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DIREITO DAS FAMÍLIAS E SUCESSÓRIO

Introdução ao Direito de Família. As famílias. Regimes patrimoniais. Relações de parentesco.


Filiação. Poder familiar. Alimentos. Tutela e Curatela. Direito Sucessório: conceitos
fundamentais. Sucessão Legítima. Sucessão Testamentária. Partilha.

Evolução
Em 1960 Miguel Reale foi convidado para elaborar o projeto do novo código civil (2002);
Curso do tempo transcorrido entre a criação da Comissão encarregada da elaboração do
novo Código Civil, aprovação e sanção presidencial do Projeto n. 634/1975 ocupou 26 (vinte
e seis) anos de “progressiva e incessante atualização”;

Divórcio
Propostas para ser introduzido em 1893, 1896, 1899, 1900;
A “Constituição” de 1969 tornou o divórcio matéria constitucional exigindo 2/3 dos votos do
congresso para a sua introdução.
Tentativa de introdução do Divórcio por EC rejeitada no congresso;
Foi introduzido no país através da EC 09/77 (regulado pela lei 6.515/77)
Igualdade dos filhos e cônjuges;
Alargamento das formas legais de constituir família;
Reconhecimento constitucional da união estável;
Filiação socioafetiva;
“trisal”;
Alterações sociais;
Evoluções científicas;
Dignidade e realização da pessoa humana;

− 1977: Apenas um divórcio e previa separação de fato por 5 anos


− 1988: Apenas um divórcio e previa separação de fato por 2 anos
− 1989: Mais de um divórcio e previa separação de fato por 2 anos
− 2007: Possibilidade de divórcio extrajudicial
− 2010: Mais de um divórcio sem previa separação e fato

“próprio de um Código albergar somente questões que se revistam de certa estabilidade, de certa
perspectiva de duração, sendo incompatível com novidades ainda pendentes de estudos. O projeto deve se
limitar, por conseguinte, àquilo que é da esfera civil, deixando para a legislação especial a disciplina de
assuntos que dela extrapolem” Miguel Reale
É função do Código dar tão só “guarida aos institutos e soluções normativas já dotados de certa
sedimentação e estabilidade, deixando à legislação aditiva a disciplina de questões ainda objeto de fortes
dúvidas e contrastes, em virtude de mutações sociais em curso, ou na dependência de mais claras
colocações doutrinárias, ou ainda quando fossem previsíveis alterações sucessivas para adaptações da lei
à experiência social e econômica.” Miguel Reale

Direito de família no Código Civil de 2002:


Cerca de 42% de emendas aprovadas no texto original;
Adaptação dos dispositivos à tutela da nova diretriz do direito familista brasileiro;
Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM)
Construção do Projeto de Lei n. 2.285/2007
Reescrever o Direito de Família e criar o Estatuto das Famílias
Exposição de motivos apresentada pela Comissão de Sistematização do Estatuto das
Famílias:
“o Estatuto das Famílias, além de incorporar vários projetos de lei específicos que tramitavam no Congresso
Nacional, buscava soluções para conflitos e demandas familiares, a partir de novos valores jurídicos como
o afeto, o cuidado, a solidariedade e a pluralidade”.

Exposição de motivos apresentada pela Comissão de Sistematização do Estatuto das Famílias:


“o Estatuto das Famílias, além de incorporar vários projetos de lei específicos que tramitavam no Congresso
Nacional, buscava soluções para conflitos e demandas familiares, a partir de novos valores jurídicos como
o afeto, o cuidado, a solidariedade e a pluralidade”.

Justificativa elaborada pelo Deputado Sérgio Barradas Carneiro no Congresso Nacional:

“a doutrina especializada tem demonstrado à sociedade a inadequação da aparente nova roupagem


normativa que tem gerado intensas controvérsias e dificuldades em sua aplicação”.

Lei n. 12.010, de 03 de agosto de 2009 –Lei da Adoção – novas referências familiares (família matrimonial,
a família formada pela união estável e a família monoparental;

ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 4.277/2009 e ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito


Fundamental) 132/2008: deu ao artigo 1.723 do Código Civil interpretação conforme à Constituição Federal,
e dele exclui qualquer significado que impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura
entre pessoas do mesmo sexo como “entidade familiar”;

Resolução n. 175. CNJ, de 14 de maio de 2013: veda às autoridades competentes de se recusarem a


habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas
do mesmo sexo.

Família patriarcal (conveniência, política, foco no patrimônio) X Diversidade familiar cujos vínculos
provêm do afeto
“um afeto especial, representado pelo sentimento de duas pessoas que se afeiçoam pelo convívio diuturno,
em virtude de uma origem comum ou em razão de um destino comum, que conjuga suas vidas tão
intimamente, que as torna cônjuges quanto aos meios e aos fins de sua afeição, até mesmo gerando efeitos
patrimoniais”. Sérgio Resende de Barros

Elemento biológico -> vínculos psicológicos do afeto;

Formação da pessoa humana: educação, afeto e comunicação contígua guardam mais importância
que o elo da hereditariedade;
Afeto especial: relação de estabilidade, coabitação, intenção de constituir um núcleo familiar, de
proteção, solidariedade e interdependência econômica, um projeto de vida em comum;
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres
dos cônjuges.

ponto de partida para o completo desenvolvimento pessoal;

Elemento biológico -> vínculos psicológicos do afeto;


“Direito de família é o complexo de normas que regulam as celebrações do casamento (e da união estável)
sua validade e os efeitos que (deles) resultam, as relações pessoais e econômicas da sociedade conjugal
(e da união estável), as relações entre pais e filhos, o vínculo do parentesco (do companheirismo) e os
institutos complementares da tutela e da curatela” Eduardo de Oliveira Leite

TIPOS DE FAMÍLIAS

Família matrimonial: É a família fruto do casamento civil, ou, sem outras palavras, decorrente do
matrimônio.

Família informal: decorre das mudanças sociais;

Inicialmente era válvula de escape para o desquitado (vedado casar novamente porque o matrimônio
era um vínculo vitalício e indissolúvel);

Reconhecimento da união estável;

Família homoafetiva: É a união estável (ou casamento) formado por pessoas do mesmo sexo.

-Reconhecida através do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4277 e da Arguição


de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132;
“dar ao art. 1.723 do Código Civil interpretação conforme à Constituição para dele excluir qualquer
significado que impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo
sexo como “entidade familiar”, entendida esta como sinônimo perfeito de “família”. Reconhecimento que é
de ser feito segundo as mesmas regras e com as mesmas consequências da união estável heteroafetiva”
Ministro relator Ayres Britto (corpo do acórdão).

Família paralela ou simultânea: É a família formada por aquele(s) que já possui(em) outro
relacionamento (através de união estável ou casamento).

Chamado concubinato.
§ 1º do artigo 1.723 do Código Civil: a união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do
artigo 1.521, não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de
fato.

Concubinatos putativos: quando um dos conviventes age na mais absoluta boa-fé, desconhecendo
que seu parceiro é casado e que também coabita com o seu cônjuge;

Família monoparental: É a constituída por um dos genitores e sua prole;


Art. 226, § 4º, da CF – “Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer
dos pais e seus descendentes.”

Família anaparental: É aquela em que duas ou mais pessoas vivem como família afetiva, sem interesse
sexual e sem que haja figura paterna/materna.
Tem direito à impenhorabilidade da sua moradia como bem de família

Excetuadas as ressalvas da Lei n. 8.009/1990 do bem de família.

Família poliafetiva: É a família formada por mais de um homem e/ou mais de uma mulher.

Os membros formam uma única família. Não se trata de família paralela!

Direitos Fundamentais e Princípios

Direitos fundamentais – “direitos declarados em uma comunidade política organizada, para satisfação
das necessidades ligadas ao reconhecimento dos princípios da liberdade, igualdade e dignidade
humana”;

Princípio da dignidade humana: liberdade para o planejamento familiar, solidariedade, igualdade entre
cônjuges, proteção da pessoa dos filhos, proteção dos idosos;

CF/88. Art. 226, § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável,
o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e
científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais
ou privadas.

CF/88. Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao
jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.

CF/88. Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando
sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.

Princípio da igualdade: Igualdade formal e substancial;

Impedimento de tratamento discriminatório entre os gêneros sexuais; mulheres; crianças e


adolescentes; idosos;

Proteção à união estável; igualdade dos filhos; facilitação e não limitação do divórcio;

− Ex: Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006); Regime de bens obrigatório para idosos com
idade >= 70 anos *(súmula 377 STF)

Princípio da autonomia privada: Ampliação da autonomia privada;

Art. 230 do Código Civil de 1916: proibia a alteração incidental do regime de bens conjugal;

Art. 1.639, § 2 do Código Civil de 2002: admite a mudança do regime de bens, mediante autorização
judicial;

Possibilidade de divórcio extrajudicial;

Reconhecimento da união estável como entidade familiar;

Não há mais obrigatoriedade de coabitação para reconhecimento de entidade familiar;

Parto anônimo;
Princípio da liberdade

Devedor de alimentos: prisão civil por injustificada inadimplência da obrigação alimentar;

Fundamento -> negativa de vigência a valor maior, o direito à vida do alimentando.

Liberdade de escolha na constituição da unidade familiar;

Planejamento familiar (CC, art. 1.565, § 2º);

Opção pelo regime matrimonial (CC, art. 1.639)

Princípio da solidariedade familiar: Entre cônjuges: dever de mútua assistência (art. 1566, inciso III do
Código Civil de 2002);

Alimentos (dever de mútua assistência material);

Princípio da monogamia: Princípio não escrito, mas organizador;


“O sistema monogâmico não se desconstrói pelo ato de traição ou de infidelidade” Rodrigo da Cunha Pereira;

Decorre do estabelecimento de uma relação afetiva concomitante ou paralela ao casamento ou à união


estável;

Conselho Nacional de Justiça -> vedou a realização de escrituras públicas de uniões poliafetivas:
“à sociedade brasileira tem a monogamia como elemento estrutural e os tribunais repelem relacionamentos
que apresentam paralelismo afetivo”.

Confronto com o princípio da afetividade;


Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: I - fidelidade recíproca;

Princípio da diversidade familiar: Reconhecimento dos diversos arranjos;


“A família não se constitui apenas de pai, mãe e filho, mas é antes uma estruturação psíquica em que cada
um dos seus membros ocupa um lugar, uma função, sem estarem necessariamente ligados biologicamente”.
Rodrigo da cunha pereira

Princípio da afetividade:

Igualdade da filiação (CC, art. 1.596);

Maternidade e paternidade socioafetivas;

Vínculos de adoção (CC, art. 1.593);

Inseminação artificial heteróloga (CC, art. 1.597, inc. V);

Comunhão plena de vida.

Princípio da igualdade da filiação:

Filhos legítimos (casamento)


Filhos ilegítimos (naturais - nascidos sem que os pais fossem casados – e adulterinos - relação paralela
ao casamento - ou incestuosos - entre parentes impedidos de se casarem)
CF/88. Art. 227, § 6º “filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos
direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”.

Princípio da proteção da prole:

Art. 229, CF/88: dever de assistir, criar e educar os filhos menores;

Alia-se ao melhor interesse da criança e do adolescente;

Princípio da proteção do idoso: Veda a discriminação em razão da idade;

Princípio da proteção do jovem: Jovem como sujeito de direitos e destinatário da proteção integral;

Princípio da proteção da pessoa com deficiência: Igualdade de oportunidades e de tratamento;

CASAMENTO
Art. 1.511 do Código Civil: “O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de
direitos e deveres dos cônjuges.”

Comunhão plena de vida;

Igualdade de direitos e deveres dos cônjuges;

− Natureza jurídica?
− Contratual? Autonomia privada
− Institucional? Direitos e deveres estabelecidos pelo Estado.

Contrato especial de direito de família


“Um contrato solene pelo qual duas pessoas de sexos diferentes* se unem para constituir uma família e
viver em plena comunhão de vida” (Arnaldo Rizzardo)

Art. 1.514 do Código Civil: O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam,
perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.

Resolução n. 175/2013 do CNJ à possibilidade de celebração de casamento de pessoas do mesmo sexo;

Art. 1º da Res. n. 175/2013 do CNJ: “É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação,


celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo
sexo.”

Em caso de recusa do cartorário deve ser comunicado o juiz corregedor para tomar as providências
cabíveis.

Características:

− Ato pessoal à possível outorga de procuração;


− Ato solene;
− Ato civil;
− Não admite termo ou condição;
− Estabelece comunhão de vida.
− É gratuito;
− Isento de selos, emolumentos e custas para a habilitação para o matrimônio, o registro e a
primeira certidão -> para as pessoas cuja pobreza for declarada mediante simples afirmação;
− A autoridade celebrante pode exigir comprovação em caso de fundada suspeita em contrário;

Casamento celebrado no religioso, se atendidas as mesmas exigências legais se equipara a


casamento civil;

Casamento religioso produz efeitos desde a celebração;

Para o casamento religioso produzir os mesmos efeitos deve:

− Deve ser promovido o registro civil no prazo de 90 dias da celebração;


− Necessária homologação da habilitação prévia;
− Se transcorrido o prazo de 90 dias, é necessária nova habilitação;

Para o casamento religioso produzir os mesmos efeitos deve:

− Se celebrado sem as formalidades legais é necessária a realização de habilitação e o registro


ser realizado no prazo de 90 dias da habilitação;
− É nulo o registro civil do casamento religioso, se antes do registro qualquer dos nubentes
houver contraído outro casamento civil.

Capacidade para o casamento:

16 anos à art. 1.517 do Código Civil: “O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-
se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a
maioridade civil.”

Em caso de divergência entre os genitores pode ser decidido judicialmente à exercício do poder
familiar, art. 1.631, parágrafo único do Código Civil;

Em caso de denegação considerada injusta é possível obtenção de alvará judicial para celebração de
casamento de menor de idade com idade núbil;

A autorização dos genitores ou tutores para celebração do casamento pode ser revogada até a data
da celebração do casamento;

Menor de 18 anos com idade núbil que se casa torna-se civilmente capaz à Emancipação à art. 5º, inc.
II do Código Civil
Caso um dos genitores seja ausente, não há necessidade de suprimento judicial (TJRS, Apelação Cível n°
595073925, 3ª C. Civ., Rel. Des. Flávio Pâncaro da Silva, j. 29/06/95; TJSP, Agravo n° 244.590, Rel. Des.
Pacheco de Mattos, j. 09/09/75 - em RT 482/110)

Caso haja necessidade de suprimento de autorização ou consideração de denegação injusta é


necessário alvará judicial à procedimento de jurisdição voluntária à art. 719 e ss do Código de Processo
Civil;

Alteração da redação do art. 1.520 do Código Civil em 2019:

Até 2019, menor de 16 anos poderia casar para evitar a imposição ou cumprimento de pena criminal
ou em caso de gravidez;

A partir da Lei n. 13.811/2019 à vedou qualquer hipótese de casamento de pessoa que não atingiu a
idade núbil;
APELAÇÃO CÍVEL. ALVARÁ JUDICIAL. SUPRIMENTO DE CONSENTIMENTO AO MATRIMÔNIO.
MENOR IMPÚBERE (13 ANOS) REPRESENTADA PELOS GENITORES. 16 ANOS COMPLETADOS NO
CURSO DO PROCEDIMENTO. INTELIGÊNCIA DO ART. 1.517 DO CÓDIGO CIVIL. PERDA DE OBJETO.
SUPERVENIENTE FALTA DE INTERESSE DE AGIR. CARÊNCIA DE AÇÃO. EXTINÇÃO DO FEITO, DE
OFÍCIO, SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. EXEGESE DO ART. 485, VI, DO CPC/15. Nos termos do art.
1.517 do Código Civil, o homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, desde que autorizados por
ambos os pais, ou seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil. Excepcionalmente,
contudo, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (desde que autorizado
judicialmente), para evitar a imposição ou cumprimento de pena criminal em caso de gravidez (inteligência
do art. 1.520 do Código Civil). Ou seja, somente necessitam de autorização judicial para contração de
núpcias, os menores de 16 (dezesseis) anos. In casu, tendo a Interessada completado 16 (dezesseis) anos
no curso do procedimento, manifesta é a perda de objeto diante da superveniente falta de interesse de agir,
razão pela qual, nessa hipótese, deve ser, de ofício, declarada a carência de ação e, por conseguinte, extinto
o feito, sem resolução do mérito, com fulcro no art. 485, VI, do novo Código de Processo Civil. (TJSC,
Apelação Cível n. 0300271-42.2014.8.24.0020, de Criciúma, rel. Joel Figueira Júnior, Quarta Câmara de
Direito Civil, j. 29-06-2017).

DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. SUPRIMENTO JUDICIAL DE IDADE. MENOR DE 16 (DEZESSEIS) ANOS.


PEDIDO NEGADO. CONSTRANGIMENTO NA COMUNIDADE RELIGIOSA EM QUE SE INTEGRA A
MENOR. PEDIDO DE REFORMA DA SENTENÇA INDEFERITÓRIA. RECURSO NÃO CONHECIDO.
CARÊNCIA DA AÇÃO. PERDA SUPERVENIENTE DO INTERESSE DE AGIR. MENOR QUE NO CURSO
DA DEMANDA ALCANÇA A IDADE NÚBIL. DESNECESSIDADE DE CONSENTIMENTO JUDICIAL PARA
CONTRAIR NÚPCIAS. MERA ANUÊNCIA DOS PAIS. APLICAÇÃO DO ART. 1.517 DO CÓDIGO CIVIL.
EXTINÇÃO DO FEITO. ART. 267, VI, DO ESTATUTO DE RITOS. RECLAMO NÃO CONHECIDO. 1 Nos
termos preconizados pelo art. 3.º do Código de Processo Civil é requisito indispensável para a propositura
da ação e, também, para o manejo do recurso de apelação, a existência de interesse de agir ou interesse
processual, interesse esse integrado pela necessidade de a postulante acorrer ao Judiciário para alcançar
a tutela almejada. Essa necessidade há que ser conjugada com o fato de a tutela jurisdicional visada reunir
condições de trazer à parte autora, no aspecto prático, alguma utilidade. 2 Em se tratando de suprimento
judicial de idade para o casamento, há perda superveniente de interesse processual, inibindo o
conhecimento da insurgência recursal, quando, precedentemente ao seu julgamento, atinge a menor a idade
núbil - 16 anos -, o que faz desaparecer a necessidade de autorização judicial para o casamento,
condicionando-se o ato tão somente à autorização dos pais, conforme previsto no art. 1.517 do Código Civil.
(TJSC, Apelação Cível n. 2014.000935-5, de Balneário Piçarras, rel. Trindade dos Santos, Segunda Câmara
de Direito Civil, j. 05-06-2014).

Diferenças entre Incapacidade, Impedimento e Causa suspensiva:

Incapacidade é a vedação que impede determinada pessoa de casar com qualquer outra;
Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil,
observado o disposto no art. 1.517 deste Código (incapacidade)

Impedimento atinge determinadas pessoas entre si;


Art. 1.521. Não podem casar (impedimento):

I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;

II - os afins em linha reta;

III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;

IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;

V - o adotado com o filho do adotante;

VI - as pessoas casadas;

VII - o cônjuge
sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio
contra o seu consorte.
AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL POST MORTEM. AGRAVO
RETIDO. LEGITIMIDADE PASSIVA. HERDEIROS. IMPEDIMENTO PARA O CASAMENTO.
EXCEPCIONALIDADE. REQUISITOS PARA O RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL.

1.Na ação de reconhecimento e dissolução de união estável "post mortem" os herdeiros tem legitimidade
passiva para responder a demanda.
2.A proibição constante no art.1.521/IV do Código Civil, de casamento entre parentes colaterais até o terceiro
grau, deve ser interpretada em consonância com o Decreto-Lei nº3.200/41, que permite ao juiz autorizar,
em caráter excepcional, o casamento entre tios e sobrinhos desde que assegurada a saúde da prole.

3. Deve ser reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem a mulher, configurada na
convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. Ausente
a publicidade no início da relação do casal, mantida em total sigilo, deve-se reconhecer a união estável a
partir do momento em que assumida publicamente no meio social dos companheiros.

4. Agravo retido desprovido. Apelação da autora e recurso adesivo dos réus desprovidos. (Acórdão 716252,
20080110373960APC, Relator: ANTONINHO LOPES, , Revisor: CRUZ MACEDO, 4ª Turma Cível, data de
julgamento: 10/4/2013, publicado no DJE: 2/10/2013. Pág.: 161)

APELAÇÃO CÍVEL. HABILITAÇÃO PARA CASAMENTO HOMOAFETIVO. IMPUGNAÇÃO DO


MINISTÉRIO PÚBLICO. IRRECORRIBILIDADE EXPRESSA NA LEI DE REGISTROS PÚBLICOS. A Lei
n. 6.015 de 31-12-1973, a Lei de Registros Públicos, configura, notoriamente, legislação especial, porquanto
trata, especificamente, sobre as regras atinentes à atividade notarial e registral. E, relativamente à
habilitação para o casamento, versa o parágrafo 2º do art. 67 da aludida legislação: "se o órgão do Ministério
Público impugnar o pedido ou a documentação, os autos serão encaminhados ao juiz, que decidirá sem
recurso." INEXISTÊNCIA DE IMPEDIMENTO OU CAUSA SUSPENSIVA. ARTIGOS 1.521 E 1.513 DO
CÓDIGO CIVIL. EXCEPCIONALIDADE RECURSAL. INVIABILIDADE NA HIPÓTESE. A lei material hábil
a preceituar os critérios e formalidades primordiais à concretização do privado direito ao casamento não
constituiu quaisquer óbices à união de pessoas com identidade de gênero. Logo, caso se julgasse exequível
atípico recurso em situação de impedimento ou causa suspensiva ao casamento - arts. 1.521 e 1.523 do
Código Civil; a teórica do apelo não adentraria nas taxativas ressalvas da legislação. CASAMENTO
HOMOAFETIVO. JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA. RESOLUÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. A Constituição Federal, ao expressar
casamento entre homem e mulher - art. 226 -, não está a excluir, ao citar a conjunção aditiva "e", as relações
homoafetivas; afinal, como explanado por Hans Kelsen, não nos cabe, como aplicadores da lei, interpretá-
la de forma a abranger proibições não explícitas pela regra. A própria Constituição Federal assim declara: "
ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei." - inciso II do art.
5º. Assegurar a todos, independentemente do gênero, o direito à união estável, ao casamento e à instituição
familiar, é uma conclusão hermenêutica decorrente, aliás, da incidência dos constitucionais e fundamentais
princípios da isonomia, dignidade da pessoa humana, não discriminação e livre planejamento familiar.
RECURSO NÃO CONHECIDO. (TJSC, Apelação Cível n. 0013074-72.2018.8.24.0091, da Capital, rel.
Ricardo Fontes, Quinta Câmara de Direito Civil, j. 11-02-2020).

Causa suspensiva não impede o casamento, desde que, no entanto, seja observada alguma
formalidade anterior;

Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer
pessoa capaz.

Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento,
será obrigado a declará-lo.

Art. 1.523. Não devem casar:

I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e
der partilha aos herdeiros;

II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois
do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;

III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;

IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a


pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as
respectivas contas.

Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas
suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo,
respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do
inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.

Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos parentes em
linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam
também consanguíneos ou afins.
Impedimento -> nulidade total;

Causa suspensiva -> imposição de regime de bens;

Habilitação (1.525 a 1.532 cc)

União estável – basta comprovação da situação fática; x Casamento - celebrado somente depois de
vencido o procedimento de habilitação encaminhado através do oficial do Registro Civil pelos nubentes;

− Finalidade da habilitação: evitar que um casamento ocorra diante de algum dos impedimentos
matrimoniais ou de alguma das causas suspensivas;

É o processo pelo qual os noivos são submetidos à uma verdadeira consulta pública, feita pelo edital
de proclamas, para verificar a existência de incapacidade, impedimento ou causa suspensiva para o
casamento.

1.525 CC
Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio
punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos:

I - certidão de nascimento ou documento equivalente;

II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra;

III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não
existir impedimento que os iniba de casar;

IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem
conhecidos;

V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de


casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.

Ausente qualquer irregularidade: emissão de certificado, com validade de 90 dias;

Identificação perante o oficial do Registro Civil e apresentação de um conjunto de documentos


necessários para demonstrar a aptidão matrimonial;

Fase 1 - subscrição de requerimento firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou por
procurador, com a apresentação da documentação

A habilitação para o casamento seja feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a
audiência do Ministério Público, dispensada a homologação judicial, salvo haja impugnação do oficial,
do Ministério Público ou de terceiros (CC, art. 1.526, parágrafo único).

Documentos:

Certidão de nascimento ou documento equivalente

− Verificar a capacidade nupcial;

Autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra;

− Se registrado por apenas um genitor (ex: somente a mãe, necessária autorização somente
pela mãe);
− Pais precisarão justificar a recusa;
− Possibilidade de nomeação de curador especial por suprimento judicial;
− Transcrição integral na escritura antenupcial do instrumento de autorização para casar;

Declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não
existir impedimento que os iniba de casar;

Declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem
conhecidos;

− Falsidade das informações poderá gerar a invalidade do casamento e ação penal por crime
contra a fé pública;

Declaração de domicílio e residência atual:

a) para publicação dos proclamas (propósito de recolher eventuais manifestações de oposição ou de


impedimento ao casamento, perante a comunidade onde estão domiciliados os nubentes);

b) requerimento de habilitação para o casamento somente pode ser feito perante a serventia que tem
sede no local de residência de, pelo menos, um dos noivos (competência da unidade celebrante);

Certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de


casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença do divórcio;

Documentação ok -> o oficial extrairá o edital, a ser afixado durante quinze dias nas circunscrições do
Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, publicado na imprensa local, se houver.

Se cada noivo reside em cidade diferente, também será divulgado em jornal local de cada cidade, se
houver,

Dispensa de proclamas:

− Situação urgente;
− Pedido de dispensa em petição endereçada ao juiz, indicando as razões da urgência;
− Ex: mudança de cidade em razão do trabalho, moléstia grave de um dos nubentes ou de
iminente risco de vida;

Celebração do casamento

Após emissão do certificado de habilitação (CC, art. 1.531): ocorrerá a celebração em dia, hora e lugar
previamente designados pela autoridade que houver de presidir o ato (CC, art. 1.533).

Celebração das núpcias: conjunto de formalidades e solenidades previstas em lei, e que se não
observadas acarretam a nulidade do casamento;

Finalidade: extrair dos nubentes o seu inequívoco consentimento à celebração da união conjugal;

Supressão das nulidades: nulidade do ato;

Presença:

− Pessoal dos nubentes (exceção feita ao casamento através de procurador especial [CC, art.
1.535])
− Das testemunhas do ato (duas, se a solenidade for realizada na sede do cartório [CC, art.
1.534], ou quatro testemunhas, se realizado em edifício particular se um dos contraentes não
souber ou não puder escrever [CC, art. 1.534, § 2º])
Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, presentes
pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as partes e consentindo a
autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular.

§ 1 o Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato.

Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as
testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem
casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos: "De acordo com a
vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome
da lei, vos declaro casados."

Consentimento:

É indispensável para a validade do casamento a solene afirmação da sua vontade (CC, art. 1.538, inc.
I);

Declarada de forma livre e espontânea (CC, art. 1.538, inc. II);

Sem mostra de qualquer arrependimento (CC, art. 1.538, inc. III);

O celebrante do casamento tratará de suspender imediatamente a solenidade se ausente a declaração


de vontade.

Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n. 13.146/2015) acrescentou o § 2° ao artigo 1.550:


Art. 1.550, § 2 o. A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair matrimônio,
expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador.

O casamento em caso de moléstia grave e em iminente risco de vida

Formas excepcionais de casamento:

a) em caso de moléstia grave de um dos nubentes (art. 1.539);

Possibilidade de o casamento ser realizado no local onde se encontra o contraente doente (internado
ou em sua residência), em qualquer horário do dia ou da noite, desde que demonstrada a urgência do
casamento;

Locomoção ou a remoção do enfermo inviável;

Necessário duas testemunhas que saibam ler e escrever, para assinarem o termo do casamento;

Não podendo se fazer presente a autoridade competente ou estando impedida para presidir a
cerimônia, comparecerá qualquer dos seus substitutos (CC, art. 1.539, § 1º).

Formas excepcionais de casamento:

b) e estar algum dos contraentes em iminente risco de vida (art. 1.540).

Matrimônio nuncupativo (in articulo mortis) – Art. 1.540 do Código Civil - é forma especial de celebração
de casamento de quem esteja em iminente risco de morte e não consiga obter a presença da
autoridade celebrante, e nem a de seu substituto, pois sequer existe tempo para o formalismo previsto
em lei.

Procedimento:

Algum dos contraentes em iminente risco de vida e sem a presença de autoridade à qual incumba
presidir o ato
O casamento será celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham
parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.

As testemunhas comparecem perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo
que lhes tome pôr termo a declaração de:

I - Que foram convocadas por parte do enfermo;

II - Que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo;

III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido
e mulher.

Autua-se o pedido, toma-se as declarações, procede-se às diligências necessárias para verificar se os


contraentes podiam ter se habilitado.

Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, o Juiz valida o casamento, com recurso
voluntário às partes.

Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos interpostos, o
juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos, com o assento retroagindo os efeitos do
casamento à data da celebração.

Casamento por procuração:

O casamento pode ser celebrado mediante procuração por instrumento público, com poderes especiais
(CC, art. 1.542);

Ambos os nubentes podem estar representados por seus respectivos procuradores;

O prazo de validade da procuração não poderá ultrapassar a noventa dias, contados da outorga dos
poderes (CC, art. 1.542, § 3º);

Casamento Putativo:

Casamento putativo é aquele em que um, ou ambos, os nubentes, com boa-fé, acham que se casaram
legalmente mas na verdade isso não ocorreu pela ocorrência de alguma nulidade ou anulabilidade.

Casamento consular:

Casamento celebrado fora do Brasil

Dois brasileiros: Pode ser celebrado perante o Cônsul;

Um brasileiro e um estrangeiro: Será realizado perante a autoridade do país e terá sua validação feita
perante o Consulado.

O casamento de brasileiro celebrado no exterior perante os cônsules brasileiros (CC, art. 1.544) está
sujeito a ingresso obrigatório no Registro Civil brasileiro, no prazo de 180 dias, contado da volta de um,
ou de ambos os consortes ao Brasil.

Provas do casamento:

Celebrado no Brasil - certidão do registro (CC, art. 1.543);

Perda ou falta do registro civil: por qualquer outra forma (CC, art. 1.543, parágrafo único);
Realizada a prova judicial da posse do estado de casados, a sentença será registrada no livro do
Registro Civil (art. 1.546), produzindo efeitos civis tanto em relação aos cônjuges, desde a data do
casamento, como no tocante aos filhos.

In dubio pro matrimonio: Havendo dúvida quanto à efetiva existência do casamento, se os cônjuges
viveram ou tiverem vivido na posse do estado de casados, o julgador deverá inclinar-se pela existência
do matrimônio (CC, art. 1.547).

Da invalidade do casamento

A invalidade retira o valor do casamento, que se torna nulo ou anulado;

Casamento nulo

Os efeitos da nulidade do casamento retroagem à data da celebração das núpcias, judicialmente


declaradas inválidas, sem prejuízo da eventual aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de
boa-fé.

É nulo o casamento contraído por infringência de impedimento (art. 1521);

Casamento nulo é aquele que não gera qualquer efeito, não prescreve, ofende interesse público;

A ação de nulidade pode ser proposta em qualquer tempo, por infringência de impedimento (CC, art.
1.548), por qualquer interessado ou pelo Ministério Público (CC, art. 1.549).

Chamados impedimentos impedientes (CC, art. 1.548, II)

Anulável:

Impedimentos dirimentes;

Estão sujeitos à decadência e podem convalescer pelo silêncio dos interessados, pois ferem apenas
o interesse de pessoas que o legislador quer proteger;

São causas de anulabilidade do casamento (art. 1550):

I – A falta de idade mínima para casar

Desapareceu a relatividade do casamento de menores de 16 anos de idade;

São causas de anulabilidade do casamento (art. 1550):

II – Do menor em idade núbil, não autorizado pelo seu representante legal.

O matrimônio só poderá ser anulado se a ação de anulação for proposta em 180 (cento e oitenta) dias,
por iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo, de seus representantes legais ou de seus herdeiros
necessários (CC, art. 1.555);

O prazo será contado para o incapaz do dia em que cessou a sua incapacidade, por haver atingido a
maioridade civil aos 18 anos, ou se antes disto foi emancipado.

A contagem do prazo para os seus representantes legais (pais, tutor ou curador) conta a partir da
celebração das núpcias.

Pelos herdeiros necessários do incapaz, o prazo será contado do óbito do nubente.


III – Por vício da vontade (arts. 1.556 a 1.558)

Erro essencial quanto à pessoa do outro cônjuge (CC, arts. 1.556 e 1.557) e da coação (CC, art.
1.558).

O erro é uma falsa representação da realidade e faz com que uma pessoa acabe por manifestar uma
vontade diferente daquela a ser realmente externada se tivesse conhecimento exato da situação.
I – o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento
ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;

II –a ignorância de crime anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;

III –a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de
moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge
ou de sua descendência;

Erro essencial quanto à pessoa do outro cônjuge (CC, arts. 1.556 e 1.557) e da coação (CC, art. 1.558).

III. I – o que diz respeito à sua identidade

- Ex: Irmãos gêmeos, estelionatário, identidade psicofísica (ex: inaptidão para o

coito)

III. II – o que diz respeito à sua honra e boa fama

- Ex: os psicopatas, desequilibrados, viciados, prostitutas, ladras; falsa gravidez;

III.III – a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize
deficiência

Irremediável;

Tratar de alguma anormalidade orgânica ou funcional que prejudique a prática da relação sexual no
casamento;

A impotência eréctil ou coeundi deve existir no momento da celebração do matrimônio, antecedente


às núpcias e deve ser perpétua, sem possibilidade de correção pela medicina ou por sua especialidade
na área de psiquiatria

É preciso que estejam presentes três indispensáveis pressupostos:

a) o defeito físico, mental ou de caráter, e assim também o crime praticado

deve ser anterior ao casamento;

b) o cônjuge enganado não poderia ter conhecimento do defeito ou do crime

antes do casamento;

c) e a vida em comum deve ser tornar insuportável com a descoberta do erro

substancial.

IV – Do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;


V – Realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato,
e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;

A revogação do mandato precisa ser realizada antes das núpcias;

A anulação do casamento cabe somente ao mandante, pois o outro celebrante pode manifestar sua
vontade na própria cerimônia nupcial, consentido ou desistindo das núpcias;

VI – Por incompetência da autoridade celebrante;

Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data da celebração,
é de:

I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550;

II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante;

III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557;

IV - quatro anos, se houver coação.

§ 1 o Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos menores de dezesseis
anos, contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da data do casamento, para seus
representantes legais ou ascendentes.

§ 2 o Na hipótese do inciso V do art. 1.550, o prazo para anulação do casamento é de cento e oitenta dias,
a partir da data em que o mandante tiver conhecimento da celebração.

Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento,
em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória.

§ 1 o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos
filhos aproveitarão.

§ 2 o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos
aproveitarão.

CASAMENTO INEXISTENTE

Legislador silenciou acerca do casamento inexistente, prevendo unicamente as hipóteses de


casamento nulo e anulável;

E se a pessoa não der o seu consentimento como invalidar o casamento se a negação não é prevista
nas disposições dos artigos 1.548 e 1.550, do Código Civil?

A solução encontra-se na teoria geral dos atos jurídicos:


Casamentos inexistentes são os “não celebrados de acordo com as prescrições legais vigorantes,
ou que não se revestirem das solenidades obrigatórias, ou que careçam de um dos pressupostos
essenciais à sua formação. Não se consuma o matrimônio por ausente um de seus elementos
integrativos. Há um mero consórcio de pessoas, ou uma união de fato, mas não o casamento.”
(Arnaldo Rizzardo)

Duas são as hipóteses de casamento inexistente

1. Falta de consentimento

2. Incompetência da autoridade celebrante

Falta de consentimento: O consentimento explícito e pessoal dos contraentes é essencial para a


validade do casamento. Sua ausência o torna inexistente. (art. 1.538, I, do CC).

Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes:

I - recusar a solene afirmação da sua vontade;

Incompetência da autoridade celebrante:

A autoridade celebrante pode ser incompetente em razão da matéria, do local e da pessoa.

O primeiro caso torna inexistente o casamento. Os dois últimos o tornam anuláveis


SEPARAÇÃO DE CORPOS
Art. 1.562. Antes de mover a ação de nulidade do casamento, a de anulação, a de separação
judicial, a de divórcio direto ou a de dissolução de união estável, poderá requerer a parte,
comprovando sua necessidade, a separação de corpos, que será concedida pelo juiz com a
possível brevidade.

os deveres próprios do casamento e a comunicação dos bens terminam a contar da data do despacho
que concedeu a separação judicial de corpos.

Efeitos jurídicos e repercussões do casamento:

Patronímico. (Art. 1.565. § 1 o )

A emancipação do cônjuge menor de idade;

A imediata submissão dos cônjuges a deveres específicos (art. 1.566).

O estabelecimento do vínculo de afinidade;

A disciplina das relações patrimoniais dos cônjuges (regimes matrimoniais);

A atribuição de título sucessório;


Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:

I - fidelidade recíproca;

II - vida em comum, no domicílio conjugal;

III - mútua assistência;

IV - sustento, guarda e educação dos filhos;

V - respeito e consideração mútuos.

Relações de parentesco
Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação
de ascendentes e descendentes.

Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas
provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra.

Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem.

Art. 1.594. Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações, e, na
colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao ascendente comum, e
descendo até encontrar o outro parente.

Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.

§ 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do
cônjuge ou companheiro.

§ 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união


estável.

Definições:

Natural ou consanguíneo – Vínculo a um tronco ancestral comum.

Em linha reta – ligação entre ascendentes e descendentes. Não tem limitação.

Colateral – Decorrem do mesmo tronco, sem liame de descendência e ascendência. Vai até o quarto
grau (no código anterior ia até o sexto grau)
RECURSO ESPECIAL. DIREITO DE FAMÍLIA. UNIÃO HOMOAFETIVA. REPRODUÇÃO
ASSISTIDA. DUPLA PATERNIDADE OU ADOÇÃO UNILATERAL. DESLIGAMENTO DOS
VÍNCULOS COM DOADOR DO MATERIAL FECUNDANTE. CONCEITO LEGAL DE
PARENTESCO E FILIAÇÃO. PRECEDENTE DA SUPREMA CORTE ADMITINDO A
MULTIPARENTALIDADE. EXTRAJUDICICIALIZAÇÃO DA EFETIVIDADE DO DIREITO
DECLARADO PELO PRECEDENTE VINCULANTE DO STF ATENDIDO PELO CNJ. MELHOR
INTERESSE DA CRIANÇA. POSSIBILIDADE DE REGISTRO SIMULTÂNEO DO PAI
BIOLÓGICO E DO PAI SOCIOAFETIVO NO ASSENTO DE NASCIMENTO. CONCREÇÃO DO
PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA. 1. Pretensão de inclusão de dupla
paternidade em assento de nascimento de criança concebida mediante as técnicas de reprodução
assistida sem a destituição de poder familiar reconhecido em favor do pai biológico. 2. "A adoção
e a reprodução assistida heteróloga atribuem a condição de filho ao adotado e à criança resultante
de técnica conceptiva heteróloga; porém, enquanto na adoção haverá o desligamento dos vínculos
entre o adotado e seus parentes consanguíneos, na reprodução assistida heteróloga sequer será
estabelecido o vínculo de parentesco entre a criança e o doador do material fecundante."
(Enunciado n. 111 da Primeira Jornada de Direito Civil). 3. A doadora do material genético, no
caso, não estabeleceu qualquer vínculo com a criança, tendo expressamente renunciado ao poder
familiar. 4. Inocorrência de hipótese de adoção, pois não se pretende o desligamento do vínculo
com o pai biológico, que reconheceu a paternidade no registro civil de nascimento da criança. 5.
A reprodução assistida e a paternidade socioafetiva constituem nova base fática para incidência
do preceito "ou outra origem" do art. 1.593 do Código Civil. 6. Os conceitos legais de parentesco
e filiação exigem uma nova interpretação, atualizada à nova dinâmica social, para atendimento do
princípio fundamental de preservação do melhor interesse da criança. 7. O Supremo Tribunal
Federal, no julgamento RE 898.060/SC, enfrentou, em sede de repercussão geral, os efeitos da
paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro, permitindo implicitamente o
reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseada na origem biológica. 8. O Conselho
Nacional de Justiça, mediante o Provimento n. 63, de novembro de 2017, alinhado ao precedente
vinculante da Suprema Corte, estabeleceu previsões normativas que tornariam desnecessário o
presente litígio. 9. Reconhecimento expresso pelo acórdão recorrido de que o melhor interesse da
criança foi assegurado. 10. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. (REsp 1608005/SC, Rel.
Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRATURMA, julgado em 14/05/2019, DJe
21/05/2019)

UNIÃO ESTÁVEL

- Constituição Federal de 1988: marco de elevação do concubinato à condição de união estável;

Art. 226, § 3º: “para efeito de proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a
mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”.

- Retira do concubinato a identificação de uma relação aventureira e de segunda categoria;

- Passa a trata-lo como entidade familiar assemelhada ao casamento;

Efetiva elevação da união estável à condição de entidade familiar:

- Somente quando há o reconhecimento dos mesmos efeitos do casamento ao companheirismo;

- Dispensa das derivações projetivas do esforço comum* para a aquisição do patrimônio;

*(Súmula n. 380 do STF: comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível
a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum)

LEI N. 8.971/1994 - tempo mínimo de cinco anos de convivência para a efetiva configuração da união
estável, quando ausente prole;

LEI N. 9.278/1996 reconheceu a existência da união estável, no caso de haver precedente separação
de fato de convivente casado e excluiu o tempo mínimo de cinco anos de convivência;

“A relação afetivo-amorosa entre duas pessoas, não adulterina e não incestuosa, com estabilidade e
durabilidade, vivendo sob o mesmo teto ou não, constituindo família sem vínculo do casamento civil”
Rodrigo da Cunha Pereira

Crescimento das uniões estáveis?

Motivos econômicos: Perda de crédito alimentar, ou pensão previdenciária;

Motivos sociais: desigualdade social entre pessoas de classes menos elevadas;

Motivos legais: dificuldade de decretar o divórcio; impedimento legal;

Outras causas: mudança de mentalidade da sociedade global.

Pressupostos de configuração da União Estável

Diversidade de sexos:
- Superado com o julgamento da ADPF n. 132/ RJ e da ADI n. 4.277/DF que confere ao artigo 1.723
do Código Civil interpretação conforme a Constituição Federal, para excluir daquele dispositivo todo
significado que impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do
mesmo sexo como entidade familiar.

- As expressões homem e mulher devem ser substituídas por conviventes.

Coabitação:

Art. 1.723 do Código Civil - convivência pública, contínua e duradoura;

- convivência pressupõe como regra a coabitação;

- Requisito implícito;

- Justificável a ausência de coabitação por razões de trabalho, médicas, etc;


A regra geral é a coabitação, como no casamento é dever imposto, pois só em situações excepcionais deve ser admitida a
ausência de coabitação.

Prazo e consentimento para constituição:

-Não há prazo mínimo;

-Tempo é irrelevante;

Existência de consentimento - dupla vontade dos conviventes em convergirem para a formação de


uma família em estado de comunhão plena de vida;

Como? palavras, sinais, comportamento e atitudes;

Convivência pública:

Exigência de convivência pública:

- coabitação;

- relação conhecida no meio social dos conviventes, perante seus vizinhos, amigos, parentes e colegas
de trabalho;

Continuidade:

-Estabilidade;

-Seriedade;

-Efetiva e sólida existência por sua qualidade;

Com objetivo de constituir família:

- Indubitável intenção de constituir família;

- Devem ser as hipóteses de simples namoro e o período de noivado;

- Exceto no caso destas denominações dissimularem uma união já estabelecida e de sólida


convivência (antecipação da coabitação)

- Rotina familiar;
Inexistência de impedimento matrimonial
Art. 1.723. § 1,o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521;
não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato
ou judicialmente

Direitos e deveres dos conviventes


Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade,
respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos

Contrato de convivência/Finalidade:

- Formalizar a escolha do regime de bens;

- Elemento de prova da constituição de família de fato;

- Para celebrar e noticiar o próprio relacionamento;

Conversão em casamento:

- Na conversão da união estável em casamento os efeitos se operam ex tunc, são retroativos à data
do início da união estável;

- A conversão provoca o reconhecimento legal da constituição de uma família em data precedente ao


casamento formal;

- O regime de bens eventualmente eleito pelos nubentes em pacto antenupcial também tem efeito
retroativo ao início da união estável;

- Por processo judicial de conversão da união estável em casamento (crítica - desatende ao preceito
constitucional do artigo 226, § 3º, da CF/88 - procedimento judicial não é facilitador)

N2

DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL

Alterações Fundamentais Instituídas Pela Ec 66/2010:


Art. 226, § 6.º, da CF/1988 – redação original

“O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de
um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos”.

Art. 226, § 6.º, da CF/1988 – redação atual: “O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio”.

O casamento pode ser dissolvido pelo divórcio, sem qualquer requisito prévio, por exclusivo ato de
vontade dos cônjuges.

O divórcio é um direito potestativo!

A separação foi extinta?

Corrente doutrinária dominante: entendimento de que houve a supressão da separação. Reflexo da


necessidade de menor intervenção do Estado na vida privada.
“assim, para a existência jurídica da união estável, extrai-se o requisito da exclusividade de
relacionamento sólido da exegese do § 1.º do art. 1.723 do Código Civil de 2002, fine, dispositivo
esse que deve ser relido em conformidade com a recente EC n.º 66 de 2010, a qual, em boa hora,
aboliu a figura da separação judicial” (STJ, REsp 912.926/RS, 4.ª Turma, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, j. 22.02.2011, DJe 07.06.2011).
“após a EC 66/10 não mais existe no ordenamento jurídico brasileiro o instituto da separação
Judicial. Não foi delegado ao legislador infraconstitucional poderes para estabelecer qualquer
condição que restrinja direito à ruptura do vínculo conjugal” (STJ, Documento: 40398425, Ministra
Isabel Gallotti, DJE 22.10.2014).

Corrente doutrinária minoritária: entendimento de que a Emenda à Constituição n.º 66/2010 apenas
suprimiu os prazos para realização do divórcio, possibilitando a realização direta.
“A dissolução da sociedade conjugal pela separação não se confunde com a dissolução definitiva
do casamento pelo divórcio, pois versam acerca de institutos autônomos e distintos. A Emenda à
Constituição n.º 66/2010 apenas excluiu os requisitos temporais para facilitar o divórcio. O
constituinte derivado reformador não revogou, expressa ou tacitamente, a legislação ordinária que
cuida da separação judicial, que remanesce incólume no ordenamento pátrio, conforme previsto
pelo Código de Processo Civil de 2015 (arts. 693, 731, 732 e 733 da Lei n.º 13.105/2015). A opção
pela separação faculta às partes uma futura reconciliação e permite discussões subjacentes e
laterais ao rompimento da relação. A possibilidade de eventual arrependimento durante o período
de separação preserva, indubitavelmente, a autonomia da vontade das partes, princípio basilar do
direito privado. O atual sistema brasileiro se amolda ao sistema dualista opcional que não
condiciona o divórcio à prévia separação judicial ou de fato” (STJ, REsp 1.431.370/ SP, 3.ª Turma,
Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 15.08.2017, DJe 22.08.2017).

O é objeto de análise pelo Supremo Tribunal Federal que, nos autos do Recurso Extraordinário
1.167.478/ RJ.

Será analisado pelo STF se o instituto da separação judicial permanece ou não no ordenamento
jurídico brasileiro. (Pauta de 15.06.2022)

Processo de Separação – sistema bifásico - conversão em divórcio (anterior à emenda constitucional


n.º 66.2010);

Processo de Separação (após a emenda constitucional n.º 66.2010), entendimento predominante da


doutrina:

Extinção sem julgamento de mérito, por falta de objeto jurídico viável, quando pendente de julgamento
em primeiro grau;

➢ Intimação para adaptação do pedido pelas partes (economia processual);


➢ Diante de tutela de urgência antecipada de separação de corpos concedida, conversão
em ação de divórcio (princípio da fungibilidade).
Art. 1.571. A sociedade conjugal termina:

I - pela morte de um dos cônjuges;

II - pela nulidade ou anulação do casamento;

III - pela separação judicial;

IV - pelo divórcio.

§ 1 o O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio,


aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente.

§ 2 o Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderá manter o
nome de casado; salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de separação judicial.

Separação: Etapa anterior ao divórcio;

➢ Não há mais necessidade de cumprir com os deveres do casamento, porém, não é permitido
constituir novo casamento;

Divórcio: fim definitivo da sociedade e vínculo conjugal. É permitido constituir novo casamento.

Judicial – consensual ou litigioso;


Extrajudicial – consensual por escritura pública:

➢ Resolução Nº 35 de 24/04/2007;
➢ Qualquer tabelião de notas;
➢ Suspensão por 30 dias, ou desistência pela via judicial para realização pela via
extrajudicial;
➢ não dependem de homologação judicial;
➢ São títulos hábeis para o registro civil e o registro imobiliário;
➢ Necessária a presença de advogado;
➢ Não existência de filhos menores de idade ou de nascituro;
➢ Necessário haver consenso

Documentos necessários:

➢ certidão de casamento;
➢ documento de identidade oficial e CPF;
➢ pacto antenupcial, se houver;
➢ certidão de nascimento ou outro documento de identidade oficial dos filhos absolutamente
capazes, se houver;
➢ certidão de propriedade de bens imóveis e direitos a eles relativos; e
➢ documentos necessários à comprovação da titularidade dos bens móveis e direitos, se houver.

Declaração ao tabelião, no ato da lavratura da escritura, que não têm filhos comuns ou, havendo, que
são absolutamente capazes, indicando seus nomes e as datas de nascimento;

➢ Declaração ao tabelião de que não se encontra em estado gravídico, ou ao menos, que não
tenha conhecimento sobre esta condição;

➢ Declaração das partes de que estão cientes das consequências do divórcio, firmes no
propósito de pôr fim à sociedade conjugal e ao vínculo matrimonial;

➢ Alteração de nome;

➢ Declaração de que as partes foram orientadas sobre a necessidade de apresentação de seu


traslado no registro civil do assento de casamento, para a averbação devida.

➢ Renúncia ou estabelecimento de alimentos ao cônjuge;

Deve ser averbada no assento de casamento pelo Oficial do Registro Civil;

Não há sigilo nas escrituras públicas de divórcio;

O tabelião poderá se negar a lavrar a escritura de divórcio se houver fundados indícios de prejuízo a
um dos cônjuges ou em caso de dúvidas sobre a declaração de vontade, fundamentando a recusa por
escrito.

Dissolução da sociedade conjugal e do vínculo conjugal pela morte presumida:

Quando o ausente reaparece?

1) Considerar válido o segundo casamento e dissolvido o primeiro, ressaltando a boa-fé dos nubentes;

2) Declarar nulo o segundo casamento, eis que não podem casar as pessoas casadas, nos termos do
art. 1.521, VI, do CC.
Patronímico de casado no divórcio:

Facultativo ao cônjuge que adotou o sobrenome permanecer com o nome de casado ou retornar ao
nome de solteiro (a);

ser adotado por qualquer dos cônjuges.

Partilha de bens: Após a Emenda Constitucional n.º 66.2010 o divórcio pode ser decretado
anteriormente a partilha de bens;

REGIMES PATRIMONIAIS

Princípios inerentes aos regimes de bens:

Variedade de regimes;

Permite escolher dentre quatro regimes primários de bens em vigor no Brasil (comunhão parcial de
bens, comunhão universal; separação total de bens e participação final nos aquestos);

Permite mesclar os regimes desde que suas cláusulas não contravenham disposição absoluta de lei
(CC, art. 1.655);
Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei.

Liberdade convencional

Liberdade de convencionarem acerca do regime que melhor lhes aprouver;

Liberdade de escolha exercida no casamento através do pacto antenupcial;

Liberdade de escolha exercida na união estável através de um contrato particular ou uma escritura
pública de convivência (CC, art. 1.725);
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações
patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.

Liberdade limitada na separação obrigatória de bens (ex: 1.641, CC - para aqueles que se casarem
sem a observância das causas suspensivas, para os maiores de setenta anos e para todos aqueles
que dependerem de suprimento judicial para se casar);

Liberdade limitada pela nulidade de convenção disposta no pacto antenupcial;

Mutabilidade controlada

Regimes imutáveis no CC/1916;

Possibilidade de alteração do regime de bens com o CC 2002;

O pedido deve ser motivado e realizado por ambos os cônjuges;

Deve ser apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados direitos de terceiros (CC, art.
1.639, § 2º);
Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus
bens, o que lhes aprouver.
§ 1 o O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento.

§ 2 o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado


de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de
terceiros.

Possibilidade nas hipóteses dos incisos I e III do artigo 1.641 do Código Civil;
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:

I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do
casamento;

II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de 2010)

III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

Regimes patrimoniais

Classificação conforme a base normativa:

Imperativos – imposto por lei;

Possibilidade de reforçar através do pacto antenupcial o regime da separação de bens para evitar a
aplicação da Súmula 377;
Súmula n. 377 do STF: No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na
constância do casamento

RE n. 646.721/ MG e RE n. 878.694/RS do Supremo Tribunal Federal - inconstitucional qualquer


distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros;

Nas hipóteses dos incisos I e III do artigo 1.641 do Código Civil, vencidos os obstáculos legais que
obrigaram o estabelecimento da separação de bens, é facultado aos cônjuges alterar o regime
obrigatório de separação de bens, nos termos do § 2º do artigo 1.639 do Código Civil;

Livres

Nos regimes livres, eventual silêncio dos cônjuges e conviventes implica a adoção do regime da
comunhão parcial (CC, art. 1.640)
Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens
entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial.

Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por qualquer dos regimes
que este código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial,
fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas.

Até o advento da Lei do Divórcio, em 26 de dezembro de 1977, a comunhão universal de bens era o
regime legal do matrimônio na ausência de pacto antenupcial;

Convencionais;

Expressão da liberdade de escolha do regime de bens, podendo inclusive misturar os diferentes tipos
de regimes, desde que não restrinjam direitos e tampouco dissimulem qualquer forma de fraude à lei
ou aos direitos de terceiros (CC, art. 1.655).
Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei.

Pacto Antenupcial

Natureza jurídica de negócio jurídico especial de direito de família;

Corrente majoritária – conteúdo patrimonial;

Corrente minoritária – conteúdo patrimonial e extrapatrimonial (convenções de cunho interpessoal, ou


vinculadas às responsabilidades paterno-filiais);
“O pacto antenupcial e o contrato de convivência podem conter cláusulas existenciais, desde que
estas não violem os princípios da dignidade da pessoa humana, da igualdade entre os cônjuges
e da solidariedade familiar”. Enunciado 635 da VIII Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça
Federal

Pacto nulo – se não realizado por escritura pública;

Ineficaz – se não realizado o casamento;

A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovação de seu
representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens;

Convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei – Nula;

Efeito perante terceiros – após registro, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do
domicílio dos cônjuges;

Alteração De Regime
Art. 1639. § 2 o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em
pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e
ressalvados os direitos de terceiros.

Publicação de editais que imprimam a devida publicidade à mudança incidental do regime de bens
(objetivo de resguardar direitos de terceiros);

A juntada pelos cônjuges, de certidões negativas de dívidas fiscais, municipais, estaduais, federais e
de qualquer outra natureza;

Certidão da Junta Comercial para comprovar que não pertencem às sociedades empresárias;

Separação de Bens

Separação Legal Ou Obrigatória De Bens:

EM RAZÃO DE INOBSERVÂNCIA DAS CAUSAS SUSPENSIVAS;

➢ Finalidade: evitar a confusão de patrimônio.

MENORES QUE PRECISAM DA AUTORIZAÇÃO DOS PAIS PARA SE CASAREM;

➢ Finalidade: evitar qualquer risco patrimonial para o menor.

CASAMENTO CONTRAÍDO QUANDO PELO MENOS UM DOS NUBENTES É MAIOR DE 70 ANOS

➢ Crítica quanto a constitucionalidade


Súmula 377 STF: no regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento.

Comprovação de esforço comum

Divergência jurisprudencial

Apenas enquanto durar o impedimento.

Separação convencional de bens

O patrimônio – ativo e passivo – é mantido sob a titularidade daquele que constar do título;

Apenas as dívidas provenientes das necessidades advindas da economia doméstica se comunicam;

Não se aplica a Súmula 377 do STF.

São comunicáveis os bens adquiridos na constância da união estável ou do casamento;

Os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior;

Os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges;

As benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;

Os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do
casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:

I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do
casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;

II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-


rogação dos bens particulares;

III - as obrigações anteriores ao casamento;

IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;

V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;

VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;

VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.

Há a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas.


Art. 1.668. São excluídos da comunhão:

I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu


lugar;

II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a


condição suspensiva;

III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou
reverterem em proveito comum;

IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de


incomunicabilidade;

V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;

VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge


VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.

Participação Final Nos Aquestos

Cada cônjuge possui patrimônio próprio, e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal,
direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento.

Art. 1.673. Integram o patrimônio próprio os bens que cada cônjuge possuía ao casar e os por ele
adquiridos, a qualquer título, na constância do casamento.

Art. 1.674. Sobrevindo a dissolução da sociedade conjugal, apurar-se-á o montante dos aquestos,
excluindo-se da soma dos patrimônios próprios:

I - os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram;

II - os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade;

III - as dívidas relativas a esses bens.

Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se adquiridos durante o casamento os bens
móveis.

Art. 1.675. Ao determinar-se o montante dos aquestos, computar-se-á o valor das doações feitas
por um dos cônjuges, sem a necessária autorização do outro; nesse caso, o bem poderá ser
reivindicado pelo cônjuge prejudicado ou por seus herdeiros, ou declarado no monte partilhável,
por valor equivalente ao da época da dissolução.

Art. 1.676. Incorpora-se ao monte o valor dos bens alienados em detrimento da meação, se não
houver preferência do cônjuge lesado, ou de seus herdeiros, de os reivindicar.

Art. 1.677. Pelas dívidas posteriores ao casamento, contraídas por um dos cônjuges, somente
este responderá, salvo prova de terem revertido, parcial ou totalmente, em benefício do outro.

Art. 1.678. Se um dos cônjuges solveu uma dívida do outro com bens do seu patrimônio, o valor
do pagamento deve ser atualizado e imputado, na data da dissolução, à meação do outro cônjuge.

Art. 1.679. No caso de bens adquiridos pelo trabalho conjunto, terá cada um dos cônjuges uma
quota igual no condomínio ou no crédito por aquele modo estabelecido.

Art. 1.680. As coisas móveis, em face de terceiros, presumem-se do domínio do cônjuge devedor,
salvo se o bem for de uso pessoal do outro.

Art. 1.681. Os bens imóveis são de propriedade do cônjuge cujo nome constar no registro.

Parágrafo único. Impugnada a titularidade, caberá ao cônjuge proprietário provar a aquisição


regular dos bens.

Art. 1.682. O direito à meação não é renunciável, cessível ou penhorável na vigência do regime
matrimonial.

Art. 1.683. Na dissolução do regime de bens por separação judicial ou por divórcio, verificar-se-á
o montante dos aquestos à data em que cessou a convivência.

Art. 1.684. Se não for possível nem conveniente a divisão de todos os bens em natureza, calcular-
se-á o valor de alguns ou de todos para reposição em dinheiro ao cônjuge não-proprietário.

Parágrafo único. Não se podendo realizar a reposição em dinheiro, serão avaliados e, mediante
autorização judicial, alienados tantos bens quantos bastarem.

Art. 1.685. Na dissolução da sociedade conjugal por morte, verificar-se-á a meação do cônjuge
sobrevivente de conformidade com os artigos antecedentes, deferindo-se a herança aos herdeiros
na forma estabelecida neste Código.

Art. 1.686. As dívidas de um dos cônjuges, quando superiores à sua meação, não obrigam ao
outro, ou a seus herdeiros.
A PROTEÇÃO DA PESSOA DOS FILHOS

O divórcio provoca o término da sociedade conjugal e dissolve o casamento válido, portanto, não
modifica os deveres dos pais em relação aos filhos (CC, art. 1.579);

Novo casamento de qualquer dos pais, ou de ambos também não poderá gerar restrições aos direitos
e deveres dos filhos (CC, art. 1.579, parágrafo único).
Art. 1.579. O divórcio não modificará os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos.

Parágrafo único. Novo casamento de qualquer dos pais, ou de ambos, não poderá importar
restrições aos direitos e deveres previstos neste artigo.

Constituição Federal;

Código Civil;

Estatuto da criança e do adolescente;

Lei n. 13.058/2014: Altera os arts. 1.583, 1.584, 1.585 e 1.634 do Código Civil, para estabelecer o
significado da expressão “guarda compartilhada” e dispor sobre sua aplicação.

Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. (Redação dada pela Lei nº 11.698, de
2008).

§ 1 o Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o


substitua (art. 1.584, § 5 o ) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício
de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder
familiar dos filhos comuns. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).

§ 2 o Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma
equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses
dos filhos. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)

I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)

II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)

III - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)

§ 3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que
melhor atender aos interesses dos filhos. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)

§ 4 o (VETADO) . (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).


§ 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses
dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima
para solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou
situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus
filhos. (Incluído pela Lei nº 13.058, de 2014)

Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: (Redação dada pela Lei nº 11.698,
de 2008).

I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em ação autônoma de
separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou em medida cautelar; (Incluído pela Lei
nº 11.698, de 2008).

II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou em razão da


distribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe. (Incluído pela Lei nº
11.698, de 2008).

§ 1 o Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e à mãe o significado da guarda


compartilhada, a sua importância, a similitude de deveres e direitos atribuídos aos genitores e as
sanções pelo descumprimento de suas cláusulas. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).

§ 2 o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-se
ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo
se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor. (Redação dada
pela Lei nº 13.058, de 2014)

§ 3 o Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob guarda


compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear-se em
orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar, que deverá visar à divisão equilibrada
do tempo com o pai e com a mãe. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)

§ 4 o A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de cláusula de guarda unilateral


ou compartilhada poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao seu detentor. (Redação
dada pela Lei nº 13.058, de 2014)

§ 5 o Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá
a guarda a pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, considerados, de
preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade. (Redação dada pela
Lei nº 13.058, de 2014)

§ 6 o Qualquer estabelecimento público ou privado é obrigado a prestar informações a qualquer


dos genitores sobre os filhos destes, sob pena de multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 500,00
(quinhentos reais) por dia pelo não atendimento da solicitação. (Incluído pela Lei nº 13.058, de
2014)

Art. 1.585. Em sede de medida cautelar de separação de corpos, em sede de medida cautelar de
guarda ou em outra sede de fixação liminar de guarda, a decisão sobre guarda de filhos, mesmo
que provisória, será proferida preferencialmente após a oitiva de ambas as partes perante o juiz,
salvo se a proteção aos interesses dos filhos exigir a concessão de liminar sem a oitiva da outra
parte, aplicando-se as disposições do art. 1.584. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)

Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício
do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos: (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)

I - dirigir-lhes a criação e a educação; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)

II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584; (Redação dada pela Lei
nº 13.058, de 2014)

III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; (Redação dada pela Lei nº 13.058,
de 2014)

IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior; (Redação dada pela


Lei nº 13.058, de 2014)

V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente para


outro Município; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe
sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar; (Redação dada pela Lei nº 13.058,
de 2014)

VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil,
e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;
(Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)

VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; (Incluído pela Lei nº 13.058, de 2014)

IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição.
(Incluído pela Lei nº 13.058, de 2014)

Guarda

A guarda é atributo do poder familiar;

Guardiões sem poder familiar: na tutela e com as famílias reconstituídas (padrasto/madrasta – guarda
indireta);

O que é o poder familiar?


Art. 379 do C.C de 1916 previa que os filhos legítimos, ou legitimados, os legalmente reconhecidos
e os adotivos estariam sujeitos ao pátrio poder, enquanto menores.

Art. 1.630 do C.C de 2002: Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto menores.

O poder familiar pode ser entendido como o conjunto de direitos e deveres reconhecidos aos pais, em
razão e nos limites da autoridade parental.

É exercido até que completem a maioridade.


Art. 1.632. A separação judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não alteram as relações
entre pais e filhos senão quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua companhia
os segundos.

É atributo do poder familiar diante do direito de convívio entre pais e filhos.

Compete aos pais ter os filhos em sua companhia e custódia;

Companhia deve ser interpretada restritivamente por permanência física em um mesmo local?

Companhia é dever dos pais, não é faculdade!


Art. 227, CF/88. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente
e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar
e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.

Art. 4º, ECA. É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Art. 1.634, CC. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno
exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos:

II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584.


A guarda tão apenas identifica quem tem o filho em sua companhia, possui a adequada comunicação
e supervisão da educação e é responsável por tomar algumas decisões inerentes ao filho.

Norberto Novellino define a guarda “como uma faculdade outorgada pela lei aos progenitores de
manter seus filhos perto de si, através do direito de fixar o lugar de residência da prole e com ela
coabitar, tendo os descendentes menores sob seus cuidados diretos e debaixo de sua autoridade
parental.

Permanece intacta a autoridade parental e a guarda jurídica do artigo 1.589 do Código Civil.
Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los em
sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como
fiscalizar sua manutenção e educação.

Parágrafo único. O direito de visita estende-se a qualquer dos avós, a critério do juiz, observados
os interesses da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.398, de 2011)

Permanece intacto o direito/dever do pai ou mãe que não detém a guarda de convivência com os filhos,
além de fiscalizar sua manutenção e educação.

Regulariza a posse de fato;

Pode ser deferida, liminar ou incidentalmente, nas ações de guarda, nos procedimentos de tutela e
adoção, exceto no de adoção por estrangeiros;

Confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os fins e efeitos de direito;

Ao detentor da guarda são atribuídos os deveres de prestação de assistência material, moral e


educacional, nos termos do art. 33, E.C.A

Com a guarda, portanto, os pais detém o direito de ter consigo seus filhos, além dos deveres de cuidá-
los, vigiá-los, dirigir a formação, encaminhando-os para a futura vida adulta e social; e, em
contrapartida, os filhos detém a obrigação de viver em casa com seus progenitores.

Estipulada por consenso entre os pais ou pelo juízo competente a julgar ação de regulamentação de
guarda.

Modalidades:

➢ Guarda unilateral;
➢ Guarda compartilhada;
➢ Guarda compartilhada com residência alternada;
➢ Guarda alternada.

Exercida por apenas um dos genitores;

Evolução histórica:

Guarda unilateral = guarda compartilhada;

Aprovada pela Lei n. 11.698, de 13 de junho de 2008, o artigo 1.583 do Código Civil passou a adotar
a versão da guarda conjunta dos filhos comuns, ou seja, a preferência passou a ser pela guarda
compartilhada.

Ambos os genitores possuem a guarda da prole;

mesmo não mais morando sob o mesmo teto, dividem a responsabilidade e o exercício de direitos e
deveres concernentes ao poder familiar dos filhos comuns;
Inicialmente condicionada à convivência harmoniosa dos genitores;

Pensada para garantir o melhor interesse dos filhos.


Art. 1.584. § 2 o, C.C. Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho,
encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda
compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do
menor.

Guarda compartilhada física (Lei n. 13.058/2014):

Relacionada à divisão equilibrada entre os pais dos períodos de convivência com seus filhos comuns;

Para definir esse tempo de convivência pode o juiz para subsidiar seu livre convencimento e tomar a
decisão valer-se de uma orientação técnico-profissional ou de equipe disciplinar;

O estudo deverá conter:

➢ como os pais irão cuidar e se dedicar aos filhos;


➢ “guarda nidal” – ninho: tem o propósito de não alterar a vida dos filhos, os pais é que se
revezarão, e, a cada período, um dos progenitores ficará com os filhos na residência original
do casal.

Guarda compartilhada legal ou jurídica (Lei n. 11.698/2008):

Em que uma delas: (i) representa o exercício compartilhado do poder familiar;

A criança tem a residência estabelecida juntamente com apenas um dos cônjuges;


Plano de parentalidade

Documento criado para estabelecer as obrigações de cada progenitor quando tiver de tomar decisões
sobre a educação, saúde, bem-estar físico, social e emocional dos filhos.

O plano tem de incluir uma descrição de quem e como realizará as atividades inerentes à sua
responsabilidade parental e, em todos os seus aspectos, não se restringindo à aleatória divisão
equilibrada do tempo dos filhos.

Deve ser acompanhado de um horário-calendário com os métodos e as tecnologias que os pais usarão
para se comunicarem com os seus filhos, implicando, ainda, a existência de diálogo e cooperação
entre os pais.

Direito de convivência: visitas

A ausência de convivência gera o direito à indenização por abandono afetivo?


Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los em
sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como
fiscalizar sua manutenção e educação.

Parágrafo único. O direito de visita estende-se a qualquer dos avós, a critério do juiz, observados
os interesses da criança ou do adolescente.

Direito irrenunciável – direito dos filhos, que carecem da presença e do convívio de seus pais;

Direito líquido e certo e enseja mandado de segurança*, a fim de assegurar o seu exercício;

Não é considerado via adequada para rever decisão de fixação de visitas;

Pode não ser recomendável o seu exercício durante determinado período, porém não pode ser
excluído sem a perda do poder familiar e autoridade parental;

Decorre do direito de convivência familiar que deve ser garantido com prioridade à criança e ao
adolescente conforme disposto na Constituição Federal de 1988, Estatuto da Criança e do Adolescente
e no Código Civil.

É direito da criança e do adolescente e dever dos pais. Não deve ser interpretado apenas como um
direito do genitor que não detém a guarda.

É autônomo e não está condicionado à efetivação de nenhuma outra situação jurídica.


- Ex: O direito de visitas não está condicionado ao pagamento dos alimentos.

Objetiva fortalecer os laços afetivos, preservar a integridade psíquica da criança, a educação e criação.

As visitas e os alimentos visam bens jurídicos diferentes;

Condicionar as visitas ao pagamento dos alimentos apenas causaria uma dupla punição aos filhos;

A regulamentação das visitas ao ser fixada deve atender ao melhor interesse da criança e do
adolescente;

Deve atender de modo equilibrado a divisão de tempo de convívio familiar entre os pais e/ou familiares;

O tempo de convívio a ser fixado deve respeitar as necessidades e particularidades da criança de


maneira que não provoque algum prejuízo a ela;

Problema de efetividade: não há meios seguros para coagir o genitor ausente e garantir

o direito à convivência familiar em necessária harmonia com o bem-estar dos filhos;

A mediação exerce papel fundamental para mostrar a quem pratica o abandono a relevância do seu
papel na vida do filho;

A convivência é obrigação de fazer, uma vez que é através dela que se concretizam os deveres
decorrentes da autoridade parental (ex: educação e a criação).

➢ Alternativa coercitiva viável? imposição de multa prevista nos arts. 497 e ss. do CPC?
Art. 497, CPC. Na ação que tenha por objeto a prestação defazer ou de não fazer, o juiz, se
procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem
a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.

Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a reiteração
ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de
dano ou da existência de culpa ou dolo.

Problema lateral à aplicação do art. 497:


Art. 500. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa fixada
periodicamente para compelir o réu ao cumprimento específico da obrigação.

Se aplicável multa com fundamento no art. 497, CPC, além das astreintes pode gerar indenização por
perdas e danos!
AGRAVO INTERNO (ART. 1.021, CPC/2015) EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DA
AGRAVADA. TENCIONADA REFORMA DA DECISÃO QUE RECEBEU O AGRAVO DE
INSTRUMENTO COM EFEITO SUSPENSIVO, SUSTANDO A ASTREINTE FIXADA EM
PRIMEIRO GRAU. COMINAÇÃO DE MULTA PARA GARANTIR A REALIZAÇÃO DAS VISITAS
PELO GENITOR. IMPOSSIBILIDADE. DIREITO DE VISITAÇÃO DO PAI À CRIANÇA QUE NÃO
PODE SER, A PRIORI, IMPOSTO POR MEIO DE SANÇÃO. INTERLOCUTÓRIA MANTIDA POR
FUNDAMENTO DIVERSO. "A imposição de multa em caso de descumprimento do dever de
visita não constitui a forma mais adequada de garantir o direito do filho ao convívio com o
pai, eis que o relacionamento entre ambos deve se desenvolver a partir da livre e
espontânea vontade das partes." (TJRS. AI n. 70016868333, rel. Des. Claudir Fidelis Faccenda,
j. em 01.11.2006). RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJSC, Agravo n. 4015649-
35.2016.8.24.0000, da Capital, rel. Gerson Cherem II, Câmara Civil Especial, j. 27-07-2017).

Crítica:

➢ Tal medida leva à monetarização das relações familiares;


➢ Protege de fato os interesses da pessoa dos filhos?
➢ Não submete a criança a riscos maiores?
➢ O afeto pode ser imposto?
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DIVÓRCIO LITIGIOSO C/C GUARDA, VISITAS,
ALIMENTOS E PARTILHA DE BENS. DECISÃO AGRAVADA QUE IMPÔS MULTADE R$ 500,00
À GENITORAPOR OBSTACULIZAR ACONVIVÊNCIA ENTRE AUTOR E FILHO. RECURSO DA
RÉ. VISITAS. ALEGAÇÃO DE QUE INTERROMPEU A CONVIVÊNCIA FÍSICA EM RAZÃO DA
PANDEMIA DO COVID-19. AVENTADA MANUTENÇÃO DO CONTATO POR CHAMADAS DE
VÍDEO. TESES REJEITADAS. INEXISTÊNCIA DE ÓBICE PARA MANUTENÇÃO DAS VISITAS.
GENITORES QUE DEVEM ATENDER AOS CUIDADOS DE SAÚDE NECESSÁRIOS PARA
MANTER ACONVIVÊNCIA. LEI N. 12.318/2010. PEDIDO DE AFASTAMENTO DA PENALIDADE
PREVISTA PELO ART. 6º, III, DA LEI DA ALIENAÇÃO PARENTAL. POSSIBILIDADE. MEDIDA
DESPROPORCIONAL AO CASO CONCRETO. CONTUDO, DEVIDA A SUBSTITUIÇÃO PELA
ADVERTÊNCIA. INCONTROVÉRSIA SOBRE O IMPEDIMENTO DA VISITA. ATO DE
ALIENAÇÃO CONFIGURADO E ADVERTIDO. MULTA AO RECORRIDO. ARGUIÇÃO DE QUE
O GENITOR DESCUMPRE OS DIAS DE VISITAS. PRETENSÃO DE APLICAR AO AGRAVADO
A MESMA PENALIDADE PELO DESRESPEITO À CONVIVÊNCIA ESTIPULADA. NÃO
CONHECIMENTO. COMPETE ÀS PARTES INTERESSADAS PLEITEAR AO JUÍZO O AJUSTE
DOS DIAS DE VISITAÇÃO. REQUERIDA QUE DEVE COMUNICAR AO MAGISTRADO O
DESCUMPRIMENTO PELO GENITOR E PLEITEAR A APLICAÇÃO DAS MEDIDAS CABÍVEIS.
ANÁLISE DA INSURGÊNCIA QUE CONFIGURARIASUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. RECURSO
PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESTA PORÇÃO, PROVIDO EM PARTE. (TJSC, Agravo de
Instrumento n. 4004610-02.2020.8.24.0000, de Blumenau, rel. Osmar Nunes Júnior, Sétima
Câmara de Direito Civil, j. 01-10-2020).

Como verificar se a medida coercitiva atende o melhor interesse da criança?

➢ Necessária perícia ou estudo psicossocial.

A forma de regulamentação do regime de visitas pode ser modificado a qualquer tempo;

Coisa julgada formal;

Qualquer fato novo que repercuta no melhor interesse do filho faz com que a convivência possa ser
reduzida ou ampliada;

Novo casamento (ou nova união estável) de um dos genitores, modificará a convivência então
estabelecida somente nos casos em que a criança ou o adolescente não receber.
A fixação de regime de visitas não se restringe aos pais, podendo se estender, também, a outros
familiares, tais como tios, padrastos, madrastas, irmãos unilaterais, dentre outros.

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE GUARDA COM PEDIDO DE REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS


INTENTADA PELOS TIOS PATERNOS EM FACE DOS GENITORES. SENTENÇA QUE
DEFERIU PARCIALMENTE OS PLEITOS EXORDIAIS, DETERMINANDO A TUTELA
DEFINITIVA DO MENOR À ASCENDENTE, REGULAMENTANDO O DIREITO DE VISITAS DOS
COLATERAIS E FIXANDO MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ,AOS DEMANDANTES.
RECURSO DOS AUTORES. 1. AVENTADO O EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO DE AÇÃO
E A AUSÊNCIA DE LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. TESE NÃO ACOLHIDA. FATOS EXPOSTOS NA
PEÇA EXORDIAL (ABANDONO DA GENITORA AO MENOR, VISITAS ESCASSAS DA MÃE AO
FILHO, RESIDÊNCIA FIXA DO INFANTE COM OS TIOS DESDE TENRA IDADE, ENTRE
OUTROS) QUE FORAM DERRUÍDOS DURANTE A INSTRUÇÃO PROCESSUAL. EM
VERDADE A GUARDA ERA EXERCIDA PELA GENITORA COM AUXÍLIO DOS PARENTES
PATERNOS. ESTUDOS SOCIAIS E PSICOLÓGICOS REALIZADOS COM AS PARTES QUE
CORROBORAM O ENTENDIMENTO. 2. ALEGADA A OCORRÊNCIA DE SUCUMBÊNCIA
RECÍPROCA. SITUAÇÃO NÃO VERIFICADA. 3. POSTULADA A REDUÇÃO DA VERBA
HONORÁRIA FIXADA EM SENTENÇA. NÃO CABIMENTO. QUANTUM FIRMADO EM
CONSONÂNCIA COM O DISPOSTO NO ART. 85, §§2º E 8º, DO CODEX PROCESSUAL. 4.
SENTENÇA MANTIDA. 5. HONORÁRIOS RECURSAIS DEVIDOS, NOS TERMOS DO ART. 85,
§§1º E 11, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. 6. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
(TJSC, Apelação Cível n. 0304087-85.2018.8.24.0054, de Rio do Sul, rel. Raulino Jacó Brüning,
Primeira Câmara de Direito Civil, j. 21-05-2020).

Art. 25, ECA. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles
e seus descendentes.
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para além
da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais
a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade. (Incluído
pela Lei nº 12.010, de 2009 – Lei da adoção)

A relevância dos parentes próximos é tamanha que, inclusive, foi inserido no art. 25 do Estatuto da
Criança e do Adolescente o conceito de família extensa
A preferência dos parentes para acolher as crianças antes da adoção reconhece a importância
das pessoas que integram a família extensa e demonstra que também é possível pleitear o direito
de conviver com os parentes menores de idade, desde que verificada relação de afeto.

As visitas são fixadas de acordo com as necessidades da criança e do adolescente, o que significa
que podem ser suspensas ou realizadas de maneira assistida quando coloquem em risco ou não
atendam o melhor interesse dessa criança ou adolescente.

Visitas assistidas: o genitor que não exerce a guarda deve realizar as visitas acompanhado de alguém
de confiança designado pelo que exerce a guarda.
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS.
SENTENÇA QUE SUSPENDEU ACONVIVÊNCIA ENTRE A GENITORA E,OS FILHOS.
RECURSO DA REQUERIDA. EMENDA À INICIAL. ALEGADA NULIDADE DA
MODIFICAÇÃO DO PEDIDO. EXORDIAL QUE PRETENDIA ADOTAR AS VISITAS
ASSISTIDAS. SUPERVENIÊNCIADO PEDIDO DE SUSPENSÃO APÓS A CITAÇÃO
DAREQUERIDA. AVENTADA IMPOSSIBILIDADE,DE RECEBIMENTO DA EMENDA
SEM ANUÊNCIA DA RÉ. TESES RECHAÇADAS. PEDIDO DE SUSPENSÃO DAS
VISITAS APRESENTADO EM RAZÃO,DE PRISÃO DA REQUERIDA.
ENVOLVIMENTO COM ATIVIDADES CRIMINOSAS. NOTÍCIA DE QUE A GENITORA
SE ENCONTRAVA FORAGIDA. POSTERIOR APRESENTAÇÃO DE CONTESTAÇÃO
QUE DEIXOU DE IMPUGNAR A EMENDA. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AOS ARTS.
327, § 1º, E 329, II, DO CPC. PERDA DE OBJETO. TESE DE QUE AS PARTES
COMPUSERAM ACORDO EM AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO.
INSUBSISTÊNCIA.,AVENÇA CLARA QUE ESTIPULOU VISITAS EM DATAS
ESPECÍFICAS. CONDICIONADA A REVISÃO DO ACORDO APÓS PROGRESSÃO DE
REGIME DARÉ QUE SE ENCONTRAVA RECLUSA. TODAVIA, SOBREVEIO A
INFORMAÇÃO DE NOVAPRISÃO DAREQUERIDA POR TER COMETIDO OUTRO
CRIME. INEXISTÊNCIA DE PERDADO OBJETO. SUSPENSÃO DO DIREITO DE
VISITAS. AFIRMAÇÃO DE QUE ACONDIÇÃO DE PRESANÃO RETIRA,O DIREITO DE
CONVIVÊNCIA. DESCABIMENTO. PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO QUE
NÃO SE RESTRINGEM À CONDIÇÃO DE RECLUSA DA GENITORA.
ENVOLVIMENTO REITERADO EM PRÁTICAS CRIMINOSAS E USO
DE,ENTORPECENTES. NOTÍCIA DE FUGA DE ESTABELECIMENTO
PENITENCIÁRIO. AUSÊNCIA DE CERTEZA DE QUE POSSUI CONDIÇÕES DE
EXERCER OS CUIDADOS INERENTES À CONVIVÊNCIA COM OS FILHOS. DEVIDA
SUSPENSÃO DAS VISITAS ATÉ QUE A APELANTE COMPROVE A CAPACIDADE DE
RETOMAR O CONVÍVIO COM A PROLE. HONORÁRIOS RECURSAIS DEVIDOS.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJSC, Apelação Cível n. 0303405-
57.2016.8.24.0004, deAraranguá, rel. OsmarNunes Júnior, Sétima Câmara de Direito
Civil, j. 08-10 2020).

Aliança Parental

É a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um


familiar de maneira quem prejudique a imagem e os laços de afeto com outro familiar;

Síndrome de Alienação Parental (SAP) - distúrbio da infância desenvolvido quase exclusivamente no


contexto de disputas de custódia de crianças.

Manifestação preliminar: campanha denegritória contra um dos genitores, feita pela própria criança e
que não tenha nenhuma justificativa;

Geralmente demonstra resultar da combinação de instruções de um genitor acrescidas de


contribuições da própria criança para denegrir o genitor-alvo.
Síndrome da alienação parental (SAP): Alienação está ligada a situações envolvendo a guarda de
filhos ou caso análogo por pais divorciados ou em processo de divórcio. Ligada a interferência
psicológica.

Ambiente familiar hostil (AFH): mais abrangente, fazendo-se presente em quaisquer situações em que
duas ou mais pessoas ligadas à criança ou ao adolescente estejam divergindo sobre educação,
valores, religião, sobre como a mesma deva ser criada, dentre outros.

➢ Pode ocorrer até mesmo com casais vivendo juntos;


Art. 2 o Lei 12.318/2010. Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós
ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para
que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com
este.

Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim
declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de
terceiros:

I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício

da paternidade ou maternidade;

II - dificultar o exercício da autoridade parental;

III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;

IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;

V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou


adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;

VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar
ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente;

VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da
criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós.

O que mudou em relação as visitas com a Lei nº 14.340 de 18 de maio de 2022?


Art. 4 o Parágrafo único. Assegurar-se-á à criança ou adolescente e ao genitor garantia mínima
de visitação assistida, ressalvados os casos em que há iminente risco de prejuízo à integridade
física ou psicológica da criança ou do adolescente, atestado por profissional eventualmente
designado pelo juiz para acompanhamento das visitas.

Parágrafo único. Assegurar-se-á à criança ou ao adolescente e ao genitor garantia mínima de


visitação assistida no fórum em que tramita a ação ou em entidades conveniadas com a
Justiça, ressalvados os casos em que há iminente risco de prejuízo à integridade física ou
psicológica da criança ou do adolescente, atestado por profissional eventualmente designado pelo
juiz para acompanhamento das visitas

Princípio da intervenção precoce: atuação do Estado que visa proteger de maneira célere crianças e
adolescentes submetidas a situações de risco;
Art. 100, parágrafo único, inc. VI, ECA: a “intervenção das autoridades competentes deve ser
efetuada logo que a situação de perigo seja conhecida”.

Riscos de que o tempo consolide atos alienadores com implantação de falsas memórias,

Tramitação prioritária ao incidente de alienação parental, diante da necessidade de rápida apuração


da existência e extensão da alienação parental;

Dificuldade de compatibilizar a agilidade imprescindível ao processo com o exame profundo da


situação colocada sob apreciação do Poder Judiciário.
Art. 5º da Lei nº 14.340 de 18 de maio de 2022:

➢ Os processos em curso a que se refere a Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010, que estejam
pendentes de laudo psicológico ou biopsicossocial há mais de 6 (seis) meses, quando da
publicação desta Lei, terão prazo de 3 (três) meses para a apresentação da avaliação
requisitada.

Quando necessário deverá ser realizada perícia psicológica ou biopsicossocial;

A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar habilitados, exigido, em qualquer
caso, aptidão comprovada por histórico profissional ou acadêmico para diagnosticar atos de alienação
parental;

Prazo de 90 (noventa) dias para apresentação do laudo;


Art. 5º § 4º Na ausência ou insuficiência de serventuários responsáveis pela realização de estudo
psicológico, biopsicossocial ou qualquer outra espécie de avaliação técnica exigida por esta Lei
ou por determinação judicial, a autoridade judiciária poderá proceder à nomeação de perito com
qualificação e experiência pertinentes ao tema, nos termos dos arts. 156 e 465 da Lei nº 13.105,
de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).

Medidas que podem ser tomadas para coibir a prática de alienação parental (rol exemplificativo do art.
6º):
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;

II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado;

III - estipular multa ao alienador;

IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;

V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão;

VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente;

VII - declarar a suspensão da autoridade parental. (revogado pela Lei nº 14.340,

de 2022)

(Parágrafo único passou a ser o § 1º )

§ 2º O acompanhamento psicológico ou o biopsicossocial deve ser submetido a avaliações


periódicas, com a emissão, pelo menos, de um laudo inicial, que contenha a avaliação do caso e
o indicativo da metodologia a ser empregada, e de um laudo final, ao término do
acompanhamento. (Incluído pela Lei nº 14.340, de 2022)

As medidas sancionatórias são aplicadas de modo gradativo: partindo de uma medida mais branda —
advertência — até chegar a imposição de uma medida muito mais grave — suspensão do poder
familiar;

Deve garantindo o contraditório e a ampla defesa, sob pena de flagrante nulidade processual;

Quando não haver um prazo mínimo de suspensão do poder familiar, entende-se que a medida se
aplica enquanto se afigurar, necessária, podendo chegar até que os filhos atinjam a plena capacidade
civil.
Art. 8º-A. Sempre que necessário o depoimento ou a oitiva de crianças e de adolescentes em
casos de alienação parental, eles serão realizados obrigatoriamente nos termos da Lei nº 13.431,
de 4 de abril de 2017, sob pena de nulidade processual. (Incluído pela Lei nº 14.340, de 2022)
Escuta Especializada

É o procedimento de entrevista sobre situação de violência com criança ou adolescente perante órgão
da rede de proteção;

Limitado o relato estritamente ao necessário para o cumprimento de sua finalidade.

Depoimento Especial

É o procedimento de oitiva de criança ou adolescente vítima ou testemunha de violência perante


autoridade policial ou judiciária

Será realizado uma única vez, sempre que possível, em sede de produção antecipada de prova judicial,
garantida a ampla defesa do investigado;

Seguirá o rito cautelar de antecipação de prova:

➢ I - quando a criança ou o adolescente tiver menos de 7 (sete) anos;


➢ II - em caso de violência sexual.

É vedada a leitura da denúncia ou de outras peças processuais à criança e ao adolescente;

No curso do processo judicial, o depoimento especial será transmitido em tempo real para a sala de
audiência, preservado o sigilo, exceto se houver risco à vida ou à integridade física da vítima ou
testemunha;

O profissional especializado poderá adaptar as perguntas à linguagem de melhor compreensão da


criança ou do adolescente;

O depoimento especial será gravado em áudio e vídeo, exceto se houver risco à vida ou à integridade
física da vítima ou testemunha;

A vítima ou testemunha de violência é garantido o direito de prestar depoimento diretamente ao juiz,


se assim o entender;

O profissional especializado comunicará ao juiz se verificar que a presença, na sala de audiência, do


autor da violência pode prejudicar o depoimento especial ou colocar o depoente em situação de risco,
caso em que, fazendo constar em termo, será autorizado o afastamento do imputado.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE ALIMENTOS C/C REGULAMENTAÇÃO DE GUARDA
UNILATERAL COM PEDIDO LIMINAR DE TUTELA DE URGÊNCIA. DECISÃO AGRAVADA QUE
RESTABELECEU O CONVÍVIO DO AGRAVANTE PARA COM A MENOR. RECURSO DO
GENITOR. PRETENSÃO RECURSAL PARA QUE A DISTRIBUIÇÃO DO TEMPO DE CONVÍVIO
ENTRE O PAI E A MENOR SEJA MODIFICADA.POSSIBILIDADE. ELEMENTOS FÁTICOS QUE
INDICAM INEXISTIR RISCO DE OFENSA FÍSICA À MENOR. AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
INDICANDO QUE A INFANTE TEM APREÇO PELA COMPANIA DO GENITOR. ATENDIMENTO
ESPECIALIZADO QUE DESCARTOU A OCORRÊNCIA DE CRIME. INEXISTÊNCIA DE PROVA
ROBUSTA SUFICIENTE PARA RESTRINGIR A CONVIVÊNCIA DA FILHA COM O PAI NOS
MOLDES EM QUE PRETENDIDO. VISITAÇÃO JÁ RESTABELECIDA MAS COM DISTRIBUIÇÃO
TEMPORAL DIVERSA DA INDICADA PELO AGRAVANTE COMO DE MELHOR PROXIMIDADE
PARA COM A INFANTE. "COMO DECORRÊNCIA DO PODER FAMILIAR, O PAI NÃO
GUARDIÃO TEM O DIREITO DE AVISTAR-SE COM A FILHA, ACOMPANHANDO-LHE A
EDUCAÇÃO, DE FORMA A ESTABELECER COM ELA UM VÍNCULO AFETIVO SAUDÁVEL. 2.
A MERA SUSPEITA DA OCORRÊNCIA DE ABUSO SEXUAL NÃO PODE IMPEDIR O CONTATO
ENTRE PAI E FILHA, MORMENTE QUANDO O LAUDO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
PERICIAL CONCLUI SER RECOMENDADO O CONVÍVIO AMPLO ENTRE PAI E FILHA, POR
HAVER FORTES INDÍCIOS DE UM POSSÍVEL PROCESSO DE ALIENAÇÃO PARENTAL."
(AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 70 049 836 133, TJRS). DECISÃO REFORMADA. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. (TJSC, Agravo de Instrumento n. 5065419-04.2021.8.24.0000, do
Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Flavio Andre Paz de Brum, Primeira Câmara de Direito
Civil, j. 24-03-2022).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE MODIFICAÇÃO DE GUARDA E VISITAS.


INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA. MANUTENÇÃO DAS VISITAS
ASSISTIDAS OU POR VIDEOCHAMADA. RECURSO DO RÉU. AMPLIAÇÃO DO DIREITO DE
CONVIVÊNCIA. NÃO ACOLHIMENTO. PROBLEMA PSIQUIÁTRICO ENFRENTADO PELO
AGRAVANTE, TENDO SIDO NOTICIADOS NOS AUTOS SUPOSTOS SURTOS DO RÉU.
INDÍCIOS DE UMA POSSÍVELINSTABILIDADE DO GENITOR. NECESSÁRIA MANUTENÇÃO,
NESTE MOMENTO PROCESSUAL, DAS VISITAS ASSISTIDAS. PRIMAZIA DO MELHOR
INTERESSE DA CRIANÇA. ALEGAÇÃO DE ALIENAÇÃO PARENTAL QUE DEVE SER MELHOR
ANALISADO PELO JUÍZO A QUO. NECESSÁRIA ADVERTÊNCIA DA GENITORA PARA QUE
AUXILIE NAS VISITAS E NÃO CRIE EMPECILHO AO DIREITO DE CONVIVÊNCIA DA FILHA
COM O RÉU. DECISÃO MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJSC, Agravo
de Instrumento n. 5059499-49.2021.8.24.0000, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel.
Flavio Andre Paz de Brum, Primeira Câmara de Direito Civil, j. 17-03-2022)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE GUARDA C/C CONVIVÊNCIA E ALIMENTOS.


DEFERIMENTO DA TUTELA DE URGÊNCIA. GUARDA UNILATERAL FIXADA EM FAVOR DO
AUTOR. SUPOSTA INSTABILIDADE EMOCIONAL DA GENITORA. RECURSO DA PARTE
REQUERIDA. LITIGANTES QUE MANTÊM INTENSO CLIMA DE BELIGERÂNCIA. FATOS
NARRADOS NOS AUTOS QUE ESTÃO MAIS LIGADOS À RIVALIDADE NUTRIDA ENTRE OS
GENITORES DO QUE SITUAÇÕES QUE PUDESSEM AFETAR A INTEGRIDADE FÍSICA E
MORAL DA CRIANÇA. AMEAÇAS PRATICADAS PELA RÉ, AINDA QUE GRAVES, MOSTRAM-
SE COMO MEIO DE MANIPULAÇÃO. CASO ISOLADO. ESTUDO SOCIAL INDICA QUE O
CONVÍVIO FAMILIAR DEVE SER EQUILIBRADO ENTRE OS SUBSISTEMAS MATERNO E
PATERNO. NECESSÁRIA FIXAÇÃO DA GUARDA COMPARTILHADA, COM ALTERNÂNCIA
SEMANAL DO LAR REFERÊNCIA. MELHOR CENÁRIO A SER ADOTADO NESTE MOMENTO
PROCESSUAL. ALEGAÇÕES DE ALIENAÇÃO PARENTAL QUE NÃO PODEM SER
IGNORADAS. POSICIONAMENTO ADOTADO PELA PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA.
DECISÃO REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.(TJSC,
Agravo de Instrumento n. 5061060-11.2021.8.24.0000, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina,
rel. Flavio Andre Paz de Brum, Primeira Câmara de Direito Civil, j. 10-03-2022).

Em ambos os procedimentos devem:

➢ Ser resguardado de qualquer contato, ainda que visual, com o suposto autor ou acusado, ou
com outra pessoa que represente ameaça, coação ou constrangimento;
➢ Ser realizados em local apropriado e acolhedor, com infraestrutura e espaço físico que
garantam a privacidade;

É possível indenização por atos de alienação parental?

Quem possui legitimidade ativa?

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. RELAÇÃO FAMILIAR


DISSIDENTE DAS PARTES, IRMÃS ENTRE SI, EM RELAÇÃO À GENITORA. ELEMENTOS
ANÁLOGOS À ALIENAÇÃO PARENTAL EM RAZÃO DO ESTADO DE VULNERABILIDADE E
DOENÇA DA GENITORA. PONDERAÇÃO DOS DEVERES, DIREITOS E PRESSUPOSTOS DAS
RELAÇÕES FAMILIARES. UTILIZAÇÃO ARBITRÁRIA DE ABUSOS ANÁLOGOS A MEDIDAS
RESTRITIVAS, SEM AMPARO EM DECISÃO JUDICIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.
PRESSUPOSTOS CONFIGURADOS. DANO MORAL RECONHECIDO. RECURSO
DESPROVIDO. Incontroverso entre as partes, apenas que a genitora sofria de uma série de
problemas de saúde, incluindo a degenerativa doença de Alzheimer. Diante do contexto, é de
certa forma compreensível a distorção de percepções entre as partes sobre as vontades da
genitora. É que a doença, específica, debilita o enfermo de tal forma que, sabidamente, é comum
que este seja facilmente sugestionável ou convencido. Disto, é de se mitigar as acusações mútuas,
de que as partes, cada uma, considera-se a legítima defensora dos reais interesses da genitora.
Tendo em vista o estado de vulnerabilidade da genitora e a patologia específica, o caso não deixa
de se parecer com aquele da alienação parental, ao inverso. Em verdade, o que se observa são
medidas, próprias daquelas protetivas do Direito de Família, como interdição, tomadas de forma
arbitrária e ao arrepio da Lei e dos ditames que regem as relações familiares. O ato de privar a
irmã do contato com a genitora, sponte sua, independentemente de autorização judicial e dadas
as circunstâncias do caso, gera dano moral indenizável. (TJSC, Apelação n. 0006690-
70.2012.8.24.0005, de Balneário Camboriú, rel. Domingos Paludo, Primeira Câmara de Direito
Civil, j. 25-08-2016).
ALIMENTOS

Qual o significado do termo alimentos?

Alimentos = tudo aquilo necessário para a subsistência + obrigação de fornecer;


Art. 1.920, CC. O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto
o legatário viver, além da educação, se ele for menor.

Art. 6º, CF/88. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Alimentação + o que for necessário para moradia, vestuário, assistência médica e instrução, fornecidos
em prestações periódicas por uma pessoa a alguém para suprir essas necessidades e assegurar sua
subsistência.

Alimentos provenientes das relações familiares: exigíveis diante de relações de parentesco (art. 1.694
do Código Civil).
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos
de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para
atender às necessidades de sua educação.

§ 1 º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos


recursos da pessoa obrigada.

§ 2 º Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de


necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.

Alimentos reparatórios ou indenizatórios: decorrentes de ato ilícito (art. 948 do Código Civil).
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:

II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em


conta a duração provável da vida da vítima.

Alimentos naturais/necessários: possuem alcance limitado, compreendendo estritamente o necessário


para a subsistência;

Alimentos civis ou côngruos: conhecidos também como convenientes: incluem os meios suficientes
para a satisfação de todas as outras necessidades básicas do alimentando, de acordo com as
possibilidades do obrigado;
Alimentos Necessários entre Cônjuges

Art. 234 do Código de 1916 , previa que cessava para o marido a obrigação de prestar alimentos
quando a mulher abandonava sem justo motivo o lar conjugal (culpa).

Por isonomia, aplicar -se -ia o mesmo quando o marido saía injustificadamente do lar.

O abandono voluntário do lar conjugal fazia cessar o direito de pedir alimentos, exceto de o abandono
ocorria por justo motivo.

Alimento entre cônjuges/companheiros

PODEM SER DISPENSÁVEIS!!!

O casamento e a união estável, por si só, não implicam dever de alimentar;

Devem ser provados a necessidade e os demais requisitos dessa obrigação;

Não devem ser entendidos os alimentos como uma indenização ao cônjuge inocente.
Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade,
respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos

Os alimentos devem ser fixados de acordo com o trinômio;


Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem
pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode
fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
Art. 1.703. Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados judicialmente contribuirão na
proporção de seus recursos.

Sempre é admissível a ação revisional ou de exoneração de alimentos;

A decisão que concede ou nega alimentos não faz coisa julgada.


Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre,
ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias,
exoneração, redução ou majoração do encargo.

➢ São irrenunciáveis:
Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo
o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora

Alimentos provenientes das relações de parentesco:

Entre ascendentes e descendentes.

Como fixar quando existem dois ou mais filhos?


Art. 227, § 6º, CF. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os
mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à
filiação.

Art. 1.596, CC. Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os
mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à
filiação

“Do princípio da igualdade entre os filhos, previsto no art. 227, § 6.º, da Constituição Federal,
deduz-se que não deverá haver, em regra, diferença no valor ou no percentual dos alimentos
destinados à prole, pois se presume que, em tese, os filhos – indistintamente – possuem as
mesmas demandas vitais, tenham as mesmas condições dignas de sobrevivência e igual acesso
às necessidades mais elementares da pessoa humana. (...)

A igualdade entre os filhos, todavia, não tem natureza absoluta e inflexível, devendo, de acordo
com a concepção aristotélica de isonomia e justiça, tratar-se igualmente os iguais e desigualmente
os desiguais, na medida de suas desigualdades, de modo que é admissível a fixação de alimentos
em valor ou percentual distinto entre os filhos (...) se demonstrada a existência de necessidades
diferenciadas entre eles ou, ainda, de capacidades contributiva diferenciadas dos genitores.

Na hipótese, tendo sido apurado que havia maior capacidade contributiva de uma das genitoras
em relação a outra, é justificável que se estabeleçam percentuais diferenciados de alimentos entre
os filhos, especialmente porque é dever de ambos os cônjuges contribuir para a manutenção dos
filhos na proporção de seus recursos” (STJ, REsp 1.624.050/MG, 3.ª Turma, Rel. Min. Nancy
Andrighi,j. 19.06.2018, DJe 22.06.2018).
Características

Direito personalíssimo: Somente aquele que mantém relação de parentesco, casamento ou união
estável com o devedor ou alimentante pode pleiteá-los, ou seja, a obrigação alimentar não se transmite
aos herdeiros do credor, sendo intransmissível nesse ponto.

Reciprocidade: A reciprocidade da obrigação de prestar alimentos também existe entre pais e filhos,
sendo extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns na
falta de outros.
Art. 1.696, CC. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a
todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros

Art. 1.696, CC. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a
todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros

“a paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro, não impede o reconhecimento do


vínculo de filiação concomitante, baseada na origem biológica, com os efeitos jurídicos próprios”
(Recurso Extraordinário 898.060/SC, com repercussão geral, Rel. Min. Luiz Fux, j. 21.09.2016,
publicado no Informativo n. 840 do STF).

Possibilidade de pleitear alimentos do pai biológico juntamente com o pai socioafetivo e vice-versa,
“pois a multiparentalidade foi firmada para todos os fins jurídicos, inclusive alimentares e
sucessórios”. Flávio Tartuce

Ordem sobre o pagamento dos alimentos:

Ascendentes: o grau mais próximo exclui o mais remoto (avós pagam na ausência ou impossibilidade
dos pais)

Descendentes: o grau mais próximo exclui o mais remoto (netos pagam na ausência dos pais).

Irmãos: primeiro os bilaterais, depois os unilaterais. (se ausentes parentes em linha reta, os alimentos
recaem sobre os colaterais)

Demais colaterais:

➢ Doutrina predominante – impossibilidade;


➢ Doutrina minoritária – possibilidade.

Impossibilidade

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