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02/02/2024

EMENTA: Introdução ao Direito de Família; Casamento; Parentesco; União Estável;


Alimentos; Filiação etc.
BIBLIOGRAFIA: Maria Helena Diniz (principal), Sílvio de Salvo Venosa, Flávio Tartuce e
Pablo Stolze Gagliano.
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO: Seminários, trabalhos escritos, participação, eventual
avaliação individual, entre outros.
BASE LEGAL: Arts. 1.511 a 1.783 (principais).
INTRODUÇÃO AO DIREITO DE FAMÍLIA

1. NOÇÕES GERAIS

O direito de família é a área do Direito Civil que cuida de disciplinar as relações


interpessoais nascidas de um vínculo afetivo, que leva pessoas a se agruparem,
formando núcleos chamados de família.

O art. 226 da CF prevê expressamente 3 espécies de entidades familiares:


a) casamento civil entre o homem e a mulher (chamados de cônjuges ou consorte, noivo
– nubente);

b) união estável entre o homem e a mulher (chamados de companheiros); e

c) relação monoparental entre o ascendente e qualquer de seus descendentes (núcleo


familiar composto por um único genitor e seus filhos).

O rol acima não é taxativo (já foi admitido dois irmãos, um tio e um sobrinho, como
família, quando moram somente os dois na mesma cidade, por exemplo).
POLIAMORISMO X POLIAFETIVIDADE: A poliafetividade moram todos no mesmo teto.
No poliamorismo, todos sabem dos relacionamentos, mas não moram no mesmo teto.

O objeto do direito de família é a própria família.

Obs.: A ausência, que é modalidade especial de assistência aos interesses de quem


abandona o próprio domicílio, sem que se lhe conheça o paradeiro e sem deixar
representante, sai do âmbito do direito de família no CC de 1916 e passa para a parte geral
(CC, arts. 22 a 39).

Em um sentido técnico de família, pode-se dizer que família é o grupo fechado de


pessoas, composto dos pais e filhos, e, para efeitos limitados, de outros parentes, unidos
pela convivência e afeto numa mesma economia e sob a mesma direção.

NATUREZA JURÍDICA:

a) é direito extrapatrimonial (pessoal) ou personalíssimo (em razão da pessoa)


(irrenunciável, intransmissível, não admitindo condição ou termo ou exercício por meio
de procurador, sendo uma exceção apenas o casamento por procuração). Ex.:
reconhecer um filho mediante a condição de que ele não dará trabalho.
OBSERVAÇÃO: O casamento não é um contrato, pois o principal do contrato é o
patrimônio e do casamento a afetividade. Tanto o casamento quanto o contrato são
negócios jurídicos.

b) suas normas são cogentes (obrigatórias) ou de ordem pública (com exceção dos
regimes de bens). Ex.: casamento, que não pode fugir ao trâmite, que não pode dizer não
brincando, aceito, ou qualquer palavra que não seja o SIM.

Ao contrário das normas cogentes ou de ordem pública, são as normas dispositivas ou


supletivas. As normas cogentes não oferecem liberdade alguma. As normas dispositivas
oferecem liberdade relativa.

Art. 252 do CC é exemplo de norma dispositiva, onde caso não haja disposição em
contrário, cabe ao devedor o direito de escolha. Já o art. 1.525 é exemplo de norma
cogente, pois quem quer se casar obrigatoriamente deve levar os documentos
relacionados nos incisos.

c) suas instituições jurídicas são direitos-deveres. Ex.: casamento direito de exigir


fidelidade, dever de ser fiel (art. 1566, CC); Deveres são diferentes de obrigações.
Obrigações têm caráter patrimonial. Nem todos os deveres são obrigações, mas todas as
obrigações são deveres.

d) é ramo do direito privado, apesar de sofrer intervenção estatal, devido à importância


social da família. Ex.: separação obrigatória de bens, para assegurar os interesses da
pessoa maior de 70 anos. Direito de família é um ramo do direito civil e o direito civil é
um típico exemplo de direito privado.

2. PRINCÍPIOS:

a) princípio da “ratio” do matrimônio: segundo esse princípio, o fundamento básico do


casamento e o da vida conjugal é a afeição entre os cônjuges e a necessidade de que
perdure completa comunhão de vida (“ratio” significa razão);

b) princípio da igualdade jurídica dos cônjuges: sistema em que as decisões devem ser
tomadas de comum acordo entre marido e mulher;

c) princípio da igualdade jurídica de todos os filhos: com base nesse princípio, não se faz
distinção entre filho matrimonial, não matrimonial ou adotivo quanto ao poder familiar,
nome e sucessão;

d) princípio do pluralismo familiar: reconhecimento da família matrimonial e das


entidades familiares (todo grupo de pessoas que constituem uma família); mais de uma
forma de família (3);

e) princípio da consagração do poder familiar: o poder-dever de dirigir a família é


exercido conjuntamente por ambos os genitores. Antes era pátrio-poder, onde o marido
exercia o poder com o auxílio da mulher;

f) princípio da liberdade: é o princípio baseado em ideias como: - livre poder de formar


uma comunhão de vida; - livre decisão do casal no planejamento familiar; - livre escolha
do regime matrimonial de bens; - livre aquisição e administração do patrimônio familiar;
- livre opção pelo modelo de formação educacional, cultural e religiosa da prole.
g) princípio do respeito da dignidade da pessoa humana: garantia do pleno
desenvolvimento dos membros da comunidade familiar (dignidade é consciência do
próprio valor, respeito, honra, respeito aos próprios sentimentos, etc.).

INTRODUÇÃO AO CASAMENTO

3) CONCEITO: O casamento é o vínculo jurídico que visa o auxílio mútuo material ou


espiritual, de modo que haja uma integração fisiopsíquica e a constituição de uma família
legítima. (MHD)
09/02/2024

4) PRINCÍPIOS: segundo Orlando Gomes:

a) livre união dos futuros cônjuges: pois o casamento advém do consentimento dos
próprios nubentes, que devem ser capazes para manifestá-lo. Impossível é a substituição
do consentimento dos contraentes, bem como a autolimitação de suas vontades pela
condição ou por termo;

b) monogamia: é o regime da singularidade, por entender que a entrega mútua só é


possível no matrimônio monogâmico, que não permite a existência simultânea de dois ou
mais vínculos matrimoniais contraídos pela mesma pessoa. Monogamia é um princípio,
se há um casamento válido, as duas únicas hipóteses de se casar novamente é estar
viúvo ou divorciado.

c) comunhão indivisa: que valoriza a união dos seres, visto ter o matrimônio por objetivo
criar uma plena comunhão de vida entre os cônjuges, que pretendem passar juntos as
alegrias e os dissabores da existência (CC, art. 1.511).

3) finalidades (MHD citando vários autores): instituição da família matrimonial; procriação


dos filhos; prestação de auxílio mútuo; estabelecimento de deveres entre os cônjuges;
educação da prole (filhos); etc.

5) DA CAPACIDADE PARA O CASAMENTO (ARTS. 1.517 A 1.520, CC)

A capacidade matrimonial (contrair núpcias) é o grau de discernimento ou aptidão que


permite à pessoa casar-se, se essa for a sua vontade.

CAPACIDADE MATRIMONIAL X CAPACIDADE DE FATO (AÇÃO): Não se confunde a


capacidade matrimonial com a capacidade genérica para o exercício de direitos, também
denominada capacidade de fato, que a pessoa adquire ao completar 18 anos de idade, ou
de forma antecipada, através da emancipação.

A capacidade matrimonial é específica para a constituição de uma sociedade conjugal,


encarregando-se o legislador de preceituar a idade mínima para se contrair núpcias. O
novo Código Civil fixou a idade núbil (vem de nubente – noivo), ou seja, a idade mínima
para o casamento aos 16 anos, pouco importando o sexo do pretendente.

LEI 13.811/2019

Confere nova redação ao art. 1.520 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
Civil), para suprimir as exceções legais permissivas do casamento infantil.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º O art. 1.520 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), passa a
vigorar com a seguinte redação:

“Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a
idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código.” (NR)

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 12 de março de 2019; 198 o da Independência e 131 o da República.

* Antes dessa lei, havia uma exceção para se casar antes da idade núbil: gravidez.
Precisava da autorização dos pais e judicial (ação de outorga de suprimento de idade),
contendo um documento médico que comprovasse que a menor teria capacidade física e
psíquica para contrair matrimônio.

* 1.517, parágrafo único: havendo divergência entre os pais, a questão vai ao judiciário
(ação de outorga de conhecimento)

6) DOS IMPEDIMENTOS

a) Os impedimentos matrimoniais são fatos jurídicos que obstam a validade, eficácia ou a


regularidade do casamento. Segundo MHD, são duas espécies de impedimentos
propriamente ditos no Código Civil:

a) impedimentos dirimentes públicos ou absolutos (CC, art. 1.521, I a VII): são


impedimentos que visam evitar uniões que possam, de algum modo, ameaçar a ordem
pública, resultantes de circunstâncias ou fatos impossíveis de serem supridos ou sanados
(causam nulidade absoluta – são nulos). Efeito “ex tunc” – retroage.

Dividem-se em 3 categorias: impedimentos resultantes

- Do parentesco (art. 1.521, I a V);

- De vínculo (art. 1.521, VI);

- De conduta criminosa (art. 1.521, VII).

I - mãe e filho;

II - casar com sogro e sogra;

III - o mesmo do II, mas em aspecto civil;

IV - unilateral (meio irmão), bilateral (mesmo pai e mãe - germano);

V - a mesma questão do inciso IV, o irmão adotado;

VI - em razão do princípio da monogamia;


VII - se houver sentença penal condenatória;

* Tio e sobrinha não podem se casar. As únicas duas hipóteses para se casar novamente é
em caso de viuvez e divórcio.

b) impedimentos impedientes ou causas suspensivas (CC, art. 1.523, I a IV): são


impedimentos que não impedem, mas afirmam que não devem casar as pessoas que se
encontrarem temporariamente nas circunstâncias mencionadas no art. 1.523 (causam
sanção – são irregulares). Essa espécie é chamada principalmente de causas suspensivas.
Geralmente para não dar confusão patrimonial.

I - para não confundir o patrimônio;

II - para garantir que a viúva não esteja grávida do falecido;

III - pois é possível decretar o divórcio sem partilhar os bens;

IV - está sendo questionado em razão da prestação de contas;

* exceção no parágrafo único (diferença é que no art. 1.521 não PODE, no art. 1523 NÃO
DEVE, mas há hipótese de conseguir). Todos os incisos são para evitar confusão do
patrimônio.

16/02/2024

7) DO PROCESSO DE HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO (ARTS. 1.525 A 1.532, CC)

a) A Habilitação matrimonial é o processo que corre perante o oficial do Registro Civil


para demonstrar que os nubentes estão legalmente habilitados para o ato nupcial. Para a
concessão da habilitação, torna-se necessária a instauração de um procedimento
administrativo, no qual os interessados devem proceder à apresentação de alguns
documentos do art. 1.525 do CC.

Documentação apresentada: Apresentada a documentação cabível, os autos serão


remetidos ao MP e, não havendo oposição de qualquer interessado ou do promotor de
justiça, será expedido o edital de proclamas, com o prazo de 15 dias, porém atualmente,
há uma orientação em outro sentido de prazo no máximo de 5 dias, polêmica e sem
solução atual referida questão. Não havendo oposição dos impedimentos e das causas
suspensivas, a habilitação será certificada com a validade de 3 meses. Designada a data
da celebração do casamento civil, o juiz de casamentos realizará a cerimônia. Atualmente
há uma observação sobre isso.

Isto é, se após o prazo de 15 dias não houver oposição de impedimentos matrimoniais, o


oficial do Registro deverá passar uma certidão declarando que os nubentes estão
habilitados para casar dentro dos 90 dias imediatos (CC, arts. 1.531 e 1.532).

* O cartorário deve fazer dois esclarecimentos aos nubentes (art. 1.528, CC). A audiência
prevista no art. 1.526 não existe. Verificar prazo do art. 1.527. Invalidade que consta no art.
1.528 se trata dos impedimentos. Oposições: arts. 1.529 e 1.530 (prazo razoável - 15 dias).

Silvio Rodrigues sustenta que a atuação do MP deve ser praticamente simbólica, a fim de
se evitar um atraso inconveniente da habilitação. No procedimento atual, viabilizou-se a
decisão por parte do próprio oficial de registro, sem a necessidade de remessa do caso
ao juiz de direito.

8) DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO

Nos arts. 1.533 a 1.538 encontram-se regras sobre a celebração. São formalidades
essenciais da cerimônia nupcial as que basicamente se encontram nesses artigos.

Segundo Maria Helena Diniz, posteriormente se fala sobre espécies de casamento, quais
sejam:

a) Casamento por procuração (art. 1.542): é aquele onde um dos contraentes não pode
estar presente ao ato nupcial, se celebre o casamento por procuração, desde que- o
nubente outorgue poderes especiais a alguém para comparecer em seu lugar e receber,
em seu nome, o outro contraente, indicando o nome deste, individuando-o de modo
preciso, mencionando o regime de bens;

b) Casamento nuncupativo (de viva voz) ou “in extremis vitae momentus” (art. 1.540 e
1.541): é aquele que ocorre quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de
vida, não obtendo a presença de autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu
substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de 6 testemunhas, que com os
nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau;

c) Casamento em caso de moléstia grave (art. 1.539): é aquele em que o presidente do ato
irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante 2
testemunhas que saibam ler e escrever. Nesse caso pressupõe-se que tenha sido
expedido o certificado de habilitação para o casamento, mas a gravidade do estado de
saúde de um dos nubentes impede-o de locomover-se e de adiar a cerimônia;

Outras espécies de outros capítulos aqui se impõem:

d) Casamento consular (ou perante autoridade diplomática) (art. 1.544): é aquele que é
celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros,
deverá ser registrado em 180 dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao
Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1º Ofício da Capital do
Estado em que passarem a residir; - matéria relativa a direito internacional

e) Casamento religioso com efeitos civis (art. 1.516 – já descrito);

f) Casamento por conversão da união estável (art. 1.726): a união estável poderá
converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no
Registro Civil;

g) Casamento putativo (art. 1.561): é aquele em que, se contraído de boa-fé por ambos os
cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o
dia da sentença anulatória. Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o
casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão. Se ambos os cônjuges
estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos
aproveitarão.

Obs.: Boa-fé aqui significa ignorância da existência de impedimentos e o momento que a


apura é o da celebração do casamento, sendo irrelevante eventual conhecimento da
causa de invalidade posterior a ela e, como a boa-fé em geral se presume, cabe o ônus
da prova da má-fé à parte que a alega. A ignorância da existência de impedimentos
decorre de erro, que pode ser de 2 espécies:

- de fato: como, por exemplo, irmãos que ignoram ser parentes;

- de direito: como, por exemplo, tios e sobrinhos que ignoram a necessidade de


exame pré-nupcial (parte da doutrina – polêmico);

Obs.: a eficácia da decisão judicial (declarando nulo), manifesta-se “ex nunc”, e não
“extunc”. Há um problema doutrinário sobre isso.

* Objeto de seminário. Apenas comentamos o art. 1.525.

9) DAS PROVAS DO CASAMENTO

Segundo Maria Helena Diniz, o casamento pode ser comprovado por meio de:

a) Provas diretas: que são: específicas: do casamento celebrado no Brasil: certidão do


registro civil do casamento (CC, art. 1.543) e do casamento realizado no exterior:
documento pertinente (CC, art. 1.544); e supletórias: certidão de proclamas, passaporte
(viagens juntos), testemunhas do ato, documentos, etc (CC, art. 1.543, parágrafo único –
justificada a falta ou perda do registro civil);

b) Prova indireta (a posse do estado de casados): A posse do estado de casados é a


situação em que se encontram pessoas, via de regra, que vivem notória e publicamente
como cônjuges, neste contexto, é prova de aparência da existência do casamento, pela
publicidade do tratamento conferido reciprocamente entre ambos, que presume a
existência do matrimônio civil. Casos de aplicação: incêndio em cartórios, etc. A teoria da
posse do estado de casado foi criada antes de 2002.

Requisitos: “nomem”; “tractatus” e “reputatio”.

- nomem (nome): este requisito é facultativo, ao passo que os demais são


necessários, pois o nome do outro cônjuge nem sempre é adotado por ocasião
das núpcias. Antes do Código Civil de 2002, era obrigatório a inclusão do
sobrenome do marido no nome da mulher. Com o advento do CC, passou a ser
facultativo, podendo não incluir nenhum sobrenome, ou do marido ou da mulher;

- tractatus: o tratamento (comportamento) dispensado entre os interessados em


obter a posse do estado de casado deve ser revelador da existência de uma
relação íntima entre ambos. Visão entre os interessados;

- reputatio: devem os interessados possuir essa reputação perante a sociedade.


Visão da sociedade.

* Honra: a) subjetiva: ideia que temos de nós mesmos, subjetiva lembra de sujeito
e b) objetiva: ideia que os outros têm de nós (“fama”). Imagem: a) atributo: igual a
honra objetiva e b) retrato: reprodução fotográfica da imagem do sujeito (vídeos e
fotos).
Orlando Gomes afirma que deve ser comprovada judicialmente, para a obtenção do
reconhecimento de posse do estado de casado.

Na dúvida, vigora o princípio “in dubio pro matrimonio”, presumindo-se a existência do


casamento civil. Nesse caso, a sentença terá eficácia “ex tunc”, retroagindo à data
apontada como sendo a do matrimônio.

23/02/2024

10) DA INVALIDADE DO CASAMENTO (TEORIA DAS INVALIDADES)

A anulabilidade aqui decorre da nulidade relativa.

Obs.: Teoria do casamento inexistente, atualmente questionada. Carlos Roberto


Gonçalves: diversidade de sexo, autoridade celebrante, conscentimento das partes.

Arts. 1548 e 1549 estão fora de contexto. As invalidades começam a partir do art. 1550:

Art. 1.550. É anulável o casamento:

I - de quem não completou a idade mínima para casar;

II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal; AMBOS
AOS PAIS

III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; (ART. 1557: I - FAMA DE
TRAFICANTE, BANDIDO; II - COMETIDO CRIME DE ESTUPRO, FEMINICÍDIO; ART. 1558: COAÇÃO
MORAL (SE NÃO CASAR ALGUM PARENTE NÃO VAI ESTAR VIVO AMANHÃ).

IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;

V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do
mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;

VI - por incompetência da autoridade celebrante.

Espécies de incompetência da autoridade celebrante (juiz de paz ou juiz de casamentos):


a) “Racioni Loci”: incompetência em razão do local. Juiz de casamento celebra casamento
em Manduri, mas é juiz de casamento de Cerqueira César, Incompetência prevista no
inciso VI do art. 1550.
b) “Racioni Materiae”: incompetência em razão da matéria (“cargo”). Pessoa que não é juiz de
casamento celebra casamento. Não é incompetência prevista no inciso VI do art. 1.550,
pois nem casamento é.

Prazo para ação de anulação do casamento: art. 1.560,

11) DA EFICÁCIA DO CASAMENTO

Os efeitos do casamento, segundo Fábio Vieira Figueiredo, são restrições que cada um
dos cônjuges impôs voluntariamente à sua liberdade pessoal e que, uma vez assumidas,
devem ser respeitadas enquanto durar a união.

Segundo Carlos Roberto Gonçalves, em relação à eficácia jurídica do casamento, tem-se:

a) principais efeitos do casamento:

- a constituição da família legítima (art. 226 da CF);

- a mútua responsabilidade, pelo casal, da condição de consortes, companheiros


e responsáveis pelos encargos da família (art. 1.565);

- a imposição de deveres aos cônjuges, que passam a viger a partir da celebração


(art. 1.566);

Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:

I - fidelidade recíproca;

II - vida em comum, no domicílio conjugal (coabitação: morar junto ou sexo);

III - mútua assistência (espiritual/psicológico e material);

IV - sustento, guarda e educação dos filhos;

V - respeito e consideração mútuos.

- a imediata vigência, na data da celebração (art. 1.639, § 1º) do regime de bens,


que em princípio é irrevogável, só podendo ser alterado mediante requisitos (art.
1.639, § 2º);

b) deveres de ambos os cônjuges: art. 1.566

c) direitos e deveres de cada cônjuge: art. 1.567

01/03/2024

12) DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE E DO VÍNCULO CONJUGAL

Com a decisão do STF sobre o tema, como informação, tem-se a teoria.

12.1 SEPARAÇÃO JUDICIAL


A separação judicial é a dissolução da sociedade conjugal sem o rompimento do vínculo
matrimonial.

Noções gerais: A separação e sua história.

Finalidade: a finalidade principal é dissolver a sociedade conjugal, sem romper o vínculo


matrimonial, o que impede que os consortes convolem novas núpcias;

Espécies. A separação judicial possui duas espécies:

a) separação consensual

b) separação litigiosa ou não-consensual

Modalidades da separação litigiosa:

a) separação litigiosa como sanção (CC, arts. 1.572 e 1.573), é aquela que ocorre quando
um dos consortes imputar ao outro qualquer ato que importe em grave violação dos
deveres matrimoniais, tornando insuportável a vida em comum (CC, art. 1.572). A ação
pode ser proposta a qualquer tempo.

As causas de insuportabilidade da vida em comum (CC, art. 1.573) são:

a) o adultério: que importa em violação do dever de fidelidade conjugal;

b) a tentativa de morte contra o outro cônjuge;

c) a sevícia;

d) o abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano contínuo;

e) condenação por crime infamante;

f) conduta desonrosa; e

g) outros motivos reconhecidos pelo juiz de direito.

Em qualquer hipótese de separação judicial, são consequências imediatas à sentença que


extingue a sociedade conjugal:

- A “separação de corpos”, o fim dos deveres de coabitação, de fidelidade


recíproca;

- A partilha dos bens (não precisa ser prévia, podendo ser postergada para depois
do divórcio).

b) separação litigiosa como falência, é aquele que ocorre quando um dos cônjuges provar
ruptura da vida em comum há mais de 1 ano consecutivo e a impossibilidade de sua
reconstituição (CC, art. 1.572, § 1º). A prova a ser feita é apenas a de que o casal se
encontra separado de fato, por mais de um ano, independentemente da culpa de
qualquer dos cônjuges.
c) separação litigiosa como remédio, é aquela que se efetiva quando um cônjuge a pedir
ante o fato de estar o outro acometido de grave doença mental, manifestada após o
casamento, que impossibilite a continuação da vida em comum, desde que, após uma
duração de 2 anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura improvável (CC, art.
1.572, § 2º).

OBSERVAÇÃO: Nome - regras no art. 1.578

12.2 DIVÓRCIO

O divórcio é a dissolução do casamento válido, que dissolve o vínculo matrimonial.

Espécies:

a) divórcio indireto (obs.: EC 66/10):

b) divórcio direto (obs.: EC 66/10):

12.3 LEI 11.441/07:

[...]

“Art. 1.124-A. A separação consensual e o divórcio consensual, não havendo filhos


menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos,
poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições relativas
à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo
quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome
adotado quando se deu o casamento.

§ 1º A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil para o


registro civil e o registro de imóveis.

§ 2º O tabelião somente lavrará a escritura se os contratantes estiverem assistidos por


advogado comum ou advogados de cada um deles, cuja qualificação e assinatura
constarão do ato notarial.

§ 3º A escritura e demais atos notariais serão gratuitos àqueles que se declararem


pobres sob as penas da lei.”

Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 5º Revoga-se o parágrafo único do art. 983 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973
– Código de Processo Civil.

Brasília, 4 de janeiro de 2007; 186º da Independência e 119º da República.

14. REQUISITOS PARA O DIVÓRCIO OU A SEPARAÇÃO NA LEI 11.441/07:

a) Consenso do casal;

b) Ausência de filhos menores ou incapazes;


c) Assistência de advogado.

15. DA PROTEÇÃO DA PESSOA DOS FILHOS

Há duas espécies de guarda: unilateral e compartilhada.

A guarda unilateral é aquela que é deferida apenas a um dos genitores, cabendo ao outro,
via de regra, o direito à visita.

A guarda compartilhada é aquela cuja responsabilização e o exercício dos direitos e


deveres do poder familiar são exercidos conjuntamente.

Obs.: A visita dos avós (Lei 12.398/11)

Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e
tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado
pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e educação.

Parágrafo único. O direito de visita estende-se a qualquer dos avós, a critério do juiz,
observados os interesses da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.398, de
2011)

16. A SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL

A lei 12.318/10 visa coibir a denominada alienação parental. A lei, no art. 2º define a
alienação parental como a interferência na formação psicológica da criança ou do
adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que
tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que
repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos
com este.

08/03/2024

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