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DIREITO DE FAMÍLIA

PROFESSORA JOANA DE MORAES SOUZA MACHADO


1 – NOÇÕES

 Clovis Beviláqua define casamento como um “contrato


bilateral e solene, pelo qual um homem e uma mulher se unem
indissoluvelmente, legalizando por ele suas relações sexuais,
estabelecendo a mais estreita comunhão de vida e de
interesses, e comprometendo-se a criar e a educar a prole, que
CASAMENT de ambos nascer”.

O  Pontes de Miranda diz que o casamento é contrato solene, pelo


qual duas pessoas de sexo diferente e capazes, se unem com o
intuito de conviver toda a existência, legalizando por ele, a
título de indissolubilidade do vínculo, as suas relações sexuais,
estabelecendo para seus bens, à sua escolha ou por imposição
legal, um dos regimes regulados pelo CC.

 Os conceitos acima estão, nos dias de hoje, ultrapassados.


2 – NATUREZA JURÍDICA DO CASAMENTO

 Não há um consenso na doutrina acerca da natureza jurídica do


casamento.

 A concepção clássica, também chamada de individualista ou


contratualista, acolhida pelo CC francês, considerava o

CASAMENT casamento um contrato cuja validade e eficácia decorriam


exclusivamente da vontade das partes.

O  Em oposição a esta teoria, surgiu a concepção institucionalista


ou supraindividualista, defendida pelos elaboradores do CC
italiano de 1865 e escritores franceses como Henri de Page,
que entendiam o casamento como instituição.

 Para essa corrente, o casamento é uma instituição social no


sentido de que reflete uma situação jurídica cujos parâmetros
se acham pré-establecidos pelo legislador.
CASAMENTO • O casamento constitui assim, “uma grande instituição
social que , de fato, nasce da vontade dos contratantes,
mas que, da imutável autoridade da lei, recebe sua forma,
suas normas e seus efeitos”.
• Surgiu ainda, uma terceira corrente, de natureza eclética
ou mista, que considera o casamento um ato complexo,
ao mesmo tempo contrato e instituição. Trata-se de um
contrato especial de direito de família.
• Nesta linha, Carvalho Santos diz que é “um contrato
todo especial, que muito se distingue dos demais
contratos meramente patrimoniais, porque enquanto
estes só giram em torno do interesse econômico, o
casamento se prende a elevados interesses morais e
pessoais.
• Eduardo Spíndola filia-se a essa corrente,
entendendo que a razão está com os que
consideram o casamento um contrato sui generis,
constituído pela recíproca declaração dos
contratantes de estabelecerem a sociedade
conjugal.
CASAMENT 3 – CARACTERÍSTICAS DO CASAMENTO
O a) Ato eminentemente solene; b) as normas que são de
ordem pública; c) estabelece comunhão plena de
vida, com base na igualdade de direitos e deveres
dos cônjuges; d) representa união permanente; e)
exige diversidade de sexo; f) não comporta termo
ou condição; g) permite liberdade de escolha do
nubente
4 – FINALIDADES DO CASAMENTO

 São várias as finalidades do casamento, dependendo de que


concepção você está analisando, se filosófica, sociológica,
jurídica e religiosa.

 Para corrente individualista, a satisfação sexual, ou seja, o


CASAMENT amor físico constitui o único objetivo.

O  Sustentam alguns ser a procriação, a exclusiva finalidade do


casamento.

 Sem dúvida a principal finalidade do casamento é estabelecer


uma comunhão plena de vida, como prevê o art. 1511 do CC,
impulsionada pelo amor e afeição entre o casal.

 Na verdade, é o afeto que define a entidade familiar. É o


sentimento entre duas ou mais pessoas que se afeiçoam pelo
convívio diário.
HABILITAÇÃ 1 – CAPACIDADE
O PARA O  O casamento é um instituto carregado de um série de
CASAMENTO formalidades.
 A lei considera que o consentimento dos nubentes
obedeça certas formalidades, não só para que seja
manifesto livremente, mas também para a prova do ato.
 As formalidades preliminares dizem respeito ao processo
de habilitação, destinando-se a constatar a capacidade
para o casamento, a inexistência de impedimentos
matrimoniais e dar publicidade à pretensão dos nubentes.
 Não se pode confundir incapacidade para o casamento
com impedimento matrimonial. A incapacidade é a
inaptidão do individuo para casar com quem quer que
seja. O impedimento se funda na falta de legitimação, é o
caso, por exemplo, do impedimento que proíbe o
casamento de ascendente com descendente.
HABILITAÇÃ • O CC/1916 tratava os casos de
O PARA O incapacidade como impedimento
CASAMENTO
relativo, que acarretava a anulabilidade.
• O CC/2002 inovou ao tratar em capítulo
próprio da capacidade para o
casamento, que deve ser demonstrada
em processo de habilitação, fixando em
16 anos a idade mínima para casar.
HABILITAÇÃ 2 – REQUSITOS GERAIS E ESPECÍFICOS
O PARA O
CASAMENTO  É importante esclarecer que não existe uma coincidência
entre capacidade genérica para os atos da vida civil e a
capacidade específica para o casamento.
 A exigência de uma capacidade específica se dá pelo fato
de que o ato a ser praticado não constitui uma declaração
de vontade qualquer, mas um ato que permitirá o
ingresso do agente no estado de casado.
 O CC/1916 estipulava como idade para casar, 16 anos
para mulher e 18 anos para homem.
 O CC/2002 equiparou a capacidade matrimonial do
homem e da mulher aos 16 anos de idade.
 Coma celebração do casamento cessa a incapacidade dos
nubentes. Desfeito o vínculo por morte ou divórcio,
mantém-se a capacidade civil.
3 SUPRIMENTO JUDICIAL DE IDADE
 Até 2019, havia exceções ao casamento de
quem não alcançou a idade núbil, como para
evitar imposição de cumprimento de pena ou
em caso de gravidez.
HABILITAÇÃ  Em 2005, a Lei 11.206/05 revogou o inciso VII
O PARA O do art. 107 do Código Penal. Em conseqüência,
CASAMENTO o casamento deixou de evitar a imposição ou
cumprimento de pena, nos crimes contra os
costumes de ação penal pública.
 Em 2019, a Lei 13.811 acabou com a
possibilidade de casamento de quem não atingiu
a idade núbil (art. 1.520)
3.1) Suprimento judicial do consentimento dos
representantes
 O art. 1517 do CC dispõe que a autorização de ambos os
pais ou de seus representantes legais, enquanto não
atingida a maioridade civil pode ser suprida

HABILITAÇÃ judicialmente, se a denegação for injusta.


 O CC não especifica os casos em que a denegação do
O PARA O consentimento deve ser considerada injusta.

CASAMENTO  A doutrina reputa como justos e fundados, os seguintes


motivos: a) existência de impedimento legal; b)grave
risco à saúde do menor; c)costumes desregrados, como
embriaguez habitual e paixão imoderada pelo jogo; d)
falta de recursos para sustento da família; e) total recusa
ou incapacidade para o trabalho; f) maus antecedentes
criminais.
• O procedimento para pedir o suprimento judicial do
consentimento dos representantes está previsto no CPC.
Admite-se que o menor outorgue procuração para os
advogados sem assistência do seu representante, em razão do
conflito de interesses.

4 – PROCEDIMENTO PARA A HABILITAÇÃO


HABILITAÇÃ  O processo de habilitação tem a finalidade de comprovar que

O PARA O os nubentes preenchem os requisitos que a lei estabelece.

CASAMENTO  Destina-se a constatar a capacidade para realização do ato, a


inexistência de impedimentos ou de causa suspensiva.

 Não basta a presença de requisitos gerais de validade dos


contratos. Requisito básico é a diversidade de sexo,
mencionada no art. 1514 do CC, que se reporta a casamento
entre homem e mulher.
HABILITAÇÃ • 4.1) documentos necessários
O PARA O • O art. 1525 do CC/2002 dispõe que o requerimento de
CASAMENTO habilitação será firmado por ambos os nubentes, de
próprio punho, a seu pedido ou de procurador, devendo
fazer esse requerimento no Cartório do seu domicílio.
• O oficial de Cartório afixará os proclamas em lugar
ostensivo de seu cartório e fará publicá-los na imprensa
local, se houver.
• O art.1526 na sua redação original dispunha que após
audiência do MP, a qual poderia requerer a juntada de
documentos, a habilitação seria homologada pelo Juiz.
• Esse dispositivo foi alvo de críticas por sobrecarregar o
judiciário e por isso foi editada a lei 12133/09 dispondo
que “a habilitação será feita pessoalmente com a
audiência do MP e somente caso haja impugnação do
MP é que será submetida ao Juiz.
HABILITAÇÃO PARA O
CASAMENTO
• Decorrido o prazo de 15 dias, a contar da afixação do edital em cartório, o
Oficial entregará aos nubentes certidão de que estão habilitados a se casar
em 90 dias, sob pena de perda da sua eficácia.
• Entretanto, o art. 1527 dispõe que a autoridade competente, havendo
urgência pode dispensar a publicação dos proclamas.
• Documentos necessários: a) certidão de nascimento ou documento
equivalente; b) autorização das pessoas sob cuja dependência legal
estiverem ou ato judicial que supra; c) declaração do estado civil, do
domicílio e da residência dos nubentes; d) certidão de óbito do cônjuge
falecido, da anulação de casamento anterior ou do registro da sentença de
divórcio.

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