casamento
 Art.º 22.º/2
 Para que haja indemnização é necessário:
 Que exista a ruptura injustificada por parte de um dos nubentes;
 Determinar a causa da ruptura, em termos objectivos, e não com
base em preconceitos discriminatórios;
 Os limites da indeminização estão circunscritos as obrigações
contraídas com o acordo do outro nubente;
 As indemnizações dos danos morais não estão incluídas, mas sim
somente as de natureza patrimonial:
 Compra de mobília

 Pagamento da festa do casamento

 Pagamento da lua de mel

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Quanto
16 ao alambamento
 No que diz respeito a indemnização do art.º 22.º/2
 Quanto a entrega de bens ou valores, ao outro nubente, os
mesmo não podem ser exigidos;
 Logo, nenhum dos nubente, pode exigir que se celebre o
casamento, alegando que já foi feito o alambamento;
 Quis-se com isso, impedir que essas entregas feitas no
alambamento fossem usadas como forma de coação, sobre os
familiares da noiva, obrigando-a a celebrar o casamento e
cortando a sua liberdade.
 Estamos perante uma obrigação que não é juridicamente exigível,
mas que poderemos lhe enquadrar numa obrigação natural:
 Art.º 402.º CC (é um dever moral ou social)

 Ela desdobra-se em 3 aspectos:

 1 – é uma obrigação

 2 – é um dever de justiça, moral

 3 – não é exigível juridicamente

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Sendo assim, as coisas entregues


no alambamento podem ser
devolvidas, mas se as partes assim
acharem convenientes, não por
uma questão judicial mas sim
moral.

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18 Sistemas matrimoniais

 sistema de casamento religioso obrigatório


 sistema de casamento civil obrigatório
 sistema de casamento civil facultativo
 sistema de casamento civil subsidiário

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19 O direito matrimonial português
vigente
 Sistema de casamento civil facultativo para os
católicos
 Sistema de casamento civil obrigatório para as outras
religiões
 Os indíviduos de outras religiões (como judeus, protestantes,
muçulmanos, budistas ou outros), o casamento é celebrado
na sua forma religiosa perante o ministro de culto da
respectiva igreja ou comunidade religiosa, as quais terão de
estar oficialmente reconhecidas em Portugal, para que se
produzam efeitos civis.

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20 Casamento Urgente
art.º 37.ºC.F.

 O casamento urgente pelas suas circunstâncias, são muitíssimos


excepcionais.
 As formalidades para o casamento normal não se aplica aos
casamentos urgentes.

 NOÇÃO DO CASAMENTO URGENTE


 Quanto haja fundado receio de morte próxima de algum dos nubentes, ou
iminência de parto. Art.º 37.º CF

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Casamento
21 Urgente

 Processo preliminar (dispensa)


 É permitido a celebração de casamento urgentes independentemente do
processo preliminar;
 E sem intervenção do funcionário do Registo Civil (bastando, para o efeito,
uma «acta» elaborada no momento da celebração do casamento).

 Registo (na conservatória do Registo Civil)


 Do casamento urgente deve ser lavrado, oficiosamente, um assento
provisório (na conservatória)
 Se não tiver já corrido o processo preliminar, será este organizado após o
assento provisório, por iniciativa do conservador.

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Casamento
22 Urgente
 Homologação
 Decorrido o «processo preliminar», o conservador proferirá um «despacho
final», decidindo se o casamento deve ou não ser homologado.

 Causas justificativas da homologação


 O casamento não poderá ser homologado:
 - se não se verificar os requisitos e formalidades legais para celebração do
casamento urgente;
 - se forem falsos esses requisitos e formalidades;
 - se existir impedimentos matrimonias.

 Nota importante
 Se o casamento não for homologado o registo provisório será cancelado.

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EFEITOS DO
CASAMENTO

23
O CASAMENTO COMO ESTADO

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24 Efeitos pessoais do casamento

 Princípio da igualdade e da
direcção conjunta da família
 Os deveres conjugais:
Dever de fidelidade
Dever de coabitação
Dever de respeito
Dever de cooperação
Dever de assistência
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25 Efeitos patrimoniais do
casamento
 regime de bens do casamento estatuto que regula,
em determinado casamento, as relações patrimoniais
entre os cônjuges e entre estes e terceiros

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26 Convenção antenupcial

 Contrato acessório do casamento que se traduz num


acordo celebrado pelos nubentes e destinado a fixar
o regime de bens que vigorará no casamento
 Princípios fundamentais:
 Princípio da liberdade
 Princípio da imutabilidade

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27 Princípio da liberdade

 Manifesta-se em vários sentidos:


 Na escolha de um dos regimes de bens tipificado na
lei
 Na criação de um regime atípico
 Na introdução de um outro negócio jurídico na
escritura pública da convenção

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28 Limites ao princípio da
liberdade
 A regulamentação da sucessão
hereditária dos cônjuges ou de terceiro
 A alteração dos direitos ou deveres,
paternais ou conjugais
 A Alteração das regras de administração
dos bens do casal
 A estipulação da comunicabilidade dos
bens referidos no número 1 do artigo
1733.º
 Existem ainda as restrições que resultam
dos princípios fundamentais e das regras
imperativas
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29 Excepções ao princípio da
liberdade
 O regime de comunhão geral de bens como regime
proibido
 O regime de separação de bens como regime
imperativo

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30 Capacidade

 Em princípio todos os que podem casar podem


celebrar convenção antenupcial
 Os menores, interditos ou inabilitados, carecem de
autorização dos respectivos representantes legais

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31 Forma e registo

 A convenção antenupcial tem que


ser celebrada:
 Por escritura pública
 Por auto lavrado perante o
conservador do registo civil se se
destinar unicamente a optar por um
dos regimes tipificados na lei
 Devem ser registadas para terem
efeitos em relação a terceiros

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